quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

UM DEDO DE PROSA

ANO NOVO, VIDA NOVA... SERÁ?

Passada a ressaca do Natal, eis que se aproxima o réveillon... E mais uma vez renovam-se as esperanças de um novo tempo. Tempo de paz, de amor e de fartura. Tempo de tolerância às diferenças religiosas, sociais, raciais e culturais. Tempo de fraternidade, de fé, de doação, de agradecimentos... Em suma, tempo de consonância harmoniosa entre os povos e de reaproximação do homem ao seu Criador.
Entanto, percebe-se que, a cada virada de ano, mais cética, mais violenta e mais desarmoniosa torna-se a humanidade. E a ganância, certamente, é a principal responsável por essa falta de Amor fraterno, pois o vil metal é colocado em primeiro lugar na lista das prioridades para o ano que se inicia. Muitos, inclusive, o colocam antes da saúde ao fazerem seus pedidos a Deus quando da chegada do Ano Novo.
É!... entra ano, sai ano, e os homens continuam os mesmos: adeptos do egocentrismo e adoradores do deus Cifrão, o que faz com que a raça humana - nociva a ela própria – se aproxime cada vez mais da sua auto-extinção.
Mas como “a esperança é a última que morre” - e a minha é persistente -, desejo a todos um 2012 de muita PAZ, SAÚDE, PROSPERIDADE e inúmeras REALIZAÇÕES.
MEUS VERSOS LÍRICOS

QUIMERAS
(Joésio Menezes)

Até mesmo de olhos fechados
Vejo-te ante mim diariamente
E sinto-me no paraíso, rodeado
De arcanjos divinos, sorridentes...

És, também, dona dos inusitados
Sonhos que tenho constantemente.
E mesmo estando eu acordado,
Tenho contigo sonhos envolventes.

E assim a vida eu vou levando:
De sonhos em sonhos, alimentando
Minha’alma cansada de tantas eras.

E a cada despertar de um novo dia,
Vejo em tudo brotar poesia
Gerada do pólen das minhas quimeras.


JESUS, O ÚNICO CAMINHO
(Joésio Menezes)

- aos corações aflitos

Se estás precisando de cura,
De um pai, um amigo, uma luz,
Não precisas ir longe com a procura,
Tudo isso encontrarás em Jesus.

Somente Ele será capaz
De tudo oferecer-te e nada cobrar.
Ele perdoa, salva e leva a paz
A quem muito pede e pouco sabe dar...

Não te aflijas, ó meu bom amigo!
Quando estiveres em perigo,
Ele nunca te deixará sozinho.

E quando ao Pai precisares ir,
A Jesus, com devoção, deves pedir,
Pois Ele é o único caminho.
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA

ESPELHO MEU
(Vivaldo Bernardes)

Conheço-te e sei da tua fidelidade.
Artísticos detalhes ornam o teu cristal.
Refletes o meu rosto e as minúcias da idade
mostrando que a vida escoa o seu final.

Mudaste-me até a cor dos meus cabelos,
cumprindo, fielmente, o teu papel no tempo.
Tampouco esqueceste as gelhas, em teu zelo,
negando que a vida é simples passatempo.

Porém, “quem vê cara não vê o coração”,
ferido de saudade ou morto de paixão,
pulsando no compasso da desilusão.

Por isso, Espelho meu, não ouses refletir
os ais dum coração sujeito a explodir,
pois os estilhaços bem podem te partir.


PEITO VAZIO
(Graciele da Silva Rodrigues)

Há tempos este vazio peito
não sabe o que é amor,
pois quero lhe entregar meu coração
mas você não...

Quero tanto você que nem sei...
Meus doces lábios ferem o seu nome
como abelhas,
mas você me desdenha,
me confunde, me ilude...

Seu corpo é paixão sobre o meu...
Seus lábios, seu toque, seu rosto....

Enfim, este vazio peito
não sabe o que é amor,
apenas sente amor...!
CRÔNICA DA SEMANA

ANO NOVO!?
(Airton Gondim Feitosa)

O entardecer se torna mais belo, sonoro e envolvido com o vento soprando rumo ao litoral, o canto de despedida das aves marinhas, o marulhar das ondas e as espumas que se tornam mais alvas, à proporção que o crepúsculo desce sobre a terra e cai sobre nos, amantes obstinados na arte de amar, querendo um amor que nunca tivemos, e assim, se vai mais um dia e morre mais uma esperança de uma lembrança que gostaríamos de ter...
Mais um ano termina, cumprimos mais uma etapa, percorrendo a estrada da vida, vivenciando outras existências, assistindo aos vivos e socorrendo aos mortos na derradeira hora da passagem pelo túnel do grande nevoeiro que leva-nos ao paraíso, oxalá.
O grande mistério, o estranho hábito de viver sobre pressão, de que somos maus, pecadores, e abominadores das leis divinas, faz com que essa passagem curtíssima nessa dimensão seja coroada de medos, de um Deus mau e vingativo que nos pune a cada momento, quando na realidade Vossa Divindade é simplesmente maravilhoso, complacente e, que mesmo tendo nos deixado três leis básicas: evolução, livre arbítrio e causa e efeito, ainda nos premia com varias oportunidades, para que atinjamos o ideal e assim, possamos atingir as dimensões da excelência de toda a espiritualidade.
O amor é o único caminho para a verdade, não existem atalhos, não se escreve a vivencia com entrelinhas ou com acentuações cósmicas do retalho extraído de um manuscrito do mar morto descoberto por Dan Brow que modificaria a religiosidade planetária e abriria outros horizontes palpitantes de credulidade, e medo. Não seriam as profecias Astecas que fariam com que fossemos diferente do que somos, talvez, ficássemos ainda piores porque haveríamos acordado de um grande engodo que durara milhares de anos. Assim os cientistas decepcionados resolvessem construir uma nave que comportasse toda a inteligência terrena e as levasse a uma viagem com destino indefinido e improvável fim. Mais quantas divagações e paranóias ainda teremos até saber o que já deveríamos nascer sabendo, ou melhor amando e que o amor acompanhasse todas as nossas etapas e que jamais pudéssemos conhecer sentimentos tão mesquinhos, como a ganância, a inveja, o ódio e, quem sabe, assim, talvez a violência nem existisse e pudéssemos todos nós, amar uns aos outros.
Mais agora o sol se foi por completo, eu olho ao meu redor e vejo tanta coisa que já existia desde a minha infância, lembro de um sonho da adolescência, de uma amor de mulher, de passear de mãos dadas, de beijar aqueles beijos ardentes e de sentir o teu calor mesmo quando já em meu quarto recolhido me encontrava. Passaram-se tantos anos e não viestes, e porque? Será que não me amastes o suficiente para enfrentar o mundo ao meu lado, ou caístes nos impedimentos de outros sentimentos, aqueles que eu não os senti? Mais te lembra mulher que eu ainda espero por ti, na passagem do ano, no limiar de outro amanhecer, que venhas, vestida de branco e com a grinalda das noivas prometidas...

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

UM DEDO DE PROSA

E O NATAL CHEGOU...

E o Natal chegou!...
Chegou trazendo consigo velhas e repetidas esperanças de um mundo melhor, mais harmonioso e com menos desigualdade social. Um mundo sem miséria e sem violência, em que seus habitantes possam viver como irmãos.
Chegou renovando nossos votos de PAZ, SAÚDE e PROSPERIDADE aos nossos parentes, amigos e “agregados”. Chegou enchendo nossos corações de alegria, pois é no Natal que celebramos o nascimento do menino Jesus. Chegou fazendo-nos crer que a humanidade ainda tem salvação; que o Amor ainda existe (e resiste); que devemos ter fé; que Deus jamais se esqueceu de nós e que Ele sempre estará conosco.
Sim!... o Natal mais uma vez chegou, mas não sem nos fazer lembrar de que nem tudo é alegria, pois muitos são os que nada têm para comer; muitos são os que gostariam de ter ao menos um prato de arroz com feijão para servirem aos filhos na noite de Natal. Também, muitos são os que se encontram num leito de hospital esperando a hora da morte; incontáveis são as pessoas que sequer têm um chapéu para servir-lhes de moradia. E contrastando-se a isso, nessa época do ano, os grandes shoppings da cidade parecem formigueiros humanos preparando-se para a incessante batalha do consumismo exagerado, em que o Comércio é o principal vencedor.


Que o verdadeiro espírito natalino faça morada no coração de todos nós!!!


Lindo Natal
MEUS VERSOS LÍRICOS

NOBRE VISITANTE
(Joésio Menezes)

Naquela manhã de sol radiante,
Na lida eu estava concentrado
Quando, de repente, fui contemplado
Co’a presença dum nobre visitante.

Ele chegou silenciosamente
E, como se estivesse procurando
Suas flores, ficou sobrevoando
A sala em qu’eu estava presente.

Aproximou-se de mim e, parado
No ar, mostrou-se decepcionado
Por não encontrar sequer uma flor...

E não encontrando suas amantes,
Acabrunhado e num voo rasante,
Foi-se embora o nobre beija-flor.


ENTRE DORES E RISOS
(Joésio Menezes)

- ao amigo Vivaldo Bernardes -

Teu sofrimento, meu velho amigo,
Nada mais é que a manifestação
Do Amor em busca de um abrigo
Que te traga menos sofreguidão.

Mas, tal sofrimento é um castigo
Às coronárias do teu coração,
Que sempre foi solidário contigo
Nas dores causadas pela paixão.

Entanto, teu Amor é muito forte
E há de tanger pra longe a morte,
Que nos espera sem constrangimento.

