terça-feira, 31 de março de 2009

UM DEDO DE PROSA


INSTRANSPONÍVEIS AOS QUE NÃO TÊM FÉ
(à minha cunhada Rosa)

Os obstáculos nos são apresentados conforme o tamanho da nossa perseverança; da nossa coragem de enfrentá-los; da nossa vontade de viver, de lutar e de vencer; da nossa maneira de enxergá-los, da nossa humildade na hora de reconhecer nossas limitações enquanto mortais passíveis de erros e, principalmente, da nossa fé...
Nada seríamos, nada faríamos e nada conquistaríamos não fosse a existência desses obstáculos cujo destino, traçado personificadamente por Deus, nos impõe como forma de aprendizado e como estandarte de vitórias. Não fossem eles, não conseguiríamos saber dar valor às nossas conquistas, ainda que insignificantes diante dos olhos dos nossos circundantes; não saberíamos interpretar o porquê das nossas intempéries nem dos nossos pequenos fracassos e, por conseguinte, não suportaríamos as consequências de um “tombo” ainda maior.
São eles, os obstáculos, a mola propulsora para o sucesso espiritual (o material fica em segundo plano) de cada indivíduo. Aqueles que nunca encontraram um deles à sua frente não têm de que nem porque vangloriarem-se, pois nada nessa vida acontece por acaso nem nada se consegue sem um mínimo de esforço, sem um pouco de trabalho, sem uma gota de suor derramado, sem um pequeno calo na mão, sem sequer uma fração de humildade... Os que dessa forma alcançarem os mais altos degraus da vida material, desviando-se dos obstáculos por meio de terceiros, jamais saberão dar valor ao seu próprio estado espiritual tampouco se importarão com o estado em que vivem os menos favorecidos e farão destes um trampolim para o “engrandecimento” da sua ganância, da sua mesquinhez, do seu egocentrismo, da sua ignorância com relação à dimensão em que vivem...
E felizes são todos aqueles que encontram obstáculos a cada estágio da vida, pois certamente lá encontrarão Deus de mãos estendidas aos que precisarem de ajuda.
MEUS VERSOS LÍRICOS



REVERÊNCIA A TI
(Joésio Menezes)


Em um dos jardins mais frequentados,
Empunhando as mais perfeitas matizes,
Dançam as borboletas, muito felizes,
Ao som dos rouxinóis sempre afinados.


Os colibris, modestos e acanhados,
Ignoram suas amadas “meretrizes”
Enquanto os jasmins vivem infelizes,
Pois, há muito te esperam angustiados.

O astro Sol, com o sorriso radiante,
Espera ansioso, otimista e elegante
Ver-te reinando naquele jardim.

E as flores, pobres coitadas!...
Vivem em crise, desesperadas,
Porque em seu reinado colocaste um fim.


CONSTANTEMENTE
(Joésio Menezes)

Sempre que te encontro, te cortejo...
E quando te cortejo, meu peito se insinua,
Meu coração se abre à espera tua,
Minha libido espera de ti um gracejo.

Sempre que te olho, te desejo...
E quando te desejo, minh’alma flutua,
Meu corpo padece, me sinto na lua,
Me queima o fogo do tesão sobejo.

Sempre que te beijo, muito mais te quero...
E eu, de tanto te querer, me exaspero
Com esse desejo incontrolável e fecundo.

Sempre que de ti me afasto,
Para o meu coração me torno nefasto
E para o meu ser, a escória do mundo.
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA


FILHOS DO OCEANO
Agamenon Troyan
(À matança indiscriminada de golfinhos)

Um torpedo em forma de arpão rompe o oceano
Arrancado-lhe um grito de suas profundezas.
O vermelho surge manchando as águas de sangue.
Em ondas suas lágrimas fugitivas rebelam-se
A procura de rochedos onde possam se refugiar

Sorrisos largos revelam a face do predador
Que sob os auspícios da lei esconde-se.
Atrás da máscara da ética selvagem humana.
... E o quinto arpão se faz ouvir.

Os oceanos não mais presenciarão os saltos,
Os mares não mais sentirão alegria,
Em solidariedade, os rios se uniram
A natureza em seu minuto de silêncio
Ajoelha-se na praia:
Uma lágrima,
Um soluço,
Um porquê...


ESCRÚPULO
(Joanyr Oliveira)

Deito o poema na aragem,
longe dos sacrilégios.

Os vassalos do metal,
os abismos, os delírios,
os tímpanos de pedra e cal,
as destras mãos na rapina
e as sinistras nos fuzis,
os decibéis desvairados
com quatro pedras nas mãos,
as volúpias dos cifrões,
os parlatórios e fossas,
as fomes palacianas,
os lobos condecorados
pelos guantes do Sistema

não fazem jus ao poema.
CRÔNICA DA SEMANA


QUEM NÃO TEM CÃO CAÇA COM GATO
(Joésio Menezes)

Naquela noite eu tranquilamente ensinava aos meus alunos surdos a distinção entre Substantivo Concreto e Substantivo Abstrato. Em meio às explicações e exemplos, comecei a sentir algo estranho: um reboliço fora de hora na barriga.
Inicialmente, não dei bolas para o que me acontecia. Pensando ser algo passageiro, continuei minhas explicações com exemplos dentro da realidade de cada aluno. De repente, o reboliço aumenta e, em seguida, uma dor de barriga insuportável acompanhada de calafrios toma conta de mim. Percebi que se não procurasse imediatamente um sanitário, a dor “abstrata” poderia se tornar em algo “concreto”, porém de odor abstratamente insuportável.
Pedi licença aos alunos para afastar-me por alguns minutos. Disse-lhes que precisaria ir ao banheiro. Naquele instante, notei que no rosto de cada um esboçara-se um riso sarcástico, pois haviam percebido o que se passava comigo.
Com as pernas meio tesas devido à necessidade de se trancar a saída do orifício terminal do intestino, saí lentamente da sala de aula em direção à “casinha”. No meio do percurso até o banheiro, senti que se não apressasse os passos, o “concreto” diarréico poderia acontecer ali mesmo, no meio do caminho. Porém, se isso eu fizesse e relaxasse um pouco, certamente o inevitável aconteceria. Parei e respirei fundo enquanto suava frio...
Minutos depois, lá estava eu no banheiro dos alunos. Entrei na primeira latrina que vi de porta aberta, pois a situação não me dera tempo de fazer escolhas. Só tive tempo de, apressadamente, arriar as calças. O que aconteceu a seguir, já se pode imaginar.
Depois de a “obra” concluída, senti aquela sensação de alívio, mas fui surpreendido com a falta de um artigo de primeira necessidade num banheiro: o substantivo concreto utilizado na anti-higiênica higienização pós-evacuação, popularmente conhecido como papel higiênico.
Diante dessa situação, tive que ficar como se fosse uma rosa: plantado no vaso até que alguém adentrasse naquele recinto de ar poluído. Deixei a porta entreaberta a fim de que a fedentina pudesse circular mais à vontade e ali fiquei por um longo e angustiante tempo. Nenhuma “alma penada” por lá apareceu. “E agora, o que fazer?” - eu pensava.
Com os braços cruzados sobre os joelhos, abaixei a cabeça e, enquanto aguardava socorro, fiquei contemplando o lindo par de meias que eu ganhara uma semana antes de uma aluna por ocasião do meu aniversário. “Heureca, eis a solução!” – exclamei...
Me vesti e, finalmente, voltei para a sala de aula.

