terça-feira, 25 de novembro de 2008

UM DEDO DE PROSA


DIA INTERNACIONAL DE COMBATE À VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER

"Mulher não pode ser mantida em cativeiro. Se for engaiolada, fugirá ou morrerá por dentro. Não há corrente que as prenda, e as que se submetem à jaula se transfiguram em outras criaturas. Você jamais terá a posse de uma mulher, o que vai prendê-la a você é uma linha frágil que precisa ser reforçada diariamente" (Fernanda Della Rocca).

Hoje, 25/11, comemora-se o DIA INTERNACIONAL DE COMBATE À VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER.
Infelizmente, em pleno século XXI, ainda há a necessidade de se fazer campanhas desse tipo (de COMBATE À VIOLÊNCIA CONTRA ÀS MULHERES), pois alguns trogloditas têm o "hábito" de espancarem suas fêmeas (com premissão da palavra), parceiras fiéis do dia-a-dia. Um absurdo!... Porém, absurdo maior é o fato de algumas delas não terem coragem de denunciar seus parceiros. Algumas vezes por medo; outras, por pena de verem seus "homens" trancafiados. Algumas até se sujeitam a essa situação porque se seus maridos forem presos, elas não terão como se sustentarem.... Lamentável!...
Sou do "tipo que ainda manda flores" (como bem define Roberto Carlos) e que admira e idolatra as mulhers em todas as fases das suas vidas, até mesmo quando estão na TPM. Tudo que vem delas ou que se refere a elas me interessa, me fascina, me encanta, me inspira versos...
Aos homens, deixo aqui um recado: Se vocês não suportam TPM, Mau-humor pela manhã ou horas a fio em frente ao espelho (coisas típicas delas), então casem-se com outro homem.
MEUS VERSOS LÍRICOS


FOGO
(Joésio Menezes)


Teu fogo queima meu corpo,
Aquece minh´alma,
Esquenta meu ser,
Afogueia meus anseios,
Incinera meu pudor,
Abrasa minha libido,
Inflama meu tesão,
Ferve meu sangue,
Derrete meu juízo...
Acende meu fogo.



O SAL DO TEU SUOR
(Joésio Menezes)

O sal do teu suor
Adocica meus lábios,
Afaga meu ego,
Abranda meu ímpeto,
Alimenta minh’alma,
Aquece meu coração...

Mistura-se ao meu ser,
Abrasa meu corpo,
Aguça minha libido,
Instiga meu desejo,
Tempera minha vida,
Reacende-me a paixão.
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA E UNIVERSAL



MULHERES DE ATENAS
(Chico Buarque)

Mirem-se no exemplo
Daquelas mulheres de Atenas
Vivem pros seus maridos
Orgulho e raça de Atenas

Quando amadas se perfumam
Se banham com leite, se arrumam
Suas melenas
Quando fustigadas não choram
Se ajoelham, pedem imploram
Mais duras penas, cadenas


Mirem-se no exemplo
Daquelas mulheres de Atenas
Guardam-se pros seus maridos
Poder e força de Atenas

Quando eles embarcam soldados
Elas tecem longos bordados
Mil quarentenas
E quando eles voltam, sedentos
Querem arrancar, violentos
Carícias plenas, obscenas

Mirem-se no exemplo
Daquelas mulheres de Atenas
Despem-se pros maridos
Bravos guerreiros de Atenas

Quando eles se entopem de vinho
Costumam buscar um carinho
De outras falenas
Mas no fim da noite, aos pedaços
Quase sempre voltam pros braços
De suas pequenas, Helenas

Mirem-se no exemplo
Daquelas mulheres de Atenas
Geram pros seus maridos
Os novos filhos de Atenas

Elas não têm gosto ou vontade
Nem defeito, nem qualidade
Têm medo apenas
Não tem sonhos, só tem presságios
O seu homem, mares, naufrágios
Lindas sirenas, morenas

Mirem-se no exemplo
Daquelas mulheres de Atenas
Temem por seus maridos
Heróis e amantes de Atenas

As jovens viúvas marcadas
E as gestantes abandonadas, não fazem cenas
Vestem-se de negro, se encolhem
Se conformam e se recolhem
As suas novenas
Serenas

Mirem-se no exemplo
Daquelas mulheres de Atenas
Secam por seus maridos
Orgulho e raça de Atenas


LAMENTO DE MULHER
(Elinete Santos Andrade)

Mulher: palavra doce, sinônimo de amor.
Ah! Se a "humanidade" fosse igual a ela...
O mundo seria mais justo
e as pessoas se respeitariam mais.
Se a "humanidade" fosse igual a ela...
O povo não estaria na platéia,
mas no palco como personagem
da sua própria história.
Se a "humanidade" fosse igual a ela...
Ela seria livre para prantear com gemido
inefável pelo desejo de Amar.
CRÔNICA DA SEMANA


AS MULHERES DE TRINTA
(Mário Prata)

