terça-feira, 25 de agosto de 2009

UM DEDO DE PROSA


OS FANTASMAS DO TERCEIRO REICH

Viremos as páginas do livro intitulado “Falcatruas e Coisa e Tal” e falemos sobre outro assunto que nos preocupa, e muito!...
A humanidade já não mais conhece o significado das palavras AMOR, RESPEITO e FRATERNIDADE, tampouco sabe da importância que elas têm para o próximo, cuja nacionalidade, raça ou credo pouco importa entre as pessoas de coração fraterno.
É comum assistirmos a noticiários televisivos em que o desrespeito aos nossos semelhantes tornou-se corriqueiro. Recentemente, foi veiculada uma reportagem em que policiais prenderam um judeu ortodoxo ao desembarcar no Aeroporto Internacional de Guarulhos com joias, diamantes e relógios não declarados. Ele saiu da Alemanha com destino a São Paulo dizendo que aqui estaria para visitar amigos e, quando passou pelo desembarque, foi preso. Até aí tudo bem!...
O fato é que os referidos agentes de polícia abusaram do poder que têm e humilharam o turista cortando-lhe a barba. Segundo a torá, que é a bíblia ortodoxa, é proibido destruir parte da barba, pois, de acordo com a cabala (parte mística do judaísmo), através dela eles recebem as benções divinas. Não satisfeitos com a humilhação imposta ao judeu, os policiais também lhe cortaram os cachos que mantinha desde que nasceu, e que simbolizam devoção a Deus.
Esse tipo de comportamento era muito utilizado por soldados de Hitler nos campos de concentração, durante a segunda grande guerra!... Acontece que estamos em pleno Século XXI (64 anos após a queda do Terceiro Reich) e nada justifica tamanha humilhação imposta a um cidadão; de qualquer que seja a sua nacionalidade; esteja ele ligado a essa ou àquela religião, simpatizante desse ou daquele partido, nascido numa manjedoura ou em berço de ouro...
E ainda nos achamos no direito de criticar e/ou repudiar as ações e reações xenófobas dos outros países!...
MEUS VERSOS LÍRICOS


GRAN CIRCUS BRASILEIRO
(Joésio Menezes)


Mais um circo foi armado
No Senado Federal
E o “Respeitável Público”,
Num dilema infernal,
É obrigado a aplaudir
Falcatruas e coisa e tal.

Falcatruas e coisa e tal
É só o que têm a oferecer
As “Vossas Excelências”
Do picadeiro do poder
Que, em sessões ilusionistas,
Fazem o povo nada ver.

Fazem o povo nada ver
E em tudo acreditar,
Principalmente nas soluções
Que eles dizem buscar
Para os tais “Atos Secretos”
Que a mídia soltou no ar.

A mídia soltou no ar
Pelos jornais e televisão
O que fazem as “Excelências”
Aos filhos dessa nação:
Agem descaradamente
Sob a lona da corrupção.

E sob a lona da corrupção
Muitos “Atos” foram assinados
Beneficiando os amigos,
Os parentes e os agregados
Dos que trabalham no circo
Montado lá no Senado.

Montado lá no Senado,
O “Gran Circus Brasileiro”
Apresenta o mágico “Zé”,
Bem no centro do picadeiro,
Tirando da sua cartola
Um discurso “verdadeiro”.

Esse discurso “verdadeiro”
Era tudo o que não queria
O “Respeitável Público”
Que trabalha noite e dia
Por uns míseros trocados,
Com honestidade e alegria.

Com honestidade e alegria
Era só o que os eleitores
Esperavam que trabalhassem
Cada um dos Senadores
Que não têm vergonha de ser
Corruptos e corruptores.

Corruptos e Corruptores
São as atrações principais
Do “Gran Circus Brasileiro”
E das capas dos jornais.
Inclusive muitos deles
Estão nas páginas policiais!...

E nas páginas policiais
Eles se dizem inocentes;
Culpam seus companheiros
Pelos “Atos” indecentes
Assinados pelo mágico “Zé”
E por outros Presidentes.