E, juntos, daremos muitas risadas
Das dores que te foram provocadas
Pela paixão e outros sentimentos.
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA

UM BEIJO
(Olavo Bilac)

Foste o beijo melhor da minha vida,
ou talvez o pior...Glória e tormento,
contigo à luz subi do firmamento,
contigo fui pela infernal descida!

Morreste, e o meu desejo não te olvida:
queimas-me o sangue, enches-me o pensamento,
e do teu gosto amargo me alimento,
e rolo-te na boca malferida.

Beijo extremo, meu prêmio e meu castigo,
batismo e extrema-unção, naquele instante
por que, feliz, eu não morri contigo?

Sinto-me o ardor, e o crepitar te escuto,
beijo divino! e anseio delirante,
na perpétua saudade de um minuto...


ANJOS DO CÉU
(Álvares de Azevedo)

As ondas são anjos que dormem no mar,
Que tremem, palpitam, banhados de luz...
São anjos que dormem, a rir e sonhar
E em leito d'escuma revolvem-se nus!
E quando de noite vem pálida a lua
Seus raios incertos tremer, pratear,
E a trança luzente da nuvem flutua,
As ondas são anjos que dormem no mar!
Que dormem, que sonham- e o vento dos céus
Vem tépido à noite nos seios beijar!
São meigos anjinhos, são filhos de Deus,
Que ao fresco se embalam do seio do mar!
E quando nas águas os ventos suspiram,
São puros fervores de ventos e mar:
São beijos que queimam... e as noites deliram,
E os pobres anjinhos estão a chorar!
Ai! quando tu sentes dos mares na flor
Os ventos e vagas gemer, palpitar,
Por que não consentes, num beijo de amor
Que eu diga-te os sonhos dos anjos do mar?
CRÔNICA DA SEMANA

O NATAL DE CADA UM...
(Taís Luso de Carvalho)

Apostamos que nossos melhores Natais aconteceram na infância, como se nela tivesse ficado, também, o melhor de nossas vidas. Mas Natal é emoção: e o que conta são nossas carências, nossas buscas, nossas frustrações ou nossos sonhos. Querendo ou não, o 25 de Dezembro é o receptáculo para todas as emoções reprimidas. Os sentimentos afloram como se estivessem na primavera... Tempo e lugar não importam diante da verdade de cada um.
Muitos gostam do Natal, outros preferem as festanças do Ano-Novo. Não importa o motivo. Importante é se queremos comemorar ou ficarmos quietos e pensativos, apenas. E isso também é saudável; dar liberdade aos nossos sentimentos e às nossas manifestações. Cada um faz o seu Natal. E isso é respeito.
Repensando a minha infância, percebi que coloquei nela mais o concreto do que o teórico; mais os presentes do que os sentimentos. Muita coisa foi fora de medida, mas esse rebuliço é normal. Depois cresci e o equívoco se desfez.
Lembro-me, ainda, que na véspera do Natal passado recolhi várias roupas fora de uso, coloquei-as numa sacola e saí. Andei com o sacolão por vários quarteirões. Encontrei uma florista arrumando sua humilde banca, com um nenê no colo e um menino excepcional deitado sobre um capacho sujo. Perguntei-lhe se queria as roupas e, com um acanhado sorriso, respondeu-me que sim. Coloquei a sacola pertinho da criança doente, sobre o capacho sujo. O menino me olhou e sorriu como se estivesse vendo uma fada-madrinha. Passei minha mão sobre sua cabecinha, comovida com aquele sorriso ingênuo e sem mágoa da vida. E retomei meu caminho. Mas minha retina já havia fotografado a imagem daquela criança, e num dia de Natal.
Antes de atravessar a rua senti um leve toque em meu ombro. Era a florista; num gesto tímido e agradecido, ofereceu-me uma singela rosa branca desejando-me um Feliz Natal e com muitas bênçãos de Deus. Minha garganta ardeu: no esforço de sufocar uma lágrima engoli uma amarga saliva. Se isso tivesse acontecido num dia comum, penso que minha reação teria sido diferente. E talvez a dela também. Mas era Natal! Por si só esta data é mágica e nos conduz aos mais nobres gestos e sentimentos.
Saí pensando na atitude da florista e o quanto seu gesto me sensibilizou. E voltei pra casa com os olhos marejados.
Diante disso não tenho o porquê pensar nos Natais de minha infância. Quando adultos, a troca afetiva é o prato principal; os presentes passam a ser apenas o molho...
À noite, coloquei a minha rosa branca num lugar de destaque: marcou presença e enfeitou a minha noite de Natal.
E este ano... Por onde andará a minha florista?

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

UM DEDO DE PROSA

VI ENCONTRO ARTÍSTICO-CULTURAL DA APL
Era noite do dia 09 de dezembro, sexta-feira. Ansiosos, aguardávamos os convidados para começar a festa. Os ponteiros marcavam vinte horas, e nenhum convidado ainda havia chegado para o evento, marcado para as dezenove e trinta.
Finalmente, com quarenta minutos de atraso, chega o primeiro convidado. Poucos minutos depois, mais um e mais outro, e outro mais. O mestre de cerimônia dá início ao VI ENCONTRO ARTÍSTICO-CULTURAL da Academia Planaltinense Letras. Eram vinte horas e trinta minutos... Na plateia, apenas meia dúzia de convidados. Também pudera!... Naquela noite aconteciam, simultaneamente, três festas de grande porte.
E com tanta “coisa boa” na cidade, quem se interessaria por um Sarau de Poesias seguido de uma NOITE DE AUTÓGRAFOS?... Aquelas duas dezenas de pessoas que se fizeram presentes ao nosso evento e lá permaneceram até o último verso declamado.
Na ocasião, o poeta Vivaldo Bernardes e eu lançávamos nossos mais recentes trabalhos poéticos: Coisas da Vida e Viagem pelo Brasil-canção, respectivamente. Com relação ao público, disse o octogenário poeta: “o que torna o evento agradável e bem sucedido não é a quantidade de pessoas presentes, mas a qualidade do seu público”.
Sábias palavras!... pois as poucas pessoas presentes ao nosso evento fizeram aquela festa inesquecível para todos nós, os organizadores, tendo em vista o entusiasmo e a cara de satisfação de todos os convidados.
Deixo aqui registrado o nosso MUITO OBRIGADO a todos que lá estiveram!...
MEUS VERSOS LÍRICOS

O PASSARINHO
(Joésio Menezes)

Canta triste o passarinho,
Aprisionado na gaiola,
Com saudade do seu ninho
Lá no alto da graviola.

E o seu triste cantar
É um apelo à liberdade,
É vontade de voar
Pelos bosques da cidade,

É desejo de sair
Da gaiola e sentir
Nas suas asas o vento...

Voa livre o passarinho
- Que não mais está sozinho -
Sob o olhar do firmamento.


VERSOS PERDIDOS
(Joésio Menezes)

Versos perdidos são os que não fiz a ti,
Pois neles estava todo meu sentimento,
Por isso, tenho certeza: eu os perdi
E não mais adianta esse meu lamento.

Versos perdidos não se recuperam mais
Tampouco deles se tem notícias quaisquer,
Mas são versos... e deles me esqueço jamais,
Principalmente quando feitos à mulher.

Versos perdidos... esses jamais os terei,
Pois onde e como encontrá-los, eu não sei,
Mas serão eles os meus versos preferidos!

E toda vez que me faltar inspiração
Ou a saudade invadir meu coração,
Me lembrarei daqueles meus versos perdidos.
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA

UM DIA, SOMENTE
(Andrea Joy)

Traga a minha vida de volta.
Me abrace e nunca me solte!
Me aceite como sou.
Preciso de você, desse amor.
Eu tento, juro! Não quero invadir sua vida,
Mas sua vida me interessa,
Você é o meu objetivo maior.
Eu não quero morrer sem ter
O toque de suas mãos em meu corpo,
Sem seus beijos, sem ter você
Nem que seja por um dia somente!...


VOCÊ NO CORAÇÃO
(Patrícia Ximenes)

Eu preciso dizer que te amo
Um amor daqueles cheio de sonhos.
Eu preciso dizer que te preciso
Uma necessidade bem dolorida.
Eu preciso dizer que te quero
Um querer mais que bem querer.
Eu preciso dizer que talvez eu desista
Uma renúncia pra te ver feliz.
Eu preciso dizer-te que te amarei sempre
Mesmo quando o teu beijo for mera lembrança.
CRÔNICA DA SEMANA

O PAVÃO
(Rubem Braga)

Eu considerei a glória de um pavão ostentando o esplendor de suas cores; é um luxo imperial. Mas andei lendo livros, e descobri que aquelas cores todas não existem na pena do pavão. Não há pigmentos. O que há são minúsculas bolhas d'água em que a luz se fragmenta, como em um prisma. O pavão é um arco-íris de plumas.
Eu considerei que este é o luxo do grande artista, atingir o máximo de matizes com o mínimo de elementos. De água e luz ele faz seu esplendor; seu grande mistério é a simplicidade.
Considerei, por fim, que assim é o amor, oh! minha amada; de tudo que ele suscita e esplende e estremece e delira em mim existem apenas meus olhos recebendo a luz de teu olhar. Ele me cobre de glórias e me faz magnífico.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

UM DEDO DE PROSA

SEXO FRÁGIL???