O que mais as espanta é que, de repente, elas percebem que já são balzaquianas. Mas poucas balzacas leram A Mulher de Trinta, do Honoré de Balzac, escrito há mais de 150 anos. Olhe o que ele diz:
“Uma mulher de trinta anos tem atrativos irresistíveis. A mulher jovem tem muitas ilusões, muita inexperiência. Uma nos instrui, a outra quer tudo aprender e acredita ter dito tudo despindo o vestido. (...) Entre elas duas há a distância incomensurável que vai do previsto ao imprevisto, da força à fraqueza. A mulher de trinta anos satisfaz tudo, e a jovem, sob pena de não sê-lo, nada pode satisfazer”.
Madame Bovary, outra francesa trintona, era tão maravilhosa que seu criador chegou a dizer diante dos tribunais: “Madame Bovary c’ést moi”. E a Marylin Monroe que fez tudo aquilo entre 30 e 40?
Mas voltemos à nossa mulher de trinta, a brasileira-tropicana, aquela que podemos encontrar na frente das escolas pegando os filhos ou num balcão de bar bebendo um chope sozinha. Sim, a mulher de trinta bebe. A mulher de trinta é morena. Quando resolve fazer a besteira de tingir os cabelos de amarelo-hebe passam, automaticamente a terem 40. E o que mais encanta nas de trinta é que parecem que nunca vão perder aquele jeitinho que trouxeram dos 20. Mas, para isso, como elas se preocupam com a barriguinha.
A mulher de trinta está para se separar. Ou já se separou. São raras as mulheres que passam por esta faixa sem terminar um casamento. Em compensação, ainda antes dos quarenta elas arrumam o segundo e definitivo.
A grande maioria têm dois filhos. Geralmente um casal. As que ainda não tiveram filhos se tornam um perigo, quando estão ali pelos 35. Periga pegarem o primeiro quarentão que encontrarem pela frente. Elas querem casar.
Elas talvez não saibam, mas são as mais bonitas das mulheres. Acho até que a idade mínima para concurso de miss deveria ser 30 anos. Desfilam como gazelas, embora eu nunca tenha visto uma (gazela). Sorriem e nos olham com uns olhos claros. Já notou que elas têm olhos claros? E as que usam uns cabelos longos e ondulados e ficam a todo momento jogando as melenas para trás? É de matar.
O problema com esta faixa de idade é achar uma que não esteja terminando alguma tese ou TCC. E eu pergunto: existe algo mais excitante do que uma médica de 32 anos, toda de branco, com o estetoscópio balançando no decote do seu jaleco diante daqueles hirtos seios? E mulher de trinta guiando jipe? Covardia.
A mulher de trinta ainda não fez plástica. Não precisa. Está com tudo em cima. Ela, ao contrário das de vinte, nunca ficaram. Quando resolvem vão pra valer. Fazem sexo como se fosse a última vez. A mulher de trinta morde, grita, sua como ninguém. Não finge. Mata o homem, tenha ele vinte ou 50. E o hálito, então? É fresco. E os pelinhos nas costas, lá pra baixo, que mais parecem pele de pêssego, como diria o Machado se referindo a Helena que, infelizmente, nunca chegou aos 30?
Mas o que mais me encanta nas mulheres de trinta é a independência. Moram sozinhas e suas casas tem ainda um frescor das de 20 e a maturidade das de 40. Adoram flores e um cachorrinho pequeno. Curtem janelas abertas. Elas sabem escolher um travesseiro. E amam quem querem, a hora que querem e onde querem. E o mais importante: do jeito que desejam.
São fortes as mulheres de trinta. E não têm pressa pra nada. Sabem onde vão chegar. E sempre chegam.
Chegam lá atrás, no Balzac: “a mulher de trinta anos satisfaz tudo”.
Ponto. Pra elas.
RESENHA LITERÁRIA


O PAGADOR DE PROMESSAS
(Dias Gomes)

Dias Gomes escreve, em 1959, o brasileiríssimo texto de O Pagador de Promessas. É o interessante retrato da miscigenação religiosa brasileira, tem em sua maior preocupação destacar a sincera ingenuidade e devoção do povo, em oposição à burocratização imposta pelo próprio sistema católico em sua organização interior. Trata-se de uma obra de estatura excepcional. Décio de Almeida Prado refere-se a ela como "um instante de graça" por ter seu autor atingido um ápice, "aquela obra que congrega numa estrutura perfeita todos os seus dons mais pessoais".
Nos moldes do "protagonismo" trágico, o herói da peça tem um único e inabalável desígnio, o de honrar uma promessa. A justiça desse acordo firmado com um poder celeste não pode ser contestada por um poder temporal. E é assim, com um único e irredutível argumento, que o campônio Zé do Burro justifica a sua determinação em levar uma cruz até o pé do altar para agradecer a salvação do seu amado burrico. Enfrenta a perda amorosa, a argumentação eclesiástica e a força da lei e acaba por vencer a todos na sua ingênua, mas sincera, imitação de Cristo.
A essa estrutura simples, em que um único motivo impulsiona a ação e se sobrepõe a todos os outros elementos de composição do texto, corresponde uma expressão verbal verossímil e sem atavios literários. Respondendo à sugestão da mulher para que se contente em deixar a cruz na porta da igreja, Zé do Burro responde: "Eu prometi levar a cruz até dentro da igreja, tenho que levar. Andei sete léguas. Não vou me sujar com a santa por causa de meio metro." A habilidade de fazer com que o impulso nobre, quase extra-humano na sua pureza, se ajuste à fala coloquial permanece uma constante nas criações posteriores do dramaturgo.
É uma obra escrita para teatro e é dividida em três atos, sendo que os dois primeiros ainda são subdivididos em dois quadros cada um.
Após a apresentação dos personagens, o primeiro ato mostra a chegada do protagonista Zé do Burro e sua mulher Rosa, vindos do interior, a uma igreja de Salvador e termina com a negativa do padre em permitir o cumprimento da promessa feita.
O segundo ato traz o aparecimento de diversos novos personagens, todos envolvidos na questão do cumprimento ou não da promessa e vai até uma nova negativa do padre, o que ocasiona, desta vez, explosão colérica em Zé do Burro.
O terceiro ato é onde as ações recrudescem, as incompreensões vão ao limite e se verifica o dramático desfecho.
A peça de Dias Gomes tem nítidos propósitos de evidenciar certas questões sÓcio-culturais da vida brasileira, em detrimento do aprofundamento psicológico de seus personagens.

