quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

UM DEDO DE PROSA

E QUE VENHA 2011!!!

Mesmo “aos trancos e barrancos” chegamos a mais um final de ano com a esperança renovada, mas um pouco tristes com os acontecimentos que marcaram o ano que se finda.
Muitas foram as desgraças mundo afora no decorrer de 2010. Algumas provocadas pelos homens; outras, pela própria natureza: tempestades, tsunamis, furacões, deslizamentos de encostas, desabamentos de minas, violentos conflitos religiosos, políticos, diplomáticos, raciais e sociais, dentre outros. Mas ainda assim, nosso otimismo não nos abandonou, pois um novo ano se aproxima, e com ele a esperança de dias melhores.
Esperança na racionalidade humana, no seu senso crítico, na sua capacidade de superar obstáculos e de corrigir os erros cometidos por ela mesma. Esperança na harmonia entre homens e Natureza, na erradicação da violência, no fim da desigualdade social, na disseminação do amor, na união entre os povos, na misericórdia de Deus...
Esperança em um 2011 cheio de PAZ, SAÚDE e PROSPERIDADE para todos aqueles que habitam o Planeta Azul.
MEUS VERSOS LÍRICOS

NOVOS TEMPOS
(Joésio Menezes)

Hoje vi o nascer de um novo dia,
E com ele, renascer a esperança
De termos com Deus uma nova aliança,
De ver entre os homens eterna harmonia.

Vi os homens se abraçando com alegria,
Vi a humanidade recebendo como herança
Do seu Criador mais um voto de confiança,
Vi ressurgir do amor a grande magia.

Vi todas as Nações, fielmente unidas,
Buscando curar as enormes feridas
Pelos homens espalhadas no planeta Terra.

Vi um mundo sem desigualdades sociais,
Sem conflitos, religiosos ou raciais,
Sem desgraças, sem fome, sem guerra.


VERSOS À LÍLIA DINIZ
(Joésio Menezes)

Os deuses da poesia
Deram miolo ao pote
Esperando que dele brote
Versos cheios de magia.

E para nossa alegria,
Daquele miolo de pote
Surgiram sem fricote
Doces versos, à luz do dia,

De uma moça pequenina
Cujo riso de menina
Ela trouxe de Imperatriz...

E os versos deste soneto,
Os quais são meu amuleto,
Vão para Lília Diniz.
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA

ANO NOVO - PEQUENAS PORÇÕES DE ESPERANÇA
(Paulo de La Mancha)

Um porta se abre
Um raio de luar rompe a sala
E ilumina meu ser...

Vamos abrir as portas
Destrancar a alma
A verdadeira Luz
Precisa ao menos de uma fresta
Para demonstrar o seu brilho

Possibilidades...possibilidades...

Um novo janeiro reluz
Um dezembro a desvanecer
Não é só mais uma folha
De um calendário
Os espíritos revigoram-se
Erguem-se com as forças da gratidão
Chegamos até aqui
E quantos ficaram pelo caminho...

Eis que brilha
Ainda mais verde a esperança!

Bons Remédios
Doses homeopáticas,
Em frascos
Pequenas porções
De felicidade

Mágicas poções
Gotas de otimismo
Pingos
Porções miúdas
Mas quanto efeito!


POEMA DE SETE FACES
(Carlos Drummond de Andrade)

Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.

As casas espiam os homens
que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.

O bonde passa cheio de pernas:
pernas brancas pretas amarelas.
Para que tanta perna, meu Deus,
pergunta meu coração.
Porém meus olhos
não perguntam nada.

O homem atrás do bigode
é sério, simples e forte.
Quase não conversa.
Tem poucos , raros amigos
o homem atrás dos óculos e do bigode.

Meu Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era Deus
se sabias que eu era fraco.

Mundo mundo vasto mundo
se eu me chamasse Raimundo,
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração.

Eu não devia te dizer,
mas essa lua,
mas esse conhaque
botam a gente comovido como o diabo.
CRÔNICA DA SEMANA

PARA SE TORNAR MILIONÁRIO, SEJA MISERÁVEL
(Marco Antonio Araújo)

Quer ganhar um reality show? Seja absolutamente insignificante. Quanto mais morto você conseguir parecer, mais vivo você será.
Quem ganha A Fazenda ou Big Brother é sempre uma pessoa a ser esquecida na próxima estação. Como um guarda-chuva. Ou um mala. O que importa é ser dispensável.
Isso é apenas a sabedoria popular se manifestando da forma mais cruel. Quer faturar R$ 2 milhões? Pois então faça tudo para não merecer. Não seja inteligente, carismático, corajoso ou especial.
Seja apenas um nada. De preferência, sem nenhum futuro pela frente. Pegue sua fortuna e suma de nossas vidas. Não nos incomode nunca mais. Se for possível, daqui a alguns anos, seja um perfeito fracassado.
Você tem talento? Simples, seja talentoso: um grande ator ou atriz, uma personalidade marcante e inesquecível, um campeão de votos como o Tiririca. Só não queira ser um vencedor de prêmios milionários.
Dinheiro é para quem necessita. Milhões de brasileiros acreditam nisso. Com razão. Quem preferimos que ganhe a mega-sena, um empresário ou um miserável? Óbvio.
Nem precisa ser pobre, mas limpinho. Basta merecer nossa piedade. É disso que se trata. Nos convença que sem o prêmio você não será ninguém. Negócio fechado.
De realidade, esses shows não têm nada. E que assim permaneçam. Apenas shows. De realidade, basta a nossa. E nela não há grandes prêmios. Por que haveríamos de dá-los a quem não se parece conosco?

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

UM DEDO DE PROSA

AI, AI, AI, AI! ESTÁ CHEGANDO A HORA!...

Entramos na contagem regressiva para o término do ano letivo. Restam-nos apenas alguns poucos alunos que, solidários a nós, ficaram de recuperação. Dizem eles que não foram aprovados de imediato porque queriam ficar na escola fazendo-nos companhia até sairmos de férias.... “Me engana que eu gosto!”
O fato é que isso se repete todos anos, em todas as séries. O que difere de um ano para o outro é o número crescente de alunos em recuperação, o que verdadeiramente não dá para entender, pois o sistema educacional brasileiro facilita, e muito, a vida dos alunos, que cada vez mais perdem o interesse pelos estudos.
Porém, não devemos jogar toda a culpa no corpo discente. Os alunos são apenas parte da engrenagem educacional avariada e sem manutenção há muitos anos. Eles são reflexos do descaso dos governantes para com a Educação e, consequentemente, dos profissionais que as faculdades soltam no mercado com o aval dos órgãos responsáveis, os quais deixam muito a desejar no que diz respeito à fiscalização dessas instituições de ensino superior que, semestralmente, licenciam professores despreparados e, às vezes, sem compromisso.
Mas ainda resta-me a esperança de que um dia esse cenário mude, pois muitos são os que também querem isso.
Gosto muito do meu ofício e busco praticá-lo da melhor maneira possível, ensinado aos meus alunos não somente o conteúdo da minha disciplina, mas também tudo o que lhes possa ser útil enquanto cidadão, ainda que no auge da sua “aborrescência”.
MEUS VERSOS LÍRICOS

ENGAIOLADO
(Joésio Menezes)

Sou passarinho que canta
Sua liberdade roubada
Por aquela triste gente
Que se acha inocente,
Mas tem vida maculada.

Sou canoro que voa
Nas asas do pensamento;
Voa livre, sem destino,
À procura do menino
De outrora, sem lamentos.

Sou um pássaro sonhador,
E sonho co’a liberdade
Que me fora roubada
Numa ação alardeada
Pelos gritos da vaidade.

Vivo, hoje, solitário
Entre as grades da prisão,
Mas canto mesmo assim
Pois um dia terá fim
Essa minha solidão.

VERSOS À BRUXAUVA*
(Joésio Menezes)

Perdido numa floresta encantada,
Deparei-me com a Fantasia
Em que só as Flores e as Fadas
Eram lembradas pela Poesia.

Solidário às mal-humoradas
Bruxinhas sem qualquer regalia
Resolvi compor uma toada
Com versos de minha autoria:

“Tupã, por favor mande chuva
E banhe a pequena Bruxauva
Com gotas destes versos que fiz.

São versos de um apaixonado
Poeta que se vê empenhado
Em fazer Bruxauva feliz”.


*Personagem do flordemorango.blogspot.com
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA

A LÁGRIMA
(Augusto dos Anjos)

Faça-me o obséquio de trazer reunidos
Cloreto de sódio, água e albumina...
Ah! Basta isto, porque isto é que origina
A lágrima de todos os vencidos!

"A farmacologia e a medicina
Com a relatividade dos sentidos
Desconhecem os mil desconhecidos
Segredos dessa secreção divina"

O farmacêutico me obtemperou. –
Vem-me então à lembrança o pai Yoyô
Na ânsia física da última eficácia...

E logo a lágrima em meus olhos cai.
Ah! Vale mais lembrar-me eu de meu Pai
Do que todas as drogas da farmácia!


MAIS OU MENOS
(Chico Xavier)

A gente pode morar
numa casa mais ou menos,
numa rua mais ou menos,
numa cidade mais ou menos
e até ter um governo mais ou menos.

A gente pode dormir
numa cama mais ou menos,
comer um feijão mais ou menos,
ter um transporte mais ou menos
e até ser obrigado a acreditar
mais ou menos no futuro.