Costumam chamar a mulher de “sexo frágil”...
Sexo frágil que nada!... Quem inventou isso certamente não conhece a força física e emocional que tem a mulher. Às vezes, ela é “bem mais macho” que certos homens, sem, no entanto, perder a sua delicadeza, o seu jeito feminino de ser mulher.
Ela morre de medo de uma simples barata, mas, se for preciso, enfrenta uma alcateia faminta para proteger a sua cria; ela se derrete em lágrimas diante de uma cena triste de novela, porém, resiste bravamente à dor do parto; ela não tem forças para trocar o pneu do seu carro, entretanto, sobram-lhe forças para se colocar de pé após as rasteiras que leva da vida, principalmente após as decepções de um casamento mal sucedido.
Sexo frágil somos nós, os homens, pois com um simples resfriado nos entregamos à “mofinice” e nos deixamos cair de cama; sexo frágil somos nós que, após 8 horas diária de trabalho, não temos disposição de lavar um copo sequer em nossas casas, enquanto elas têm disposição para trabalhar fora, administrar a casa, cuidar dos filhos, suportar a estupidez dos seus maridos e, às vezes, ainda sobra-lhes energia para um passeio com a família nos finais de semana.
E mesmo assim chamam a mulher de sexo frágil!...
MEUS VERSOS LÍRICOS

O VENTO
(Joésio Menezes)

O vento que sopra meu rosto
E, às vezes, levanta a saia
Da musa Cláudia Raia
É mais forte no mês de agosto.

O vento que sopra aqui
Também sopra acolá
Trazendo o cheiro que há
Na florada do pequi.

O vento levanta a poeira
E nos traz a canseira
Da nossa labuta diária.

O vento forte assobia
Trazendo alegria
À minha vida solitária.


DESEJO-TE
(Joésio Menezes)

Sim!... desejo-te noite e dia!
E meus desejos vão além
Da amizade, que nos mantém
Cautelosos em demasia.

São desejos nada normais
A quem sempre foi comedido
Com relação à sua libido,
Aos seus impulsos sexuais.

São desejos tão descarados
Que sempre vêm acompanhados
De uma dose de pudor!...

Desejo-te diariamente
De maneira tão contundente
Que não temo ser pecador.
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA

OLHARES PERSPICAZES
(Vivaldo Bernardes)

Teus olhares espertos, perspicazes
vir só podem dos olhos de onde vêm.
Se demoram mais tempo, são capazes
de cegar-me da luz qu'eles contêm.

São esquivos, às vezes alternados:
Entre um, entre outro, um sorriso,
quando mostras os dentes fileirados
como jóias ou pedras de granizo.

São esquivos, já disse noutra estrofe.
São ligeiros.Completo: são furtivos.
Eles deixam humanos mortos-vivos.

Nesta Terra, não há quem deles mofe.
Nem no céu eu verei outros iguais!
Nunca vi nesta vida olhares tais!


A VIDA É UMA FESTA
(Iracema Zanetti)

Para mim, a vida é uma festa!
Não sei - e não me interessa entender -
De que forma eu surgi no mundo!
Apenas bem-digo ao Criador
Em soprar-me o milagre da vida...!

Agradeço, também aos meus pais,
Por sentir registrado...
Em minha alma que sou feliz
E muito amada!

De outro modo, eu não seria este ser
Que traz tanto amor no coração
Para partilhá-lo, com quem quer que seja,
E necessite de um ombro amigo
Em suas tristezas...!

Sou tranqüila, sensível,
Mas se preciso, vou à luta!
Sei brigar e defender meus direitos,
Se deles eu estiver convicta!
Não desejo, nunca desejei mal ao próximo!

Nem mesmo em momentos raros,
De divergência, apesar da minha alma
Sentir-se triste e abalada, o perdão
E o esquecimento, surgia e surge...
Se for o caso!

Minhas mágoas são passageiras
Como chuvas de verão,
Porque faço da vida uma festa...!

A vida que foi criada para ser vivida
Intensamente e com muita alegria!
Quem somos nós perante Deus
Para testá-lo e querermos saber
De seus desígnios...
Se foi Ele, como o Criador do Mundo
Que nos soprou o dom da vida?
CRÔNICA DA SEMANA

ALFAÇADA
(Jô Soares)

No princípio eram as trevas. Aí Deus criou o couvert. Depois do couvert vieram as entradas, depois das entradas, o pernil. Depois do pernil veio a farofa, a maionese e o feijão tropeiro, além da cerveja, é claro, bem gelada, que não podia faltar. Deus achou tudo aquilo muito bom mas achava que faltava um doce. Aí apareceu o quindim, depois do quindim veio o café. O café e um licor. E a conta.
A gordura é a desgraça do mundo moderno.
Vendo que estava engordando, tomei uma coca cola e uma decisão drástica: vou comer menos. E para mostrar que não estava brincando entrei imediatamente num Mc Donald's e pedi um Big Mac sem cebola. Começou aí o meu regime. Sim, pois o primeiro passo para quem decide começar uma dieta é, antes de mais nada, escolher entre os milhares de métodos de regimes à disposição. Logo eu que gosto de tudo... que como tudo... Como até aquele queijo do Mc Donald's que é feito do mesmo material da caixinha em que vem o sanduíche. Mas vamos às dietas.
Tem a dieta do Amir Klink; onze meses na Antártida. Esta dieta tem um problema: além de emagrecer, causa espinha no rosto, e faz cabelos aparecerem nas mãos. Segundo alguns até pode levar à cegueira.
O gordo vive eternamente revoltado com a natureza. Porque só a cerveja dá barriga? Porque alface não dá barriga? Porque agrião não dá celulite? Está tudo errado no mundo, menos o pastel do Álvaro's.
O primeiro sentimento de quem começa uma dieta é o de revolta. A vida passa a ser igual comida de hospital - não tem graça nenhuma. Dá vontade de acabar com tudo, a começar pelo que tem na geladeira, continuando a fúria devastadora de Gengis Khan até a loja de doces que colocaram na esquina só pra te sacanear.
O emagreando (ou regimando), é um indivíduo macambúzio, triste e cabisbaixo. Para ele nada faz sentido, só uma empadinha. A balança, depois da roleta do ônibus, é a sua maior inimiga.
No geral, todas as dietas seguem o mesmo princípio: nada que é gostoso pode! E o pior são os médicos de dieta querendo convencer você das delícias do chuchu, do sabor da cenoura, que um tomate no lanche substitui um Big Bob e que o chá de camomila relaxa mais que um chopp.
Só quem ganha com os regimes são os médicos de dieta, que devem gastar todo o dinheiro em banquetes monumentais, em porres homéricos nos congressos que eles organizam só pra contar piada e zombar dos pacientes que eles deixaram suspirando na frente de uma folha de alface.
Mas como você não consegue emagrecer, o jeito é ir para um Spa. Alguns indivíduos têm de ser trancados em jaulas para agüentar a rotina do Spa. Num Spa um irmão esfaqueia o outro por causa de uma bomba de chocolate, o marido estrangula a esposa por um cream-cracker.
Fugitivos destes campos de alimentação, quando conseguem escapar dos cães farejadores de comida, andam quilômetros para buscar refúgio na padaria mais próxima.
Quando voltam para casa, vários quilos mais magros, cheios de rugas e cicatrizes, trazem a marca de quem escapou vivo do inferno e mais tarde, nas noites frias de inverno, contam para seus netinhos como pagaram uma fortuna por um cheese-burguer sem catchup!
Comida pra ser boa tem que fazer mal, dar dor de barriga: mocotó, feijoada, leitão à pururuca, rabada, xinxim de galinha, vatapá, caruru, bobó, barreado, virado à paulista, baconzitos, cheesitos, doritos, pizza, batata frita de latinha, cheeseeggtudoburguer com molho e sem alface, bacalhau à zé do pipo, salame, salchichão e, é claro, o porco como um todo!!!!! Isso sim é que é comida de verdade!
Ninguém no sábado depois do almoço bate na barriga satisfeito e vai puxar um ronco depois de comer uma salada. Ninguém convida um amigo: "vai sábado lá em casa que vai ter alfaçada". É mais fácil perder um amigo se você fizer um convite desses do que os 30 quilos que estão sobrando!

domingo, 27 de novembro de 2011

UM DEDO DE PROSA

ASSIM CAMINHA A HUMANIDADE

Eis que se aproxima dezembro. E como já registrei aqui mesmo, neste espaço, as minhas angústias com relação à chegada das festas natalinas, não convém repetir o que por mim já foi dito anteriormente, mesmo porque todo mundo já sabe dos problemas sociais (e da falta de vontade política para resolvê-los) por que passa o Brasil.
Nessa época do ano, abrem-se as portas da mendicância e, consequentemente, inúmeros são os pedintes que encontramos pelas ruas da cidade estendendo-nos as mãos à espera de um trocado, sem contar o exército de crianças que batem às nossas portas pedindo-nos um pouco de alimento.
Não sou contra as pessoas que ajudam os mais necessitados (tampouco me recuso a ajudá-los), mas sou contra aqueles que se aproveitam da situação e fazem desse problema a sua plataforma política com um único objetivo: arrebanhar o maior número possível de votos nas eleições seguintes com promessas que todos sabemos jamais serão cumpridas.
Voltando à proximidade do mês de dezembro, é nessa época que eu me sinto meio prá baixo, sem ânimo para festas, sem coragem de me olhar no espelho, pois enquanto o desperdício impera mundo afora, inclusive em minha própria família, milhões de pessoas (entre jovens e adultos) mal têm o que vestir ou o que comer na festa de comemoração do nascimento de Jesus. É nessa época, também, que os hipócritas falam em confraternização de fim ano, esquecendo-se de que CONFRATERNIZAR-SE é conviver ou tratar-se como irmãos diariamente, coisa que eles não fazem durante os outros 11 meses do ano.
Infelizmente, “assim caminha a humanidade”, e cabe a mim fazer a minha parte a fim de que esse quadro um dia possa mudar, de forma que todos possam confraternizar-se durante os 365 dias do ano e não somente durante as festas de fim de ano.
MEUS VERSOS LÍRICOS

MEU CORAÇÃO DE ESTUDANTE
(Joésio Menezes)


Esse meu coração de estudante
Não quer ser um mero coadjuvante
No crescimento do meu país.
Ele deseja ser protagonista
De uma nação – antes pessimista –
Que tem tudo para ser feliz.