(www.passeiweb.com)
GRANDES NOMES DA LITERATURA


DIAS GOMES
(www.itaucultural.org.br)

Alfredo de Freitas Dias Gomes (Salvador BA 1922 - São Paulo SP 1999). Autor. Sua obra tem uma abordagem humanista de esquerda, com temática voltada para o homem brasileiro e sua luta com a engrenagem social. Entre elas, O Pagador de Promessas, um clássico da moderna dramaturgia brasileira.
Muda-se para o Rio de Janeiro e escreve, aos 15 anos, a sua primeira peça, A Comédia dos Moralistas, premiada pelo Serviço Nacional de Teatro, SNT, em 1939. Pé de Cabra é encenada em 1942, pela companhia Procópio Ferreira, com êxito de público e crítica. Seguem-se as montagens de João Cambão, 1942; Amanhã Será Outro Dia, 1943; Doutor Ninguém, 1943; Zeca Diabo, 1943; quase todas produzidas pelo conjunto de Procópio. A partir de 1944 passa a concentrar suas atividades no rádio. Escreve e dirige programas, exerce cargos de chefia artística em várias emissoras e produz radioteatro, inclusive com adaptações de alguns textos de sua autoria originalmente escritos para palco. Volta ao teatro em 1954 com Os Cinco Fugitivos do Juízo Final, produzida por Jaime Costa, com direção de Bibi Ferreira.
Sua consagração vem em 1960 com a montagem de O Pagador de Promessas pelo Teatro Brasileiro de Comédia, TBC, dirigida por Flávio Rangel e seguida, em 1962, por uma montagem carioca, do Teatro Nacional de Comédia, TNC, com direção de José Renato. A peça conta a história de Zé do Burro, um dos mais puros heróis trágicos da dramaturgia brasileira, que paga com a vida pela obstinação em depositar na igreja da capital a pesada cruz que trouxe de sua longínqua aldeia, em pagamento de uma promessa feita para que Iansã curasse o seu burro doente. Em torno de Zé do Burro giram as personagens que são a síntese de um Brasil ao mesmo tempo medieval e moderno, intolerante, impiedoso nos seus desequilíbrios sociais e educacionais, e onde o indivíduo não tem chance de resistir às artimanhas do esquema explorador. Para a popularidade de O Pagador de Promessas contribui a sua versão cinematográfica dirigida por Anselmo Duarte, vencedora da Palma de Ouro no Festival de Cannes de 1962, e uma adaptação para a televisão que, produzida 28 anos depois da criação da obra, comprova a sua vitalidade.
A partir de 1969, o autor se afasta do teatro e se dedica, durante alguns anos, à televisão. Torna-se o mais importante dos autores de novelas, levando para o novo veículo a observação da realidade brasileira e a mistura de fantasia e realismo que caracterizam a sua obra teatral Entre as novelas mais bem-sucedidas encontram-se: Bandeira 2 (1971); O Bem Amado (1973); Saramandaia (1976); Roque Santeiro (1985).

terça-feira, 18 de novembro de 2008

UM DEDO DE PROSA


DIA NACIONAL DA CONSCIÊNCIA NEGRA

Vinte de novembro é o Dia Nacional da Consciência Negra. Essa data não foi escolhida ao acaso, e sim como homenagem a Zumbi, líder máximo do Quilombo de Palmares e símbolo da resistência negra, assassinado em 20 de novembro de 1695.
De lá para cá algumas mudanças importantes no comportamento do homem com relação ao preconceito racial estão acontecendo mundo afora. E talvez a de maior repercussão foi a eleição de um negro à Casa Branca, fato inédito na história dos Estados Unidos.
Bom seria se esse fato fosse considerado normal, mas infelizmente não é. Em pleno século XXI, o preconceito racial ainda predomina, inclusive nos países em que a maioria da população é constituída de negros.
Melhor seria, ainda, se não houvesse a necessidade de se criar um Dia Nacional da Consciência Negra. Não que eu seja contra, mas na não criação desse dia estaria subentendido que não mais existem conflitos causados pela segregação racial.
Penso eu que o caráter do homem não está refletido na cor da sua pele, mas sim nas suas atitudes. Dessa forma, finalizo tomando como minhas as palavras de Martin Luther King:
"Eu tenho um sonho que um dia esta nação se levantará e viverá o verdadeiro significado de sua crença - nós celebraremos estas verdades e elas serão claras para todos, que os homens são criados iguais. (...) E quando isto acontecer, quando nós permitirmos o sino da liberdade soar, quando nós deixarmos ele soar em toda moradia e todo vilarejo, em todo estado e em toda cidade, nós poderemos acelerar aquele dia quando todas as crianças de Deus, homens pretos e homens brancos, judeus e gentios, protestantes e católicos, poderão unir mãos e cantar (...)".
MEUS VERSOS LÍRICOS



ENQUANTO MORREM AS ROSAS
(Joésio Menezes)

Enquanto morrem as rosas,
Sem que nada eu possa fazer,
Vejo na terra o ódio crescer,
Vejo pessoas cruéis e invejosas...



Vejo a humanidade mais desunida,
Vejo o universo perder a magia,
Vejo morrer bruscamente a poesia
E toda essência da vida.

Vejo a paixão sendo corroída,
Vejo a amizade despercebida
E o mundo dominado pelo rancor...

Enquanto morrem as rosas,
As pessoas inescrupulosas
Deixam morrer, também, o amor.


SE EU FOSSE UM BEIJA-FLOR
(Joésio Menezes)

Se eu fosse um pequeno beija-flor
Certamente eu seria mais feliz,
Pois faria o que eu sempre quis:
Beijar teu corpo, sentir teu calor.

Se ao menos eu fosse um aprendiz
De beija-flor os teus lábios eu beijaria
E neles, extasiado, eu provaria
O doce néctar da flor de lis.

Se ao menos eu pudesse ser
Esse beija-flor, eu teria mais prazer,
mais carinho, mais vida, mais amor...

Minha tristeza certamente acabaria,
E voando mais alto estaria
Se eu fosse um pequeno beija-flor.
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA E UNIVERSAL


NEGRITUDE
(Agenor Martinho Correa)

Negritude não é favela, não é cachaça...
Não é filosofia e nem religião,
É a forma viva da expressão
Da cultura e da força de uma raça.
A negritude está no samba,
Está nos rituais da umbanda,
Na genialidade do rei Pelé...
Está no embalo da "music axé"
Que da Bahia ganhou o Brasil...
Está no tropicalismo do Gilberto Gil,
Na criatividade, no talento,
Na mística voz do Milton Nascimento
Cantando as alegrias e as dores,
Está na "timbalada",
No sincronismo dos tambores,
No ideal da negra massa anônima
Que trabalha com tanto afã...
Está no lirismo do Djavan,
No sutil "toque de bola",
Na poesia do Paulinho da Viola
Mexendo com o coração de quem ama...
Está na luta de Luis Gama,
Na força do seu ideal abolicionista,
No requebrado da passista
À frente da bateria da Mangueira,
Está na ginga da capoeira,
Nas expressões corporais da dança,
Nos arranjos graciosos da trança
Enfeitando o cabelo carapinha...
Está na música do Pixinguinha,
No cavaco do Nelson Cavaquinho,
Na alegria do samba do Martinho
Cantando o folclore e a tradição...
Em Zumbi lutando contra a escravidão,
No sorriso negro, aberto e sincero,
No jeito alegre do Grande Otelo,
Na sua interpretação cheia de graça...
Negritude não é favela, não é cachaça...
Não é filosofia e nem religião,
É a forma viva da expressão
Da cultura e da força de uma raça.


