terça-feira, 31 de março de 2009

O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA


FILHOS DO OCEANO
Agamenon Troyan
(À matança indiscriminada de golfinhos)

Um torpedo em forma de arpão rompe o oceano
Arrancado-lhe um grito de suas profundezas.
O vermelho surge manchando as águas de sangue.
Em ondas suas lágrimas fugitivas rebelam-se
A procura de rochedos onde possam se refugiar

Sorrisos largos revelam a face do predador
Que sob os auspícios da lei esconde-se.
Atrás da máscara da ética selvagem humana.
... E o quinto arpão se faz ouvir.

Os oceanos não mais presenciarão os saltos,
Os mares não mais sentirão alegria,
Em solidariedade, os rios se uniram
A natureza em seu minuto de silêncio
Ajoelha-se na praia:
Uma lágrima,
Um soluço,
Um porquê...


ESCRÚPULO
(Joanyr Oliveira)

Deito o poema na aragem,
longe dos sacrilégios.

Os vassalos do metal,
os abismos, os delírios,
os tímpanos de pedra e cal,
as destras mãos na rapina
e as sinistras nos fuzis,
os decibéis desvairados
com quatro pedras nas mãos,
as volúpias dos cifrões,
os parlatórios e fossas,
as fomes palacianas,
os lobos condecorados
pelos guantes do Sistema

não fazem jus ao poema.

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