A gente pode olhar em volta e sentir
que tudo está mais ou menos,
tudo bem!

Mas o que a gente não pode mesmo,
nunca, de jeito nenhum,
é amar mais ou menos,
é sonhar mais ou menos,
é ser amigo mais ou menos,
é namorar mais ou menos,
é ter fé mais ou menos,
é acreditar mais ou menos.
Senão a gente corre o risco de se tornar
uma pessoa mais ou menos.
CRÔNICA DA SEMANA

ÀS VEZES A SURDEZ ME IRRITA
(cronicasdasurdez.com)

Às vezes a surdez me irrita. No geral, acho que lido muito bem com ela. Aprendi a ter uma paciência sobre-humana com as outras pessoas e suas grosserias, gracinhas, pressa e impaciência. Respiro, conto até 100 se precisar e tento não me abalar. Fazer o quê se isso é consequência da minha má audição? Não ouvir me estressa menos do que precisar ter todo esse jogo de cintura com os outros. Mais do que tudo, também aprendi a ter paciência comigo e com as minhas limitações.
Porém, às vezes perco as forças. Sinto vontade de me isolar, esquecer que existe o mundo. Fico triste, irritada e me abalo. Isso acontece quando me deparo com situações em que fica nítida a minha desvantagem em relação àqueles que ouvem perfeitamente. Sou forte, mas não sou um mestre zen.
Não me importo em confessar isso para vocês pois sei que passamos pelas mesmas situações. Em casa, no trabalho, nas relações sociais. Sou humana, e de vez em quando deixo a peteca cair. Quando isso acontece, sinto vontade de desligar os aparelhos e ir para o meu canto, ficar quieta, sem precisar lidar com ninguém.
Não sei o que desencadeia isso em mim. Pode ser algo mínimo, como ver a cara de irritação de alguém que falou algo que não entendi. Ou ouvir a famosa frase ‘você não está de aparelho?’. Pode ser porque tentei de todas as maneiras entender uma frase ou palavra e não rolou. Frustração.
Em relação à surdez, acho que nada faz mais sentido do que aquela frase que diz que "cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é".

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

UM DEDO DE PROSA

NOSTALGIA: O ESTANDARTE DA VIDA

Não faz muito tempo, festejávamos a chegada de 2010, esperando dele dias melhores que os do ano que estava findando. E novamente cá estamos nós às vésperas de mais um reveillon e, consequentemente, de dias melhores.
Imperceptivelmente, o tempo passa numa velocidade tal que até parece que, ao ser criado, o deus Cronos deu-lhe asas. E sentindo-se alado, os ponteiros do seu velocímetro giram numa velocidade incontrolável, buscando acertar o destino dos que dele dependem e a ele resistem. Porém, o giro dos seus ponteiros jamais retrocede tampouco pára na órbita cronológica dos acontecimentos. Daí o motivo de sermos e vivermos tão nostálgicos.
A nostalgia nos reporta aos fatos que mais nos trouxeram júbilo no decorrer das nossas vidas que, ano após ano, mais ligada está a ela, que é fonte vital de grande parte dos nossos sonhos, os quais alimentam nossa vontade de viver na incessante busca do que nos possa proporcionar instantes de felicidade e deleite.
Enfim, não há como nos referirmos à nostalgia sem mencionar o Tempo cronológico e os seus efêmeros milésimos de segundo que, dependendo da situação, ficarão eternizados na memória daqueles que fazem dela o jubiloso ESTANDARTE DA VIDA.
MEUS VERSOS LÍRICOS

O FRUTO PROIBIDO
(Joésio Menezes)

Aquele fruto proibido
Que ofereceram a Adão
Também me foi oferecido
E eu não pude dizer NÃO.

E após tê-lo comido
Com a fome de um glutão,
Senti o fogo da libido
Queimar-me feito um vulcão.

Foi aí que a serpente
Apareceu e, de repente,
Minha Eva não resistiu,

E mostrando um estranho
Apetite sem tamanho
A serpente ela engoliu.


PARODIANDO PESSOA
(Joésio Menezes)

O poeta não é fingidor.
Ele é, simplesmente,
Alguém que canta sua dor
Do jeito que ele sente.

Mas se lê o que escreve
Sobre o que o faz refém,
Uma dor branda e breve
Ao seu peito logo vem.

E as dores da sua vida,
Inda que tenham razão,
Jamais serão fingidas
Ao seu nobre coração.
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA

ELA
(Machado de Assis)

Seus olhos que brilham tanto,
Que prendem tão doce encanto,
Que prendem um casto amor
Onde com rara beleza,
Se esmerou a natureza
Com meiguice e com primor

Suas faces purpurinas
De rubras cores divinas
De mago brilho e condão;
Meigas faces que harmonia
Inspira em doce poesia
Ao meu terno coração!

Sua boca meiga e breve,
Onde um sorriso de leve
Com doçura se desliza,
Ornando purpúrea cor,
Celestes lábios de amor
Que com neve se harmoniza.

Com sua boca mimosa
Solta voz harmoniosa
Que inspira ardente paixão,
Dos lábios de Querubim
Eu quisera ouvir um -sim-
P’ra alívio do coração!

Vem, ó anjo de candura,
Fazer a dita, a ventura
De minh’alma, sem vigor;
Donzela, vem dar-lhe alento,
“Dá-lhe um suspiro de amor!”


DOIS ANJOS
(Gabriela Mistral)

Não é um anjo apenas
que me afeiçoa e guia.
Como embalam as duas
orlas ao mar, embalam-me
o anjo que traz o gozo
e o que traz a agonia;
o que tem asas voantes
e o que tem asas fixas.
Eu sei, quando amanhece,
qual vai reger-me o dia,
se o anjo cor de chama,
se o anjo cor de cinza.
E dou-me a eles como
alga às ondas, contrita.
Voaram uma só vez
com asas unidas:
foi o dia do amor,
o da epifania.
Fundiram-se numa asa
as asas inimigas
e apertaram o nó
que junta à morte a vida
CRÔNICA DA SEMANA

42
(Mônica)

A semana foi agitada até agora. Na segunda-feira, enquanto eu preparava as aulas do dia seguinte e tentava colocar ordem na bagunça de arquivos do meu computador, muita gente dentro e fora da internet especulava: qual seria o grande segredo de Gerson? A minha pergunta, santa ignorância, era bem mais básica: mas quem diabos é Gerson? Claro, isso é que dá não seguir novela das 9, nem mesmo pelo resumo da semana no jornal. Também, pôxa, se tivessem me dito ‘ah, é o Marcelo Antony!’, já seria uma grande ajuda. Mas, pelo visto, o pessoal ficou meio decepcionado porque, né, o tal segredo era nada mais que uma tarazinha dessas corriqueiras. Dava pra desconfiar, gente, porque se fosse realmente importante, a notícia teria vazado pelo Wikileaks. Hoje em dia você só acontece de verdade se a fofoca vier pelo Wikileaks. Entendeu, EGO?
Mas eis que estamos na quinta-feira e o que tá bombando já é outra história. A NASA manda avisar que hoje tem entrevista coletiva às 17h (horário de Brasília) lá no site. O assunto? Parece que vão revelar alguma coisa que pode ter a ver com as pesquisas sobre vida extraterrestre. Uns lances de astrobiologia, pelo que disseram. Espero que seja mesmo alguma coisa muito bacana, porque dois mega-desapontamentos em 72 horas é um pouco demais. Algo mais do que o recado de ’Busquem Conhecimento’ enviado pelo ET bilu, por favor. Por via das dúvidas, já estou treinando aquela musiquinha do Contatos Imediatos, caso tenha que me comunicar com os seres. Ou então vai ver a NASA quer confirmar a minha teoria de que aquela torre que tem aqui nas montanhas é a Nave-Mãe – pelo menos de noite, iluminada, é tal e qual.
Afirmar que existe vida inteligente em outros planetas seria um balde de água fria. Isso todo mundo já sabe, oras- difícil tá sendo acreditar em vida inteligente neste aqui. Mas em meio a tantas especulações, boataria e disse-me-disse, lá bem quieto no seu canto , um computador está agora sorrindo discretamente: o que a NASA deve anunciar com pompa e circunstância, em entrevista coletiva e artigo na Science, ele já sabe: a resposta final para a Vida, o Universo e Tudo o Mais, é mesmo 42.
Update: então é isso. Uma bactéria que usa arsênico em vez de fósforo, expandindo as fronteiras do conceito de vida neste planeta. Meu fogão também funciona sem fósforo, será então que ele é uma forma de vida alienígena ainda desconhecida? Sei não, depois que o Mário Prata lançou a teoria dos guarda-chuvas, tudo é possível.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

UM DEDO DE PROSA

ENFIM, DEZEMBRO!!!

