quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

UM DEDO DE PROSA


HÁ VIDA APÓS O CARNAVAL?

Hoje, quarta-feira de cinzas, o dia amanheceu frio e o céu cinzento...
Talvez para nos fazer lembrar que há vida após o carnaval e que nem tudo é festa; que nem todos são foliões; que enquanto alguns esnobavam fantasias luxuosas, outros fantasiavam o pão sem margarina acompanhado apenas de um ralo cafezinho preto (talvez a única refeição do dia) como sendo o seu banquete de carnaval.
Talvez para não nos deixar esquecer que enquanto muitos festejavam os quatro dias de folia, outros muitos sofriam com a perda do emprego, da dignidade ou até mesmo de um parente.
Talvez para nos fazer refletir sobre as máscaras da inveja, do rancor, da corrupção, da falsidade, da hipocrisia que os homens, ao invés de pô-las, deixam cair durante as festas carnavalescas, máscaras estas usadas nos 361 dias que antecedem o carnaval.
Hoje, quarta-feira de cinzas, é, também, o início da quaresma, período voltado à reflexão, cujos cristãos se recolhem em oração e penitência para preparar o espírito para a acolhida do Cristo Vivo, Ressuscitado no Domingo de Páscoa. Nesse período, a igreja propõe o jejum principalmente como forma de sacrifício, mas também como uma maneira de educar-se, de ir percebendo que, o que o ser humano mais necessita é de Deus. Desta forma se justifica as demais abstinências, elas têm a mesma função. Entretanto, muitos cristãos o fazem simplesmente por não terem o que comer.
Hoje, quarta feira de cinzas, sob o céu cinzento e uma manhã de clima frio, agradeci a Deus por ter chegado ao final de mais um carnaval com saúde, com meu emprego, com minha dignidade e, principalmente, com meus entes queridos saudáveis, motivos que me fazem festejar a vida que há antes, durante e depois do carnaval.
MEUS VERSOS LÍRICOS


NO CARNAVAL, UM VAZIO
(Joésio Menezes)

Um vazio tomou conta de mim
Nesses quatro dias de carnaval:
Um vazio profundo, sem outro igual
Que trouxe ao meu peito uma dor ruim.

Pensei ter chegado o meu fim
Nesses dias de angústia letal,
Pois esse vazio cruel e infernal
Acendeu do meu peito o estopim.

Prestes a explodir de saudade,
Meu peito, inflamado de ansiedade,
Tua ausência chorava noite e dia.

E tentando preencher esse vazio,
Uma saída meu peito descobriu:
Escrever para ti uma poesia.


NÃO POSSO
(Joésio Menezes)

Não posso te oferecer
o brilho das estrelas,
nem os raios do luar,
nem as cores do arco-íris,
nem o perfume das flores.
Se isso eu fizesse,
estaria iludindo-me
com a pretensa esperança
de ser um reles mortal
com espírito de poeta.

Não posso te oferecer o mundo,
Nem um pedaço do céu,
Nem a proteção dos anjos
tampouco a infinidade do amor,
pois é pouco para uma deusa.
Mas posso te oferecer meus versos,
ainda que lhes falte poesia,
pois são eles, a exemplo de ti,
a essência do meu ser,
o significado da minha vida...
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA E UNIVERSAL



A CHAVE
(Alice Spíndola)


No meio da noite, configura
a fragrância das palavras mágicas
Na chave da noite, a ternura,
pluma que verte enigmas



Nas mãos do tempo,
o arado que rasga os mistérios
do sentimento que define
O homem da meia noite,

em seu caminho de volta
que faz

ao adentrar a meia lua
das unhas dos enigmas.
A mão da noite destrava a chave
da fragrância das palavras mágicas


LUZ QUE NÃO SE APAGA
(Kora Lopes)

Não quero ser um prisioneiro,
Mas um passageiro deste nosso tempo!
Não quero ter medo da morte,
Mas agradecer pelo dom da vida!
Não quero ser escravo do mundo,
Nem de seus costumes
E valores banais!
Mas quero sim
Ser luz que não se apaga,
Para aqueles que precisam mais!
Não quero viver lamentando
Ou ficar chorando
Pelo que não tem mais jeito,
Eu quero sim procurar sorrir
E corrigir todos os defeitos
Que existem em mim.
Não quero ter inimigos
E viver sentindo
O peso amargo da solidão.
“Eu é ter um milhão de amigos”
E muito amor no meu coração!
CRÔNICA DA SEMANA


QUARTA-FEIRA DE CINZAS
(Ubiratan Lustosa)

Em sua liturgia da quarta-feira de Cinzas a Igreja nos convida a uma reflexão, com esta serena e crua advertência: "Lembra-te homem que és pó e ao pó retornarás".
Com estas palavras nos lembra a nossa condição de matéria perecível, convidando-nos a refletir sobre o que verdadeiramente importa nesta passagem pelo mundo onde tudo o que a ele se liga é fugaz.
Convida-nos à prática e ao cultivo da humildade, virtude que tanto dignifica e engrandece o ser humano. Lembra-nos que não passamos de mísero pó, frágil argila que se desfará com o tempo. Faz com que lembremos que bem pouco valem as conquistas terrenas, as honrarias adquiridas, a fortuna e o poder, já que são limitados a uma vida que, por longa que seja, nada significa ante o insondável mistério da eternidade.
Lutamos tanto em busca de glória, de dinheiro e de poder, consumindo nesse afã a maior parte das nossas vidas, para terminarmos um dia na rasa igualdade que é o destino de todos, voltando ao pó de nossa origem.
Os homens passam e com eles aquilo que obtêm no terreno material em que tudo é finito. Valerá apenas o que tenham obtido no terreno espiritual, o bem que praticaram, a utilidade que tiveram na coletividade em que viveram, as virtudes que cultivaram, o aperfeiçoamento que atingiram para as suas almas, estas sim libertas da inexorável lei da morte e do fim.
E é bem numa quarta-feira de Cinzas, após o carnaval, que a Igreja nos faça essa advertência. Após a diversão, a alegria, a festa, a folia, vem a dura chamada à realidade: "Lembra-te homem que és pó e ao pó retornarás". É um convite à reflexão neste início de Quaresma, período cristão de recolhimento, penitência e oração.
O carnaval passou. Festa popular que cada vez mais se transforma em reinado da licenciosidade, deve ter servido para aliviar tensões, expulsar traumas, enxotar fantasmas de recalques tão comuns hoje em dia. Os abusos, os exageros, sem que tenham a aprovação das pessoas de bom senso, devem ter servido para alguma lição a quem os praticou.
Agora, o retorno à realidade, ao trabalho, à disciplina.
E quem sabe a gente se esforça um pouco mais na busca do nosso verdadeiro destino que não se limita a este mundo em que somos apenas pó, mas na vida eterna por Cristo prometida.
RESENHA LITERÁRIA