terça-feira, 24 de março de 2009

UM DEDO DE PROSA


DIA NACIONAL DA PREGUIÇA

Se me fosse dado o poder de criar um dia, certamente hoje eu criaria o DIA NACIONAL DA PREGUIÇA, pois tudo está conspirando em favor da sua criação: o sol preguiçosamente deu o ar da sua graça e, consequentemente, os pardais fizeram sua algazarra matinal um pouco mais tarde que de costume. Em virtude disso, levantei-me com vontade de continuar na cama e, arrastando-me como se fosse um Bradypus Variegatus, fui banhar-me. Até a água que caía do chuveiro parecia sair a conta-gotas!
Minutos mais tarde, sentado à beira da cama, estava eu procurando (sem a intenção de encontrar) um par de meias e uma cueca numa das gavetas do guarda-roupa. Com muita “má vontade” encontrei-as.
Após vestir-me, fui até a cozinha e coloquei água no fogo para fazer um cafezinho e enquanto aguardava a sua fervura, liguei a televisão para assistir ao “Bom-dia DF”. Algum tempo depois percebi que a água não fervia. Estaria, também, o fogo com preguiça?
Não!... Simplesmente me esqueci de acendê-lo.
Chegando à escola em que trabalho, deparei-me com o estacionamento quase vazio (e já passava das 8 horas da manhã!), coisa rara de acontecer. Estacionei o carro e me dirigi até o laboratório de informática. Durante o curto percurso entre o estacionamento e o meu local de trabalho, eu ouvia a voz do “capetinha” tentando convencer-me a voltar para casa e a do “anjinho” aconselhando-me a seguir firme para o trabalho.
Contra a minha vontade, eis-me aqui diante dos computadores, ligando-os um a um e conectando-os à rede mundial de computadores, pois daqui a pouco alguns alunos virão fazer pesquisas, mas a internet também demonstra uma certa dose de preguiça (mais até que a minha), pois a conexão não parece ser via satélite, mas sim via Podocnemis Expansa.
Muito tempo depois, os computadores estavam ligados e conectados á internet. Mas as pesquisas dos alunos, que em média duram em torno de dez minutos, não foi possível fazê-las todas uma vez que cada página acessada levava uma eternidade para ser aberta. Uma eternidade também parecia a primeira metade do dia.
Minuto a minuto eu olhava meu relógio de pulso cujos ponteiros pareciam parados de tanta preguiça.
MEUS VERSOS LÍRICOS


LÁBIOS QUE BEIJEI
(Joésio Menezes)

Tentando reencontrar teus lábios de mel
Eu vago pelas nuvens, passeio no céu,
Atropelo asteróides, enfrento meteoritos,
Me esqueço da vida, me entrego à morte,
Abomino a razão, desisto da sorte
E mergulho de cabeça num poço infinito.

Encaro tempestades, desafio furacões,
Ignoro a força das lavas dos vulcões
E dos terremotos menosprezo os tremores...
Em busca dos teus lábios de mel
Divago mundo afora, vago ao léu,
Exponho-me ao perigo, afronto meus temores.

Buscando reencontrar teus lábios de mel,
Troco o melhor doce pelo amargo do fel,
Abandono o que na vida conquistei...
E se o destino ainda quiser
Estarei pronto para o que der e vier
Até reencontrar os doces lábios que beijei.


QUANDO TE VEJO
(Joésio Menezes)

Quando te vejo,
Te cortejo,
Te desejo...

Estremeço,
Enlouqueço
E de tudo me esqueço.

Me esqueço da lida,
Da vida,
Das feridas.

Me esqueço das dores,
Dos velhos amores,
Dos meus temores...

Quando te vejo, ganho o dia,
Me encho de alegria,
Transpiro poesia.

Sinto-me qual uma flor
Que, tocada pelo beija-flor,
Suspira de amor...

Transbordo de emoção,
Inflamo de paixão,
Explodo de tesão.

E em teus olhos um lampejo
Instiga-me o desejo
Sempre que te vejo.
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA E UNIVERSAL


O POETA E A LUA
(Vinicius de Moraes)

Em meio a um cristal de ecos
O poeta vai pela rua
Seus olhos verdes de éter
Abrem cavernas na lua.
A lua volta de flanco
Eriçada de luxúria
O poeta, aloucado e branco
Palpa as nádegas da lua.
Entre as esferas nitentes
Tremeluzem pelos fulvos
O poeta, de olhar dormente
Entreabre o pente da lua.
Em frouxos de luz e água
Palpita a ferida crua
O poeta todo se lava
De palidez e doçura.
ardente e desesperada
A lua vira em decúbito
A vinda lenta do espasmo
Aguça as pontas da lua
O poeta afaga-lhe os braços
E o ventre que se menstrua
A lua se curva em arco
Num delírio de volúpia.
O gozo aumenta de súbito
Em frêmitos que perduram
A lua vira o outro quarto
E fica de frente, nua.
O orgasmo desce do espaço
Desfeito em estrelas e nuvens
Nos ventos do mar perpassa
Um salso cheiro de lua.
E a lua, no êxtase, cresce
Se dilata e alteia e estua
O poeta se deixa em prece
Ante a beleza da lua.
Depois a lua adormece
E míngua e se pazígua...
O poeta desaparece
Envolto em cantos e plumas
Enquanto a noite enlouquece
No seu claustro de ciúmes.