Alguns dias atrás eu perguntei: E QUANDO DEZEMBRO CHEGAR?
Pois é!... dezembro chegou e ainda não encontrei respostas que amenizem as angústias que sufocam meu peito, que nada têm a ver com o DIA MUNDIAL DE COMBATE À AIDS, comemorado hoje.
Naquela ocasião, eu disse que “não mais via o Natal e o Réveillon como outrora, época em que as pessoas abriam seus corações e entregavam-se de corpo e alma às fartas festas”. Mencionei ainda que, hoje, “as pessoas estão pouco se importando com quantas famílias desejam um simples prato com arroz e feijão na noite de Natal, ou com quantas crianças frustram-se pelo fato de o Papel Noel nunca visitar as suas casas”; que “muitos são os que jogam fora as sobras da ceia, e muitos mais são aqueles que as catam no lixo para levarem aos seus filhos, que nada têm para comer”.
Tentando levantar meu astral, Fátima Maria, uma grande amiga (que hoje aniversaria) e leitora assídua dos meus insossos escritos, disse-me que “é só a gente ser diferente, fazer diferente e tudo ganha sentido na vida da gente”. Pois bem, Fatinha!... tentei ser e fazer diferente, mas as minhas angústias “pré-dezembrinas” só aumentaram, principalmente depois de assistir às últimas imagens vindas da “Cidade Maravilhosa”, terra da qual os fora-da-lei se acham donos.
Talvez até seja possível SER e FAZER diferente para que tudo ganhe sentido na vida da gente, mas é IMPOSSÍVEL ficar indiferente às desigualdades sociais, à intolerância religiosa e racial, ao que mancha a imagem do nosso país lá fora e, principalmente, a tudo que possa desestruturar os nossos lares, as nossas famílias, os nossos corações...
MEUS VERSOS LÍRICOS

ANJO CORRUPTOR
(Joésio Menezes)

Naquela tarde estava eu
Sozinho, ali concentrado,
Quando do nada apareceu
Um anjo lindo, perfumado.

Ele aproximou-se e me deu
Um abraço bem apertado,
E o cheiro do perfume seu
Ficou no meu ser impregnado.


Esse anjo imaculado
Riu-me e ali ficou parado,
Instigando-me o desejo...

Ainda que seja possível,
Não esquecerei o incrível
Anjo corruptor do meu pejo.


SOB TUAS PRESAS
(Joésio Menezes)

Com tuas garras
Me agarras,
Me trucidas...
Judias de mim,
Mas mesmo assim
Me enches de vida.

Me fazes sentir
No corpo eclodir
O calor venéreo
Do êxtase iminente
Que torna veemente
Meu fogo etéreo...

São tuas presas
Que mantêm acesa
A minha libido
E fazem meu tesão
Tornar-se um vulcão
Ativo e desinibido.
O MELHOR DA POESIA BRASILIERA

POEMINHA AMOROSO
(Cora Coralina)

Este é um poema de amor
tão meigo, tão terno, tão teu...
É uma oferenda aos teus momentos
de luta e de brisa e de céu...
E eu,
quero te servir a poesia
numa concha azul do mar
ou numa cesta de flores do campo.
Talvez tu possas entender o meu amor.
Mas se isso não acontecer,
não importa.
Já está declarado e estampado
nas linhas e entrelinhas
deste pequeno poema,
o verso;
o tão famoso e inesperado verso
que te deixará pasmo, surpreso, perplexo...
eu te amo, perdoa-me, eu te amo..."


QUARENTA ANOS
(Mário de Andrade)

A vida é pra mim, está se vendo,
uma felicidade sem repouso;
eu nem sei mais se gozo, pois que o gozo
só pode ser medido em se sofrendo.

Bem sei que tudo é engano, mas sabendo
disso, persisto em me enganar... Eu ouso
dizer que a vida foi o bem precioso
que eu adorei. Foi meu pecado... Horrendo

Seria, agora que a velhice avança,
que me sinto completo e além da sorte,
me agarrar a esta vida fementida.

Vou fazer do meu fim minha esperança,
Oh sono, vem!... que eu quero amar a morte
com o mesmo engano com que amei a vida.
CRÔNICA DA SEMANA

BUSCA
(Débora Bottcher)

A moça queria prometer que amanhã vai acordar mais feliz e ter um dia mais leve. Que vai sorrir mais e tornar as horas menos densas.
A moça deseja amanhecer sem sentir-se sufocada - como se o sol lhe ardesse a pele tirando-lhe o ar fazendo-a sentir-se como quem vai desaparecer pra sempre, nunca mais respirar...
A moça gostaria de selar um compromisso com a paz, mas a vida anda lhe doendo um pouco e tem sido difícil sobreviver.
Quando, de repente, ela se pega admirando a Lua, quase não consegue entender o silêncio de luz que a embala debaixo do manto azul do céu e uma certa quietude interior a abraça; mas ao baixar os olhos ao redor, esse deslumbre se desvanece e uma curiosa escuridão novamente se instala.
A moça sente saudades do que não consegue se lembrar...
Alguém vai dizer a ela que a vida é assim: de altos e baixos, alegrias e dores, amor e indiferença, incompreensões e sentimentos desconexos.
A certa altura, a moça sabe que todos finalmente se rendem a essa ideia e ela acredita que verdadeiramente se seja capaz de compreender os ciclos de ventura e desilusão.
Mas ainda é cedo para ela: a moça ainda não aceita essa rotina escancarada de mesmice, essa angústia, essa indescritível irritação, um curioso medo. E procura, incansável, pelas frestas, pelas bordas, pelas fendas do tempo aquele raio de esperança que ela acredita existir...

Fonte: Crônica do Dia

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

UM DEDO DE PROSA

A POUCOS DIAS DO FIM...

Aproxima-se o final do ano letivo. Os professores - hoje com menos cabelos que ontem devido ao estresse diário (e aos diários) – fazem das tripas coração para chegarem vivos às provas finais enquanto os alunos usam suas calculadoras e fazem as contas de quantos pontos necessitam para serem aprovados e, consequentemente, saírem de férias sem problemas com o boletim.
As mães (pobres mães!) acendem velas para São Judas Tadeu (o santo das causas impossíveis) e fazem-lhe promessas para que seus filhos não sejam reprovados, caso contrário elas terão que antecipar o pedido de perdão (e de um pouco mais de paciência) a Deus, pois seus filhos serão alvos de pancadas; e elas, alvos das críticas dos maridos que nunca comparecem às escolas em busca de informações acerca do rendimento escolar dos herdeiros dos seus problemas.
E alheios a esses (e a outros mais) “insignificantes” problemas de rotina nas escolas, os governantes estouram seus champanhes comemorando a antecipação da “gorda” Gratificação Natalina - que sempre vem acompanhada dos 13º, 14º e 15º salários - enquanto fazem contagem regressiva para a chegada do recesso de final de ano, o qual, em muitos casos, se estenderá até após o carnaval.
MEUS VERSOS LÍRICOS

LASCÍVIA
(Joésio Menezes)

Se para mim te insinuas
Olhando-me de través,
Desejo-te sempre nua,
Mesmo sabendo quem és:

A diva que me alua
E me põe sob os seus pés,
Por isso, lasciva Lua,
Não me olhes de viés!


Esse teu oblíquo olhar
Me leva a te desejar,
Acende meu estopim...

E se assim continuares
Lançando-me teus olhares,
Não responderei por mim!


VIDA
(Joésio Menezes)

Afinal, para quê serve a vida
Se não posso eu vivê-la sem ti?
Talvez ela sirva de sobrevida
Ao romance que contigo vivi.

Pode ser ela, também, a guarida
Das dores que outrora eu senti
Quando da minha paixão proibida
Por aquela que jamais esqueci

E até hoje habita meu peito,
Fazendo de mim um pobre sujeito,
Incapaz de viver longe de ti...

Afinal, para quê chorar a vida
Se, logo após a tua despedida,
Me senti melhor depois que morri?...
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA

PARA A VERTIGEM!
(Raul de Leoni)

Alma em teu delirante desalinho,
Crês que te moves espontaneamente,
Quando és na Vida um simples rodamoinho,
Formado dos encontros da torrente!

Moves-te porque ficas no caminho
Por onde as cousas passam, diariamente:
Não é o Moinho que anda, é a água corrente
Que faz, passando, circular o Moinho...

Por isso, deves sempre conservar-te
Nas confluências do Mundo errante e vário.
Entre forças que vem de toda parte.

Do contrário, serás, no isolamento,
A espiral, cujo giro imaginário
É apenas a Ilusão do Movimento!...


SONETO DA SEPARAÇÃO
(Vinícius de Moraes)

De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.

De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.

De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.

Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.
CRÔNICA DA SEMANA

DESPEDIDA DE ONTEM
(Pâmela S. de Melo)

Talvez eu saiba o propósito dessa chuva fria e insistente. Ela veio lavar meu caminho, selar um capítulo de minha história e inaugurar outro. E isso provoca em mim um bocado de angústia.
Finalizar um período, saber que daqui pra frente ele só vai existir no canto melancólico de minhas lembranças machuca um pouco, deixa meu coração pequenininho e apertado, ele caberia na ponta de uma estrela de tão encolhido e frágil que está. Eu sei que ele está se preparando para novas emoções e aventuras, e essas promessas de esperança é que fazem a semente germinar e dar frutos, mas, hoje, só hoje, as lágrimas insistem em cair só pra se despedir de ontem. Vou deixá-las chover em mim.
Amanhã, eu guardo essas lembranças tão recentes no meu baú de preciosidades, transformo essa angústia em coragem, e vou voar, alto, livre... vou semear meu campo de flores, porque a minha primavera é certa, e está pra chegar!