O PRINCIPE E O MENDIGO
(Mark Twain)

Tom Canty e Edward, príncipe de Wales, nasceram em Londres no mesmo dia. O primeiro era indesejado e foi abandonado pela mãe com um pai cruel. O segundo nasceu coberto de carinhos e riquezas.
Quando criança, Tom era forçado a pedir esmolas nas ruas e era espancado pelo pai, John Canty. Para esquecer de sua vida infeliz, Tom gostava de brincar que era um príncipe e sonhava com uma vida mais cômoda. Um dia, querendo ver o verdadeiro príncipe, ele tentou se aproximar da carruagem real e foi esbofeteado por um guarda. Edward viu o incidente, ficou com pena do menino e o convidou para ir ao palácio. Lá, Tom confessou seu velho sonho de ser um príncipe. Quando trocaram de roupas, eles descobriram que eram idênticos em aparência. Por um engano dos criados, Edward foi expulso do palácio e Tom assumiu seu lugar.
Perdido pelas ruas, Edward tentava dizer que era o verdadeiro príncipe, mas todos riam dele. Enquanto isso, no palácio, todos começaram a achar que o príncipe tinha enlouquecido porque ele não conseguia mais se lembrar do que já aprendera.
Também não conseguia se portar de uma maneira educada. O Rei Henry fez uma lei, proibindo que se comentasse sobre o lapso de memória do “príncipe” e as princesas Mary e Elizabeth carinhosamente tentavam ajudar seu suposto irmão. Nessa altura, Tom já estava com medo de confessar que era, na verdade, um mendigo vestido de príncipe. Tempos antes disso, quando descobrira estar doente, o Rei Henry deixara o anel com o selo real com o príncipe Edward. Agora, Henry queria o anel de volta, mas Tom não sabia, naturalmente, onde é que ele estava.
O verdadeiro príncipe estava perdido, mendigando pelas ruas quando foi encontrado por John Canty, pai de Tom, que brigou com ele e tentou lhe dar umas pancadas. Edward acabou conseguindo escapar do suposto pai e encontrou um velho conhecido: Miles Hendon, o filho deserdado de um barão, namorado da linda Edith. Miles também achou que Edward era louco, mas, depois, viu o anel real e começou a acreditar na estória. O problema é que, tendo sido deserdado (por causa de uma trapaça de seu irmão Hugh), ele também não poderia ser recebido no palácio para contar a verdade. Enquanto isso, Tom vivia seu momento “Pigmalião”, aprendendo a se portar como um monarca.
John Canty conseguiu afastar Edward da proteção de Miles e fez o jovem se unir a um bando de ladrões. Um deles, Hugo, começou a ensinar a Edward os truques para fazer assaltos. Certo dia, chegou a notícia de que o rei tinha morrido. O príncipe logo seria coroado. Conseguindo escapar, Edward encontrou um eremita louco que quase o matou, pensando que fosse mesmo o príncipe. Ele foi salvo por John Canty e Hugo e teve que voltar ao bando de ladrões. Posteriormente, Miles o encontrou e salvou.
Em companhia de Edward, Miles foi atrás de Edith, decidido a se casar, mas, lá chegando, soube que seu pai tinha morrido e que Hugh estava para se casar com sua noiva. O traiçoeiro Hugo prendeu Miles, mas Edward conseguiu salvá-lo. Juntos, eles chegaram a Londres, um dia antes da coroação do rei Edward VI. Pouco antes da coroação, Miles desrespeitou o “príncipe” só para chamar a atenção. Os guardas o agarraram e ele contou a estória de Edward que mostrou o anel real e provou ser o verdadeiro herdeiro da coroa.
O final é feliz: Edward foi coroado rei e prometeu que ajudaria Tom para o resto da vida. John Canty fugiu, escapando da forca. Hugo duelou com Miles e foi morto. Miles e Edith ficaram livres para se casar.

(Fonte: pt.shvoong.com/books)
GRANDES NOMES DA LITERATURA


MARK TWAIN
(Wikipedia)