Meu coração de estudante
Não para de bater um instante
Pelas cores do nosso Brasil...
É ele um patriota declarado
Em busca do progresso desejado
Pela nossa Pátria-Mãe gentil

Que não merece ser tão maculada
Pelas mãos dos que não fazem nada
Para evitar a corrupção repugnante...
Sinto crescer aqui no meu peito
A esperança de ver um país perfeito,
Como sonha meu coração de estudante.


EM BUSCA DO NOSSO DESTINO
(Joésio Menezes)

“Vamos fugir” no “trem das cores”.
“Sampa” “será” “nosso destino”.
Lá, plantaremos várias “flores”
De “perfume” bem genuíno.

E “quando” quiseres chorar
De “saudades” do teu torrão,
“Ao teu lado” eu hei de estar
Consolando o teu “coração”.

E “se” for insuficiente
Esse nosso “amor latente”,
Buscaremos outro “lugar”...

É fato: se “nosso amor”
Maior que tudo “isso” for,
Lá “eu sei que vou te amar”.
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA

MENINO DE RUA
(Wilson Gonçalves)


Qual é a tua, menino sujo,
Que cheira cola
Pede esmola
E mora na rua?

De onde tu vens
Para onde tu vais
Quem é tua mãe
Quem foi o teu pai?

Tu pareces tão destemido
Enturmado e contente,
Às vezes te invejo.
Ô menino valente!...

Mais na penumbra da noite,
Em total solidão,
Escondido num canto
Pra ninguém te notar

Tu derramas teu pranto
Na ardente paixão
de não ter um lar.


ESTAÇÕES DA VIDA
(Kora Lopes)

A primavera já se foi
E com ela as flores que murcharam...
O verão também já passou
E não há mais calor
Nem a alegria
Que traz essa estação...
Agarro-me ao outono,
Mas ele vai se soltando
Como as folhas mortas
Caídas pelo chão...
E aí chega o inverno
E vem o frio... a aridez...
A primavera não mais virá,
O verão tampouco.
Até o outono já vai longe
E não mais voltará para mim...
Sobrou somente o inverno,
Frio e sem vida,
Que me acompanhará até o fim!...
CRÔNICA DA SEMANA

O SILÊNCIO
(Wandrei Braga)

Ouço o eco do meu inconsciente rufar como tambores enlouquecidos na apoteose de meus pensamentos reprimidos.
Quanto barulho o silêncio faz!...
Quando a noite cai e os olhos se fecham simulando a temporária morte da consciência, abre-se a cortina daquilo que escondemos durante o dia e temos que enfrentar que realmente somos, porque somos o resultado do que pensamos e fazemos consciente e inconscientemente. Porque a noite também é uma farsa, manto de sombra meramente sem luz que se aproveita da luz em direção oposta para fazer brilhar o que sempre esteve lá.
O silêncio se aproveita do que não arde, do ócio de atenção, e deixa escapar a mente tudo aquilo que escondemos de nós mesmos, pensamentos aprisionados, julgados e condenados pelo consciente que muitas vezes nem nos pertence.
O sono é a linha tênue entre os mundos, onde se permite a criação do sonho, e quem garante o tamanho do sonho quando percebemos apenas alguns momentos da vida real?
E que vida real queremos para sonhar?
Porque o sonho é o único mundo onde o silêncio não existe, o mundo real.

domingo, 20 de novembro de 2011

UM DEDO DE PROSA

UM HEROI CHAMADO ZUMBI
(www.brasilescola.com)

Zumbi foi o grande líder do quilombo dos Palmares, respeitado herói da resistência anti-escravagista. Pesquisas e estudos indicam que nasceu em 1655, sendo descendente de guerreiros angolanos. Em um dos povoados do quilombo, foi capturado quando garoto por soldados e entregue ao padre Antonio Melo, de Porto Calvo. Criado e educado por este padre, o futuro líder do Quilombo dos Palmares já tinha apreciável noção de Português e Latim aos 12 anos de idade, sendo batizado com o nome de Francisco. Padre Antônio Melo escreveu várias cartas a um amigo, exaltando a inteligência de Zumbi (Francisco). Em 1670, com quinze anos, Zumbi fugiu e voltou para o Quilombo. Tornou-se um dos líderes mais famosos de Palmares. "Zumbi" significa: a força do espírito presente. Baluarte da luta negra contra a escravidão, Zumbi foi o último chefe do Quilombo dos Palmares.
O nome Palmares foi dado pelos portugueses, em razão do grande número de palmeiras encontradas na região da Serra da Barriga, ao sul da capitania de Pernambuco, hoje, estado de Alagoas. Os que lá viviam chamavam o quilombo de Angola Janga (Angola Pequena). Palmares constituiu-se como abrigo não só de negros, mas também de brancos pobres, índios e mestiços extorquidos pelo colonizador. Os quilombos, que na língua banto significam "povoação", funcionavam como núcleos habitacionais e comerciais, além de local de resistência à escravidão, já que abrigavam escravos fugidos de fazendas. No Brasil, o mais famoso deles foi Palmares.
O Quilombo dos Palmares existiu por um período de quase cem anos, entre 1600 e 1695. No Quilombo de Palmares (o maior em extensão), viviam cerca de vinte mil habitantes. Nos engenhos e senzalas, Palmares era parecido com a Terra Prometida, e Zumbi, era tido como eterno e imortal, e era reconhecido como um protetor leal e corajoso. Zumbi era um extraordinário e talentoso dirigente militar. Explorava com inteligência as peculiaridades da região. No Quilombo de Palmares plantavam-se frutas, milho, mandioca, feijão, cana, legumes, batatas. Em meados do século XVII, calculavam-se cerca de onze povoados. A capital era Macaco, na Serra da Barriga.
A Domingos Jorge Velho, um bandeirante paulista, vulto de triste lembrança da história do Brasil, foi atribuído a tarefa de destruir Palmares. Para o domínio colonial, aniquilar Palmares era mais que um imperativo atribuído, era uma questão de honra. Em 1694, com uma legião de 9.000 homens, armados com canhões, Domingos Jorge Velho começou a empreitada que levaria à derrota de Macaco, principal povoado de Palmares. Segundo Paiva de Oliveira, Zumbi foi localizado no dia 20 de novembro de 1695, vítima da traição de Antônio Soares. “O corpo perfurado por balas e punhaladas foi levado a Porto Calvo. A sua cabeça foi decepada e remetida para Recife onde, foi coberta por sal fino e espetada em um poste até ser consumida pelo tempo”.
O Quilombo dos Palmares foi defendido no século XVII durante anos por Zumbi contra as expedições militares que pretendiam trazer os negros fugidos novamente para a escravidão. O Dia da Consciência Negra é celebrado em 20 de novembro no Brasil e é dedicado à reflexão sobre a inserção do negro na sociedade brasileira. A data foi escolhida por coincidir com o dia da morte de Zumbi dos Palmares, em 1695.
A lei 10.639, de 9 de janeiro de 2003, incluiu o dia 20 de novembro no calendário escolar, data em que comemoramos o Dia Nacional da Consciência Negra. A mesma lei também tornou obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira. Nas escolas as aulas sobre os temas: História da África e dos africanos, luta dos negros no Brasil, cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, propiciarão o resgate das contribuições dos povos negros nas áreas social, econômica e política ao longo da história do país.

por Amélia Hamze
Profª da FEB/CETEC
ISEB/FISO-Barretos
MEUS VERSOS LÍRICOS

PRECONCEITO
(Joésio Menezes)

Que culpa tenho eu
Se tua pele é branca,
Se minh’alma é franca,
Se o preconceito é teu?

Orgulho tenho eu
Da minha negritude,
Pois essa é uma virtude
Que Deus-Pai me deu.

Que culpa eu posso ter
Se nada fiz pra merecer
De Deus tanto amor?...

Rasga do teu peito
O infame preconceito
Contra minha negra cor!


APARTHEID
(Joésio Menezes)

Sou filho do apartheid,
O sofrer é meu irmão...
Soweto, sou gueto, sou preto
Vítima da segregação.
Dizem que sou inferior
E por causa da minha cor
Não me estendem a mão.

Não tenho meus direitos
Políticos ou sociais.
E até a própria liberdade
Eu não a tenho mais,
Pois fora de Soweto
Sou gueto, sou preto
Nas páginas policiais.

A violência do apartheid
Noticiada nos jornais
Mobilizou a humanidade
E por isso não sofro mais,
Mas ainda sou do gueto
E me orgulho de ser preto,
Como os meus ancestrais.