Esses outros Presidentes
Continuam a frequentar
O “Gran Circus Brasileiro”
Como se fosse o seu lar,
E nas tetas do Brasil
Eles querem se perpetuar.

Eles querem se perpetuar
Como legisladores da nação;
Assinar novos “Atos”
Que lhes deem a condição
De permanecerem à frente
Do “Espetáculo da Corrupção”.
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA E UNIVERSAL


POEMA DO AMIGO APRENDIZ
(Fernando Pessoa)

Quero ser o teu amigo...
Nem demais e nem de menos.
Nem tão longe e nem tão perto.
Na medida mais precisa que eu puder.
Mas amar-te sem medida e ficar na tua vida,
Da maneira mais discreta que eu souber.
Sem tirar-te a liberdade,
Sem jamais te sufocar.
Sem forçar tua vontade.
Sem falar, quando for hora de calar.
E sem calar, quando for hora de falar.
Nem ausente, nem presente por demais.
Simplesmente, calmamente, ser-te paz.
É bonito ser amigo,
Mas confesso é tão difícil aprender!
E por isso eu te suplico paciência.
Vou encher este teu rosto de lembranças,
Dá-me tempo, de acertar nossas distâncias...


SONETO CV
(William Shakespeare)

Não chame o meu amor de Idolatria
Nem de Ídolo realce a quem eu amo,
Pois todo o meu cantar a um só se alia,
E de uma só maneira eu o proclamo.

É hoje e sempre o meu amor galante,
Inalterável, em grande excelência;
Por isso a minha rima é tão constante
A uma só coisa e exclui a diferença.

'Beleza, Bem, Verdade', eis o que exprimo;
'Beleza, Bem, Verdade', todo o acento;
E em tal mudança está tudo o que primo,

Em um, três temas, de amplo movimento.
'Beleza, Bem, Verdade' sós, outrora;
Num mesmo ser vivem juntos agora.
CRÔNICA DA SEMANA


CRISTO MORTO
(Rubem Braga)

Enquanto um homem for dono deste campo e mais daquele campo, e outro homem se curvar, jornada após jornada, sobre a terra alheia ou alugada, e não tiver de seu nem o chão onde vai cair morto – esperem a guerra.
Ela explodirá – enquanto não explodir estará lavrando surda. O homem rico lutará contra outro menos rico que também quer ficar mais rico, ou não quer ficar ainda menos rico; e o homem pobre lutará por ele, ou contra ele. Lutará para não perder o pouco que tem, ou lutará porque não tem nada a perder. De qualquer modo haverá guerra – e os bonecos serão outra vez arrebentados e estripados.
E os homens subirão até as igrejas, não para ver a Deus, mas para ver os outros homens que eles precisam matar. E o Cristo de massa perderá a cabeça outra vez; e não perderá grande coisa, porque o Cristo-Deus, o Cristo-Rei, esse já a perdeu há muito tempo.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

UM DEDO DE PROSA


DUELO DE TITÃS

Assistindo às réplicas e tréplicas no embate entre as redes de televisão Globo e Record, fico boqueaberto com o menosprezo que elas têm para com a inteligência dos seus telespectadores.
Uma, com o orgulho ferido por estar perdendo suas estrelas das telenovelas e do telejornalismo para a concorrente, não para de nos mostrar imagens (algumas das quais já bem ultrapassadas) de Edir Macedo ensinando a seus assessores (intitulados Pastores) como fazer para arrancar muito dinheiro dos seus fiéis; a outra, tentando acobertar as falcatruas do patrão que enriquecera da noite para o dia com o “suor” dos fiéis que buscam na fé em Deus a solução dos seus problemas, insiste em querer provar que o “Bispo” é um homem bom, honesto, caridoso e inocente, e que tudo que está sendo noticiado pela emissora global é mentiroso e sensacionalista e fruto da inveja, pois a emissora "plim-plim" está perdendo a audiência e, em consequência disso, seus grandes astros.
E em meio a essa guerra de vaidade e às trocas de acusações, os maiores e verdadeiros prejudicados são somente aqueles que se desfazem de tudo que têm (inclusive do humilde teto) na esperança de receberem uma graça divina. Enquanto isso, alguns espertalhões vêem seus saldos bancários crescerem vertiginosamente sem sequer um lampejo de remorso (se é que eles conhecem o significado da palavra!...).
Dizem que “a fé remove montanhas”, mas acredito que ela também cega e, em alguns casos, elimina a lucidez...
MEUS VERSOS LÍRICOS