Samuel Langhorne Clemens, mais conhecido por seu pseudônimo Mark Twain, (Florida, Missouri, 30 de Novembro de 1835 — Redding, Connecticut, 21 de Abril de 1910) foi um famoso escritor, humorista e romancista estadunidense.
Em seu auge, Clemens foi a celebridade mais conhecida de sua época. William Faulkner disse que ele foi "o primeiro escritor verdadeiramente americano, e todos nós desde então somos seus herdeiros". O autor sustentava que o nome "Mark Twain" vinha da época em que trabalhou em barcos a vapor; era o grito que os pilotos fluviais emitiam para marcar (mark) a profundidade das embarcações. Acredita-se que o nome na verdade tenha vindo de seus dias de abandono no oeste, quando ele pedia dois drinks e falava para o atendente do bar "marcar duplo" ("mark twain") em sua conta. A origem verdadeira é desconhecida. Além de Mark Twain, Clemens também usou o pseudônimo "Sieur Louis de Conte".
Ainda bebê, mudou-se com a família para a cidade ribeira de Hannibal, também no Missouri. Foi deste lugar e de seus habitantes que o autor Mark Twain tiraria a inspiração para seus trabalhos mais conhecidos, especialmente "As Aventuras de Tom Sawyer" ("The Adventures of Tom Sawyer") (1876).[3]
O pai de Clemens morreu em 1847 de pneumonia,[4] deixando muitas dívidas. O filho mais velho, Orion, logo começaria um jornal, e Samuel passou a contribuir como jornaleiro e escritor ocasional. Algumas das histórias mais espirituosas e controversas do jornal de Orion vieram do lápis de seu irmão caçula – normalmente quando o dono estava fora da cidade.
Mas a tentação do Rio Mississippi eventualmente levaria Clemens à carreira de piloto de barcos a vapor, uma profissão que ele mais tarde afirmaria levar consigo até o fim de seus dias, recontando suas experiências no livro "Life on the Mississippi" (1883). Mas a Guerra Civil e o advento das estradas deram fim ao tráfego comercial de barcos a vapor em 1861, e Clemens teve de procurar um novo emprego.Pensou até ir pro Brasil,mas desistiu da idéia.
Depois de um breve período como membro de uma milícia local (experiência relembrada em 1865 em seu conto "The Private History of a Campaign That Failed"), ele escapou de um contato mais aprofundado com a guerra ao seguir para o oeste em Julho de 1861 com Orion, que acabara de ser nomeado secretário do governador territorial de Nevada. Os dois viajaram por duas semanas atravessando as planícies numa diligência até a cidade mineira de Virginia City.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

UM DEDO DE PROSA


SIM, ELE TEM A FORÇA!

Na Venezuela, a democracia manda quem pode obedece quem tem juízo deu ao “Todo-Poderoso” Chaves o poder de reeleger-se quantos vezes ele quiser, enquanto vida ele tiver. É provável, inclusive, que a promulgação da Nova Constituição venezuelana permita-lhe instituir a Monarquia naquele país, dessa forma, os familiares do deus Chaves poderão continuar no poder “caso ele morra algum dia” (com tanto poder dado a ele por ele mesmo, talvez esteja pensando em dar a si próprio, também, a imortalidade).
Caso Chaves não tivesse êxito dessa vez, certamente ele tentaria novamente e novamente e novamente... até a aprovação do SIM para a reforma constitucional por “livre e espontânea pressão”.
A democracia camuflada da Venezuela (aquela mesma que fechou um canal de TV por fazer oposição ao governo) não é bem aceita por parte dos venezuelanos, pois como alguém já disse certa vez, “toda unanimidade é burra”, e em conseqüência disso, muitos foram os punidos por fazerem oposição aos mandos e desmandos do “Monarca e Todo-Poderoso” Hugo Chaves, por expressarem sua opinião acerca das decisões tomadas (e impostas) pelo “Divino” ocupante do trono do Castelo de Caracas, que não se acha ditador.
Inclusive os estrangeiros estão proibidos de manifestarem a sua opinião acerca do assunto. Recentemente, um correspondente espanhol foi expulso da Venezuela por colocar em dúvida o resultado do referendo, o que, aliás, é o pensamento de muitos de nós.
O que me deixa intrigado é que ele, o Rei de Venezuela, não permite a ninguém “intrometer-se” nas suas decisões, mas ele é mestre em querer dar opinião nas decisões tomadas pelos líderes dos países vizinhos.
Se essa moda pega!...
Não sei por que ainda me meto a escrever sobre assuntos que não estejam ligados à literatura!!!
MEUS VERSOS LÍRICOS


SE EU FOSSE UM POETA...
(Joesio Menezes)


Se eu fosse um poeta,
Minha vida estaria completa
E minh’alma em alto-astral.
Estaria eu mais confortado,
Pois teria aqui, ao meu lado,
A musa da noite dominical.

Se eu fosse um poeta
Faria uma poesia concreta
No formato de uma estrela-guia
E a colocaria nos braços do vento
Que, mediante juramento,
Somente a Patrícia a entregaria.

Ah! se poeta eu fosse um dia!...
Alguns versos eu escreveria
E os ofereceria a Patrícia Poeta,
Mesmo sabendo que ela poderia
Responder-me, com simpatia:
“Que pena!... Não és poeta!”


UM PEDIDO A DEUS
(Joésio Menezes))

Se algum dia eu pudesse pedir
a Deus um sorriso de presente,
certamente eu pediria o teu,
pois é dele toda pureza
capaz de transformar os homens
em seres divinamente racionais.

Se algum dia me fosse dada
A chance de conversar com os anjos,
Teu nome seria por mim o mais invocado,
Pois barbaramente fui seduzido
Pelo teu jeito efusivo e angelical
De cativar os mortais de coração impuro.

E se Ele ainda me permitisse
um outro pedido, um outro regalo,
eu imploraria aos céus
a firmeza do teu olhar sedutor
e nele me espelharia,
para a grandeza do meu ser.
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA E UNIVERSAL

SONETO
(Cláudio Manoel da Costa)


Estes os olhos são da minha amada,
Que belos, que gentis e que formosos!
Não são para os mortais tão preciosos
Os doces frutos da estação dourada.

Por eles a alegria derramada
Tornam-se os campos de, prazer gostosos.
Em zéfiros suaves e mimosos
Toda esta região se vê banhada.

Vinde olhos belos, vinde, e enfim trazendo
Do rosto do meu bem as prendas belas,
Dai alívio ao mal que estou gemendo.

Mas ah! delírio meu que me atropelas!
Os olhos que eu cuidei que estava vendo,
Eram (quem crera tal!) duas estrelas.