Meus filhos hoje sofrem,
Por serem filhos de um “negão”
E netos do apartheid
Que só lhes trouxe humilhação.
Sou preto... sou do gueto,
Mas a eles eu prometo
O fim da segregação.
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA

CRIOULA
(Alzira Rufino)

Eu sou criola decente
Não sou vil
Estou nas cordas
Em equilíbrio

De um Brasil
A minha cor apavora
Essa raça agride ouvi dizer
Não é nos dentes do negro


Não é no sexo do negro
É na arte do negro
De viver
Melhor dizendo

Sobreviver
Com essa coisa que arrasta
O tronco que tentam esconder
Mas esses troncos existem

No conviver
Os troncos estão nas favelas
Vejo troncos nas vielas
Nas moradias fedidas

Nas peles sem esperança
Nas enxurradas de não
No jogo das damas e reis
Eu me perdi

Nas rotas dos estiletes
Nas celas e nos engodos
Negro carretel de rolo
Querem fazer um mundo
Marginal criolo


A SENZALA
(Castro Alves)

Qual o veado, que buscou o aprisco,
Balindo arisco, para a cerva corre...
ou como o pombo, que os arrulos solta,
Se ao ninho volta, quando a tarde morre...,

Assim, cantando a pastoril balada,
Já na esplanada o lenhador chegou.
Para a cabana da gentil Maria
Com que alegria a suspirar marchou!

Ei-la a casinha... tão pequena e bela!
Como é singela com seus brancos muros!
Que liso teto de sapé doirado!
Que ar engraçado! que perfumes puros!

Abre a janela para o campo verde,
Que além se perde pelos cerros nus...
A testa enfeita da infantil choupana
Verde liana de festões azuis. I

É este o galho da rolinha brava,
Aonde a escrava seu viver abriga...
Canta a jandaia sobre a curva rama
E alegre chama sua dona amiga.

Aqui n'aurora, abandonando os ninhos,
Os passarinhos vêm pedir-lhe pão;
Pousam-lhe alegres nos cabelos bastos,
Nos seios castos, na pequena mão.

Eis o painel encantado,
Que eu quis pintar, mas não pude...
Lucas melhor o traçara
Na canção suave e rude...

Vede que olhar, que sorriso
S'expande no brônzeo rosto,
Vendo o lar do seu amor...
Ai! Da luz do Paraíso
Bate-lhe em cheio o fulgor.
CRÔNICA DA SEMANA

CONSCIÊNCIA NEGRA
(Raimunda Nilma de Melo Bentes)

Ter consciência negra significa compreender que somos diferentes, pois temos mais melanina na pele, cabelo pixaim, lábios carnudos e nariz achatado, mas que essas diferenças não significam inferioridade.
Ter consciência negra significa que ser negro não significa defeito, significa apenas pertencer a uma raça que não é pior e nem melhor que outra, e sim, igual.
Ter consciência negra significa compreender que somos discriminados duas vezes: uma, porque somos negros, outra, porque somos pobres, e, quando mulheres, ainda mais uma vez, por sermos mulheres negras, sujeitas a todas as humilhações da sociedade.
Ter consciência negra significa compreender que não se trata de passar da posição de explorados a exploradores, e sim lutar junto com os demais oprimidos para fundar uma sociedade sem explorados nem exploradores. Uma sociedade onde todos tenhamos, na prática, iguais direitos e iguais deveres.
Ter consciência negra significa, sobretudo, sentir a emoção indescritível que vem do choque, em nosso peito, da tristeza de tanto sofrer com o desejo férreo de alcançar a igualdade, para que se faça justiça ao nosso Povo, à nossa Raça.
Ter consciência negra significa compreender que para ter consciência negra não basta ser negro e até se achar bonito, mas sim que, além disso, sinta necessidade de lutar contra as discriminações raciais, sociais e sexuais, onde quer que se manifestem.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

UM DEDO DE PROSA

SOB OS EFEITOS DO TEMPO

Os ponteiros do Tempo parecem estar desgovernados numa ladeira bem íngreme, pois tão rápido ele passa que mal conseguimos percebê-lo, tampouco controlá-lo. E prova disso é que novamente estamos nós às vésperas do natal.
Não faz muito tempo, em todos os cantos do mundo, taças brindavam a chegada de um novo ano, e com ele, o desejo de grandes realizações e a esperança de dias melhores para todos. E o que conseguimos realizar ao longo de 2011?... Quase nada daquilo que desejamos e planejamos para o Ano Novo, pois a efemeridade do Tempo não nos permite ficar parados diante dos seus ponteiros um segundo sequer sem que tenhamos perdas irrecuperáveis.
A saída, então, seria aprendermos a controlar o nosso tempo e a conviver com a brevidade cronológica que nos fora imposta pelo deus Cronos a fim de que não fiquemos tão perdidos com relação à cronologia dos fatos e dos acontecimentos, talvez assim possamos compreender e aceitar melhor os porquês das cicatrizes em forma de rugas que surgem em nossos rostos e da despigmentação da nossa pele.
MEUS VERSOS LÍRICOS

SE FOSSE DIFERENTE
(Joésio Menezes)

Ah, se fosse diferente
Essa relação da gente,
Essa nossa amizade!...
O meu peito viveria
Em constante alegria
E longe da ansiedade!...

E os rastros de tristeza
Sumiriam - com certeza -
Do meu velho coração,
Ali ficando somente
O desejo persistente
De ganhar tua afeição,

De sentir no corpo meu
O calor do fogo teu
A queimar-me fortemente.
Em troca, eu te daria
Carinho em demasia.
Ah, se fosse diferente!...


DUAS NOITES
(Joésio Menezes)

Duas noites sozinha,
Duas noites só minhas,
Duas noites, somente.
Duas noites?... Espero!
É só isso que quero:
Duas noites pra gente.

Somente duas noites
Com fim à meia-noite
Me fariam tão bem!...
Até mesmo a Lua,
Nessas noites só tuas,
Te quereria também!
O MELHOR DA POESIA UNIVERSAL

O TEU RISO
(Pablo Neruda)

Tira-me o pão, se quiseres,
tira-me o ar, mas não
me tires o teu riso.

Não me tires a rosa,
a lança que desfolhas,
a água que de súbito
brota da tua alegria,
a repentina onda
de prata que em ti nasce.


A minha luta é dura e regresso
com os olhos cansados
às vezes por ver
que a terra não muda,
mas ao entrar teu riso
sobe ao céu a procurar-me
e abre-me todas
as portas da vida.

Meu amor, nos momentos
mais escuros solta
o teu riso e se de súbito
vires que o meu sangue mancha
as pedras da rua,
ri, porque o teu riso
será para as minhas mãos
como uma espada fresca.

À beira do mar, no outono,
teu riso deve erguer
sua cascata de espuma,
e na primavera, amor,
quero teu riso como
a flor que esperava,
a flor azul, a rosa
da minha pátria sonora.

Ri-te da noite,
do dia, da lua,
ri-te das ruas
tortas da ilha,
ri-te deste grosseiro
rapaz que te ama,
mas quando abro
os olhos e os fecho,
quando meus passos vão,
quando voltam meus passos,
nega-me o pão, o ar,
a luz, a primavera,
mas nunca o teu riso,
porque então morreria.


SER POETA
(Florbela Espanca)

Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!

É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!

É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...
é condensar o mundo num só grito!

E é amar-te, assim, perdidamente...
É seres alma, e sangue, e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!
CRÔNICA DA SEMANA

TEMPO
(Wandrei Braga, wandreibraga.blogspot.com)

O mesmo tempo que falta e se faz saudade com a separação, é o mesmo que nos torna insuportáveis um para o outro, ao mesmo tempo!
Ao mesmo tempo!
Ao tempo dá-se tempo, não muito, senão o tempo se transforma em abandono e solidão.
Com o tempo, muito tempo, enjoa e se transforma em angustia e repetição.
O tempo quando muito, falta; e quando falta, se perde.
Não existe tempo marcado, tempo finito, tempo que roda, tempo que cai, tempo que balança o pêndulo... O tolo pensa que sim. O sábio conhece os limites do tempo.
A cada um foi determinado o seu tempo e ao seu tempo o tempo que ainda nos resta.
O tempo se faz quando não há mais tempo, e só quem diz não ter tempo, quando dele se desfaz.

sábado, 5 de novembro de 2011

UM DEDO DE PROSA

PROCURANDO RESPOSTAS

Procuro entender o porquê das coisas, e a cada questionamento que me faço, mais dúvidas me surgem e isso leva a outros questionamentos, os quais levam a outros e mais outros e outros mais.
Procuro entender, por exemplo, porque o ódio persiste em fazer moradia no coração dos homens; porque, hoje em dia, o amor está em segundo plano; porque os jovens não mais valorizam a vida; porque o tempo é tão efêmero e imparcial em relação às pessoas; porque a humanidade é tão complacente com o vil metal e tão displicente com a Natureza, grande fonte de recursos naturais e, principalmente, de vida; porque a indústria da guerra cresce em maiores proporções que a da paz; porque o Sol brilha para todos, e não somente aos que merecem o esplendor da sua luz...
E nessa busca incessante por respostas quase óbvias, deparo-me com a benevolência e o amor de Deus, que se faz presente em tudo e em todos os lugares, principalmente no coração daqueles que O renegam.
MEUS VERSOS LÍRICOS

SOB TEUS LENÇÓIS
(Joésio Menezes)

Sob teus lençóis o mundo é só nosso.
E nesse mundo tão particular,
Te dar o meu amor é só o que posso...
Nada mais que isso posso te dar.

O que não posso dar, jamais prometo,
Por isso, querida, hoje te digo
Por meio dos versos deste soneto
Que sob os lençóis estarei contigo.

E enquanto juntos estivermos lá,
Sei que nosso mundo não findará,
Inda que meu amor entoe bemóis...

Deixemos, então, de lado o pudor
E façamos esse nosso amor
Eternizar-se sob os teus lençóis.


ROMEU E JULIETA
(Joésio Menezes)

Sonhei que eras minha, somente minha!
E que teus lábios beijavam os meus...
E envolvido nos meus braços eu tinha
Um anjo lindo, criado por Deus.