SIDERAÇÕES
(Cruz e Sousa)

Para as Estrelas de cristais gelados
As ânsias e os desejos vão subindo,
Galgando azuis e siderais noivados
De nuvens brancas a amplidão vestindo...

Num cortejo de cânticos alados
Os arcanjos, as cítaras ferindo,
Passam, das vestes nos troféus prateados,
As asas de ouro finamente abrindo...

Dos etéreos turíbulos de neve
Claro incenso aromal, límpido e leve,
Ondas nevoentas de Visões levanta...

E as ânsias e os desejos infinitos
Vão com os arcanjos formulando ritos
Da Eternidade que nos Astros canta...
CRÔNICA DA SEMANA


RACISMO
(Luis Fernando Veríssimo)

Preconceito racial e discriminação racial são duas coisas diferentes. O preconceito é um sentimento, fruto de condicionamento cultural ou de uma deformação mental, mas sempre incorrigível. Não se legisla sobre sentimentos, não se muda um habito de pensamento ou uma convicção herdada por decreto. Já a descriminação racial é o preconceito determinando atitudes, políticas, oportunidades e direitos, o convívio social e o econômico. Não se pode coagir ninguém a gostar de quem não gosta, mas qualquer sociedade democrática, para desmentir o nome, deve combater a descriminação por todos os meios – inclusive a coação.
Não concordo com quem diz que uma política de cotas para negros no estudo superior é discriminação. É coação, certo, mais para tentar corrigir um dos desequilíbrios que persistem na sociedade brasileira, o que reflete na educação a desigualdade de oportunidades de brancos e negros em todos os setores, mal disfarçada pela velha conversa da harmonia racial tão nossa. As cotas seriam irrealistas? Melhor igualdade artificial do que igualdade nenhuma.
Agora mesmo caíram em cima de quem disse – numa frase obviamente arrancada do contexto – que racismo de negro contra branco é justificável. Nenhum racismo é justificável, mas o ressentimento dos negros é. Construiu-se durante todos os anos em que a última nação do mundo a acabar com a escravatura continuou na prática o que o tinha abolido no papel. Não se esperava que o preconceito acabasse com o decreto da abolição, mas mais de 100 anos deveriam ter sido mais do que suficientes para que a discriminação diminuísse. Não diminuiu.
Igualar racismo de negro com racismo de branco não resiste a um teste elementar. O negro pode dizer – distinguindo com nitidez preconceito de descriminação – “Não precisa me amar, só me dê meus direitos”. Qual a frase mais próxima disto que um branco poderia dizer, sem provocar risos? “Não precisa me amar, só tenha paciência”? “Me ame, apesar de tudo”?. Pouco convincente.
É uma questão que vai e vem, como as marés. A velha oposição, na seleção brasileira, do time do povo e o time do técnico. Quando as coisas vão bem (Brasil 4, Chile 0) não há discussão, quando as coisas vão mal (Brasil ali ali, Gana 0) volta a questão. O povo quer os melhores sempre no time. Isto se repete há anos. Mudam os técnicos, mudam os melhores, muda, em boa parte o povo, e a questão continua indo e vindo. Como as marés.
RESENHA LITERÁRIA


BROQUÉIS
(Cruz e Sousa)

Broquéis é o livro escrito pelo poeta catarinense Cruz e Sousa. Publicado em 1893, ele é composto por poesias, sendo uma das obras simbolistas brasileiras. É marcado pela influência de Baudelaire, que traz o mal como algo belo. Neste livro, Cruz e Souza utiliza uma linguagem mais erudita, fazendo todo um jogo de palavras. Usa a cor branca para representar a espiritualidade, além de elementos vagos. A todo tempo deseja o espiríto, mas perde a espiritualidade com o elemento material, que é ligado a uma imagem negativa.
Seus poemas são marcados pela musicalidade (uso constante de aliterações), pelo individualismo, pelo sensualismo, às vezes pelo desespero, às vezes pelo apaziguamento, além de uma obsessão pela cor branca. É certo que encontram-se inúmeras referências à cor branca, assim como à transparência, à translucidez, à nebulosidade e aos brilhos, e a muitas outras cores, todas sempre presentes em seus versos.
No aspecto de influências do simbolismo, nota-se uma amálgama que conflui águas do satanismo de Baudelaire ao espiritualismo (e dentro desse, idéias budistas e espíritas) ligados tanto a tendências estéticas vigentes como a fases na vida do autor.

(Fonte: Wikipedia)
GRANDES NOMES DA LITERATURA


CRUZ E SOUSA
(1861 - 1898)

João da Cruz e Sousa nasceu em Desterro, atual Florianópolis. Filho de escravos alforriados pelo Marechal Guilherme Xavier de Sousa, seria acolhido pelo Marechal e sua esposa como o filho que não tinham.
Foi educado na melhor escola secundária da região, mas com a morte dos protetores foi obrigado a largar os estudos e trabalhar.
Sofre uma série de perseguições raciais, culminando com a proibição de assumir o cargo de promotor público em Laguna, por ser negro.
Em 1890 vai para o Rio de Janeiro, onde entra em contato com a poesia simbolista francesa e seus admiradores cariocas. Colabora em alguns jornais e, mesmo já bastante conhecido após a publicação de Missal e Broquéis (1893), só consegue arrumar um emprego miserável na Estrada de Ferro Central.
Casa-se com Gavita, também negra, com quem tem quatro filhos, dois dos quais vêm a falecer. Sua mulher enlouquece e passa vários períodos em hospitais psiquiátricos.
O poeta contrai tuberculose e vai para a cidade mineira de Sítio se tratar. Morre aos 36 anos de idade, vítima da tuberculose, da pobreza e, principalmente, do racismo e da incompreensão.