INSTANTES
(Jorge Luís Borges)

Se eu pudesse novamente viver a minha vida,
na próxima trataria de cometer mais erros.
Não tentaria ser tão perfeito,
relaxaria mais, seria mais tolo do que tenho sido.

Na verdade, bem poucas coisas levaria a sério.
Seria menos higiênico. Correria mais riscos,
viajaria mais, contemplaria mais entardeceres,
subiria mais montanhas, nadaria mais rios.
Iria a mais lugares onde nunca fui,
tomaria mais sorvetes e menos lentilha,
teria mais problemas reais e menos problemas imaginários.

Eu fui uma dessas pessoas que viveu sensata
e profundamente cada minuto de sua vida;
claro que tive momentos de alegria.
Mas se eu pudesse voltar a viver trataria somente
de ter bons momentos.

Porque se não sabem, disso é feita a vida, só de momentos;
não percam o agora.
Eu era um daqueles que nunca ia
a parte alguma sem um termômetro,
uma bolsa de água quente, um guarda-chuva e um pára-quedas e,
se voltasse a viver, viajaria mais leve.

Se eu pudesse voltar a viver,
começaria a andar descalço no começo da primavera
e continuaria assim até o fim do outono.
Daria mais voltas na minha rua,
contemplaria mais amanheceres e brincaria com mais crianças,
se tivesse outra vez uma vida pela frente.
Mas, já viram, tenho 85 anos e estou morrendo.
CRÔNICA DA SEMANA


ESTAVA ESCRITO NO BANHEIRO...
(Xico Branco)

Eu já tenho cá minhas experiências trabalhistas. Visto que já trabalhei em três empresas. Em todas sempre fui um fiel leitor das infinidades de frases e passagens escritas nos banheiros. E olha que a cada dia surge uma nova. E não adianta pintar, pois em menos de uma semana o Diário
do Peão já está repleto de novas informações.
Eu, sempre que ia fazer minha necessidade fisiológica do dia a dia, procurava usar uma cabine diferente, a fim de me manter informado.
O escritor de banheiro é antes de tudo um gozador. Existem coisas que a gente lê e passa o resto do dia rindo sozinho, a cada momento que lembramos. É também um fiel torcedor de futebol que aqui acolá tira um sarro do colega que torce pro time que perdeu. Existe ainda o conheci-
do como irmão. Só escreve passagens bíblicas. Mas o mais fiel e participativo é o xereta. Esse sabe de tudo. Sabe quem é corno. Quem escorrega no quiabo. Quem usa sapato 44 e muito mais.
Certa vez, no meu cumprimento de dever, li a seguinte frase, escrita na porta à minha frente: Olhe para o lado direito .Adivinha? Olhei e tava escrito: agora olhe para o lado esquerdo Claro, cumpri à risca e, ao olhar para o lado esquerdo, li o seguinte: você veio aqui pra ler ou pra fazer Merda. Noutra vez li: saco de chefe é o corrimão da vida e quem não puxa saco, puxa carroça . No dia seguinte, um outro funcionário menos dedicado, retrucou: Cuidado, baba-ovo, se o pentelho arrebentar tu cai e quem gosta de saco é micuim . E por ai vai...
RESENHA LITERÁRIA


A MORENINHA
(Joaquim Manuel de Macedo)

A Moreninha, de Joaquim Manoel de Macedo, foi o primeiro romance do Romantismo brasileiro, garantindo a Macedo o pioneirismo de fato nesse gênero literário. A tentativa anterior de Teixeira e Sousa com “O Filho do Pescador” (1843) não alcançou fama literária e foi sendo esquecido com o decorrer do tempo.
O título do livro foi dado pelo próprio protagonista da história, o personagem Augusto, em homenagem a D. Carolina. Durante toda a história, evidenciam-se os traços da protagonista, principalmente a cor do rosto: pele morena. Por isso, as pessoas mais íntimas chamavam-na de Moreninha:
Considerado por muitos críticos como um romance apenas curioso e somente importante do ponto de vista histórico, A Moreninha (1843) tem atravessado as décadas, e continua atingindo um público diversificado mais de cem anos depois, convertido para a televisão, cinema, histórias em quadrinho. Entre romances escritos em pleno Romantismo, chega a ser quase inexplicável a permanência dessa obra produzida por Macedo aos 23 anos.
Uma analise estrutural, que consulte o processo de montagem da composição, pode fornecer uma visão de como os elementos aí se organizam para formar uma obra de gosto popular onde a ideologia da comunidade se reencontre. Sob vários aspectos A Moreninha cristalizou melhor que muitos outros textos do Romantismo, incluindo outros romances de Macedo, uma serie de procedimentos formais e estéticos que garantem o sucesso da narrativa fixada entre o mito e a literatura.
A narrativa é resultado de um jogo, uma posta entre Augusto e seus amigos. Se Augusto – símbolo da inconstância, se apaixonar durante 15 dias por uma mulher (no caso, Carolina), deverá escrever um romance onde contará como se rendeu aos encantos da menina. Caso contrário, Felipe narraria a estória da invulnerabilidade de Augusto.
A Moreninha como romance é, portanto, o fracasso fictício de um personagem como indivíduo e seu êxito como amante. A narrativa só existe por causa deste fracasso. E ela narra o êxito do amor.