MERCADORES DA FÉ
(Joésaio Menezes)

Os fiéis de algumas igrejas,
Acreditando na salvação,
Se deixam enganar
Por vigaristas da religião
Que lhes tiram sem piedade
Até o último tostão.

Até o último tostão
Sair dos bolsos seus,
Os fiéis nem desconfiam
Que não é a obra de Deus
Que estão financiando,
Mas a dos cínicos fariseus.

Esses cínicos fariseus,
Achando-se oniscientes,
Usam a fé e o dinheiro
Dos fiéis onipresentes,
Dizendo-se representantes
De Deus Onipotente.

O Deus Onipotente
Não passou procuração
Nem designou ninguém
A vender qualquer quinhão
Tampouco as chaves do Céu
A nenhum cidadão.

E nenhum cidadão
Por Ele foi obrigado
A pagar valor algum
Pelo perdão do seu pecado
Ou por qualquer garantia
De estar ao Seu lado.

Estar ao Seu lado
É a bênção prometida
Pelos mercadores da fé
Aos fiéis sem guarida
E aos mais afortunados
Na escalada da vida...

Na escalada da vida
Alguns fiéis desafortunados
Encontram pela frente
“Líderes” mal intencionados
Que se aproveitam da sua fé
E lhes roubam seus trocados.

Eles roubam seus trocados
E como não bastasse esse mal,
Prometem aos fiéis lesados,
Salvação e coisa e tal,
E que estarão com Deus
Quando do Juízo Final.

Quando do Juízo Final,
O Deus Pai, nosso Senhor,
Escolherá os mais crédulos
E não o maior doador,
Pois não é o seu dízimo
Que o fará merecedor.

O que o fará merecedor
Será sua postura de cristão,
A fé que tem em Deus
E o amor no coração...
Só assim será possível
Conseguir a Salvação.

Conseguir a Salvação
Doando tudo o que tem
Aos mercadores da fé,
Aos vigaristas do “Amém!”
Não é imposição de Deus
Nem de pessoas de bem.

As pessoas de bem,
Pagando dízimos ou não,
Estarão garantidas
Na “Tábua da Salvação”
E quando chegar a hora
Chamadas por Deus serão.
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA E UNIVERSAL


EU ESCREVI UM POEMA TRISTE
(Mario Quintana)

Eu escrevi um poema triste
E belo, apenas da sua tristeza.
Não vem de ti essa tristeza
Mas das mudanças do Tempo,
Que ora nos traz esperanças
Ora nos dá incerteza...
Nem importa, ao velho Tempo,
Que sejas fiel ou infiel...
Eu fico, junto à correnteza,
Olhando as horas tão breves...
E das cartas que me escreves
Faço barcos de papel!


INEFÁVEL
(Cruz e Sousa)

Nada há que me domine e que me vença
Quando a minha alma mudamente acorda...
Ela rebenta em flor, ela transborda
Nos alvoroços da emoção imensa.

Sou como um Réu de celestial sentença,
Condenado do Amor, que se recorda
Do Amor e sempre no Silêncio borda
De estrelas todo o céu em que erra e pensa.

Claros, meus olhos tornam-se mais claros
E tudo vejo dos encantos raros
E de outras mais serenas madrugadas!