RAINHA DAS FLORES
(J. O. Nascimento)

A rainha das flores é a rosa
Quem há de discordar desta verdade?
Sendo flor perfumada e tão mimosa
É exemplo perfeito de vaidade.

Por poetas citada em verso e prosa
Brinda tanto ao amor, quanto à amizade
Presente em confidências amorosas
Presente em momentos de saudade.

Apesar do orgulho da beleza
Tem na haste agressiva a tristeza
Visto que ela não quer ferir ninguém.

Com o seu doce aroma e porte lindo
Parece que essa flor está pedindo
Perdão pelos espinhos que ela tem.
CRÔNICA DA SEMANA


POEMA
(Viegas Fernandes da Costa)

Houve aquele tempo em que o verso me doava seu alento. Sentava-me à mesa, máquina de escrever, caneta, os sonhos e desejos da adolescência fascinando-me e nutrindo a necessidade do verbo, do verbo... Sim, houve estes dias em que o verso me doava seu alento.
Naqueles dias era tão fácil se presumir poeta. Ah, poetar! Como era fácil poetar quando para tanto bastava o jogo das palavras, a brincadeira da aliteração. Olhar o vento, sentir a luz, ou suas ausências, abrir os braços e correr. A excitação do primeiro texto publicado, o dedo no dicionário. Encontrar a palavra exata, o sinônimo mais bonito.
Depois, o silêncio. Caminhar pela noite, vislumbrar postes, gatos e sombras. Um silêncio repleto de estrelas e medos. E então houve estes dias em que o verso me doava seu divã. Catárticos versos estes.
Descobrir que há mais, há muito mais para se compor um poema do que apenas as palavras e os fonemas. Porque se catarse, também necessário o poema, como o ar, como o pão. E então me cobraram versos os poetas extensivos. “Onde estão os versos? Onde estão os livros?” Disse-lhes então que há poemas escritos nos céus e nos olhos que vislumbram o infinito, mas não compreenderam, e então meus versos se preencheram de silêncios tão clamorosos como o ruflar das asas de um pombo. Houve então estes dias em que o verso me doava seu silêncio.
Hoje, porém, não há poema. Porque há estes dias em que o verso me doa a sua ausência.

terça-feira, 17 de março de 2009

UM DEDO DE PROSA


DIA NACIONAL DA POESIA

No último sábado, dia 14/03, foi comemorado, Brasil afora, o DIA NACIONAL DA POESIA, que, não por acaso, coincide com a comemoração do nascimento do grande escritor baiano Castro Alves, poeta do Romantismo e autor de belíssimas obras, como o “Navio Negreiro” e “Espumas Flutuantes", dentre outras.
Além de Castro Alves, muito se falou nos grandes nomes da poesia brasileira, nos grandes clássicos, nos versos mais premiados... Esqueceram-se, porém, de mencionar que há grandes e grandiosos nomes, ainda no anonimato, que escrevem versos de primeira grandeza, versos estes cheios de beleza e de romantismo, carregados de sentimento e cheios de POESIA, arte literária que recria e embeleza a realidade.
Declamando ou escrevendo, esses vates "anônimos" expressam-se de forma tão sublime que ao misturarem os acontecimentos da época e tantas outras interferências à obra poética, eles lhe dão novos significados sem deixar transparecer que são "amadores".
E já que a Poesia não é só um texto que se divide em estrofes e versos, mas também uma forma de se expressar e transmitir sentimentos, emoções e pensamentos, seja ela escrita ou declamada por nomes consagrados ou não, saldemos, então, a POESIA e todos os seus admiradores.
MEUS VERSOS LÍRICOS


NA PASSAGEM DO TEMPO
(Joésio Menezes)

O tempo passa, a vida passa
E nesse passa e repassa
Passo o tempo à procura de ti...
O vento passa resvalando em mim,
Refrescando as flores que há no jardim,
Sustentando o vôo do pequeno colibri.


O vento volta e com ele a graça
Envolta no vulto do colibri que passa
Trazendo no bico o pólen da flor...
O vento passa na praça espalhando
O pólen levado pelos colibris em bando,
Ali deixando a semente do amor.

O tempo passa e com ele aumentado
As angústias que a mim vão chegando,
As tristezas que até hoje vivi...
O tempo passa, a vida passa,
Mas, nesse passa e repassa
Não passa a saudade que sinto de ti...


MAIS FORTE QUE O DESEJO
(Joésio Menezes)

Eu vejo em teus olhos infantis
A fúria de um desejo reprimido,
A fome de um amor correspondido,
A sede insaciável de ser feliz...

Também vejo os agitados colibris
Colhendo o néctar da tua libido,
E nesse galanteio um tanto atrevido
Eles te beijam dos lábios aos quadris.

Eu vejo em teu riso imaculado
O desejo de viver em pecado
Com o teu predileto beija-flor.

Mas, sei que além do que vejo
Há algo bem mais forte que o desejo:
A tua índole, o teu respeito, o teu pudor.
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA E UNIVERSAL


A EXCOMUNHÃO DA VÍTIMA
(Miguezim de Princesa)

I
Peço à musa do improviso
Que me dê inspiração,
Ciência e sabedoria,
Inteligência e razão,
Peço que Deus que me proteja
Para falar de uma igreja
Que comete aberração.

II
Pelas fogueiras que arderam
No tempo da Inquisição,
Pelas mulheres queimadas
Sem apelo ou compaixão,
Pensava que o Vaticano
Tinha mudado de plano,
Abolido a excomunhão.

III
Mas o bispo Dom José,
Um homem conservador,
Tratou com impiedade
A vítima de um estuprador,
Massacrada e abusada,
Sofrida e violentada,
Sem futuro e sem amor.

IV
Depois que houve o estupro,
A menina engravidou.
Ela só tem nove anos,
A Justiça autorizou
Que a criança abortasse
Antes que a vida brotasse
Um fruto do desamor.