Nesse sonho, eras uma rainha
Apaixonada por mim - um plebeu -,
Porém, o nosso romance continha
Algo de Julieta e Romeu:

O nosso amor era impossível,
Pois a minha condição desprezível
De plebeu me afastava de ti.

Por isso, antes de me acordar,
Em teus lábios eu resolvi tomar
O veneno do amor e... morri...
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA

DONA DA SAUDADE
(Efigênia Coutinho)

Do céu glacial respinga orvalho
Que ao luar, em gotas de amores,
Nas pétalas fazem seu agasalho
Dando vida e umidade às flores!

O luar passeia beijando o mundo,
Acariciado na sinfonia do vento
Derrama sua prata em solo fecundo,
E ao coração embala sonho luarento!


Mais existem seres pela madrugada
Que perambulantes e desalmados,
Perturbam sonhos em torpe cilada
Deixando os devaneios sepultados!

E eu abraço esta dor da saudade,
Que se quebra em relembranças
Das sombras do que foi a realidade,
Já perdida no ar das toscas mudanças!

Deixo meu rosto aqui no teu altar,
Coberto do amor que você não mereceu.
E nos meus olhos você vai poder olhar
Só não saberá dizer qual de nós morreu!

Com o coração assim desencantado,
Adormeço na saudade de outras alvoradas,
Com o sentimento ferido e enganado
Revivo para sentir emoções renovadas !


BALANÇO DA VIDA
(Vivaldo Bernardes de Almeida)

Os anos se sucedem implacáveis
e trazem, cada um, marco fatal
das pedras da estrada, inevitáveis,
na vida de quem chega ao final.

Final que se aproxima a ferro e fogo,
mostrando a cada um o que já fez
do amor com que nasceu pra este jogo,
pesando o bem e o mal com sensatez.

E a tela da razão nos mostrará
escrito já por nós o que faltou,
no prato que a balança indicará.

E a alma alcançará novos destinos,
cuidando de pagar o que restou
da vida que levou em desatinos.
CRÔNICA DA SEMANA

QUERO COLO
(Caio Fernando Abreu)

Exatamente assim. Pesada, sufocada. Ando com uma vontade tão grande de receber todos os afetos, todos os carinhos, todas as atenções.
Quero colo, quero beijo, quero cafuné, abraço apertado, mensagem na madrugada, quero flores, quero doces, quero música, vento, cheiros ... quero parar de me doar e começar a receber.
Sabe, eu acho que não sei fechar ciclos, colocar pontos finais. Comigo são sempre vírgulas, aspas, reticências... eu vou gostando... eu vou cuidando, eu vou desculpando, eu vou superando, eu vou compreendendo, eu vou relevando, eu vou... e continuo indo, assim, desse jeito, sem virar páginas, sem colocar pontos... e vou... dando muito de mim, e aceitando o pouquinho que os outros tem para me dar.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

UM DEDO DE PROSA

ENQUANTO ISSO, NA REDE PÚBLICA DE SAÚDE...

Enquanto o governo brasileiro gasta bilhões de reais na preparação do país para receber a Copa do Mundo da FIFA, em 2014, o povo agoniza nas filas dos hospitais em consequências do caos em que se encontra o sistema de Saúde do Brasil.
Todos os dias, ouvimos noticiarem os inúmeros casos de mortes na fila de espera por um atendimento médico (sem contar aqueles que não tomamos conhecimento!). Estamos cansados de ouvir, também, notícias de mortes por negligência médica ou por falta de UTIs para os casos mais graves. E o que dizem as autoridades (in)competentes acerca do assunto?... Que estão contratando novos profissionais e que estão instalando novos leitos nos hospitais; que a instalação de novas UTIs está em processo de licitação (desde a Proclamação da República)...
“História para inglês ver” ou - se preferirem! – “história para boi dormir”, pois, desde a vinda da Família Real para o Brasil, ouvimos sempre as mesmas promessas. E o pior de tudo é que o povo brasileiro ainda não aprendeu a lição!
Hoje estão todos comemorando o fato de o nosso país sediar a próxima Copa do Mundo e, em 2016, as próximas Olimpíadas. E depois, quando tudo isso tiver terminado? O que será de nós? Será que ainda existiremos?
Tenho certeza que os responsáveis por esses dois megaeventos (grandes fontes de desvios de verbas públicas) SIM!... Esses sempre terão à sua disposição UTIs muito bem equipadas, Hospitais Luxuosos com os melhores médicos do país - quiçá do mundo - e leitos KING SIZES, inclusive para os seus acompanhantes.
MEUS VERSOS LÍRICOS


A MULHER E A FLOR
(Joésio Menezes)

Ambas têm a delicadeza
Encontrada no feminino
E o encanto genuíno
Da nossa Mãe Natureza.

Ambas esnobam beleza,
A qual eu denomino
Razão do meu desatino
E cura da minha fraqueza.

Elas têm o doce perfume
Cujo aroma nos presume
Que sinônimos ambas são.

E se perguntado me for:
“Qual escolhes, mulher ou flor?”
Digo: são elas minha Paixão!


VERSOS À KEILA SILENE
(Joésio Menezes)

Não posso negar que encantado fico
Sempre que apareces ao meu lado
Trazendo no rosto um riso rico
E feliz com o dom que te foi dado.

E nesse teu riso eu me edifico
E me sinto mais entusiasmado
Para fazer o que me prontifico,
Inda que não me sinta preparado...

De Deus, ganhaste o dom de ensinar
Aos que inda não sabem caminhar
Sozinhos pela estrada do saber.

E é em ti que busco inspiração
Para buscar na nossa profissão
A chance de na vida eu crescer.
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA

QUANDO ELA FALA
(Machado de Assis)

Quando ela fala, parece
Que a voz da brisa se cala;
Talvez um anjo emudece
Quando ela fala.

Meu coração dolorido
As suas mágoas exala,
E volta ao gozo perdido
Quando ela fala.

Pudesse eu eternamente,
Ao lado dela, escutá-la,
Ouvir sua alma inocente
Quando ela fala.

Minha alma, já semimorta,
Conseguira ao céu alçá-la
Porque o céu abre uma porta
Quando ela fala.


ME LEVA
(Mário Quintana)

Me leva... por caminhos de amor e prazer
Se inflame na chama do meu corpo
Me sufoca
Me enrosca
De forma natural
se entregue
Me pega
Me laça
Me abraça

Vem me induzir aos seus anseios
e aos meus desejos tão loucos
que aos poucos vão nos consumindo
de tanto amor e prazer

Eu quero seu amor a qualquer preço
Quero que você me tenha por inteiro
Quero seus beijos ardentes
tão doces... tão quentes...
e me embriagar no perfume do seu corpo
para que possamos viajar
nesse amor tão bonito.
CRÔNICA DA SEMANA

A ESCOLHA DO AMOR
(Gabriel Chalita)

Pessoas que têm certezas absolutas erram mais. Todos os dias fazemos escolhas em nossas vidas. Algumas escolhas são simples; outras, mais complexas. Escolhemos a roupa, o sapato, a alimentação, o trajeto. Escolhemos a escola, o trabalho, as prioridades. Como não é possível resolver todos os problemas de uma única vez, vamos escolhendo aqueles que precisam ser solucionados antes. Escolhemos no supermercado, na loja, a forma de pagamento. Algumas escolhas simples ficam complicadas quando complicamos a vida. Fazer um almoço se torna um calvário para quem está angustiado. Ter de escolher o que fazer e que agrade às outras pessoas da família parece um trabalho insano.
Escolher a escola dos filhos. Escolher a mudança de emprego. Aos poucos as escolhas vão exigindo mais reflexão e o resultado da escolha vai ficando mais sério. Uma coisa é escolher a comida errada no cardápio e decidir que não vai pedir mais aquele prato. Outra coisa é perceber que casou com a pessoa errada. A escolha do casamento tem de ser mais demorada do que a do produto de uma prateleira em um supermercado.
Como somos imperfeitos, a dúvida sempre fará parte de nossas escolhas. E é diante da dúvida que amadurecemos. Pessoas que têm certezas absolutas erram mais e sofrem mais com isso.
A dúvida nos torna mais humildes, mais abertos ao diálogo. Nesses momentos é que percebemos nossa maturidade frente aos obstáculos. Os mais concretos ou os mais abstratos.
Uma modesta sugestão: Diante das dúvidas que surgirem, escolha o amor.
Diante de sentimentos mesquinhos, como a inveja, o ciúme, a vingança; escolha o amor. Antes de falar, pense. Mas pense com amor. Antes de agredir, lembre-se de que o tempo da cicatriz é mais demorado do que o tempo do comedimento. Antes de usar a palavra como instrumento de maldizer, lembre-se de que o silêncio é o grande amigo e de que, na dúvida, o outro deve receber a sua compaixão.
Diante do comodismo, da alienação, escolha o amor em ação. Assim fizeram os apóstolos, mesmo sabendo que seriam incompreendidos; assim fez Francisco de Assis quando ousou chamar a todos de irmãos; ou Dom Bosco com os jovens que só se aquietavam quando se sentiam amados. Assim fez Madre Tereza de Calcutá que fazia a escolha do amor diante de cada próximo que dela precisasse. Diante da boa dúvida, é bom pedir ajuda.
Para os irmãos e para Deus, a essência do Amor. Os desafios são muitos. É por isso que sozinho fica difícil. Como diz a canção: “Eu pensei que podia viver por mim mesmo. Eu pensei que as coisas do mundo não iriam me derrubar”.
E a oração continua e, com ela, nossa certeza: “Tudo é do Pai. Toda honra e toda glória. É Dele a vitória alcançada em minha vida”.