(Fonte: www.cruzesousa.com.br)

terça-feira, 11 de novembro de 2008

UM DEDO DE PROSA


MULHER, SINÔNIMO DE POESIA

Sentados à mesa de um bar, um velho amigo (no sentido real da palavra) e eu conversávamos sobre POESIA e MULHER. Dizia-me o amigo, no auge dos seus 85 anos, que uma está intimamente ligada à outra. Segundo ele, a essência da poesia seria nula não fosse a existência do feminino; e a mulher, por sua vez, é a essência pura e perfeita da poesia, é a harmonia completa de cada verso escrito.
"Tudo na mulher inspira poesia, inclusive quando ela está naqueles dias (TPM)" - dizia ele. "Se ela sorri, chora, reclama, aconselha, faz cara feia (o que é difícil), nos afaga, pede-nos um afago... enfim, todos as suas atitudes e trejeitos fazem brotar poesia, e da melhor qualidade!..., ou seja, a mulher por si só é a poesia”. Sábias palavras que levarei para sempre comigo!...
Apesar de também comungar com o pensamento do velho amigo, essas palavras soaram em meus ouvidos como a brisa que sopra e espalha o pólen das flores pelos verdes campos da vida, entoando a canção da liberdade aos versos que insistem ficar aprisionados em nossas mentes
MEUS VERSOS LÍRICOS



MINHA CANETA
(Joésio Menezes)


Minha caneta percorre o papel
Rascunhando meus pensamentos,
Revelando meus sentimentos
Às estrelas que vagueiam no céu.

Vão gravando, feito um cinzel,
Na celulose meus ressentimentos,
Minhas alegrias, meus sofrimentos,
Em versos clássicos ou em cordel.

Vai mostrando ao mundo profano
Os devaneios de um poeta insano,
As quimeras de um velho trovador...

Minha caneta escreve o que bem quer,
Mas ao descrever o ser Mulher,
Assim o faz esculpindo-a com amor.

(Fragmentos de Mim, Brasília, 2002, p.18)


ANJO LIBIDINOSO
(Joésio Menezes)

Todo de branco vestido,
Um anjo apareceu ante mim
Trazendo em seus lábios o carmim,
Em seu corpo, um vulcão adormecido...

Os seus olhos, num frenesi enrustido,
Revelavam as labaredas sem fim
De um fogo queimando o estopim
Da sua pureza, da sua libido.

Esse anjo, todo vestido de branco,
Trazia no rosto um sorriso franco,
Cheio de paz, de amor, de felicidade.

Trazia na pele uma suave essência,
Na alma, a mais pura inocência
E no semblante, o fogo da puberdade

(Fragmentos de Mim, Brasília, 2002, p.31)
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA E UNIVERSAL


A UM PASSARINHO
(Vinícius de Morais)

Para que vieste
Na minha janela
Meter o nariz?
Se foi por um verso,
Não sou mais poeta.
Ando tão feliz!
Se é para uma prosa,
Não sou Anchieta
Nem venho de Assis.

Deixa-te de histórias,
Some-te daqui!



A NOITE NA ILHA
(Pablo Neruda)

Dormi contigo a noite inteira junto do mar, na ilha.
Selvagem e doce eras entre o prazer e o sono,
entre o fogo e a água.
Talvez bem tarde nossos
sonos se uniram na altura e no fundo,
em cima como ramos que um mesmo vento move,
embaixo como raízes vermelhas que se tocam.
Talvez teu sono se separou do meu e pelo mar escuro
me procurava como antes, quando nem existias,
quando sem te enxergar naveguei a teu lado
e teus olhos buscavam o que agora - pão,
vinho, amor e cólera - te dou, cheias as mãos,
porque tu és a taça que só esperava
os dons da minha vida.
Dormi junto contigo a noite inteira,
enquanto a escura terra gira com vivos e com mortos,
de repente desperto e no meio da sombra meu braço
rodeava tua cintura.
Nem a noite nem o sonho puderam separar-nos.
Dormi contigo, amor, despertei, e tua boca
saída de teu sono me deu o sabor da terra,
de água-marinha, de algas, de tua íntima vida,
e recebi teu beijo molhado pela aurora
como se me chegasse do mar que nos rodeia.
CRÔNICA DA SEMANA


A MULHER MADURA
(Affonso Romano de Sant'Anna)