V
O aborto, já previsto
Na nossa legislação,
Teve o apoio declarado
Do ministro Temporão,
Que é médico bom e zeloso,
E mostrou ser corajoso
Ao enfrentar a questão.

VI
Além de excomungar
O ministro Temporão,
Dom José excomungou
Da menina, sem razão,
A mãe, a vó e a tia
E se brincar puniria
Até a quarta geração.

VII
É esquisito que a igreja,
Que tanto prega o perdão,
Resolva excomungar médicos
Que cumpriram sua missão
E num beco sem saída
Livraram uma pobre vida
Do fel da desilusão.

VIII
Mas o mundo está virado
E cheio de desatinos:
Missa virou presepada,
Tem dança até do pepino,
Padre que usa bermuda,
Deixando mulher buchuda
E bolindo com os meninos.

IX
Milhões morrendo de Aids:
É grande a devastação,
Mas a igreja acha bom
Furunfar sem proteção
E o padre prega na missa
Que camisinha na lingüiça
É uma coisa do Cão.

X
E esta quem me contou
Foi Lima do Camarão:
Dom José excomungou
A equipe de plantão,
A família da menina
E o ministro Temporão,
Mas para o estuprador,
Que por certo perdoou,
O arcebispo reservou
A vaga de sacristão.
CRÔNICA DA SEMANA


TODO DIA É DIA DA POESIA
(Marcial Salaverry)

Existe o Dia da Poesia, e podemos dizer que é também o Dia do Poema. Existirá diferença entre poesias e poemas?
Poesias... poemas... pouca importância há se existe ou não diferença entre o significado entre essas duas palavras, pois ambas representam a entrada para um mundo de sonhos, para um mundo real, para um mundo de amor, real ou ficcional, para melhor olhar a Natureza...Para melhor e mais romanticamente viver, enfim...
Poesias... poemas... mexem com o imaginário, despertando sensações que pareciam adormecidas, mas também nos traz lembranças de um amor que ficou no passado, traz para perto o amor que está distante, diminui a tristeza de uma saudade, ajuda-nos a melhor viver, enfim...
Poesias... poemas... torna mais vivo nosso amor, desperta nosso romantismo, e também algumas vezes nos faz mergulhar em um clima de sensualidade e erotismo, faz-nos falar mais de amor, de paixão, de amores conquistados, ou de amores perdidos, são lembrados ou esquecidos.
Poesias... poemas... falam da Natureza, transportando-nos para suas belezas, falam de Deus, despertando-nos para a Fé, também falam de Paz, abominando a guerra...
Poesias... poemas... falam da beleza de um nascer do sol, e de seu arrebol, falam da beleza de uma noite de luar, falam da beleza que existe na chuva, que existe nas ondas mar, nas corredeiras de um rio, da beleza das florestas, da maravilha que é a vida animal...
Falam, enfim, da vida em todas suas manifestações... Falemos, então, de poesias ou de poemas, explicando da melhor maneira, “O Que São Poemas”...

O QUE SÃO POEMAS
Marcial Salaverry

Poemas são versos que falam de amor,
que cantam da Natureza,
toda sua inexcedível beleza...
Encerram a certeza da verdade,
mostrando do poeta, a sensibilidade...
Poemas que são pétalas de doçura,
refletindo toda a ternura
que o poeta leva n´alma,
que enternece e acalma...
Ensinam a verdade do sentimento,
apagando toda dor ou lamento,
sempre procurando o amor resgatar...
De amar não se pode nunca cansar...
Poemas mostram que a vida
não pode ser perdida...
Mostrando com ternura,
que a vida é feita de ventura...
Poemas mostram a beleza das flores,
de um regato a rumorejar,
das plantas pela manhã a orvalhar...
Enfim... mostram a beleza de amar...


Poeticamente desejo a todos, UM LINDO DIA... Que este Dia da Poesia, lhes traga muita alegria, muita paz, muito amor... sem nenhuma dor...
RESENHA LITERÁRIA


GERMINAL
(Émile Zola)

Um dos grandes romances do século XIX, expressão máxima do naturalismo literário, Germinal baseia-se em acontecimentos verídicos. Para escrevê-lo, Émile Zola trabalhou como mineiro numa mina de carvão, onde ocorreu uma greve sangrenta que durou dois meses. Atuando como repórter, adotando uma linguagem rápida e crua, Zola pintou a vida política e social da época como nenhum outro escritor. Mostrou, como jamais havia sido feito, que o ambiente social exerce efeitos diretos sobre os laços de família, sobre os vínculos de amizade, sobre as relações entre os apaixonados.
Germinal é o primeiro romance a enfocar a luta de classes no momento de sua eclosão. A história se passa na segunda metade do século XIX, mas os sofrimentos que Zola descreve continuam presentes em nosso tempo. É uma obra em tons escuros.
A história começa com Etienne chegando à mina à procura de emprego e conhece Boa Morte, assim chamado devido a inúmeras vezes que sobreviveu a acidentes na mina. Etienne fica muito amigo da família de Boa Morte, onde praticamente todos trabalham na mina, exceto as crianças menores e a mãe que precisa cuidar deles, como a maioria das famílias da região, pois quanto mais gente trabalhando mais dinheiro para comprar o pão, pois os salários são miseráveis.
As condições de trabalho na mina são desumanas, sendo uma aventura diária ter de descer às suas profundezas. Etienne começa a incitar os operários a fazerem uma greve, e para isto decidem fazer um fundo de reserva, para não passarem fome durante o período da greve. Acontece, que este dinheiro arrecadado logo acaba, e com os patrões ameaçando demitir a todos e trazer outros trabalhadores para lá, alguns grevistas começam a querer retornar ao trabalho para não passarem fome, criando uma situação de mais tensão ainda
O "Germinal", nos mostra a situação de miséria em que se encontravam os mineiros franceses; as relações entre os operários e as máquinas; entre capitalistas e operários; as greves e o sindicalismo; as necessidades humanas em contraste com as necessidades materiais.
Adaptada para leitores jovens, esta edição é complementada por textos de apoio sobre a vida de Zola e sobre o contexto histórico e literário de suas obras.