(Fonte: www.portrasdasletras.com.br)
GRANDES NOMES DA LITERATURA


JOAQUIM MANUEL DE MACEDO
(Wikipedia)

Joaquim Manuel de Macedo (Itaboraí, 24 de junho de 1820 — Rio de Janeiro, 11 de abril de 1882) foi um médico e escritor brasileiro.
Em 1844, Joaquim Manuel de Macedo, formou-se em Medicina no Rio de Janeiro, e no mesmo ano estreou na literatura com a publicação daquele que viria a ser seu romance mais conhecido, "A Moreninha", que lhe deu fama e fortuna imediatas.
Além de médico, Macedo foi jornalista, professor de Geografia e História do Brasil no Colégio Pedro II, e sócio fundador, secretário e orador do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, desde 1845. Em 1849, fundou, juntamente com Gonçalves Dias e Araújo Porto-Alegre, a revista Guanabara, que publicou grande parte do seu poema-romance A nebulosa — considerado por críticos como um dos melhores do Romantismo. Foi membro do Conselho Diretor da Instrução Pública da Corte (1866).
Abandonou a medicina e criou uma forte ligação com Dom Pedro II e com a Família Imperial Brasileira, chegando a ser preceptor e professor dos filhos da Princesa Isabel.
Macedo também atuou decisivamente na política, tendo militado no Partido Liberal, servindo-o com lealdade e firmeza de princípios, como o provam seus discursos parlamentares, conforme relatos da época. Durante a sua militância política foi deputado provincial (1850, 1853, 1854-59) e deputado geral (1864-1868 e 1873-1881). Nos últimos anos de vida padeceu de problemas mentais, morrendo pouco antes de completar 62 anos.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

UM DEDO DE PROSA


BRASÍLIA RUMO À COPA DE 2014

Aqui estou eu novamente tentando escrever alguma coisa que possa tornar sua leitura agradável. Mas... como escrever algo agradável de se ler se "tudo continua como dantes no Castelo de Abrantes?"
Enquanto pessoas morrem nos leitos dos nossos hospitais (principalmente no DF), pois os governo "não tem verba" para equipá-los, e escolas Brasil afora estão caindo aos pedaços, Deputados marcam reuniões "extraordinárias", pela quais cada um receberá uma "ajudinha" de custo de pouco mais de 16 mil reais (por reunião!), quantia esta que não dá nem para comprar os panos que limparão o chão do "pequeno Castelo" de um deles.
E como se não bastasse a falta de verba para a manutenção dos hospitais e das escolas, bem como para a compra dos panos do chão dos pequenos Castelos, o GDF (ao qual sou subordinado), candidato a uma sede da Copa do Mundo de Futebol de 2014, apresentou uma porposta de demolição do estádio Mané Garrincha e a construção de um novo estádio (nos padrões exigidos pela FIFA) no mesmo local. O custo dessa obra foi orçado, inicialmente, em 700 milhões de reais (uma pechincha, visto que Brasília poderá sediar um ou dois jogos!!!).
Mais uma vez alguém arcará com essa despesa. e com certeza não serão os Deputados (ilustres representantes do povo) tampouco o GDF!...
Mas de onde saírá, então, essa verba?
"Prefiro não comentar!" Restrinjo-me apenas à literatura, principalmente no que se refere às poesias, mas lhes aconselho guardar algumas moedas no porquinho.
MEUS VERSOS LÍRICOS


TEU CORPO MORENO
(Joésio Menezes)


Em teu corpo moreno
Há um doce veneno
Que me encanta e seduz:
É o seu cheiro adocicado
Que me deixa inebriado
E ao pecado me conduz.

É o pecado do desejo
Que dentro de mim vejo
Consumir-me o juízo,
Levar-me à insanidade,
Tirar-me a serenidade,
Afastar-me do paraíso...

Mas se preciso for,
Esqueço-me do pudor
E provo desse veneno.
E depois do acontecido,
Embriago minha libido
Nesse teu corpo moreno.


VERSOS A FLÁVIA ALVARENGA
(Joésio Menezes)

Fiz alguns versos à revelia.
Levei-os aos poetas trovadores.
Ágeis na rima, perfeitos na harmonia.
Vates autênticos, eternos sonhadores.
Inigualáveis na prática da poesia
Alheia a sentimentos desanimadores.

Alguns desses versos, à luz do dia,
Levados foram aos beija-flores
Viandantes do reino da fantasia
Alegórica dos nobres galanteadores.
Remanescentes do mundo da alegria
E dos jardins repletos de lindas flores,
Nossos canoros, mestres da simpatia,
Garantem a ti e aos comunicadores
A leveza destes versos alentadores.
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA E UNIVERSAL


QUERO OFERECER-TE FLORES!
(Desconheço o autor)

Hoje eu quero oferecer-te flores
Para que possas lembra-te
Que os amigos são botões
Que enfeitam o seu lindo jardim.

Quero oferecer-te flores
Para que sintas a necessidade
De renascer a cada novo dia.

Quero oferecer-te flores
Para que possas lembrar-te
Do perfume que exalas na vida
Daqueles que tem a alegria
De serem seus amigos.

Quero oferecer-te flores
Para que sintas o desabrochar
Deste novo ano de vida
Repleto de muitas cores.

Enfim, quero oferecer-te flores
A fim de que possas compará-las
Com nossa amizade
A fim de que neste lindo ramalhete da vida
Possamos exalar sempre o perfume
Do carinho sem fim.


AS AREIAS DO TEMPO
(Jorge Linhaça)

Areias do tempo escoantes,
grãos de vidas trespassadas,
partículas quase vitrificadas,
ora nada mais é como d’antes.

Ampulheta a marcar o passo,
quem me dera fosses invertida,
quando chegasse ao fim a vida
aumentando o meu espaço.