Todas as vozes que procuro e chamo
Ouço-as dentro de mim porque eu as amo
Na minha alma volteando arrebatadas
CRÔNICA DA SEMANA

PAISAGENS
(Heloisa Seixas, texto e foto)

Se eu pudesse levar comigo uma paisagem, se pudesse congelá-la e guardá-la, se pudesse tê-la eternamente, e revê-la sempre que quisesse, quando fosse para uma ilha deserta ou para outro mundo, não levaria uma – mas duas. Copacabana de manhã e Ipanema à tarde.
Copacabana de manhã: Não a qualquer hora da manhã, mas às oito em ponto. Não em qualquer lugar, e sim na Avenida Atlântica, no Posto Seis. Mas pode ser em qualquer época do ano, não importa.
As amendoeiras junto à areia, os barcos de pesca, as redes. No mar, de poucas ondas, uns barquinhos, balançando. Além da ponta do Marimbás, as flores de espuma que se abrem em alto mar, quando a água rodeia as pedras submersas. Mais além, horizonte afora, as cadeias de montanhas, intermináveis, imutáveis, com suas cores em degradê, contendo todos os verdes, todos os cinzas, todos os azuis.
Na areia, onde o sol acaba de chegar, a alvura dos grãos em combinação perfeita com a calçada de pedras portuguesas, retrato em preto e branco cujas ondas passeiam pelo mundo inteiro. E à esquerda, a curva majestosa bordejada de prédios – não faz mal – terminando na pedra do Leme, com o volume do Pão de Açúcar por trás. Uma curva feminina, sensual, preguiçosa. Copacabana é uma mulher madura.
Ipanema, não. Ipanema é uma menina. É a outra paisagem que eu levaria comigo.
Ipanema à tarde: Às quatro da tarde, antes do pôr do sol. E sendo outono. Ou um inverno com jeito de outono, como agora. Com muita, muita luz.
Mas não num dia qualquer, e sim num daqueles em que o vento sudoeste está começando a entrar, fazendo erguerem-se as cristas das ondas, como borrifos de monstros marinhos. Banhando a paisagem, a luz da tarde, um pouco oblíqua, só que muito alva, de arder a vista. Luz que faz refletir a areia, à essa hora uma enorme massa fria, pontilhada de banhistas tardios. Solitários. Porque às quatro da tarde de um dia assim, quem está por ali, na areia ou no mar, caminhando ou contemplando, é necessariamente um ser sozinho.
Na calçada, não. Na calçada à essa hora a vida fervilha. Há em quase tudo cor – nos coqueiros, nos quiosques, nas latas de lixo – e as pessoas caminham em frenesi, parecendo ter apenas um destino, um ponto de referência: as montanhas ao fundo.
Outro dia, num único dia, pude admirar essas duas paisagens. Copacabana de manhã, Ipanema à tarde. Num dia só, apenas um, lá estavam – as duas. Paisagens para se guardar na retina e na memória, para se rever em pensamento sempre, nos momentos de contemplação interior.
É quase impossível ser triste numa cidade assim.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

UM DEDO DE PROSA


ENQUANTO ISSO, NA PIZZARIA...

Enquanto a população anda em polvorosa por conta da proliferação do vírus da influenza A H1N1, no Senado Federal os pizzaiolos preparam mais uma gigantesca pizza com a finalidade única de salvar o mandato de alguns colegas, mantenedores do emprego de seus amigos e familiares.
Mais cautelosos com aquilo que falam diante das câmeras, eles, os Senadores, não mais trocam farpas em plenário, temendo, talvez, a repercussão ante o seu eleitorado, mas por trás dos bastidores discutem e chegam à conclusão de que a melhor solução para todos é arquivar toda e qualquer denúncia e/ou representação contra Fulano, Sicrano ou Beltrano. E para comemorarem a solução dos problemas (deles, é claro!), degustam deliciosas e suculentas fatias de pizza à moda da casa.
Mas, e o que dizer sobre os milhões de reais destinados à saúde que o Governo Federal repassou ao GDF e este, por sua vez, os aplicou no Banco de Brasília (BRB)?
Ah..., essa é uma outra história, numa outra pizzaria, com outros pizzaiolos, porém, com o mesmo desfecho: a vulnerabilidade dos cidadãos bem-intencionados às doenças virais, bacterianas e àqueles provocadas pelo mau-caratismo dos nossos governantes.
MEUS VERSOS LÍRICOS




LABIRINTO DE DESEJOS
(Joésio Menezes)




Sinto que o meu peito inda palpita...
Não mais com o cheiro do teu cecita,
Mas sim com o teu aroma natural.
É um doce cheiro de fêmea no cio
Que me provoca um intenso desvario
E me leva a um êxtase sem igual.