(Fonte: www.travessa.com.br)
GRANDES NOMES DA LITERATURA


ÉMILE ZOLA
(www.educacao.uol.com.br)

Émile-Édouard-Charles-Antoine Zola foi o fundador e o principal representante do movimento literário naturalista. Educado em Aix-en-Provence, Zola começou a trabalhar em 1862 no departamento de vendas da uma editora. Quatro anos depois decidiu dedicar-se exclusivamente à literatura. Suas duas primeiras obras, "Contes à Ninon" (1864) e o romance "La Confession de Claude" (1865) marcaram a transição para o naturalismo, já definitivamente manifesto em "Thérèse Raquin" (1867).
Inspirado na filosofia positivista e na medicina da época, Zola partia da convicção de que a conduta humana é determinada pela herança genética, pela fisiologia das paixões e pelo ambiente. Conforme afirmou no ensaio "O romance experimental" (1880), o desenvolvimento dos personagens e das situações deve ser determinado de acordo com critérios científicos similares aos empregados nas experiências de laboratório. A realidade deve ser descrita de maneira objetiva, por mais sórdidos que possam parecer alguns aspectos.
Consciente da dificuldade de conferir caráter científico a uma obra de ficção, Zola procurou pôr em prática suas concepções. A partir de 1871, trabalhou num ciclo de vinte romances, "Os Rougon-Macquart", que tinha como subtítulo "História Natural e Social de uma Família no Segundo Império". Essa obra constitui um painel vigoroso e franco sobre a decadência da sociedade do Segundo Império - o que lhe valeu várias acusações de pornografia. A primeira parte do ciclo - "A Taberna" (1876) e "Nana" (1880) - é dominada por uma atmosfera de degeneração e fatalismo, mas a partir de "Germinal" (1885) a descrição das más condições de vida numa comunidade de mineradores destaca a opressão social como responsável pela paralisação moral da humanidade.
Posteriormente Zola escreveu outros dois conjuntos de romances, "As Três Cidades" (1894-1898) e "Os Quatro Evangelhos" (1899-1902), onde manteve a violência quase visionária dos trabalhos anteriores.
Nos últimos anos de vida, o escritor foi mais uma vez alvo de polêmica por sua intervenção no caso de Alfred Dreyfus, oficial judeu do Exército francês condenado por traição, cuja inocência Zola defendeu de público, acusando os comandos militares de terem admitido provas falsas. Julgado por injúria e condenado a um ano de prisão, Zola exilou-se em Londres em 1898 e só regressou à França 11 meses depois. Émile Zola e sua mulher morreram em Paris, asfixiados pelo monóxido de carbono de um acidente com uma chaminé.

terça-feira, 10 de março de 2009

UM DEDO DE PROSA


SEM PALAVRAS

Hoje as palavras se recusam a sair. Talvez com medo de serem mal usadas ou com receio de não serem reconhecidas devido ao novo acordo ortográfico.
Tento uma vez, e mais outra, e outra vez mais... E nada de palavras!
Porém, insisto!... Mas... em vão!
Elas são teimosas. Não querem sair. Relutam! Insistem em permanecer ocultas, em se esconder atrás da minha falta de inspiração, em fingir que não serão compreendidas se porventura se expuserem. Limitam-se a ficar em silêncio...
Também sou teimoso. Sou Persistente. Mais do que elas, até... Insisto, insisto e novamente insisto!...
Heureca!... eis aqui a primeira delas. Meio tímida, mas finalmente surge. E surge mais uma, e mais outra e outra mais.
E agora?... E que fazer com elas?
Não sei!... As palavras demoraram tanto a surgir, que o que eu queria dizer já não mais sei o que era.
MEUS VERSOS LÍRICOS


HIPERBOLICAMENTE APAIXONADO
(Joésio Menezes)

Por ti eu morro de amor,
afogo-me num mar de lágrimas,
transbordo de felicidade
e inundo-me de paixão
enquanto o meu coração
explode de alegria.


Por um beijo teu
escrevo um bilhão de versos,
percorro meio mundo
e, em um centésimo de segundo,
atravesso as fronteiras do universo
em busca do êxtase infinito.

Pelo teu sorriso
sou capaz de roubar as estrelas,
sequestrar os planetas
e rabiscar o firmamento
com as infinitas palavras
que habitam meu pensamento.

Pelo brilho do teu olhar
sou capaz de apagar a luz do sol
com um sopro apenas
enquanto as labaredas do tesão
derretem meu pudor
e levam-me ao ápice da vida.


BETH MARRA
(Joésio Menezes)

Bravamente luto contra os desejos
Estros que alimentam o meu ser
Tomado pelo fogo sobejo,
Hebético anseio do meu querer.

Mas nem tudo a que hoje almejo,
Alcanço sem nada sofrer.
Refiro-me à perda do meu pejo
Rafado pela gana de te ver
Aliciada por este meu versejo.
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA E UNIVERSAL


BRINQUEDO
(Clarissa Reis)

Guardo no bolso
apenas lembranças,
a silhueta da lua,
a ampulheta destruída,
a ratoeira já velha e
abandonada...
O som da tua voz
que faz eco e requebra
com o repeteco das águas,
o brinquedo frio
pela fúria do vendaval,
o pinheiro tombado,
o meu sono... que vem levar...


CORAÇÃO QUE FALA
(Nilda Amorim)

Fala, Coração,
Fala das coisas que estão aí dentro,
Fala de mim e
Fala por mim.
Fala, Coração,
Pois coração fala.
Fala alto,
Fala gritando,
Fala, simplesmente fala
E não há quem ouça.
Então fala,
Porque agora, meu coração,
O que se fala pode ser lido.
Que bom!
CRÔNICA DA SEMANA


A FELICIDADE PODE DEMORAR
(Luis Fernando Veríssimo)