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

UM DEDO DE PROSA

DIA NACIONAL DA CONSCIÊNCIA NEGRA

Sábado, dia 20/11, comemorar-se-á o DIA NACIONAL DA CONSCIÊNCIA NEGRA. Essa data foi estabelecida pelo projeto de lei nº 10.639, de 9 de janeiro de 2003, pois foi neste dia (no ano de 1695) que morreu Zumbi, líder do Quilombo dos Palmares.
A homenagem a Zumbi foi mais do que justa, pois este personagem histórico representou a luta do negro contra a escravidão, no período Colonial. Ele morreu em combate, defendendo seu povo e sua comunidade. Os quilombos representavam uma resistência ao sistema escravista e também uma forma coletiva de manutenção da cultura africana aqui no Brasil. Zumbi lutou até a morte por esta cultura e pela liberdade do seu povo.
Historicamente falando, a criação dessa data foi importante, pois serve como um momento de conscientização e reflexão sobre a importância da cultura e do povo africano na formação da cultura nacional. Os negros africanos colaboraram (e muito!) nos aspectos políticos, sociais, gastronômicos e religiosos de nosso país, por isso, o DIA NACIONAL DA CONSCIÊNCIA NEGRA deveria ser comemorado nas escolas, nos espaços culturais e em outros locais, como forma de valorização da cultura afro-brasileira.
Vale ressaltar ainda que no Brasil sempre ocorreu uma valorização extremada e errônea dos personagens históricos de cor branca, como se a nossa história tivesse sido construída somente pelos europeus e seus descendentes. Imperadores, navegadores, bandeirantes, líderes militares entre outros foram sempre considerados heróis nacionais.
Felizmente, temos hoje a valorização de um líder negro em nossa história. Esperamos que em breve outros personagens históricos de origem africana sejam valorizados por nosso povo e por nossa história.
Amém!...

Fonte: www.suapesquisa.com/datascomemorativas
MEUS VERSOS LÍRICOS

PRECONCEITO
(Joésio Menezes)

Que culpa tenho eu
Se tua pele é branca,
Se minh’alma é franca,
Se o preconceito é teu?

Orgulho tenho eu
Da minha negritude,
Pois essa é uma virtude
Que Deus-Pai me deu.


Que culpa eu posso ter
Se nada fiz pra merecer
De Deus tanto amor?...

Rasga do teu peito
O infame preconceito
Contra minha negra cor!


APARTHEID
(Joésio Menezes)

Sou filho do apartheid,
O sofrer é meu irmão...
Soweto, sou gueto, sou preto
Vítima da segregação.
Dizem que sou inferior
E por causa da minha cor
Não me estendem a mão.

Não tenho meus direitos
Políticos ou sociais.
E até a própria liberdade
Eu não a tenho mais,
Pois fora de Soweto
Sou gueto, sou preto
Nas páginas policiais.

A violência do apartheid
Noticiada nos jornais
Mobilizou a humanidade
E por isso não sofro mais,
Mas ainda sou do gueto
E me orgulho de ser preto,
Como os meus ancestrais.

Meus filhos hoje sofrem,
Por serem filhos de um “negão”
E netos do apartheid
Que só lhes trouxe humilhação.
Sou preto... sou do gueto,
Mas a eles eu prometo
O fim da segregação.
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA

PRETO NO NEGRO
(Jorge Amâncio)


grana preta peste negra
minha preta pérola negra
faixa preta cambio negro

negropreto
musica negra
poesia negra
artista negro


um preto
pretinho básico
pretaporter

pretonegro
negro gato
gato preto
caixa preta
buraco negro


DILACERAÇÕES
(Cruz e Sousa)

Ó carnes que eu amei sangrentamente,
ó volúpias letais e dolorosas,
essências de heliotropos e de rosas
de essência morna, tropical, dolente...

Carnes, virgens e tépidas do Oriente
do Sonho e das Estrelas fabulosas,
carnes acerbas e maravilhosas,
tentadoras do sol intensamente...

Passai, dilaceradas pelos zelos,
através dos profundos pesadelos
que me apunhalam de mortais horrores...

Passai, passai, desfeitas em tormentos,
em lágrimas, em prantos, em lamentos
em ais, em luto, em convulsões, em dores...
CRÔNICA DA SEMANA

RACISMO
(Luis Fernando Veríssimo)

Preconceito racial e discriminação racial são duas coisas diferentes.
O preconceito é um sentimento, fruto de condicionamento cultural ou de uma deformação mental, mas sempre incorrigível. Não se legisla sobre sentimentos, não se muda um habito de pensamento ou uma convicção herdada por decreto. Já a descriminação racial é o preconceito determinando atitudes, políticas, oportunidades e direitos, o convívio social e o econômico. Não se pode coagir ninguém a gostar de quem não gosta, mas qualquer sociedade democrática, para desmentir o nome, deve combater a descriminação por todos os meios – inclusive a coação.
Não concordo com quem diz que uma política de cotas para negros no estudo superior é discriminação. É coação, certo, mais para tentar corrigir um dos desequilíbrios que persistem na sociedade brasileira, o que reflete na educação a desigualdade de oportunidades de brancos e negros em todos os setores, mal disfarçada pela velha conversa da harmonia racial tão nossa. As cotas seriam irrealistas? Melhor igualdade artificial do que igualdade nenhuma.
Agora mesmo caíram em cima de quem disse – numa frase obviamente arrancada do contexto – que racismo de negro contra branco é justificável. Nenhum racismo é justificável, mas o ressentimento dos negros é. Construiu-se durante todos os anos em que a última nação do mundo a acabar com a escravatura continuou na prática o que o tinha abolido no papel. Não se esperava que o preconceito acabasse com o decreto da abolição, mas mais de 100 anos deveriam ter sido mais do que suficientes para que a discriminação diminuísse. Não diminuiu.
Igualar racismo de negro com racismo de branco não resiste a um teste elementar. O negro pode dizer – distinguindo com nitidez preconceito de descriminação – “Não precisa me amar, só me dê meus direitos”. Qual a frase mais próxima disto que um branco poderia dizer, sem provocar risos? “Não precisa me amar, só tenha paciência”? “Me ame, apesar de tudo”?. Pouco convincente.
É uma questão que vai e vem, como as marés. A velha oposição, na seleção brasileira, do time do povo e o time do técnico. Quando as coisas vão bem (Brasil 4, Chile 0) não há discussão, quando as coisas vão mal (Brasil ali ali, Gana 0) volta a questão. O povo quer os melhores sempre no time. Isto se repete há anos. Mudam os técnicos, mudam os melhores, muda, em boa parte o povo, e a questão continua indo e vindo. Como as marés

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

UM DEDO DE PROSA

E QUANDO DEZEMBRO CHEGAR?

Essa é a época do ano que mais angústia me traz, pois o Natal e o Réveillon se aproximam e hoje não mais vejo motivos para tanta comemoração.
Costumam dizer que essa é a época de confraternizarmo-nos, mas a cada ano que se passa as pessoas estão perdendo esse espírito de confraternização e, consequentemente, o interesse por esse tipo de festa. Talvez pelo estresse acumulado ao longo do ano, ou até mesmo pelo fato de estarem “ocupados” demais para disponibilizarem um pouco do seu “precioso tempo” àqueles que sempre fizeram parte dos momentos mais importantes da sua vida, os familiares.
Também não mais vejo o Natal e o Réveillon como outrora, época em que as pessoas abriam seus corações e entregavam-se de corpo e alma às fartas festas. Egoisticamente, as pessoas (não todas, é claro!) estão pouco se importando quantas famílias desejam um simples prato com arroz e feijão na noite de Natal, ou quantas crianças frustram-se pelo fato de o Papel Noel nunca visitar as suas casas, levando-lhes nem que seja um carrinho de plástico, daqueles comprados nas lojas de R$ 1,99. Muitos são os que jogam fora as sobras da ceia, e muitos mais são aqueles que as catam no lixo para levarem aos seus filhos, que nada têm para comer.
É justamente esse o motivo da minha angústia e da minha falta de interesse em comemorar as festas de final de ano. É justamente por isso que há alguns anos sinto meu peito apertado sempre que se aproxima o mês de dezembro.
MEUS VERSOS LÍRICOS

OLHAR ESMERALDINO
(Joésio Menezes)

Aquele olhar esmeraldino
Penetrou o âmago do meu tino
E me deixou com insônia;
E eu jamais esquecerei
Aqueles olhos que flertei,
Olhos verdes de Rondônia.

Observador e idealista,
Apaixonei-me à primeira vista
Pelos olhos daquela menina
Que de muito longe veio
Para deixar-me maluco e meio
E com sua imagem na minha retina.

Ah, aquele olhar esmeraldino!...
Fez de mim um menino
Sem sono e de alma insana
Que sonha rever, algum dia,
Os encantos e a magia
Dos verdes olhos de Joana.


DESATINO
(Joésio Menezes)

Meus pensamentos foram em busca de ti...
Pela janela da vida saíram sem tino.
De carona no vento eu os segui
e juntos viajamos sem destino.
Ambos vagamos pelo orbe celeste,
E de Norte a Sul, de Leste a Oeste -
o que encontramos foi o desatino
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA

ÁRIA AO VIOLÃO
(Alphonsus de Guimaraens Filho)

Que sonâmbula campânula
embala o íncola na insula
campanulando?

Cantagalo cantagálico
no áulico tez gaulesa
cantagalando.

Só, na sombra solitária
estrelinha latejante
é chama, é flor, e madruga
num rio que ri ou geme,
campanulando.

Sobre a memória madura
a cálida, a alva aurora
desce doce se incorpando,
campanulando.


EU
(Álvaro Viana)

Eu tenho amor pelo meu tipo feio,
Esguio e magro, muito magro e alto.
Às vezes fico embevecido e creio
Que o meu semblante é de terroso asfalto.