Ah, senhor tempo, inexorável,
que me foges dentre os dedos,
substância assim tão volátil

Que me fazes sentir o medo,
e ficar assim tão instável,
qual é afinal o teu segredo?
CRÔNICA DA SEMANA


NOSSA SEMPRE AMADA NATUREZA
(Marcial Salaverry)

É vital para nosso organismo, saber que é muito gostoso curtir a natureza. Seja na praia, ou no campo, no mato, ou no morro, num desses lindos Parques que encontramos em qualquer cidade, sempre será um contato direto com o Criador, e sua obra máxima: A Natureza, nossa sempre amada Natureza.
Com certeza, é verdadeiramente inenarrável o enorme prazer que as coisas mais baratas do mundo podem nos proporcionar.
Por exemplo, um passeio no campo, sentindo pela manhã, o contato da grama orvalhada sob nossos pés descalços. Prazer maior é difícil de encontrar, e também olhar as flores do campo, entrar no mato e procurar curtir os pequenos animais que se encontram em um bosque. Sempre é uma aventura muito gostosa.
Algumas pessoas citam que existe o inconveniente dos mosquitos, que também são criaturas da natureza, e existem igualmente nas cidades. E sempre podemos usar repelentes que hoje são até perfumados.
E como é lindo apreciar o nascer e o por do sol no campo... O céu parece ser muito mais estrelado do que na cidade. E no campo, temos mais tempo para curtir essas belezas.
Para quem prefere curtir uma praia, as belezas a serem aproveitadas são também altamente apreciáveis. Caminhar descalço na areia, na beirinha da água, é algo que deve ser feito com verdadeiro deleite. Esse contato com a areia e a água do mar chega a ser desestressante. Uma caminhada em uma praia, com certeza é algo bom demais. Respirar profundamente aquele gostoso e saudável ar marinho (desde que não tenha ninguém fumando por perto).
E voltamos à velha tecla do maior espetáculo da Terra, ou seja o por e o nascer do sol. Se for numa praia isolada e semi deserta, então, a beleza é muito maior.
Deve-se salientar ainda a beleza que encontramos ao escalar uma montanha. Temos a impressão nítida de um contato mais estreito com o Amigão. Estamos mais perto. Se for um pico nevado então, é algo que parece estar sendo vivido em um sonho... Não existe coisa mais linda aquele mundão branco. Aquela neve toda... É algo que enche os olhos, e revigora alma e coração.
O panorama que se visualiza do alto de uma montanha, nos permite apreciar como é lindo tudo que existe a nosso alcance. Experimentem fazê-lo. E, novamente, "aquele" espetáculo deslumbrante: o nascer e o por do sol vistos lá do alto. É simplesmente divino. Um passeio nas regiões serranas sempre é estimulante. Apreciar o recorte das montanhas contra a linha do horizonte faz o deleite de qualquer pessoa com um mínimo de sensibilidade, que dirá então de um pintor. Lamento não ter o dom da pintura, pois esse espetáculo é tão lindo, que chega a emocionar...
Se alguém ainda não teve tempo para curtir essas belezas que estão ao nosso alcance, deve fazê-lo e com urgência, pois está perdendo tempo de vida.
Se por qualquer motivo não tiverem oportunidade de sair para conferir se é verdade o que afirmei, pelo menos façam uma coisa. Percam alguns minutinhos para apreciar o nascer ou o por do sol. E aplaudam, pois é sem dúvida, O MAIOR ESPETÁCULO DA TERRA.
São pequenas coisas a que nem todos dão o devido valor. No afã de "ganhar a vida", deixamos de aproveitar seus momentos mais preciosos. Muitas vezes, mesmo em feriados ou férias, não aproveitamos para curtir devidamente os momentos de lazer e que deveriam ser de prazer, de contato com o que de mais belo existe no mundo. E poucos sabem curtir devidamente tais momentos.
Há que saber separar as coisas. Temos que batalhar pela vida. Mas também temos que curtir as belezas da natureza, o que sem qualquer sombra de dúvida ajudará a prolongar nossa existência.
Sonhando com esse contato gratificante, desejo a todos, UM LINDO DIA.
RESENHA LITERÁRIA


A ESCRAVA ISAURA
(Bernardo Guimarães)

A 1ª edição de A Escrava Isaura foi publicada a primeira vez em 1875, pela Casa Garnier, Rio de Janeiro. A obra apresenta a tríade comum aos romances populares românticos: vilão, heroína e herói. E, graças à ausência de profundidade com que são construídos, os personagens do romance são planos, estáticos e superficiais.
Esse romance já foi considerado, com bastante exagero, uma espécie de A Cabana do Pai Tomás (1851) nacional. Porém, Bernardo Guimarães, ao contrário da romancista americana Harriet Beecher Stowe, detém-se muito pouco na descrição dos sofrimentos provocados pelo regime escravocrata.
Bernardo Guimarães faz questão de ressaltar exaustivamente a beleza branca e pura de Isaura, que não denunciava a sua condição de escrava porque não portava nenhum traço africano, era educada e nada havia nela que "denunciasse a abjeção do escravo".
O que parece uma escolha preconceituosa e contraditória - contar as agruras da escravidão criando uma escrava branca - talvez seja melhor compreendido se levar em conta que a maior parte do público que consumia romances na época era composto por mulheres da sociedade, que apreciavam as histórias de amor.
Somem-se a isso o modelo de beleza feminino de então, caracterizado pela pele nívea e maçãs rosadas do rosto e, principalmente, o objetivo do autor de conquistar a solidariedade do leitor pela escrava, mostrando a que ponto extremo poderia chegar o regime escravocrata.
O tratamento exageradamente romântico que o autor aplica neste livro faz com que ele tenha um caráter mais de lenda do que de realidade, ao contrário de seus outros romances, como O Ermitão de Muquém (1864), O Seminarista (1872) e O Garimpeiro (1872), em que a descrição regionalista do ambiente físico e social proporciona mais verossimilhança à trama.
Em A Escrava Isaura, o excesso de imaginação se traduz em "idealização descabida", como afirma Antonio Candido, que se concretiza no plano da linguagem em descrições repetitivas e mecânicas dos personagens, com abuso de adjetivos redundantes.
GRANDES NOMES DA LITERATURA


BERNARDO GUIMARÃES
(Wikipedia)