sábado, 22 de outubro de 2011

UM DEDO DE PROSA

O QUE PENSO ACERCA DO TERMO “CASAL”

Não estou aqui para polemizar ou para discriminar a união de homossexuais, mas desde cedo aprendi que CASAL é um “par composto de macho e fêmea ou de homem e mulher” - como bem define o dicionário Aurélio - e que PAR é o conjunto de dois seres (animados ou inanimados) do mesmo ou de diferente gênero.
Hoje, não mais sei o que dizer aos meus alunos (ou a quem quer que seja!) a respeito do significado da palavra casal, pois à medida que novos grupos sociais surgem, as palavras e seus respectivos significados mudam, principalmente quando é do interesse dos legisladores que, buscando conquistar votos numa eventual eleição, tudo fazem para “agradar a gregos e troianos”.
Mutações e interesses à parte, peço mil desculpas aos rapazes e moças (principalmente aos amigos e amigas homossexuais) que optaram por dividir o seu amor com outras pessoas do mesmo sexo, mas ainda não consigo vê-los como um CASAL (no sentido literal da palavra), mas respeito-os e admiro-os pela determinação e coragem de assumirem publicamente o que querem para si: a união estável entre DUAS PESSOAS DO MESMO SEXO como “entidade familiar”.
Ainda que eu não consiga ver dois homossexuais (homens ou mulheres) como um CASAL, abnego todo e qualquer comportamento homofóbico. Sempre fui contra a homofobia, e sempre serei, entretanto, continuo tendo a mesma opinião de outrora acerca do conceito “casal”.
O homem recebeu de Deus o livre arbítrio para agir e ser livre, cabendo a ele a capacidade para fazer as suas próprias escolhas. Assim sendo, ninguém tem o direito de agredir - física e ou verbalmente - essa ou aquela pessoa pelo fato de ela ter escolhido passar o resto da vida ao lado de uma outra pessoa do mesmo sexo.
MEUS VERSOS LÍRICOS

O TEU PERFUME
(Joésio Menezes)

A doce fragrância do teu perfume
Instiga minh’alma despudorada
E deixa mordendo-se de ciúmes
Orquídeas e rosas apaixonadas.

E como se fosse do seu costume,
Os colibris chegam em revoada
E, atraídos pelo teu perfume,
Ignoram as flores enciumadas...


Esse teu perfume adocicado
É, ainda, o principal culpado
Pelos delírios e anseios meus.

E sob o efeito inebriante
Do seu cheiro me sinto aspirante
A um aconchego nos braços teus.


AOS TEUS ENCANTOS
(Joésio Menezes)

- à Keila Silene -

A mim disseste, certa vez,
Que jamais havia recebido
Uma poesia cortês
Ou qualquer verso atrevido.

Desculpa-me!... sou descortês,
Porém, não sou despercebido!...
Não te explicarei os porquês,
Mas creio que falta libido

- Além de sensibilidade -
Aos poetas dessa cidade
Que, por meio da poesia,

Não sabem como expressar
O que vive a nos inspirar:
Teus encantos em demasia.
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA

CANTIGA PARA NÃO MORRER
(Ferreira Gullar)

Quando você for se embora,
moça branca como a neve,
me leve.

Se acaso você não possa
me carregar pela mão,
menina branca de neve,
me leve no coração.

Se no coração não possa
por acaso me levar,
moça de sonho e de neve,
me leve no seu lembrar.

E se aí também não possa
por tanta coisa que leve
já viva em seu pensamento,
menina branca de neve,
me leve no esquecimento.


TU E EU
(Luis Fernando Veríssimo)

Somos diferentes, tu e eu.
Tens forma e graça
e a sabedoria de só saber crescer
até dar pé.
En não sei onde quero chegar
e só sirvo para uma coisa
- que não sei qual é!
És de outra pipa
e eu de um cripto.
Tu, lipa
Eu, calipto.

Gostas de um som tempestade
roque lenha
muito heavy
Prefiro o barroco italiano
e dos alemães
o mais leve.
És vidrada no Lobão
eu sou mais albônico.
Tu, fão.
Eu, fônico.

És suculenta
e selvagem
como uma fruta do trópico
Eu já sequei
e me resignei
como um socialista utópico.
Tu não tens nada de mim
eu não tenho nada teu.
Tu, piniquim.
Eu, ropeu.

Gostas daquelas festas
que começam mal e terminam pior.
Gosto de graves rituais
em que sou pertinente
e, ao mesmo tempo, o prior.
Tu és um corpo e eu um vulto,
és uma miss, eu um místico.
Tu, multo.
Eu, carístico.

És colorida,
um pouco aérea,
e só pensas em ti.
Sou meio cinzento,
algo rasteiro,
e só penso em Pi.
Somos cada um de um pano
uma sã e o outro insano.
Tu, cano.
Eu, clidiano.

Dizes na cara
o que te vem a cabeça
com coragem e ânimo.
Hesito entre duas palavras,
escolho uma terceira
e no fim digo o sinônimo.
Tu não temes o engano
enquanto eu cismo.
Tu, tano.
Eu, femismo.
CRÔNICA DA SEMANA

ESCOLHAS DE UMA VIDA
(Pedro Bial)

A certa altura do filme Crimes e Pecados, o personagem interpretado por Woody Allen diz: "Nós somos a soma das nossas decisões".
Essa frase acomodou-se na minha massa cinzenta e de lá nunca mais saiu. Compartilho do ceticismo de Allen: a gente é o que a gente escolhe ser, o destino pouco tem a ver com isso.
Desde pequenos aprendemos que, ao fazer uma opção, estamos descartando outra, e de opção em opção vamos tecendo essa teia que se convencionou chamar "minha vida".
Não é tarefa fácil. No momento em que se escolhe ser médico, se está abrindo mão de ser piloto de avião. Ao optar pela vida de atriz, será quase impossível conciliar com a arquitetura. No amor, a mesma coisa: namora-se um, outro, e mais outro, num excitante vaivém de romances. Até que chega um momento em que é preciso decidir entre passar o resto da vida sem compromisso formal com alguém, apenas vivenciando amores e deixando-os ir embora quando se findam, ou casar, e através do casamento fundar uma microempresa, com direito a casa própria, orçamento doméstico e responsabilidades.
As duas opções têm seus prós e contras: viver sem laços e viver com laços...
Escolha: beber até cair ou virar vegetariano e budista? Todas as alternativas são válidas, mas há um preço a pagar por elas.
Quem dera pudéssemos ser uma pessoa diferente a cada 6 meses, ser casados de segunda a sexta e solteiros nos finais de semana, ter filhos quando se está bem-disposto e não tê-los quando se está cansado. Por isso é tão importante o autoconhecimento. Por isso é necessário ler muito, ouvir os outros, estagiar em várias tribos, prestar atenção ao que acontece em volta e não cultivar preconceitos. Nossas escolhas não podem ser apenas intuitivas, elas têm que refletir o que a gente é. Lógico que se deve reavaliar decisões e trocar de caminho: Ninguém é o mesmo para sempre.
Mas que essas mudanças de rota venham para acrescentar, e não para anular a vivência do caminho anteriormente percorrido. A estrada é longa e o tempo é curto. Não deixe de fazer nada que queira, mas tenha responsabilidade e maturidade para arcar com as consequências destas ações.
Lembrem-se: suas escolhas têm 50% de chance de darem certo, mas também 50% de chance de darem errado.
A escolha é sua...!