E noite adentro sonho um lago e em meio
Às águas calmas que em meu sonho exalto,
Vejo entre os astros, a mim próprio alheio,
O meu perfil tristonho de pernalto.

Entre os dois céus iguais em que me perco,
De um grande amor pelo meu Ser me cerco
Abrindo as asas deste Ideal que é meu.

E assim perdido na quimera, absorto,
Espera pela paz, depois de morto,
Quem nunca soube para quê nasceu.
CRÔNICA DA SEMANA

PAIXÃO
(Delasnieve Daspet)

Nunca consegui dimensionar o sofrimento do homem Jesus Cristo. Pessoas de minha geração leram e leem a bíblia. Muitos praticam os ensinamentos. Acho que me faltava a fé. A fé no imponderável. A fé no Onisciente. A fé que do amor faz bastar as dúvidas e tornar a paixão incomensurável. Como é que eu, pés de barro, poderia entender esse amor, essa entrega, esse sacrifício, essa doação...?
Num louco momento, ouso (todo poeta ousa sonhar e imaginar coisas impossíveis e vãs) comparar nossas vidas com a vida de Jesus. Ouso confrontar nossos sofrimentos com os Seus. A nossa morte diária com a Sua. Coloco-me frente a vida, olho-me no espelho de minha consciência, avalio minhas cicatrizes, as cicatrizes que a vida nos deixa...
Por que Ele morreu por mim? Eu seria capaz de morrer por alguém? Como entender esse amor? Como aceitar essa doação? Tantas coisas questionamos nas coisas que vemos no dia a dia...
Lá na rua jaz, em poças de sangue, uma criança de seus quinze anos... Seu corpo franzino, humilde, tatuado, encontra-se abandonado ao léu, carente de uma atenção que não lhe foi dada!
A violência está em todos os nossos momentos e atos, sintomático resultado da desagregação social, do desajuste familiar, da exclusão, pela falta de ocupação...
É Jesus que tem sua paixão diária em todos os lugares do mundo? É Jesus quem morre todo momento na situação endêmica em que vivemos? É Jesus quem morre com o fracasso do ser humano... Com o fracasso do amor?! Ou somos nós a morrermos na solidão do dia a dia e na falta da compaixão por nós? Ou nem sabemos amar?
Só pode entender o amor da Paixão quem saiba amar, quem olhar o semelhante como a si mesmo. Há tanto a aprender! Há tanto a perdoar! Há tanto a amar e a viver o sonho da vida!...

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

UM DEDO DE PROSA

VIDA QUE SE SEGUE

Passados os turbilhões provocados pelas urnas, retomemos o leme das nossas vidas, pois o tempo não para e, felizmente, HÁ VIDA APÓS AS ELEIÇÕES!... Deixemos, pois, o destino do nosso país por conta daqueles que ajudamos a eleger.
Sigamos em frente na busca da harmonia entre o corpo, a mente e o espírito. Façamos por onde merecer os espetáculos que a Natureza nos oferece e aproveitemos isso para refletir um pouco mais sobre o nosso futuro, sobre o futuro do nosso Planeta cuja ignorância dos seus habitantes está levando-o ao caos.
Busquemos viver em paz com o meio em que vivemos e, principalmente, conosco mesmos. Deixemos de lado as diferenças, as desavenças e as más querenças que porventura nos façam infelizes e permitamos ao amor a chance de nos brindar com a sua presença.
Cuidemos melhor das nossas crianças. Eduquemo-las a fim de que tenhamos uma sociedade mais justa, uma população mais unida, um povo mais gentil, um mundo mais humano, um planeta menos violento...
Pensemos um pouco mais em Deus, mas não cruzemos os braços esperando que Ele faça tudo sozinho. Façamos, também, a nossa parte, que certamente seremos lembrados por Ele e ao Seu lado estaremos, se assim for a Sua vontade e se fizermos por merecer tão grandioso júbilo.
Enfim, deixemos a vida nos levar, ainda que por caminhos incertos, pois ao final da nossa jornada muito ainda teremos a receber do Criador.
MEUS VERSOS LÍRICOS

ASCENÇÃO E QUEDA DE UM CORONEL GOIANO
(Joésio Menezes)


Certa vez um coronel
Lá das terras de Goiás
Fez morada em Brasília
E não saiu nunca mais.
Ele era bem mais astuto
Que o próprio Satanás.


Aqui chegou de mansinho,
(Como quem nada queria!)
E logo lhe concederam
Liberdade em demasia.
Como se estivesse em casa
O coronel se sentia.

Foi aí que lhe surgiu
A ideia infernal
De política fazer
Na Capital Federal.
Desde então nossa Brasília
Vive num inferno astral.

Na política entrou
Para se aproveitar
Dos menos favorecidos
Que sonhavam encontrar
Alguém de “bom coração"
Capaz de lhes ajudar.

Os pobres só não sabiam
Que aquele coronel
Veio lá das “profundezas”,
Lá da “casa do chapéu”,
Para fazer de Brasília
A sede do seu cartel.

Prometendo vida fácil
Seu exército formou;
Com cargos de confiança
Autoridades comprou
E com o poder nas mãos,
A Justiça subornou.

Aos pobres ele doou
Lotes que não eram seus,
Com isso foi conquistando
O status de semideus.
Para eles era “um anjo”,
Um “enviado de Deus”.

Pai dos “desfavorecidos”
Por alguns era chamado,
Mas pelos esclarecidos
Sempre foi repudiado,
Pois o falso “semideus”
Era o cão disfarçado.

Foi co’a política que ele
Fez tudo o que sempre quis:
Aumentou seu patrimônio
Na Capital do país
E empesteou a cidade
Co’a dinastia RAPORIZ.

Nas falcatruas políticas
Ele manda e desmanda.
É ele o manda-chuva
Da quadrilha que comanda
Os atos de corrupção
Junto à justiça nefanda.

Mas sua grande ambição
De o mundo conquistar
Ele viu por água abaixo
Rapidamente escoar
Quando da bezerra d’ouro
Começaram a falar.

Temendo a cassação,
Renunciou ao mandato
De Senador da República
E sumiu, de imediato,
Antes que os jornalistas
Dessem destaque ao fato.

Afastou-se da política,
Mas, provisoriamente...
Tão logo deram início
Às inscrições referentes
Ao governo do DF,
Fez-se ele concorrente.

O coronel inscreveu-se,
Mas a sua candidatura
Foi levada a julgamento
Por causa da linha dura
Que impôs a Ficha Limpa,
Lei da probidade pura.

Porém, a astuta raposa
Renunciou novamente.
Não mais era candidato,
Mas disse ser inocente.
Inda disse confiar
No perdão da sua gente.

E como não se bastassem
Os atos horripilantes
Do tal coronel goiano,
Tem outro mais intrigante:
Ele expôs sua esposa
A um papel humilhante.

No seu lugar colocou-a
Confiando no seu nome,
Provando mais uma vez
Que tem ele grande fome
De estar sempre no poder
Cuja falta lhe consome.

E a pobre miserável
À “luta” foi enviada
Pra, em nome do amor,
Nas urnas ser humilhada.
Sem experiência alguma,
A mulher foi massacrada.

O coronel também viu
O Supremo Tribunal
Torná-lo inelegível
Por um período igual
A dois longos mandatos
Do Senado Federal.

E foi assim que se deu
A queda do infeliz
Que trouxe de Luziânia
A maldição Raporiz...
Brasília hoje respira
Sem medo de ser feliz.
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA

INEXPLICAVELMENTE
(José Décio Filho)

Eu não precisava de luares,
porque eles fazem sonhar perdidamente
e eu já tenho a cabeça pesada de sonhos.

Não precisava do teu indeciso amor,
porque o meu amor é imenso e vário,
transbordante e humilde.

Não precisava da ternura
que esperei dos teus lábios,
porque uma voz mais legítima,
voz que se perdeu nas distâncias,
já derramou nos meus ouvidos
rios de consolo e de afeto.

Alegrias, torturas, aflição,
mágoa violenta e crispante,
solidão, desdém, insultos,
noites e manhãs virginais,
caminhos de sombra e de luz,
esperanças, paisagens e ruídos,
esperanças que não mais se esgotarão.
De nada disso eu precisava,
pois tenho tudo dentro de mim
como dádiva do mundo
e herança de outras vidas.

Mesmo assim, porém,
tudo isso procuro ansioso
pra me afligir ainda mais,
para ver se transbordo de uma vez!