Bernardo Joaquim da Silva Guimarães (Ouro Preto, 15 de agosto de 1825 — 10 de março de 1884), romancista e poeta brasileiro, é filho de João Joaquim da Silva Guimarães, também poeta, e de Constança Beatriz de Oliveira Guimarães. Ele se casou com Teresa Maria Gomes de Lima Guimarães, e tiveram oitos filhos: João Nabor (1868-1873), Horário (1870-1959), Constança (1871-1888), Isabel (1873-1915), Affonso (1876-1955), José (1882-1919), Bernardo (1832-1955) e Pedro (1884-1948).
Formou-se na Faculdade de Direito de São Paulo, em 1847, e nesta cidade tornou-se amigo dos poetas Álvares de Azevedo (1831-1852) e Aureliano Lessa (1828-1861). Os três e outros estudantes fundaram a Sociedade Epicuréia. Foi nessa época em que Bernardo Guimarães teria introduzido no Brasil o bestialógico (ou pantagruélico), que se tratava de poesia cujos versos não tinham nenhum sentido, embora bem metrificados. A maioria dessa poesia não foi publicada porque era considerada pornográfica, e se perdeu. Para alguns críticos, o melhor do escritor seria o bestialógico. Um exemplo dessa produção (não-pornográfica) é o soneto Eu Vi dos Pólos o Gigante Alado
O seu livro mais conhecido é A Escrava Isaura, publicado pela primeira vez em 1875, pela Garnier. Nele, o autor conta as agruras de uma bela escrava branca que vivia em uma fazenda do Vale do Paraíba, na região fluminense de Campos. Porém, o livro de Bernardo Guimarães mais bem aceito pela crítica é O seminarista, cuja primeira edição é de 1872. Permanece atual porque questiona o celibato dos padres. Conta a história de um fazendeiro de Minas Gerais que obriga o seu filho a ser padre. Eugênio, o filho, ama desde criança Margarida, filha de uma agregada da fazenda. Ele tenta abandonar o Seminário de Congonhas em Minas Gerais, mas o pai dele, o capitão Antunes, inventa que Margarida se casou. Eugênio se ordena. Mas ele se endoidece no dia em que volta a sua cidade para rezar a sua primeira missa e se depara, na igreja, com um cadáver, o da Margarida, que tinha estado muito doente.
Duas das poesias mais conhecidas são consideradas pornográficas, embora não sejam do período bestialógico. Trata-se do O Elixir do Pajé e A Origem do Mênstruo. Ambas foram publicadas clandestinamente em 1875.
Em 1852, Bernardo Guimarães tornou-se juiz municipal e de órfãos de Catalão (Goiás). Exerceu o cargo até 1854. Em 1858, mudou-se para o Rio de Janeiro. Em 1859, trabalhou como jornalista e crítico literário no jornal Atualidade, do Rio de Janeiro. Em 1861, reassumiu o cargo de juiz municipal e de órfãos de Catalão. Foi quando, ao ocupar interinamente o juizado de Direito, Bernardo Guimarães convocou uma sessão extraordinária do júri, que liberou 11 réus porque a cadeia não estava em condições de abrigá-los. Em 1864, volta para o Rio de Janeiro. Em 1866, é nomeado professor de retórica e poética do Liceu Mineiro, de Ouro Preto. Em 1867, casa-se. Em 1873, leciona latim e francês em Queluz (Minas Gerais). Em 1881, é homenageado pelo imperador Dom Pedro II. Morre pobre em 10 de março de 1884.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

UM DEDO DE PROSA


INCLUSÃO E FALTA DE LUCIDEZ: UMA ANTÍTESE EDUCACIONAL

Em tempos de crise financeira mundial, parece que os homens estão perdendo a juizo e agindo de forma irracional. Muitos são os casos noticiados na televisão de pessoas que agem como se lhes faltasse o tino, o equilíbrio emocional, a lucidez... Muitas são as pessoas que deixam de agir motivadas pela razão e, precipitadamente, agem dominados pela emoção.
Parece, inclusive, que até nossos governantes foram afetados pela falta de lucidez, principalmente aqueles cuja responsabilidade é cuidar da educação. Em Brasília, os responsáveis pela educação (estou referindo-me aos "chefes") pregam dia e noite a Inclusão nas escolas públicas, porém essas mesmas pessoas são os maiores responsáveis pela incoerência que hoje está ocorrendo na educação. São eles os primeiros a excluírem os alunos Portadores de Necessidades Educacionais Especiais, uma vez que a esses estudantes não são oferecidas as mínimas condições de inclusão. Professores, escolas, servidores, alunos e familiares não são suficientemente preparados para receberem alunos especiais. E quando acontece de uma escola estar preparada (e adequada) para esses alunos, as autoridades acham um meio de excluí-los.
De que forma?
Negando-lhes o que lhes é de direito: o acesso à educação.
Melhor ilustrando o que acabo de afirmar, a escola em que trabalho é Inclusiva. Nela atendemos alunos com deficiência visual, auditiva e intelectual, além daqueles ditos "normais". É sabido que os alunos Portadores de Necessidades Educacionais Especiais, em sua maioria, estão fora da faixa etária correspondente às respectivas séries. Isso é absolutamente normal, menos para a Secretaria de Educação, que determinou às escolas a não receberem alunos, quaisquer que fossem eles, acima da idade mínima permitida para determinada série. E seguindo essa determinação absurda, o estabelecimento de ensino em que trabalho recusou a matrícula de dois alunos surdos, pois ambos têm 15 anos e não poderão estudar com as crianças da 5ª série. Falaram que eles deverão ser transferidos para a noite. Muito incoerente, pois as escolas noturnas somente atendem o supletivo (EJA) e para ser matriculado na Educação de Jovens e Adultos, o aluno precisa ter a idade mínima de 16 anos.
Então, como fica a situação daqueles alunos surdos rejeitados por terem 15 anos?
Simplesmente terão que ficar sem estudar até que tenha idade para estudar á noite. Enqunto isso não acontece, eles poderão ocupar o tempo ocioso comentendo pequenos delitos, pois além de serem deficientes eles também são menores, e os estatutos do Deficiente e da Criança e do Adolescente lhes guardarão o direito de não serem punidos.
Eu, não auge da minha sanidade mental, às vezes me pego pensando se realmente estou lúcido ou se eles (os "chefes da Educação) é que estão agindo corretamente, de acordo com a sua lucidez insana e incoerente.
MEUS VERSOS LÍRICOS


ANOMALIA
(Joésio Menezes)

Se dizem que sou louco,
Não me preocupo,
Pois a loucura é o cerne da mente humana,
É o lado lúdico do cérebro
Que, na sua insana lucidez,
Torna-se a anomalia do ser dito “normal”:
O homem.