terça-feira, 11 de outubro de 2011

UM DEDO DE PROSA

A HORA E A VEZ DAS CRIANÇAS E DOS PROFESSORES

Nesta semana, comemoramos duas datas muito importantes: amanhã, dia 12, comemora-se o DIA DAS CRIANÇAS; no sábado, dia 15, é comemorado o DIA DOS PROFESSORES.
A primeira, é oficialmente comemorada no dia 20 de novembro, data que a ONU reconhece como Dia Universal das Crianças por ser a data em que foi aprovada a Declaração dos Direitos da Criança. Porém, a data efetiva de comemoração varia de país para país. No Brasil, por meio do decreto nº 4867, de 5 de novembro de 1924, o então presidente Arthur Bernardes oficializou o dia 12 de outubro como sendo o Dia das Crianças com base no projeto de lei do deputado federal Galdino do Valle Filho, que teve a ideia de "criar" um dia específico para as crianças. Mas somente em 1960 - quando a fábrica de brinquedos Estrela fez uma promoção conjunta com a Johnson & Johnson para lançar a "Semana do Bebê Robusto" e aumentar suas vendas - foi que a data passou a ser comemorada. A estratégia deu certo, pois desde então o Dia das Crianças é comemorado com muitos presentes.
Conta a história que a segunda data surgiu no 15 de outubro de 1827 (dia consagrado à educadora Santa Teresa de Ávila), ocasião em que Dom Pedro I, Imperador do Brasil, baixou um Decreto Imperial, criando aqui o Ensino Elementar. Pelo decreto, "todas as cidades, vilas e lugarejos teriam suas escolas de primeiras letras". Esse decreto falava de muita coisa importante no que diz respeito à melhoria na educação: descentralização do ensino, salário digno aos professores, matérias básicas que todos os alunos deveriam aprender e até como os professores deveriam ser contratados. A ideia, inovadora e revolucionária, teria sido ótima se tivesse saído do papel (parece que essa história de decretos que não saem do papel vem de muito longe!). Mas foi somente em 1947, 120 anos após o referido decreto, que ocorreu a primeira comemoração de um dia efetivamente dedicado ao professor.
Tudo começou em São Paulo, em uma pequena escola da Rua Augusta, onde existia o Ginásio Caetano de Campos, conhecido como "Caetaninho". O longo período letivo do segundo semestre ia de 1 de junho a 15 de dezembro, com apenas dez dias de férias em todo este período. Quatro professores tiveram a ideia de organizar um dia de parada para se evitar a estafa – e também de congraçamento e análise de rumos para o restante do ano.
O professor Salomão Becker sugeriu que o encontro se desse no dia de 15 de outubro, data em que, na sua cidade natal, Piracicaba, professores e alunos traziam doces de casa para uma pequena confraternização. A sugestão foi aceita e a comemoração teve presença maciça, inclusive dos pais. O discurso do professor Becker, além de ratificar a ideia de se manter na data um encontro anual, ficou famoso pela célebre frase " Professor é profissão. Educador é missão". Com a participação dos professores Alfredo Gomes, Antônio Pereira e Claudino Busko, a ideia estava lançada.
A celebração, que se mostrou um sucesso, espalhou-se pela cidade e pelo país nos anos seguintes, até ser oficializada nacionalmente como feriado escolar por meio do Decreto Federal 52.682, de 14 de outubro de 1963. Esse Decreto definia a essência e a razão do feriado, pois para comemorar condignamente o Dia do Professor, os estabelecimentos de ensino promoveriam solenidades, em que fosse enaltecida a função do mestre na sociedade moderna, fazendo participar os alunos e as famílias.
Mas, infelizmente, CRIANÇAS e PROFESSORES não são (e nunca foram!) prioridades aqui no Brasil. São lembrados apenas nos dias 12 e 15 de outubro. Elas, pelos comerciantes, que lucram com as vendas do DIA DAS CRIANÇAS; eles, pelo feriado escolar, único benefício recebido por ocasião do DIA DOS PROFESSORES.

Fonte: Wikipédia


Às crianças e aos professores do Brasil, meus sinceros votos de felicidade!
MEUS VERSOS LÍRICOS
A PIPA
(Joésio Menezes)

Voando alto, lá no Céu
Alegre a pipa dança
No bailar do carretel
Que maneja a criança.

E quando bem alto ela está,
Nosso olhar só a alcança
Se seguir a linha do carretel
Que segura a criança.

A pipa sobe, a pipa desce,
Porém nunca se cansa...
E lá de cima sente-se feliz
Com a alegria da criança.


A ARTE DE SER PROFESSOR
(Joésio Menezes)

Trago nas mãos um pedaço de giz,
E com ele vou traçando metas,
Desenhando signos, riscando retas
E descobrindo o quanto sou feliz.

Vou ensinando que nos vários brasis
Tivemos guerras, violentas e discretas;
Tivemos reis, escravos e poetas
Que fizeram a história do nosso país.

Trago em minhas calejadas mãos
A responsabilidade de formar cidadãos
E a esperança de um futuro promissor.

E em meio a tantos me vem a certeza:
Surgirá alguém que tenha a nobreza
De seguir a arte de ser professor.
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA

O PROFESSOR
(José Ventura Filho)


Em qualquer canto da página da vida
Ali está o grande e o sábio professor,
Dono de uma sabedoria reconhecida
E dos ensinamentos para onde for.



Ele não se cansa e não para de lecionar
Não tem qualquer privilégio na profissão,
Mas tem os seus planos e projetos no ar
Ao realizar os sonhos da sua imaginação.

Ao plantar o futuro nas mãos das pessoas
Não aufere qualquer benefício ou regalia.
E a história de vida de cada um se torna boa
E a dele se enche de orgulho com mais valia.

Embora a sua remuneração não seja compatível
Com o trabalho incansável que ali desempenha
Corre ao mundo da descoberta do impossível
Feito uma chama do fogo querendo mais lenha.

Assim, ele é o nosso mestre maior por vocação.
É a sombra dos nossos passos e da nossa luta.
É a força bruta da resistência contra a exploração
É a voz verdadeira que a gente sempre escuta.


AS BORBOLETAS
(Vinícius de Morais)

Brancas
Azuis
Amarelas
E pretas
Brincam
Na luz
As belas
Borboletas

Borboletas brancas
São alegres e francas.

Borboletas azuis
Gostam muito de luz.

As amarelinhas
São tão bonitinhas!

E as pretas, então...
Oh, que escuridão!
CRÔNICA DA SEMANA
QUERO SER PEQUENO
(Ruleandson do Carmo)

Eu descobri que não era mais criança no dia em que meu pai veio me visitar e eu estava triste. Pedi a ele: "Pai, posso sentar no seu colo?" e já fui sentando. Nunca esqueci o olhar dele. Parecia ter visto a pior aberração do mundo, a mais assustadora de todas as criaturas, ali, ao vivo, à frente dele e sentado em seu colo. Minha mãe disse "ele está carente". Acho que nada machuca mais do que alguém ter que explicar a quem você pede carinho que você precisa de atenção. Não culpo meu pai. Ele nunca teve um. E com a idade que eu tinha acho que ele esperava que o filho triste o convidasse para tomar uma cerveja no bar da esquina e não pedisse um cafuné sentado em seu colo.
Corri para o meu quarto e peguei meu urso azul de pelúcia. A pelúcia não era azul, mas ele era. Sempre gostei de azul. Eu olhei para o meu urso e ele não me reconheceu. Ele pertencia à criança que todas as noites o desejava "boa noite" e ficava torcendo para ele ganhar vida enquanto fingia que dormia. Ele era daquela criança, não meu. Foi então que eu percebi que havia uma lacuna, entre quem eu achava que era e quem eu havia me tornado. Brigadeiro não podia mais ser meu prato favorito, e nem "Vou de táxi" a canção da minha vida e eu teria que achar uma atriz melhor do que a Priscila da TV Colosso.
Tive que crescer sem ninguém perguntar se eu queria e muito menos me ensinar como seria. Nunca, nada me doeu tanto quanto crescer. Trocaram minhas figurinhas de chicletes por contas a pagar, meu celular de borracha que tocava músicas foi substituído por vozes que me lembram dos meus compromissos, meu relógio de plástico que sequer marcava as horas me mostra a todo momento que o tempo passou. Não posso mais nem ir aonde eu quero. Antes, me bastava um barquinho de papel, o tanque cheio d'água e alguns minutos de silêncio para eu dar a volta ao mundo. Hoje, me cobram R$2,10 para ir de um bairro ao outro.
A verdade é que eu nunca quis crescer e com isso aprendi a brincar de viver. E eu brinco tanto que nunca canso. Estou sempre com um sorriso no rosto, pronto para o que der e vier. É que eu guardei dentro de mim a criança, e dou vida a ela sempre que preciso. Quando está tudo ruim eu fecho os olhos, fico em silêncio, me escondo na minha mente, coloro meu dever de casa e imagino que tudo vai ficar bem. Pego meus lápis de cor e coloro o mundo, levo alegria a quem chora e arranco risada de quem queria chorar. Infantil? Não! Só a maturidade lhe permiti ser menor do que você é. E não há jeito melhor de crescer.
Ontem, eu olhei no espelho e vi a barba em meu rosto. Lembrei da primeira vez em que eu fiz a barba, aos sete anos e minha mãe me disse: "Você não tem barba, menino". Ontem, eu corri na sala sorrindo ao chorar e gritei: "Mãe, mãe. Eu tenho barba". Ela não entendeu. Mas eu vi, os cabelos brancos que hoje estão na cabeça dela, os cabelos que não mais estão na cabeça do meu pai e descobri que agora não posso mais correr para a cama deles quando eu tiver com medo. Vou ter que guardar um espaço na minha cama para quando eles tiverem medo.
Estava terminando este texto, quando minha mãe me gritou: "Menino, você vai se atrasar para o trabalho" e me entregou a marmita. Antes era a merendeira e eu ia para a escola... Pensando bem, não é a gente que cresce. É o mundo que muda de tamanho e esquece de nos avisar.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

UM DEDO DE PROSA

EIS QUE CHEGA A CHUVA!...

Após uma longa estiagem, enfim chega a chuva!...
Agora os problemas são outros: inundações provenientes de bueiros entupidos; acidentes de trânsito causados pelas pistas escorregadias aliadas à imprudência de grande parte dos motoristas; enchentes causadas pelo transbordamento dos rios; deslizamento de encostas; pistas esburacadas tendo em vista a péssima qualidade do asfalto e à falta de drenagem para escoamento do grande volume de água oriunda das chuvas; goteiras irritantes espalhadas pela casa, bolores espalhados pelos rodapés das paredes...
À parte esses problemas (pequenos quando comparados aos incêndios ocorridos durante a seca), a chuva será sempre bem-vinda, pois a sua chegada promove grandes espetáculos da Natureza.
Após os primeiros pingos vindos do céu, a vegetação logo começa a ganhar coloração esverdeada e, consequentemente, a esbanjar vida e a trazer esperança aos que da chuva necessitam para sobreviver; os pássaros cantarolam alegremente enquanto se banham com os primeiros chuviscos; e, como num passe de mágica, os ipês florescem da noite para dia, deixando mais alegres as ruas, vias e alamedas.
É assim que a Natureza agradece as bênçãos vindas do céu!...
Mal agradecidos são os homens, que nunca estão satisfeitos com o que recebem gratuitamente de Deus: se chove muito, pedem a estiagem; se o estio se prolonga, clamam por chuva, porém nada fazem para se prevenir de qualquer uma das situações adversas.