Às vezes as pessoas que amamos nos magoam, e nada podemos fazer senão continuar nossa jornada com nosso coração machucado.
Às vezes nos falta esperança. Às vezes o amor nos machuca profundamente, e vamos nos recuperando muito lentamente dessa ferida tão dolorosa.
Às vezes perdemos nossa fé, então descobrimos que precisamos acreditar, tanto quanto precisamos respirar...é nossa razão de existir.
Às vezes estamos sem rumo, mas alguém entra em nossa vida, e se torna o nosso destino. Às vezes estamos no meio de centenas de pessoas, e a solidão aperta nosso coração pela falta de uma única pessoa.
Às vezes a dor nos faz chorar, nos faz sofrer, nos faz querer parar de viver, até que algo toque nosso coração, algo simples como a beleza de um pôr do sol, a magnitude de uma noite estrelada, a simplicidade de uma brisa batendo em nosso rosto. É a força da natureza nos chamando para a vida. Você descobre que as pessoas que pareciam ser sinceras e receberam sua confiança, te traíram sem qualquer piedade. Você entende que o que para você era amizade, para outros era apenas conveniência, oportunismo. Você descobre que algumas pessoas nunca disseram “eu te amo”, e por isso nunca fizeram amor, apenas transaram... Descobre também que outras disseram “eu te amo” uma única vez. E agora temem dizer novamente, e com razão, mas se o seu sentimento for sincero poderá ajudá-las a reconstruir um coração quebrado.
Assim ao conhecer alguém, preste atenção no caminho que essa pessoa percorreu, são fatores importantes: a relação com a família, as condições econômicas nas quais se desenvolveu. (dificuldades extremas ou facilidades excessivas formam um caráter), os relacionamentos anteriores e as razões do rompimento, seus sonhos, ideais e objetivos. Não deixe de acreditar no amor. Mas certifique-se de estar entregando seu coração para alguém que dê valor aos mesmos sentimentos que você dá.
Manifeste suas ideias e planos, para saber se vocês combinam. E certifique-se de que quando estão juntos, aquele abraço vale mais que qualquer palavra. Esteja aberto a algumas alterações, mas jamais abra mão de tudo, pois se essa pessoa te deixar, então nada irá lhe restar.
Tenha sempre em mente que às vezes tentar salvar um relacionamento, manter um grande amor, pode ter um preço muito alto se esse sentimento não for recíproco. Pois em algum outro momento essa pessoa irá te deixar e seu sofrimento será ainda mais intenso, do que teria sido no passado. Pode ser difícil fazer algumas escolhas, mas muitas vezes isso é necessário. Existe uma diferença muito grande entre conhecer o caminho e percorrê-lo. A tristeza pode ser intensa, mas jamais será eterna. A felicidade pode demorar a chegar, mas o importante é que ela venha para ficar e não esteja apenas de passagem...
RESENHA LITERÁRIA


O JOGADOR
(Fiodor Dostoievski)

Alexei Ivanovich é um homem jovem que vive a plenitude de dias sem objetivos maiores. Está agregado à uma família, onde faz as vezes de professor dos filhos do general viúvo, um personagem de onde dá-se a partida para o desenrolar dos conflitos. Antônia Vassilievna, a Babuschka, a salvação finaceira do general, é uma anciã que todos julgavam caquética e esperavam sua morte para que o general, de posse da herança, saldasse suas dívidas e desposasse de sua amada, uma mulher dúbia, de passado duvidoso, ex-prostituta francesa.
Enquanto isso, Alexei Ivanovich vai nutrindo paixão avassaladora por Paulina Alexandrovna, enteada do general. Esse amor não é correspondido e Paulina o despreza, dando-lhe atenção somente quando resolve que Alexei irá jogar no cassino para ela, pois estão todos sem dinheiro, hospedados em requintado hotel à espera da morte da velha senhora.
O conflito começa nessa primeira parte quando a velha, que só fala usando de impropérios, aparece na cidade com seus criados, altiva, ainda que numa cadeira de rodas, ridicularizando a todos que esperavam por sua morte para se apropriar de sua fortuna. Ferina e loquaz, resolve, juntamente com Alexei, conhecer o cassino que fica a uns quinhentos metros do hotel.
A velha Babuschka se rende à sedução das roletas e diante dos olhares aterrorizados dos pretendentes à sua riqueza, perde todo seu dinheiro, restando-lhe apenas as propriedades. Aqui, Dostoiévski descreve com riqueza de detalhes a sordidez da avareza humana, criando ironicamente essa personagem anciã, de força moral incrivelmente superior à de todos os outros personagens.
Em meio a esta convulsão moral, Alexei Ivanovich ainda tem que se debater em angústias por um amor que não é correspondido, até que…
À essa altura, Dostoiévski provoca, surpreendentemente, uma reviravolta na vida de todos. O próprio Alexei Ivanovich se perde entre as páginas do livro, tentando, ele próprio, enquanto personagem narrador, buscar, deprimido e desesperado, o fio da meada, embolado subtamente pelo próprio escritor.
O leitor entra definitivamente nessa aventura porque já não está mais ao lado de fora como simples leitor. Agora ele já é parceiro de Alexei Ivanovich e, solidário, o acompanha na trilha do desdobramento dos desfechos, sempre inseguro porque nosso jogador está subitamente sem memória!
Alucinante cenário do que era a trajetória de pessoas que dependiam da sorte do outro, da morte de uma altiva senhora para resolverem suas agoniadas vidas atribuladas em dívidas e miséria, pondo seu status em jogo — sem trocadilho.
Alexei parece ter desistido de seu grande amor, ou antes, ainda procura explicar para o leitor o que de fato aconteceu naquelas jogatinas do cassino e no meio de tantos enredos obscuros, o leitor quer saber como terminou seu caso de paixão doentia por Paulina Alexandrovna. Que foi feito dos personagens? Quem herdou o quê? E a senhora desbocada, onde foi parar? Morreu? E por que Alexei declara de repente para o leitor que seu amor acabou estupidamente como se jamais tivesse existido?
Neste livro, tem-se a oportunidade de ouvir uma autobiografia narrada pelo próprio Dostoiévski, oportunidade única de se estar por horas a fio ao lado do gênio. Do próprio Fiódor, podendo enxergar sua alma, seu mais íntimo olhar descritivo da condição humana. Assim justifica-se ser O Jogador o maior livro, a mais extasiante obra do gênio.