CANÇÃO DO DIA DE SEMPRE
(Mário Quintana)

Tão bom viver dia a dia…
A vida assim, jamais cansa…
Viver tão só de momentos
Como estas nuvens no céu…
E só ganhar, toda a vida,
Inexperiência… esperança…
E a rosa louca dos ventos
Presa à copa do chapéu.
Nunca dês um nome a um rio:
Sempre é outro rio a passar.
Nada jamais continua,
Tudo vai recomeçar!
E sem nenhuma lembrança
Das outras vezes perdidas,
Atiro a rosa do sonho
Nas tuas mãos distraídas…
CRÔNICA DA SEMANA

AS VACAS DE OURO
(Taís Luso de Carvalho)

Acho que o nosso futuro já está traçado: não adianta esbravejar. O negócio é relaxar e gozar como mandou nossa ‘Ministra do Botox’. Até isso temos de ouvir.
Dias atrás, escutei uma amiga - esperançosa, a coitada! - perguntar se não daria pra termos uma visão menos pessimista, de ver revertido alguns valores da sociedade e ver mais seriedade por parte das instituições governamentais. Ai, que ingenuidade...
Não, querida, isto é u-to-pi-a; tira teu cavalinho da chuva. No Brasil, onde a miséria é crescente, onde a saúde, a segurança, a educação são menosprezadas, o que esperar para os próximos anos? O que esperar de um país cuja mentalidade dos nossos políticos é de se esbaldarem com o dinheiro público através dos carrões, das várias mansões, de aviões luxuosos, e do ‘resto’ da graninha nos paraísos fiscais? É muito; isso agride. Vejo uns ‘homenzinhos’, já caindo aos pedaços, roubando como loucos, como se tivessem uma vida inteira para torrarem o nosso dinheiro. Já não estão lá com toda essa ‘Brastemp’ de vigor...
O SUS? – ah, bobagem! O Presidente não disse que o tal SUS está perto da perfeição? A miséria não existe; é invenção nossa. E trabalhar pra pobre não dá resultado. É como fazer saneamento básico, não aparece. O negócio é encher a cidade de viadutos gigantes e pomposos! Nem que seja nos cafundó; e fazer rolar dinheiro para todos os cantos e pra todos os bolsos. Só espero que não queiram reproduzir, aqui, as pirâmides do Egito. Mas qualquer dia aparece um louco com uma idéia mirabolante pra faturar. Eles faturam e nós relaxamos.
Os pobres estão sendo empurrados para mais longe, subindo o morro, pra lá das moitas. Mas estão descendo com maior violência, igual a bumerangue.
Olha, gente: não adianta falar mais; esse nosso apelo nos ouvidos da ‘turma’ é música. ‘Música para Ouvir e Sonhar’, uma antiga coleção.
Precisamos de tudo, mas vivemos num país que não nos dá nada. Ficamos correndo dos marginais, colocando grades nas portas, evitando sair à noite e não dormimos enquanto nossos filhos não chegam. Estamos enfartando.
Concluindo: tudo é uma disparidade. Ninguém se candidata a fazer o povo brasileiro mais feliz; ninguém aparece para pôr ordem na casa.
E, contudo, ainda precisamos conviver com aquele 'Paraíso Anárquico', com aquela 'Praça da Alegria' que fica lá no centro do país, onde virou moda comprar e vender vacas por milhões. Logo vacas... São de ouro? Isso mata a gente de gargalhar.
E ainda temos de seguir o conselho: ‘relaxem!

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

UM DEDO DE PROSA

ELEIÇÕES 2010: SEGUNDO E ÚLTIMO ROUND

E mais uma vez lá estaremos nós para creditar nosso VOTO de confiança àqueles que se “propõem a fazer o melhor para o povo”. E caso depositemos nossa confiança na pessoa errada, com ela teremos que ficar por, no mínimo, quatro anos. Uma eternidade a quem já não mais aguenta mentiras, corrupção, falcatruas políticas e “coisa e tal”.
E mais uma vez aí estão eles prometendo o que não podem cumprir, garantindo o que não podem dar...
De anistia de multas de trânsito a metrô para “onde Judas perdeu as botas”; de salário desemprego em dobro (e por um período de 12 meses) a refinanciamento de empréstimos bancários com data de pagamento da primeira parcela para daqui a um ano; de escrituras de lotes irregulares à construção de um centro clínico de primeiro mundo; tudo isso e um pouco mais eles prometem. Mas quem tem um pouco de discernimento sobre o que é possível e impossível, não se deixa levar pela lábia de tão bons mentirosos de inescrupulosidade indubitável.
Não nos deixemos enganar novamente por falsas promessas desses homens e mulheres que tratam seus eleitores como se fantoches asininos fossem; como se nada soubessem; como se a maioria da população fosse ignorante.
MEUS VERSOS LÍRICOS

APELO A UM POETA
(Joésio Menezes)

Naquele fim de tarde
Chegou-me, sem alarde,
Um apaixonado beija-flor
E disse-me que queria
De mim uma poesia
Para dar ao seu amor.

E eu também ouvi
Do pequenino colibri
Que ela é comprometida,
Mas disse-me o galanteador
Que por aquela linda flor
Ele daria a própria vida.

Eu fiquei sensibilizado
Com o apelo do apaixonado
E encantador colibri.
Não hesitei e, então,
Botei lápis e papel na mão
E estes versos escrevi:

“Minha amada... amada minha,
A paixão por ti me definha
E maltrata meu coração...
Faz o que quiseres comigo,
Mas não me permitas o castigo
De morrer, à míngua, de paixão!

Sê bondosa com meu peito
E faz de mim um sujeito
Dos teus lábios merecedor.
Eu te prometo, doce amada,
Que nessa e noutras floradas,
Não mais beijarei outra Flor”.


ANA CLARA
(Joésio Menezes)

Ana clareou o dia e sorriu
No instante em que minha poesia
Aleatoriamente saiu

Cantando versos com alegria;
Levando aos poetas do Brasil
A paixão que em demasia
Reina suprema, mas sem heresia,
Aqui em meu coração senil.
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA

POEMA DOS OLHOS DA AMADA
(Vinícius de Morais)

Ó minha amada,
Que olhos os teus!
São cais noturnos
Cheios de adeus,
São docas mansas
Trilhando luzes
Que brilham longe
Longe dos breus...

Ó minha amada,
Que olhos os teus!
Quanto mistério
Nos olhos teus,
Quantos saveiros,
Quantos navios,
Quantos naufrágios
Nos olhos teus...

Ó minha amada
Que olhos os teus!
Se Deus houvera,
Fizera-os Deus,
Pois não os fizera
Quem não soubera
Que há muitas eras
Nos olhos teus.

Ah, minha amada
De olhos ateus,
Cria a esperança
Nos olhos meus
De verem um dia
O olhar mendigo
Da poesia
Nos olhos teus.


A ÁRVORE DA SERRA
(Augusto dos Anjos)

— As árvores, meu filho, não têm alma!
E esta árvore me serve de empecilho...
É preciso cortá-la, pois, meu filho,
Para que eu tenha uma velhice calma!

— Meu pai, por que sua ira não se acalma?!
Não vê que em tudo existe o mesmo brilho?!
Deus pos almas nos cedros... no junquilho...
Esta árvore, meu pai, possui minh'alma! ...

— Disse — e ajoelhou-se, numa rogativa:
«Não mate a árvore, pai, para que eu viva!»
E quando a árvore, olhando a pátria serra,

Caiu aos golpes do machado bronco,
O moço triste se abraçou com o tronco
E nunca mais se levantou da terra.
CRÔNICA DA SEMANA

A MAIS PURA VERDADE...
(Arnaldo Jabor)

À medida que envelheço e convivo com outras, valorizo mais ainda as mulheres que estão acima dos 30. Elas não se importam com o que você pensa, mas se dispõem de coração se você tiver a intenção de conversar. Se ela não quer assistir ao jogo de futebol na Tv não fica à sua volta resmungando, vai fazer alguma coisa que queira fazer...
E geralmente é alguma coisa bem mais interessante. Ela se conhece o suficiente para saber quem é, o que quer e quem quer. Elas não ficam com quem não confiam. Mulheres se tornam psicanalistas quando envelhecem.
Você nunca precisa confessar seus pecados... elas sempre sabem... Ficam lindas quando usam batom vermelho. O mesmo não acontece com mulheres mais jovens... Mulheres mais velhas são diretas e honestas.
Elas te dirão na cara se você for um idiota, caso esteja agindo como um!
Você nunca precisa se preocupar onde se encaixa na vida dela. Basta agir como homem e o resto deixe que ela faça... Sim, nós admiramos as mulheres com mais de 30 anos! Infelizmente isto não é recíproco, pois para cada mulher com mais de 30 anos, estonteante, bonita, bem apanhada e sexy, existe um careca, pançudo em bermudões amarelos bancando o bobo para uma garota de 19 anos...
Senhoras, eu peço desculpas! Para todos os homens que dizem: "Porque comprar a vaca, se você pode beber o leite de graça?", aqui está a novidade para vocês: Hoje em dia 80% das mulheres são contra o casamento, e sabem por quê?
"Porque as mulheres perceberam que não vale a pena comprar um porco inteiro só para ter uma linguiça!". Nada mais justo!

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

UM DEDO DE PROSA

AOS POETAS, COM CARINHO

Ontem (20/10) comemorou-se o DIA DO POETA.
Poeta é todo aquele que conta e canta suas alegrias e tristezas, suas conquistas e decepções, seus encantos e fantasias por meio de versos.
Poeta é aquele que enxerga a beleza do Universo e de todos que o habitam com os olhos da alma; é aquele que percebe a essência do amor nas mais ríspidas e hostis palavras proferidas por quem nunca o recebeu; é aquele que sorri com o coração às intempéries da vida para mostrar aos simples mortais que os obstáculos surgem não para atravancarem o sucesso de alguém, mas sim para mostrarem que as conquistas tornam-se mais doces quando eles se fazem presentes.
Já dizia o inigualável Pessoa que “o poeta é um fingidor”, pois “finge tão completamente que chega a fingir que é a dor a dor que deveras sente”... Sábias palavras, porém óbvias, pois se ele não conseguisse “fingir que é dor a dor que deveras sente”, não seria Poeta, mas um simples alguém cuja fragilidade emocional torna-se um obstáculo ainda maior às suas pretensões de poeta.
A todos os Poetas (e aos que se dizem sê-lo), ainda que com um pouco de atraso, meus sinceros votos de eternos versos carregados do maior e mais divino dos sentimentos, o AMOR.
MEUS VERSOS LÍRICOS

POETA, SIM SENHOR!...
(Joésio Menezes)

Sou um poeta sem endereço
E busco, a qualquer preço,
O Mundo Encantado
Presente na poesia
Que enche de alegria
Meu coração apaixonado.