Esse odor de fragrância excitante
Provoca-me um desejo alucinante
De nunca mais de ti me afastar,
Pois sinto que meu sangue ferve
Toda vez que a minha verve
Consegue minha libido aguçar.

E aprisionado num labirinto
De desejos obscenos eu sinto
Que teu cheiro me traz virilidade.
Isso é sinal de que ainda está vivo
Dentro de mim aquele fogo lascivo
Da minha longínqua puberdade...


ANA CLÁUDIA
(Joésio Menezes)

Ainda não és mulher formada
Nem mais tens a inocência de outrora...
A ânsia e o desejo de ser amada

Certamente em teu peito aflora
Livres de preceitos que não dizem nada
A respeito do que és, muito embora
Ululantes gemidos da paixão ilibada
Digam que o teu coração implora
Igual libido de mulher maturada,
Aquela que seu corpo bem explora.
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA E UNIVERSAL

SAUDADE
(Vivaldo Bernardes)












Traduz-se “saudade” como um sentimento,
uma sensação de dor e de grã tristeza,
por não nos ser possível voltar ao convívio
de pessoa querida, reviver momentos idos.

Assim, a saudade tem estágios doloridos,
do mal-estar fugaz ao choro sem alívio,
à melancolia de terrível profundeza,
trazendo noss’alma em extremo abatimento.

Saudade é dor da alma e fere o coração,
saudade não tem cor, tampouco dimensão,
contudo, é ferida que nunca mais se cura,

entrando no meu peito, saindo nos meus olhos
que por mais eu os seque, ainda mais os molho,
pois, mais o tempo passa a ferida mais dura.


EU SEM VOCÊ
(Zany Lopes, www.nadirdonofrio.com)

Eu sem você seria...
Um porto sem navio
Um céu sem estrelas
Um campo vazio
Um mar sem rio...

Não teria razão para viver
Não teria motivos para escrever
Minha vida seria um eterno sofrer
Não teria um Deus para crer!!!

Eu sem você seria...
Um deserto árido
Sem vida alguma
De sol escaldante e noites escuras

Eu sem você seria...
Uma boca sem sorriso
Um corpo sem alma
Seria incompleta sem você.
CRÔNICA DA SEMANA


O CIRCO
(Tere Penhabe)

Ontem eu estive aqui, num paraíso chamado Circo, e o que vi era um espaço pequeno demais para tanta alegria; havia luzes, brilho, som, uma festa, enfim.
O coração de cada pequenino estava acelerado pela expectativa, e apertavam a mão dos pais com força, como se pudessem adiantar o relógio com esse movimento.
A festa começou!
E felizes desfilaram reis e rainhas, na figura cômica dos palhaços, na imagem trágica do trapezista, na ternura que pairava no olhar da elefanta Carla, na valentia dos leões, no equilibrista, desfilaram enfim, aqueles que são reis da alegria, que conseguem comover uma criança, enternecer um velho ou fazer os dois rirem.
Ontem aqui, havia um parêntesis do mundo, um pequeno espaço onde o que prevalecia era o ser humano, onde não se falava em guerra, em crianças abandonadas, porque nenhuma estava abandonada, onde a política não existia, porque a política não é mais uma ciência de homens, apenas uma máquina de fazer monstros; ontem aqui, era possível ser feliz.
As crianças estavam com seus pais, coisa tão rara em nossos dias, e os seus rostinhos brilhavam como se fossem fluorescentes, talvez porque se sentissem importantes, privilegiados pela presença de pessoas que se dedicavam apenas a fazê-las sorrir.
Os homens, sempre tão compenetrados em fazerem juz ao sexo masculino, ontem aqui, eram apenas "gente"; gente que ri, que chora, que sofre, que perdoa, gente que vive.
E as mulheres... Ah! Benditas somos! Estávamos todas aqui, sem panelas, sem relógios, sem vassouras, só com a pequena parte que nos cabe de distração. E tivemos também nossos reis e nossas rainhas, tivemos também nossas fantasias...
E hoje eu voltei aqui... e havia um espaço tão grande!
Impressionante como a tristeza tem poder sobre o tamanho!
Como ela pode transformar um cubículo em infinito!
E hoje era tudo tão triste aqui!
O silêncio... as poucas luzes ajudando os trabalhadores a destruirem o que sobrou da alegria... as pessoas cabisbaixas andando pra lá e pra cá... a geral sempre tão frenética, amontoada num canto, entulho apenas... o trapezista, nada mais que um homem, igual aquele que senta no bar e bebe cerveja todos os dias... a moça do pêndulo da morte, parada na porta do carro, sanduiche na mão... e o mágico, de mãos tão suaves, movimentos ágeis, de repente está ali, carregando cadeiras, consertando motores, não é mais um rei...
O rei está na mala, carregada com esforço pelo equilibrista suado... e os índios já não são mais nada, com suas calças jeans.
Tudo acabou... o circo se foi.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

