quinta-feira, 11 de novembro de 2010

O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA

ÁRIA AO VIOLÃO
(Alphonsus de Guimaraens Filho)

Que sonâmbula campânula
embala o íncola na insula
campanulando?

Cantagalo cantagálico
no áulico tez gaulesa
cantagalando.

Só, na sombra solitária
estrelinha latejante
é chama, é flor, e madruga
num rio que ri ou geme,
campanulando.

Sobre a memória madura
a cálida, a alva aurora
desce doce se incorpando,
campanulando.


EU
(Álvaro Viana)

Eu tenho amor pelo meu tipo feio,
Esguio e magro, muito magro e alto.
Às vezes fico embevecido e creio
Que o meu semblante é de terroso asfalto.

E noite adentro sonho um lago e em meio
Às águas calmas que em meu sonho exalto,
Vejo entre os astros, a mim próprio alheio,
O meu perfil tristonho de pernalto.

Entre os dois céus iguais em que me perco,
De um grande amor pelo meu Ser me cerco
Abrindo as asas deste Ideal que é meu.

E assim perdido na quimera, absorto,
Espera pela paz, depois de morto,
Quem nunca soube para quê nasceu.

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