(Fonte: www.lendo.org)
GRANDES NOMES DA LITERATURA


DOSTOIÉVSKI
(Wikipédia)

Fiódor Mikhailovich Dostoiévski (11/11/1821 -09/02/1881) – ocasionalmente grafado como Dostoievsky – foi um escritor russo, considerado um dos maiores romancistas da literatura russa e um dos mais inovadores artistas de todos os tempos. É tido como o fundador do existencialismo, mais frequentemente por Notas do Subterrâneo, descrito por Walter Kaufmann como a "melhor proposta para existencialismo já escrita."
A obra dostoievskiana explora a autodestruição, a humilhação e o assassinato, além de analisar estados patológicos que levam ao suicídio, à loucura e ao homicídio: seus escritos são chamados por isso de "romances de idéias", pela retratação filosófica e atemporal dessas situações. O modernismo literário e várias escolas da teologia e psicologia foram influenciadas por suas idéias.
Dostoiévski, aos 17 anos, teve uma grande crise de epilepsia após saber que seu pai havia sido assassinado pelos próprios colonos, e deixou o exército cinco anos depois para dedicar-se integralmente à atividade literária. Dostoiévski passou a afastar-se das armas, mas acabou envolvendo-se em conspirações revolucionárias, das quais passou pela prisão e pela condenação de morte, embora a pena tenha sido comutada. Alguns autores acreditam que essas dificuldades pessoais auxiliariam Fiódor a se estabelecer como um dos maiores romancistas do mundo, mas de fato seu reconhecimento definitivo como "escritor universal" veio somente depois dos anos 1860, com a publicação de seus grandes romances: O Idiota e Crime e Castigo, este publicado em 1866, considerado por muitos como uma das obras mais famosas da literatura mundial.
Seu último romance, Os Irmãos Karamazov, foi considerado por Sigmund Freud como o melhor romance já escrito. Segundo o biógrafo Nicholas Berdiaiev, a obra dostoievskiana vem atingindo grande popularidade no Brasil por causa de "[...]suas características muito próximas do brasileiro", e salienta que "a obra de Fiódor é marcada pelo anticapitalismo, por uma reação ao capitalismo selvagem, algo que parece tocar o leitor brasileiro hoje". A obra de Dostoiévski exerce uma grande influência no romance moderno, legando a ele um estilo caótico, desordenado e que apresenta uma realidade alucinada.

terça-feira, 3 de março de 2009

UM DEDO DE PROSA


DIA INTERNACIONAL DA MULHER: HOJE E SEMPRE

Hoje, a poucos dias de comemorarmos o DIA INTERNACIONAL DA MULHER, muito eu teria a falar sobre elas, mas tenho medo de tornar-me redundante, de "fazer chover no molhado", de dizer o óbvio, de não conseguir dizer nada que vocês já não saibam. Aliás, falar sobre elas ou falar delas não seria o termo mais apropriado, mas sim falar para elas, pois "falar delas" ou "sobre elas" dá a ideia de "fazer fofocas".
Dessa forma, escrevo hoje somente para elas, mas isso não impede que eles possam ler e refletir sobre a importância que essas divinas e encantadoras criaturas têm em nossas vidas, na natureza, na existência das espécies, na criação do Universo...
Sem a presença delas em nosso meio, não fariam sentido o balé dos colibris ante o desabrochar das flores, o alvorecer, o crepúsculo, os raios do luar, o tilintar das estrelas, o suave sopro da brisa em nosso rosto, os sentimentos PAIXÃO e AMOR, a razão do Sopro...
É para elas, inclusive, que dedico todos os meus votos de FELICIDADE, todo o meu desejo de PAZ, todos os meus manifestos de RESPEITO e ADMIRAÇÃO, todos os dias do ano e todos os versos aqui publicados.
Parabéns, Mulheres, pelo DIA INTERNACIONAL DA MULHER e muito obrigado por fazerem parte das nossas vidas e por nos permitirem esse DELEITE.
MEUS VERSOS LÍRICOS


O BRILHO DIVINO DO TEU SER
(Joésio Menezes)

Mulher, o brilho do teu olhar
reflete na retina do Universo,
mostrando-nos quão sublimes
e radiantes são os raios de esperança
na humanidade, lançados por ti
na atmosfera como se fossem
torpedos de amor.

E enquanto a Lua e as estrelas,
num lampejo de sana inveja,
lançam seus olhares para a Terra
em busca de ti,
os Arcanjos celestes encomendam
a Deus uma pequena porção
do teu esplendor, a qual será jogada
aos ventos com um único objetivo:
levar a todos os seres
o brilho divino do teu ser.


DO SOPRO À MULHER
(Joésio Menezes)

De um sopro surgiu a vida...
Da vida nasceu o amor;
Do amor, a superação;
Da superação, a esperança;
Da esperança, a vontade de viver;
Da vontade de viver, a felicidade;
Da felicidade, a pureza de um sorriso;
Da pureza de um sorriso, a MULHER.
Da MULHER nasceu o significado da vida
E do significado da vida, a razão do sopro.
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA E UNIVERSAL
EU MULHER
(Ione Jaeger)

Olho-te deitado no chão, dormindo
na lassidão abandonado,
nos braços de Morfeu.
Nos roncos ressoando no quarto
decifro a mensagem
da singularidade masculina,
machista,
dono de todas as verdades,
todas as vontades,
todos os desejos.
E eu me sinto um trapo, um nojo
na múltipla dubiedade de papéis:
ora escrava, ora senhora,
ora súdita, ora majestade,
ora serva, ora rainha,
ora discípula, ora mestra.
Mas, em todas as faces,
todas entidades,
na essência de cada potestade
a alma de eu mulher:
dócil, explosiva, maternal,
eu sentimento, eu razão, passiva,
frágil, impulsiva, inconstante,
destemida, protetora, intuitiva,
eu cabeça, coração, vida,
eu mulher!
Desce do pedestal - sê homem,
me vejas mulher!
Eu mulher!