Sou um poeta errante
E vivo cada instante
Como se fosse meu último dia,
Pois sei que desmereço
Todo e qualquer apreço
Que me é dado em demasia.

Sou um poeta indigente,
Pois vivo tão somente
Dos versos que dou ao mundo.
São versos cheios de paixão
Que fluem de um coração
Senil e moribundo.

Sou um poeta desvairado
E, às vezes, questionado
Se não apenas um sonhador...
Se me é permitido sonhar
E ao vento meus versos soltar,
Então, sou poeta, sim senhor!...


PALAVRAS AO VENTO
(Joésio Menezes)

Solto minhas palavras ao vento
Esperando que elas voltem um dia
Não carregadas de sofrimento,
Mas sim em forma de poesia.

E que elas nos tragam um alento
E um pouco mais de energia
Na hora de enfrentarmos os tormentos
Causados por nossa vil heresia.

E uma vez estando elas soltas,
Que regressem totalmente envoltas
Pelo sentimento de felicidade...

Solto minhas palavras ao vento
Com um único pensamento:
Que elas transitem com liberdade.
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA

NOITE
(Menotti Del Picchia)

As casas fecham as pálpebras
das janelas e dormem.
Todos os rumores são postos em surdina,
todas as luzes se apagam.

Há um grande aparato
de câmara funerária
na paisagem do mundo.

Os homens ficam rígidos,
tomam a posição horizontal
e ensaiam o próprio cadáver.

Cada leito é a maquete de um túmulo.
Cada sono em ensaio de morte.

No cemitério da treva
tudo morre provisoriamente.


OS BURACOS DO ESPELHO
(Arnaldo Antunes)

O buraco do espelho está fechado,
agora eu tenho que ficar aqui
com um olho aberto, outro acordado
no lado de lá onde eu caí.

Pro lado de cá não tem acesso,
mesmo que me chamem pelo nome,
mesmo que admitam meu regresso,
toda vez que eu vou a porta some.

A janela some na parede,
a palavra de água se dissolve
na palavra sede, a boca cede
antes de falar, e não se ouve.

Já tentei dormir a noite inteira...
Quatro, cinco, seis da madrugada
vou ficar ali nessa cadeira,
uma orelha alerta, outra ligada.

O buraco do espelho está fechado,
agora eu tenho que ficar agora.
Fui pelo abandono abandonado
aqui dentro do lado de fora.
CRÔNICA DA SEMANA

AS BAILARINAS
(Carla Dias)

Sonhei com bailarinas — delicadamente despenteadas — a sapatear sobre poças. Seus olhares eram brilhantes como o sol que despontava de fundo, clareando um cenário de saltos e rodopios. Não havia música... Ouvia-se somente a respiração compassada das bailarinas, como fossem palavras arrancadas de seus segredos.
Eu estava sentada numa cadeira, defronte ao espetáculo, as pernas cruzadas e a paciência ao meu lado, apontando os melhores momentos das meninas que tanto diziam sem mexer seus lábios; que faziam seu show de dança ainda que na falta de música.
A paciência, que em meu sonho era uma senhora muito educada e sábia, sorria o tempo todo. Eu não... Os lábios contraídos, a feição remexida pela preocupação, os dedos tamborilando sobre os braços da cadeira.
Ela me explicava que aquelas bailarinas eram de uma coleção de porcelana de uma mulher que viveu há muito tempo e que, depois de deixar seu corpo físico, resolveu morar nas suas pequenas companheiras. Então, apesar de tantas bailarinas a fiarem o espetáculo, era somente o espírito dessa mulher que lhes dava vida, como se ela tivesse se fragmentado e agora fizesse parte de um quebra-cabeça formado por mocinhas assustadas, silentes, os cabelos delicadamente despenteados.
As bailarinas continuavam sua coreografia e a Dona Paciência me fitava com... Uma paciência daquelas. E então as meninas de porcelana pararam e permaneceram estáticas, olhares injetados. De acordo com minha companheira de sonho, era nesse momento em que o espírito da mulher que habita as bailarinas as deixava descansar, cuidar dos pés fragilizados.
Acontece que as bailarinas interromperam o espetáculo justamente quando eu começava a decifrar os seus diálogos. Quando a curiosidade e a sofreguidão, por não saber o que e quando, seriam sanadas. Levantei-me da cadeira e murmurei desapontamentos. Cerquei as bailarinas com meus próprios rodopios, lamentando a ausência de vida nelas. Acusando-as de não serem capazes de terminar o que começaram. E o sorriso alentador da Dona Paciência me tirava do sério.
Eu ainda expurgava descontentamentos quando elas retomaram seus passos. Os braços jogados ao ar, a coreografia desalinhada como seus cabelos. Não consegui sair do cerco das bailarinas, e a única forma que encontrei de sobreviver a tal episódio foi me juntar a elas.
Eu escutava somente o som dos pés sobre o assoalho, o ritmo marcado pelos saltos. Sutilmente, passei a assimilar esses sons a uma melodia que vinha não sei de onde. Também passei a ouvir tambores... Que na verdade eram os nossos corações batendo num mesmo compasso.
À nossa frente, a Dona Paciência sorria uma amabilidade que pouco se vê por aí. Eu não conseguia tirar os olhos dela, daquela senhora com faces coradas, como se tivesse acabado de cometer uma traquinagem. E, aos poucos, passei a ter por ela o afeto de quem descobre que é preciso muita serenidade para não cometer a injustiça de definir a realidade somente a partir das nossas próprias conclusões.
Aos poucos, foi ficando mais fácil acompanhar as bailarinas. Minhas faces não se tornaram alvas e frias como as delas, tampouco meus cabelos se desalinharam de forma tão ingênua e bela. Entre elas, eu era uma diferença necessária, uma variação que completava a canção secreta e que emocionava profundamente aquela senhora sentada defronte a nós.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

UM DEDO DE PROSA

APÓS 69 DIAS, DE VOLTA À VIDA

O mundo inteiro acompanhou de perto a história dramática dos 33 mineradores chilenos, presos há mais de dois meses, a uma profundidade de 700 metros, na mina San José, no deserto do Atacama, perto da cidade de Copiapó, no norte do Chile. Todos sensibilizaram-se com o bem-sucedido resgate dos mineradores, resgate este acompanhado via satélite por mais de metade da população do planeta.
Foi uma longa espera que terminou antes das 22h da última quarta-feira, dia 13/10. Durante todo o dia de terça-feira predominaram a ansiedade e o nervosismo no acampamento Esperança, de onde autoridades, jornalistas, familiares e amigos não arredaram pé desde a notícia do acidente e lá permaneceram até que os 33 mineiros fossem salvos
Felizmente, ainda restam no coração dos homens o sentimento de solidariedade, o amor ao próximo e, principalmente, a presença de Deus. E é isso que faz a raça humana ser considerada RACIONAL, com algumas exceções, é claro!...
MEUS VERSOS LÍRICOS

CONTANDO COM A SORTE
(Joésio Menezes)

“Apenas sorte é o que falta a mim!”
Isso eu penso sempre que te vejo.
E logo me vem um forte desejo
De beijar teus lábios cor de carmim.

Mas queimar-me no teu fogo sem fim
É o que na vida eu mais almejo,
Pois é fato: há muito te cortejo,
E por isso sofro tanto assim!...


Sorte... apenas sorte está faltando
A esse poeta triste e nefando
Cujo peito de desejos palpita.

Sorte é só o que peço a Deus
Para realizar os sonhos meus,
Mas sorte só tem quem nela acredita.


CLASSIFICADOS
(Joésio Menezes)

Vende-se um coração apaixonado
Com quarenta e nove anos de vida.
Um coração em perfeito estado,
Mas com marcas de uma paixão bandida.

Troca-se um peito regenerado,
Mas com muitos anos de recaída,
Por outro que jamais fora afetado
Pelos males da paixão recolhida.

Procura-se um ombro que seja amigo
E que possa compartilhar comigo
As dores que nos provoca a paixão.

Aluga-se um colo aconchegante,
Que seja confiável o bastante
Para confortar o meu coração...
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA

EM CADA PRIMAVERA...
(Carolina Salcides)

Um doce sonhar
Um difícil esperar
Um triste querer
Uma vontade de amar.


Um descanso no jardim
Um olhar no horizonte
Uma saudadeque insiste
Um amornão sei onde.

Um desejo que fica
Pensamentos que voam
Uma solidão que se instala
Um amor que cala.

Uma alma que espera
Um coração que se aperta
Se enche de esperança
Em cada primavera...


SONETO DITADO NA AGONIA
(Bocage)

Já Bocage não sou!... À cova escura
Meu estro vai parar desfeito em vento...
Eu aos Céus ultrajei! O meu tormento
Leve me torne sempre a terra dura;

Conheço agora já quão vã figura,
Em prosa e verso fez meu louco intento:
Musa!... Tivera algum merecimento
Se um raio da razão seguisse pura.