O rosto da mulher madura entrou na moldura de meus olhos.
De repente, a surpreendo num banco olhando de soslaio, aguardando sua vez no balcão. Outras vezes ela passa por mim na rua entre os camelôs. Vezes outras a entrevejo no espelho de uma joalheria. A mulher madura, com seu rosto denso esculpido como o de uma atriz grega, tem qualquer coisa de Melina Mercouri ou de Anouke Aimé.
Há uma serenidade nos seus gestos, longe dos desperdícios da adolescência, quando se esbanjam pernas, braços e bocas ruidosamente. A adolescente não sabe ainda os limites de seu corpo e vai florescendo estabanada. É como um nadador principiante, faz muito barulho, joga muita água para os lados. Enfim, desborda.
A mulher madura nada no tempo e flui com a serenidade de um peixe. O silêncio em torno de seus gestos tem algo do repouso da garça sobre o lago. Seu olhar sobre os objetos não é de gula ou de concupiscência. Seus olhos não violam as coisas, mas as envolvem ternamente. Sabem a distância entre seu corpo e o mundo.
A mulher madura é assim: tem algo de orquídea que brota exclusiva de um tronco, inteira. Não é um canteiro de margaridas jovens tagarelando nas manhãs.
A adolescente, com o brilho de seus cabelos, com essa irradiação que vem dos dentes e dos olhos, nos extasia. Mas a mulher madura tem um som de adágio em suas formas. E até no gozo ela soa com a profundidade de um violoncelo e a sutileza de um oboé sobre a campina do leito.
A boca da mulher madura tem uma indizível sabedoria. Ela chorou na madrugada e abriu-se em opaco espanto. Ela conheceu a traição e ela mesma saiu sozinha para se deixar invadir pela dimensão de outros corpos. Por isto as suas mãos são líricas no drama e repõem no seu corpo um aprendizado da macia paina de setembro e abril.
O corpo da mulher madura é um corpo que já tem história. Inscrições se fizeram em sua superfície. Seu corpo não é como na adolescência uma pura e agreste possibilidade. Ela conhece seus mecanismos, apalpa suas mensagens, decodifica as ameaças numa intimidade respeitosa.
Sei que falo de uma certa mulher madura localizada numa classe social, e os mais politizados têm que ter condescendência e me entender. A maturidade também vem à mulher pobre, mas vem com tal violência que o verde se perverte e sobre os casebres e corpos tudo se reveste de uma marrom tristeza.
Na verdade, talvez a mulher madura não se saiba assim inteira ante seu olho interior. Talvez a sua aura se inscreva melhor no olho exterior, que a maturidade é também algo que o outro nos confere, complementarmente. Maturidade é essa coisa dupla: um jogo de espelhos revelador.
Cada idade tem seu esplendor. É um equívoco pensá-lo apenas como um relâmpago de juventude, um brilho de raquetes e pernas sobre as praias do tempo. Cada idade tem seu brilho e é preciso que cada um descubra o fulgor do próprio corpo.
A mulher madura está pronta para algo definitivo. Merece, por exemplo, sentar-se naquela praça de Siena à tarde acompanhando com o complacente olhar o vôo das andorinhas e as crianças a brincar. A mulher madura tem esse ar de que, enfim, está pronta para ir à Grécia. Descolou-se da superfície das coisas. Merece profundidades. Por isto, pode-se dizer que a mulher madura não ostenta jóias. As jóias brotaram de seu tronco, incorporaram-se naturalmente ao seu rosto, como se fossem prendas do tempo.
A mulher madura é um ser luminoso é repousante às quatro horas da tarde, quando as sereias se banham e saem discretamente perfumadas com seus filhos pelos parques do dia. Pena que seu marido não note, perdido que está nos escritórios e mesquinhas ações nos múltiplos mercados dos gestos. Ele não sabe, mas deveria voltar para casa tão maduro quanto Yves Montand e Paul Newman, quando nos seus filmes.
Sobretudo, o primeiro namorado ou o primeiro marido não sabem o que perderam em não esperá-la madurar. Ali está uma mulher madura, mais que nunca pronta para quem a souber amar.
RESENHA LITERÁRIA


DOM QUIXOTE
(Miguel de Cervantes)

Desde sua publicação, no Renascimento, Dom Quixote tem se mantido como uma das fontes de inspiração e de referência dos escritores e artistas de todas as épocas. A figura de Dom Quixote se tornou por si mesma num símbolo do artista moderno em suas lutas contra as agruras de urna realidade desencantada. Satirizando o declínio dos valores aristocráticos, representados pelas gestas cavaleirescas medievais, Cervantes não só anuncia os impasses da cultura moderna nascente, quanto denuncia o esvaziamento da fantasia e do idealismo num mundo cada vez mais submetido aos rigores da razão prática e dos interesses materiais. Nesse sentido, Dom Quixote se impõe como uma das matrizes básicas de toda a literatura moderna. Ver O Rei Artur e os cavaleiros da Távola Redonda.
Nesse romance épico há referências às lutas da nobreza hispânica para expulsar os árabes, que invadiram e se instalaram na Península Ibérica. Esse longo processo, conhecido como a Guerra da Reconquista, transcorreu durante a Idade Média, assinalando a mentalidade militar e cavalheiresca da aristocracia ibérica, e repercutindo na cultura medieval como um todo. Ver El Cid. E sua conclusão propiciou a constituição do Estado espanhol como uma monarquia centralizada, o que por sua vez seria a condição indispensável para o seu pioneirismo nas Grandes Navegações e para a introdução do país na modernidade e nos valores do Renascimento. Com sua obra, Cervantes pretendia expor e criticar justamente a forte presença da tradição aristocrática medieval na cultura espanhola, derivando daí as dificuldades que o país encontrava para adaptar-se ao mundo e à cultura modernos.
O conflito entre o idealismo repleto de delírios e fantasias de Dom Quixote e o realismo prático e rasteiro de Sancho Pança comporta um dos mais nítidos vislumbres do confronto de valores que acompanhou a emergência do pensamento moderno. Nesse sentido, o livro de Cervantes mantém uma viva atualidade, permitindo comparar, desde então até nossos dias, os níveis do desencontro entre uma visão generosa, sublime e heróica do mundo, e outra voltada para os interesses mais imediatos e comezinhos, para os pensamentos mais convencionais e as atitudes mais convenientes.

(Fonte: www.portrasdasletras.com.br)
GRANDES NOMES DA LITERATURA


MIGUEL DE CERVANTES
(1547 - 1616)

Romancista, dramaturgo e poeta espanhol, foi o criador de Dom Quixote, a figura mais famosa da literatura espanhola.
Revolucionou a literatura ao utilizar recursos como a ironia e o humor.
Embora a reputação de Cervantes se apoie quase que totalmente nas aventuras do cavaleiro das ilusões, Dom Quixote e seu fiel escudeiro, sua produção literária foi considerável.
Miguel de Cervantes nasceu em Alcalá de Henares, uma cidade perto de Madri, em uma família da baixa nobreza. Seu pai era médico e passou a maior parte de sua infância se mudando de uma cidade à outra enquanto seu pai procurava por emprego. Após estudar em Madri (1568-1569), foi para Roma a serviço de Guilio Acquavita.
Em 1570 se tornou soldado, participando na batalha de Lepanto (1571), durante a batalha foi ferido na mão, o que o deixou aleijado da mão esquerda. Cervantes teve muito orgulho da sua participação na famosa vitória e do apelido que ganhou, el manco de Lepanto. Em 1575, partiu com seu irmão Rodrigo, na embarcação El Sol, para a Espanha. O navio foi capturado pelos turcos e os irmãos levados para Algers como escravos.
Cervantes passou 05 anos como escravo, até que sua família conseguiu juntar dinheiro suficiente para pagar seu dono. Cervantes foi então liberado em 1580. Em 1584 se casou com a jovem Catalina de Salazar y Palacios.
Durante os próximos 20 anos levou uma vida nômade, trabalhando também como coletor de impostos. Foi a falência e preso pelo menos duas vezes (1597 e 1602) por irregularidades fiscais. Entre os anos de 1596 e 1600 viveu primeiramente em Sevilha. Em 1606 se estabeleceu em Madri, onde permaneceu até o resto de sua vida. Além do romance Dom Quixote, escrito em duas partes (1605-1615), escreveu Calatea (1585), Novelas exemplares (1613), Viagem ao Parnaso (1614) e Os trabalhos de Persiles e Segismunda (1617).
Morreu em 23 de abril de 1616.