UM DEDO DE PROSA


ATOS SECRETOS OU FLAGRANTES DELITOS?

Antes que o Brasil resolva adotar a Democracia Chavista, deixe-me falar um pouco sobre o que penso acerca dos nossos políticos, principalmente dos que porcamente ocupam uma poltrona no Senado Federal e são adeptos da política “daqui não saio, daqui ninguém me tira”.
Desde que veio à tona a história dos Atos Secretos, eles, os ilustres vitalícios do Senado, não param de “trocar farpas” e pronomes de tratamento (é Vossa Excelência pra cá, é Vossa Excelência pra lá!...). No entanto, não saem dos lero-leros nem dos trololós. E assim, vão deixando o tempo passar com um único intuito: deixar a “lavagem de roupas sujas” para as Sessões Extraordinárias, em que eles receberão horas extras pelo trabalho de lavanderia.
Todos ali dentro devem favores uns aos outros e por isso têm “rabo preso”; e se puxarem a “ficha biográfica” de cada um, não será surpresa nenhuma se a maioria estiver respondendo a algum tipo de processo criminal na Justiça.
Se o Presidente da casa, o Senador José Sarney, que até então era uma pessoa acima de qualquer suspeita, está enrolado até o pescoço com seus Atos Secretos, imaginem só os demais!... Mas o que mais me preocupa é o fato de que nós, os brasileiros, temos memória curta e nos deixamos ser comprados por um simples Vale Gás.
Diante da situação vergonhosa em que se encontra a política brasileira, já tomei minha decisão: nas próximas eleições votarei nas meretrizes, pois me cansei de votar em seus filhos.
MEUS VERSOS LÍRICOS


CORPO DE MULHER
(Joésio Menezes)

Deleito-me enquanto observo-o.
E com os olhos famintos
percorro suas curvas sinuosas que,
Por meio da maciez da sua pele,
me levam ao obsceno delírio
antes mesmo de alcançar
a genitália que, sedenta de amor,
me espera para a cópula.

E nas saliências gêmeas
do seu busto e da região glútea,
perco-me ante o desejo de saciar
a sede libidinosa de beijá-las
e sentir, nos meus lábios,
o roçar da sua pelugem eriçada
e umedecida pelo suor
expelido com calor do estrogênio.


ESSE TEU SORRISO
(Joésio Menezes)

Esse teu sorriso
Me tira o juízo
E meu pudor desmascara.
Ele é um adereço,
Que não tem preço,
Da tua beleza rara.

E quando visualizo
Esse teu sorriso
Atordoando os beija-flores,
Percebo que é assim
Que encantas o jasmim
E enciúmas outras flores.