Eu me arrependo; a língua quase fria
Brade em alto pregão à mocidade,
Que atrás do som fantástico corria:

Outro Aretino fui... a santidade
Manchei!... Oh! Se me creste, gente ímpia,
Rasga meus versos, crê na eternidade!.
CRÔNICA DA SEMANA

ESPETÁCULO DA NATUREZA
(Joésio Menezes)

Aproxima-se a primavera...
Os ipês resistem ao tempo seco e quente, suas copas florescem e colorem a paisagem cinzenta e cheia de fuligem das queimadas.
No chão, formam-se lindos tapetes roxos e amarelos com as flores que caem dos ipês e beijam-no em reverência à sua fertilidade.
Ao longe, algumas cigarras já começam a ciciar. Em breve, seus zunidos ensurdecedores incomodarão muita gente ao mesmo tempo em que inspiração trarão aos poetas. Também em breve as lagartas transformar-se-ão em lindas borboletas que, coloridamente, lançarão todo o seu charme às flores, que por sua vez exibirão sua exuberante beleza aos encantados colibris, amigos e rivais dos vates apaixonados que, em desvantagem diante das pequeninas e airosas aves, limitam-se a escrever seus versos à estação florida, que chega sem alarde, mas com pose de estação-rainha.
E atraídas pelo cheiro afrodisíaco do néctar das flores que chegam no encalço da primavera, as abelhas também chegarão e montarão acampamento próximo às árvores em florescimento, e lá ficarão de sentinela, à espera do primeiro desabrochar.
Enquanto isso, nós, aspirantes a poeta, ficaremos esperando o espetáculo primaveral que Natureza nos apresenta, para que assim – quem sabe? – os nossos humildes versos também possam florescer.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

UM DEDO DE PROSA

“TUDO COMO DANTES NO QUARTEL D'ABRANTES”

Concordo com a célebre frase “cada povo tem o governo que merece”, e isso foi mais uma vez comprovado nas eleições do último dia 03/10.
Centenas de milhares de brasileiros foram às urnas e creditaram seus votos àqueles que nos próximos quatro anos (no mínimo) serão SENHORES do nosso futuro incerto. Mas quando se esperava uma votação séria, tendo em vista os vergonhosos acontecimentos no meio político, ocorridos recentemente, eis que fomos pegos de surpresa: Alguns nomes envolvidos nos Mensalões e Caixas de Pandora, além de outros um tanto quanto inusitados, foram eleitos, o que significa que ficaremos a mercê dos desmandos e da falta de escrúpulos deles até as próximas eleições.
É uma pena que, mesmo sabendo quem são e o que fizeram, o povo os tenha escolhido. Isso é prova de que ainda temos muito o que aprender, principalmente no que diz respeito a ato de VOTAR.
O resultado apurado nas urnas, em 03 de outubro, nos trouxe a certeza de que, no Brasil, o crime compensa, pois os surrupiadores do erário público conseguiram algumas das concorridíssimas vagas nas Câmaras e no Senado, graças às manobras políticas e judiciais ao longo do processo eleitoral. E por falar em manobras, em Brasília ocorreu a mais escandalosa delas: um certo candidato ao governo - cuja ficha criminal é extensa -, vendo que o STF impugnaria sua candidatura, desistiu de continuar na disputa e colocou em seu lugar a esposa, que passou para o 2º turno. Caso seja eleita, certamente o marido governará em seu nome, e tudo voltará a ser como nos tempos do coronelismo.
Mas diante de tamanho “analfabetismo político”, ao menos uma boa notícia: no circo chamado Câmara dos Deputados haverá um PALHAÇO profissional que comandará os espetáculos federais (quando acontecerem, é claro!).
O povo pode até merecer esses políticos que aí estão, mas, sinceramente..., o Brasil não merece!!!
MEUS VERSOS LÍRICOS

CONTROVÉRSIA POLÍTICA: CONTRARIANDO O POETA GONGON
(Joésio Menezes)

Em casa eu recebi
Um folheto em cordel
Que o poeta Gongon
Fez para Ezequiel.
“Homem inteligentíssimo”,
Diz o sábio menestrel.


Mas quem tem inteligência
E também serenidade
Não se mete na política
Nem por simples vaidade,
Pois ela sempre corrompe
Quem preza a honestidade.

Concordo com o poeta!
Nordestino sangue quente
Não sabe mandar recado.
Ele vai, diz o que sente
Sem temer as consequências
Que encontrará pela frente.

Por isso aqui estou
Para dizer o que sinto:
Os que têm sobriedade
E que são seres distintos
Não se deixam enganar
Pelo cheiro do absinto.

A política deslumbra
E quem lá consegue entrar
Não mais pensa em sair,
Pois aprende a gostar
De tudo que oferece
O cargo parlamentar:

Prestígio, imunidade,
Vida mansa, bom salário,
Viagens e mais viagens
Bancadas pelo erário
E a oportunidade
De ser um milionário.

Também são oferecidas
Aos nobres parlamentares
Muitas outras regalias
Que lhes são peculiares.
São direitos jamais tidos
Pelas classes populares...

Aquele que antes era
Um pacato cidadão
Longe de qualquer suspeita,
Não demora, abre mão
Da sua honestidade,
Ingressa na corrupção.

E tudo que prometeu
Ao seu nobre eleitorado
Cai no esquecimento,
No vento fica guardado.
E o pobre eleitor
Outra vez é enganado.

É assim que funciona,
De norte a sul do Brasil,
A arte de ludibriar
Nosso povo tão gentil,
Incapaz de abrir mão
Da pátria que o pariu.

Por isso não acredito
Que haja sinceridade
No que falam os políticos.
E que se diga a verdade:
Quando lá eles estão,
Falta-lhes honestidade.

Desculpe-me, Bertold Brecht!
Perdoa-me, caro poeta!
Abnego essa política
Sem-vergonha e abjeta,
Mas não sou pessoa burra
Tampouco analfabeta.

Eu apenas me recuso
A acreditar nos políticos,
Por isso aqui registro
Em versos meu faro crítico,
Sem querer me colocar
Ao lado dos Analíticos.

Mas de volta à poesia
Que Gonçalo escreveu,
Ela muito me encantou,
Porém não me convenceu
A creditar o meu voto
Nesses sujos fariseus.

Agradeço-te, Gongon,
O cordel que recebi.
Não o rasguei nem joguei fora;
Eu o guardei depois que li...
Aprecio muito o cordel
E este dedico a ti!
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA

O ANALFABETO POLÍTICO
(Bertold Brecht)

O pior analfabeto
é o analfabeto político.
Ele não ouve, não fala,
nem participa
dos acontecimentos políticos.


Ele não sabe que o custo de vida,
o preço do feijão, do peixe,
da farinha, do aluguel, do sapato
e do remédio dependem
das decisões políticas.

O analfabeto político
é tão burro que se orgulha
e estufa o peito dizendo
que odeia a política.

Não sabe o imbecil que,
da sua ignorância política,
nasce a prostituta,
o menor abandonado
e o pior de todos os bandidos,
que é o político vigarista,
pilantra, corrupto e lacaio
das empresas nacionais
e multinacionais.


O CICLO
(Wil S. Figueiredo Jr)

Ó mundo corrompido!
Corrompido pela política,
corrompido pela guerra,
corrompido pela humanidade.

Ó humanidade corrompida!
Corrompida pela fome,
corrompida pela desigualdade,
corrompida pelo homem.

Ó homem corrompido!
Corrompido pelo ódio,
corrompido pela inveja,
corrompido pelo seu próprio mundo.
CRÔNICA DA SEMANA

POLÍTICA, UMA ARTE MILENAR
(Dalva Dias Magalhães)

O tempo é companheiro da esperança. Esta, perdida em horizontes longínquos remonta à memória de um povo sem história. Povo ordeiro, gente simples perdida no anonimato de sua função. Povo esse cuja nobreza de caráter traduz um sentimento de repugnância quando lesado em seus direitos sociais. Esse mesmo povo abomina a política, mas é governado pelos que dela vivem; pouco entende desse sistema neoliberal, mas é a principal vítima dos desequilíbrios da economia.
Tolhido em sua dignidade, tenta compreender o processo de condução do país e a genialidade de seus representantes no ato da manipulação e na defesa de seus interesses eleitoreiros.
Assim, diante de um salário de fome, vai esmerilando seu dia de aço, enxada, papel, carvão,etc. São mãos trabalhadoras, que laboram a terra, enfrentam o trânsito caótico das grandes metrópoles, pendurados por sobre os trilhos, enjaulados dentro dos metrôs; mãos vazias de esperança.Essas vidas não cabem nas convenções, nas assembléias, nos conchavos. E assim, da política só conhece promessas vãs, medíocres, covardes. Promessas que comprometem o seu tempo, o seu presente, o seu sonho.
Para reconstruir esse sonho, vai virando a página da história, tentando resgatar a esperança perdida, adquirindo novas maneiras de encarar esse processo vil, do qual é o principal alvo. Felizmente já consegue questionar teorias tidas como verdades absolutas e organiza novas formas de defesa e convivência social. E dentro do seu espaço, reconstruindo sua história, essa gente conseguirá sobreviver a mais um período eleitoral. Renegará veementemente as maldades camufladas dos candidatos, porque sabe como ninguém, que a guerra pelo poder não tem preço e nessa batalha omite-se a prática de qualquer virtude.
Esse é o povo brasileiro que se une para conspirar contra a politicagem. Para exigir dos candidatos que não violem o mais inviolável dos seus direitos, algo simples e muito nobre, chamado respeito.