(Fonte: www.portrasdasletras.com.br)

terça-feira, 4 de novembro de 2008

UM DEDO DE PROSA


BOM PARA ELES!... E PARA NÓS, TAMBÉM SERÁ?

Hoje, no mundo, não se fala noutra coisa a não ser nas eleições presidenciais dos Estados Unidos. Todos estão "antenados" no que poderá acontecer na terra do Tio Sam caso um afro-descendente ganhe o direito de, nos próximos anos, comandar a "maior potência" política e econômica do mundo. Todos querem saber quem será o novo "inquilino" da Casa Branca.
Há quem diga, inclusive, que a vitória de Obama seria o melhor acontecimento para o mundo!... Pode até ser!... Mas tenho cá minhas dúvidas!...
Desde que me entendo por gente ouço dizerem que "se é bom para os Estados Unidos, é também para o Brasil". Balela!... Simplesmente balela!... "História para boi dormir"!... Nada além disso!... Jamais eu vi o Brasil ser beneficiado com a eleição desse ou daquele Presidente estadunidense.
Acredito sim que se é bom para o Brasil, melhor será para eles, pois em nada os Estados Unidos querem sair em desvantagem.
Boa-sorte ao eleito... Boa-sorte aos Estados Unidos... Boa-sorte ao Mundo... E porque não desejar também boa-sorte ao Brasil?...
MEUS VERSOS LÍRICOS



PECAMINOSO
(Joésio Menezes)


Se acaso hoje a vida me faltar
E, se acaso, para o céu eu subir,
Com os anjos quero me encontrar,
Pois a eles gostaria de pedir

Que a Legião, quando for atuar
No purgatório, não esqueça de me incluir
Na lista dos que Deus vai perdoar,
Pois das trevas eu pretendo fugir.

Se pequei, meu pecado foi a usura,
A cobiça por aquela criatura
Que trajava uma minissaia branca...

E se esse meu pecado tem perdão,
Somente Ele terá compaixão
De minh´alma pecadora, mas franca.


ANOMALIA
(Joésio Menezes)

Se dizem que sou louco,
Não me preocupo,
Pois a loucura é o cerne da mente humana,
É o lado lúdico do cérebro
Que, na sua insana lucidez,
Torna-se a anomalia do ser dito “normal”:
O homem.

Se dizem que sou tolo,
Não me incomodo,
Pois a tolice é o amálgama do cerne,
É o lado lúcido da loucura
Que, no auge da sua anomalia,
Torna o ser “normal”
Vulnerável à paixão.
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA E UNIVERSAL


SILÊNCIO!...
(Florbela Espanca)

No fadário que é meu, neste penar,
Noite alta, noite escura, noite morta,
Sou o vento que geme e quer entrar,
Sou o vento que vai bater-te à porta...

Vivo longe de ti, mas que me importa?
Se eu já não vivo em mim! Ando a vaguear
Em roda à tua casa, a procurar
Beber-te a voz, apaixonada, absorta!

Estou junto de ti, e não me vês...
Quantas vezes no livro que tu lês
Meu olhar se pousou e se perdeu!

Trago-te como um filho nos meus braços!
E na tua casa... Escuta!... Uns leves passos...
Silêncio, meu Amor!... Abre! Sou eu!...


A CANÇÃO DA VIDA
(Mário Quintana)

A vida é louca
a vida é uma sarabanda
é um corrupio...
A vida múltipla dá-se as mãos
como um bando
de raparigas em flor
e está cantando
em torno a ti:
Como eu sou bela, amor!
Entra em mim,
como em uma tela de Renoir
enquanto é primavera,
enquanto o mundo
não poluir
o azul do ar!
Não vás ficar,
não vás ficar aí
como um salso chorando
na beira do rio...
(Como a vida é bela! como a vida é louca!)
CRÔNICA DA SEMANA


ADULTO...
(Arnaldo Jabor)

Sempre acho que namoro, casamento, romance tem começo, meio e fim. Como tudo na vida. Detesto quando escuto aquela conversa:
-“Ah, terminei o namoro...”
- “Nossa, quanto tempo?
- “Cinco anos... Mas não deu certo... Acabou!”
- “É, não deu!...”
Claro que deu!... Deu certo durante cinco anos, só que acabou!... E o bom da vida, é que você pode ter vários amores.
Não acredito em pessoas que se complementam. Acredito em pessoas que se somam.
Às vezes você não consegue nem dar cem por cento de você para você mesmo, como cobrar cem por cento do outro. E não temos esta coisa completa.
Às vezes ele é fiel, mas não é bom de cama; às vezes ele é carinhoso, mas não é fiel; às vezes ele é atencioso, mas não é trabalhador; às vezes ela é malhada, mas não é sensível.
Tudo, nós não temos...
Perceba qual o aspecto que é mais importante e invista nele. Pele é um bicho traiçoeiro.
Quando você tem pele com alguém, pode ser o papai com mamãe mais básico que é uma delícia. E às vezes você tem aquele sexo acrobata, mas que não lhe impressiona...
Acho que o beijo é importante... e se o beijo bate... se joga... senão bate... mais um Martini, por favor... e vá dar uma volta.
Se ele ou ela não lhe quer mais, não force a barra. O outro tem o direito de não lhe querer.
Não lute, não ligue, não dê pití. Se a pessoa tá com dúvida, problema dela, cabe a você esperar ou não.
Existe gente que precisa da ausência para querer a presença. O ser humano não é absoluto. Ele titubeia, tem dúvidas e medos mas se a pessoa REALMENTE gostar, ela volta.
Nada de drama... Que graça tem alguém do seu lado sob chantagem, gravidez, dinheiro, recessão de família? O legal é alguém que está com você por você. E vice versa.
Não fique com alguém por dó também. Ou por medo da solidão. Nascemos sós. Morremos sós. Nosso pensamento é nosso, não é compartilhado.
E quando você acorda, a primeira impressão é sempre sua, seu olhar, seu pensamento.
Tem gente que pula de um romance para o outro... Que medo é este de se ver só, na sua própria companhia?
Gostar dói.
Você muitas vezes vai ter raiva, ciúmes, ódio, frustração. Faz parte. Você namora um outro ser, um outro mundo e um outro universo. E nem sempre as coisas saem como você quer...
A pior coisa é gente que tem medo de se envolver.
Se alguém vier com este papo, corra, afinal, você não é terapeuta. Se não quer se envolver, namore uma planta. É mais previsível.
Na vida e no amor, não temos garantias. E nem todo sexo bom é para namorar. Nem toda pessoa que lhe convida para sair é para casar. Nem todo beijo é para romancear. Nem todo sexo bom é para descartar. Ou se apaixonar. Ou se culpar. Enfim... Quem disse que ser adulto é fácil?
RESENHA LITERÁRIA