LAMENTO DE MULHER
(Elinete Santos Andrade)

Mulher: palavra doce, sinônimo de amor.
Ah! Se a "humanidade" fosse igual a ela!...
O mundo seria mais justo
e as pessoas se respeitariam mais.
Se a "humanidade" fosse igual a ela...
O povo não estaria na platéia,
mas no palco como personagem
da sua própria história.
Se a "humanidade" fosse igual a ela...
Ela seria livre para prantear
com gemido inefável pelo desejo de Amar.
CRÔNICA DA SEMANA


CRÔNICA DE UMA MULHER PASSIVA
(por Lady Clementine)

Meu bom senso me disse ha algum tempo que eu deveria falar menos e ouvir mais. E eu sei que Marilyn Monroe sabia que mulheres bem-comportadas raramente fazem historia. Mas eu decidi virar uma Jedi completa e manter a calma e a paciencia.
Quem acompanhou a mudanca toda que o diga.
Descobri que atendimentos telefonicos das empresas so funcionam quando a gente quer comprar. Para entregar e reclamar, pegue seu banquinho e esteja preparado para mofar em frente ao telefone.
Horarios para instalacao de internet, tv a cabo e telefone nunca sao respeitados. Voce marcou de manha, prepare-se para receber os tecnicos de noite. Isso, ou eles ligam as 6 da tarde dizendo que houve um problema no meio do caminho (que, a principio, nao era problema seu, mas passou a ser apartir de agora) e se nao podem fazer o servico no outro dia.
Colocacao de piso, pintura, reforma na casa, alem de ser uma fortuna e SEMPRE ter um imprevisto, voce corre o risco de ter prazos nao cumpridos.
E quando a casa finalmente fica pronta, voce descobre que aquele sofa maravilhoso nao entra nem no corredor. Entao, voce chama um montador para desmonta-lo e descobre que nem a forca de Deus consegue tirar um prego do negocio. E voce tem a brilhante ideia de trazer o tal sofa por icamento pela janela. Ate o sexto andar.
E nada te tirou do serio. Nada. Nem mesmo o computador que, depois de instalado, desconfigurou novamente o teclado e decidiu trancar todos os acentos.
Voce e um vencedor!
Tome um vinho, relaxe na sua casa nova e divirta-se.
Afinal, seria isso que o Mestre Yoda faria.

(Fonte: www.blogdemeninas.com)
RESENHA LITERÁRIA


LUZIA-HOMEM
(de Domingos Olímpio)

Publicado em 1903 e considerado um clássico do gênero Ciclo das Secas, da Literatura Nordestina, Luzia-Homem é um exemplo do Naturalismo regionalista cujo cenário é o interior do Ceará, nos fins de 1878, durante uma grande seca. Marcado pela fala característica dos personagens, Luzia-Homem mantém duas características clássicas do Naturalismo por toda obra: o cientificismo na linguagem do narrador e o determinismo (teoria de que o homem é definido pelo meio). A obra também se vincula ao realismo sertanejo, - que alguns chamam de regionalismo - apresentando com tintas carregadas o flagelo da seca em sua região, ao mesmo tempo em que enfoca a força física e moral da sertaneja Luzia, criatura intermediária entre dois sexos, o corpo quase másculo numa alma feminina e que termina assassinada por um soldado quando se dispunha a amar ternamente outro homem.
A obra tematiza a violência e o sadismo que florescem como literatura naturalista. Há nuances de Romantismo na morosidade da descrição das paisagens, onde a natureza, às vezes, é madrasta principalmente por causa da seca. Explora a duplicidade da personagem principal, ela é bonita, gentil e retirante da seca, mas também tem força descomunal. No romance, Luzia integra um grupo de retirantes, e sua figura forte e personalidade marcante logo atrai a atenção dos homens que disputam o amor da heroína.
Em tudo, o autor foi fiel à tendência literária da época: a rudeza e brutalidade das cenas, a crueza dos episódios, o entrechoque dos instintos, a intensidade das forças desencadeadas. A cena final do romance é exemplo perfeito dessas características: a violência que Crapiúna usa contra Terezinha e Luzia é assustadora. A reação de Luzia é ainda mais assustadora: arranca com as unhas um dos olhos de Crapiúna e morre com aquele macabro troféu entre os dedos da mão direita enquanto que, sobre o peito, misturados ao sangue que jorrava, murchavam os cravos que lhe dera Alexandre.
O principal defeito do romance Luzia-Homem consiste no "desnível entre a concepção e a execução, na grandeza daquela, na franqueza desta", como escreveu Lúcia Miguel Pereira. Na verdade, carece o romance de simplicidade de expressão. A linguagem usada é, muitas vezes, arrevesada e imprópria, prejudicada ainda por excessos retóricos. Por fim, Domingos Olímpio é um autêntico romancista regionalista com Luzia-Homem oferecendo-nos "uma visão retrospectiva da condição humana e social do sertanejo, lutando pela sua sobrevivência e a de seus próprios valores no meio, que o castiga, mas com o qual ele se identifica no sofrimento e na alegria"

(Fonte: www.passeiweb.com)
GRANDES NOMES DA LITERATURA


DOMINGOS OLÍMPIO
(Wikipedia)

Domingos Olímpio Braga Cavalcanti (Sobral, 18 de setembro de 1851 — Rio de Janeiro, 7 de outubro de 1906) foi um jornalista e romancista brasileiro de estética naturalista ou , mais apropriadamente, impressionista.
Bacharel em Direito pela Faculdade de Direito do Recife, exerceu a atividade jornalística no Rio de Janeiro, em periódicos como O Comércio, Jornal do Comérico, Correio do Povo, Cidade do Rio, Gazeta de Notícias e O País. Dirigiu o periódico Os Anais, semanário que contou com a colaboração de muitos escritores brasileiros e portugueses. Em Os Anais publicou o romance O Almirante e deixou incompleto O Uirapuru.
Deixou diversos trabalhos, entre romances e peças, a maioria inédita em livro.
Apresentou candidatura para a Academia Brasileira de Letras, mas foi derrotado para o poeta Mário de Alencar, filho do romancista cearense José de Alencar, tendo contado apenas com o apoio de Olavo Bilac, que faria um elogioso necrológio de Domingos Olímpio, ou Pojucã, um de seus pseudônimos.
Domingos Olímpio é autor das obras Luzia Homem (1903), romance impressionista, sua obra-prima; O Almirante (romance); O Uirapuru (romance inacabado); A Perdição (teatro, 1874); Rochedos que Choram (teatro); Túnica Nessus (teatro); Tântalo (teatro); Um Par de Galhetas (teatro); Os Maçons e o Bispo (teatro); História da Missão Especial de Washington (relato); A Questão do Acre (história); A Loucura na Política (biografia) e Domitila (teatro).