Esse teu sorriso
É um lindo aviso
De que nada se compara
À rara beleza
E à delicadeza
Da flor Sandra Mara.
O MELHOR DA POESIA UNIVERSAL


SORRI
(Charlie Chaplin)

Sorri quando a dor te torturar
E a saudade atormentar
Os teus dias tristonhos vazios

Sorri quando tudo terminar
Quando nada mais restar
Do teu sonho encantador

Sorri quando o sol perder a luz
E sentires uma cruz
Nos teus ombros cansados doridos

Sorri vai mentindo a sua dor
E ao notar que tu sorris
Todo mundo irá supor
Que és feliz


AMOR E AMIZADE
(William Shakespeare)

Perguntei a um sábio,
a diferença que havia
entre amor e amizade,
ele me disse essa verdade...

“O Amor é mais sensível,
a Amizade mais segura.
O Amor nos dá asas,
a Amizade o chão.

No Amor há mais carinho,
na Amizade compreensão.
O Amor é plantado
e com carinho cultivado,
a Amizade vem faceira,
e com troca de alegria e tristeza,
torna-se uma grande e querida
companheira.

Mas quando o Amor é sincero
ele vem com um grande amigo,
e quando a Amizade é concreta,
ela é cheia de amor e carinho.

Quando se tem um amigo
ou uma grande paixão,
ambos sentimentos coexistem
dentro do seu coração.”
CRÔNICA DA SEMANA


AMOR EM NÚMEROS
(Eduardo Loureiro Jr.)

Às vezes, a gente quer tanto o DEZ que faz pouco do SETE.
O SETE está acima da média, e muitos o consideram um bom partido, a perfeição dentro do possível. Deve até ter muita gente de olho grande no nosso SETE, mas é irresistível pensar que, se conseguimos um SETE, podemos conseguir coisa ainda melhor.
O OITO, por exemplo, é melhor que o SETE. Infinitamente melhor -- quando deitado. O OITO é sedutor, sabe as curvas, os desvios, os atalhos. Mas, assim como sabe chegar, também sabe partir, e ficamos desconfiados. O OITO é bom para dar uma animada, para sacudir a poeira, não para um comprometimento sério.
Já o NOVE está quase lá. Está tão quase lá que a gente suspeita. Ou é muito marketing, muita fachada, ou, pior, o NOVE é preguiçoso. Sim, porque como pode estar tão pertinho do DEZ e não ser DEZ? O NOVE nos dá aquela sensação de que vai criar barriga, de que vai se acomodar, de que noves fora, nada.
Na falta do DEZ -- e do que fazer -- a gente, só por curiosidade, fica a ver e pensar nos outros. SEIS e CINCO, por exemplo, os medianos. Aqueles que quase todo mundo tem em casa: os que trabalham oito horas por dia, os que roncam, os que veem novela e assistem ao futebol. Sim, eles são necessários para o equilíbrio da sociedade. Não são bons o suficiente para a gente, mas têm lá sua utilidade.
Já o QUATRO e o TRÊS são desprezíveis, os reprovados. São, no mínimo, irresponsáveis. Em alguns casos, desleais ou até mesmo cafajestes. São o aluno que cola, o sonso infiel. É incrível como há quem os queira, às vezes até uns amigos nossos. Mas na nossa casa não entram, a não ser pelas notícias trágicas dos telejornais ou pela boataria da fofoca.
Só não sejamos muito duros com o DOIS e o UM. Eles são os coitadinhos, as vítimas do sistema, os excluídos, os fracos. Enquanto o DEZ não vem -- e parece que o DEZ nunca vem --, a gente se permite fazer uma caridade, acolher um DOIS, ou até mesmo um UM, confortá-lo, reabilitá-lo, salvá-lo. Afinal, nós somos bons, e os bons praticam a boa ação.
E então -- ou porque estamos cansados, ou frustrados, ou apenas distraídos -- topamos com o ZERO: a tela branca e vazia. Em si, o ZERO é nulo, mas, colocado ali ao nosso lado, recebe toda a nossa projeção de grandeza e adquire ares de dezena. Iludimo-nos que seja o DEZ e, quando nos desiludimos, racionalizamos que é melhor ainda que o DEZ porque é humilde, porque não resiste, porque aceita em nós tudo que rejeitamos em todos.
E quase nunca nos perguntamos qual é o nosso número.