HAMLET
(Willian Shakespeare)

Hamlet é uma das peças de teatro mais famosas de Shakespeare. Foi escrita entre 1600 e 1602 e impressa pela primeira vez em 1603.
Para Hamlet a existência tornara-se insuportável desde que o espectro do seu pai recentemente morto apareceu-lhe numa noite assombrada no alto da torre do castelo. O fantasma, tétrico, reclamava desforra. Contou ao filho que um crime ignominioso o vitimara. Seu próprio irmão, o rei Cláudio, o matara. Atordoou-se o príncipe. Seu lar abrigava a traição e a maldade! A serpente acoitara-se na sua própria família. O mundo era injusto. O assassino, seu tio, não só usurpara o trono como arrastara sua mãe, a rainha Gertrudes, para um casamento feito às pressas, onde, suprema ignomia, serviram-se ;-os manjares; que, um pouco antes, ainda mal esfriados, tinham sido oferecidos -;na refeição fúnebre. Algo deveria ser feito. Faltava porém a Hamlet o talento para a ação. O máximo que conseguiu de imediato, além de aferrar-se ao luto e ao mau humor, foi entregar-se especulativamente à vingança.
Hamlet é certamente a mais bem-sucedida história de vingança levada aos palcos. Ela, desde o início, coloca o público ao lado do jovem príncipe porque o ato da vingança, que Francis Bacon definiu como uma - forma selvagem de fazer justiça, sempre seduziu o a todos. Hamlet sente-se pois um reparador de uma injustiça, um homem com uma missão. A ela irá dedicar todos os momentos da sua vida, mesmo que tenha que sacrificar seu amor por Ofélia e ainda ter que tirar a vida de outras pessoas. Talvez seja essa obsessão, essa monomania que toma conta dele desde as primeiras cenas do primeiro ato, que eletrize os espectadores e faça com que eles literalmente bebam todas as palavras do príncipe vingador -; Hamlet é o personagem que mais fala na obra de Shakespeare, recita 1.507 linhas.

(Fonte: br.answers.yahoo.com)
GRANDES NOMES DA LITERATURA


WILLIAM SHAKESPEARE
(Wikipedia)

William Shakespeare (Stratford-upon-Avon, 23 de Abril de 1564 — Stratford-upon-Avon, 23 de Abril de 1616)[1] foi um dramaturgo e poeta inglês, amplamente considerado como o maior dramaturgo da Língua inglesa e um dos mais influentes no mundo ocidental. Suas obras que permaneceram ao longo dos tempos consistem de 38 peças, 154 sonetos, dois poemas de narrativa longa, e várias outras poesias. Suas obras são mais atualizadas do que as de qualquer outro dramaturgo. Muitos de seus textos e temas, especialmente os do teatro, permaneceram vivos até aos nossos dias, sendo revisitados com freqüência pelo teatro, televisão, cinema e literatura. Entre suas obras é impossível não ressaltar Romeu e Julieta, que se tornou a história de amor por excelência e Hamlet, que possui uma das frases mais conhecidas da língua inglesa: To be or not to be: that's the question (Ser ou não ser, eis a questão).
É certo que muito pouco se sabe sobre a vida de William Shakespeare. Shakespeare nasceu e foi criado em Stratford-upon-Avon. Aos 18 anos, segundo alguns estudiosos, casou-se com Anne Hathaway, que lhe concedeu três filhos: Susanna, e os gêmeos Hamnet e Judith Quiney. Entre os anos 1585 e 1592, William começou uma carreira bem-sucedida em Londres como ator, dramaturgo e proprietário da companhia de teatro Lord Chamberlain's Men, mais tarde conhecida como King's Men. Parece que ele reformou a Stratford em torno de 1613, morrendo três anos depois.
Há especulações sobre sua sexualidade, sobre suas convicções religiosas, e sobre a autoria de suas peças, pois há especulativas que na realidade ele pode nunca ter existido, isto é, talvez suas obras tenham sido compostas por outras pessoas. Essa última especulação é extensa e tem diversas suposições, desde a de que esses autores assinavam como William Shakespeare, escondendo sua identidade, até a de que William Shakespeare foi provavelmente um ator passando-se como o autor das obras, que na verdade eram compostas por outros dramaturgos.
Produziu suas obras mais famosas entre 1590 e 1613. Suas primeiras peças foram principalmente comédias e histórias, gêneros do qual ele refinou com sofisticação. Em seguida, escreveu principalmente tragédias até 1608, incluindo Hamlet, Rei lear e Macbeth, considerados alguns dos melhores exemplos do idioma inglês. Em sua última fase, escreveu tragicomédias e colaborou com outros dramaturgos. Shakespeare era um respeitado poeta e dramaturgo em sua época, mas sua reputação só chegou ao nível em que está hoje a partir do século XIX. O Romantismo, em particular, aclamou a genialidade de Shakespeare.