Se dizem que sou tolo,
Não me incomodo,
Pois a tolice é o amálgama do cerne,
É o lado lúcido da loucura
Que, no auge da sua anomalia,
Torna o ser “normal”
Vulnerável à paixão.


DEVANEANDO
(Joésio Menezes)

Sou um navegante errante
guiado pelas águas frias da ilusão...
Lá no horizonte descortinado
o mar se encontra com o céu,
enquanto eu, um solitário viajante,
fixo meu olhar no infinito,
nele buscando encontrar
o sorriso da minha amada
e o cintilar dos seus olhos
navegando em minha direção.

Mas que nada!...
Apenas o gosto amargo da desilusão
é o que vejo aproximar-se de mim,
trazendo com ele a certeza
de que distante dos meus olhos
ela para sempre permanecerá.
E o meu peito, velho e cansado,
acostumar-se-á com a solidão,
cuja razão dos meus devaneios
é o fato de a amada não existir.
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA E UNIVERSAL


A LUCIDEZ PERIGOSA
(Clarice Lispector)

Estou sentindo uma clareza tão grande
que me anula como pessoa atual e comum:
é uma lucidez vazia, como explicar?
assim como um cálculo matemático perfeito
do qual, no entanto, não se precise.

Estou por assim dizer
vendo claramente o vazio.
E nem entendo aquilo que entendo:
pois estou infinitamente maior que eu mesma,
e não me alcanço.
Além do que:
que faço dessa lucidez?
Sei também que esta minha lucidez
pode-se tornar o inferno humano
- já me aconteceu antes.


POEMA DA LUCIDEZ
(Oswaldo Martins)

Quadros há que a respiração suspendem
certa mão de tinta, certa carícia:
revelada aquela nem a ausência
modelam antes o que antes havia

e não há no quadro. o vento que secara
a pele exausta o cós aberto a calça
no chão largada e essa voz avara
que se não se ouve no quadro alça

seu traço (antes taça). tal silêncio, hèlas,
manuseia-me o antinome e mudo
o quadro vaga torto para sempre

no meu mundo. com vinho, pois, celebre
a taça derramada o rosto o fruto
destas mulheres nuas soltas nas telas.
CRÔNICA DA SEMANA


LUCIDEZ
(José Augusto Fontes)

Havia uma lucidez sem graça. Estava quase preferindo ausentar-se de tanta realidade. Precisava viver, simplesmente, viver. Mas, sem a fantasia, sem o sonho, sem desnortear a realidade, não estava conseguindo.
Largar-se pela roda dos ventos era uma viagem na garupa de vontades e desejos contidos, carona de alguma saudade. A necessidade de viver refletia na lucidez, só vista no retorno da imagem, imponderável ao confronto imediato. A insensatez da lucidez, a ausência dos enfeites necessários ao alcance do sonho premeditado. Era tudo. O ser reflexivo tinha olhos de ausência.
De onde supunha essa necessidade, não lhe era dado saber. Só com a ausência. Os sonhos que tinha não decolavam. E assim, não tinha a menor graça. Precisava sentir algo, ainda que fosse uma dor, ou o outro gosto da mentira. Emocionar-se, amar, dizer coisas, falar, ir falando, sem pensar muito, sem se lembrar de onde tirou o que terminou de dizer.
Pessoas entravam e saíam pelos seus olhos, metiam os braços pelas pernas, vinham outras, ele ficava. Por onde andarão Marias e Fátimas? Gaúchas, paulistas e cariocas, Lucila, Neiva e Márcia, outras que por aqui passaram, por onde andarão?
Momentos sucediam instantes, sol e lua sobre as cabeças, mas ele não conseguia. Se há milagres, onde estão agora? Quem sabe estivessem do lado de dentro. Mas, nem assim. Tudo o que fazia era olhar para dentro de si, ver-se refletido, sem notar a realidade própria dessa fantasia, a mentira doméstica dessa constatação. Era só reflexão. Três coisas na vida, disse Faulkner: o fato de estar vivo, o prazer e a escuridão.
Para o ser refletido, a escuridão poderia estar nos momentos de conviver consigo, na solidão. Mas há o amor. O homem viu. Amar é preciso, concluiu. A lucidez requer o momento de acontecer; a paixão, o fogo; a carne, o corte; os olhos, outros olhos. Fogo, querer, paixão, desejo, solidão, nenhum é amor. Amor é o que sobra disso, é o que fica, depois de tudo. Depois do temporal, a calmaria, no quintal do amor, brotou a mais bela Maria.
Aconteceu. Chegou a mulher do amor. Mais nada há, depois de ela por aqui chegar. Volta o homem ao espelho, retira o reflexo. Ficam os olhos em que se vê. Espelho d’água de alfazema. Já não há olhos de ausência, sol e lua sobre as cabeças, no caminho do norte da realidade, despetalando a rosa dos ventos. Conseguiu, gerou a imagem, fantasiou o sonho. Tudo tinha graça, sem pressa. Olhos assim postos, nada mais ao redor. Afinal, o amor entra e sai pelos olhos, solta alguns suspiros, gemidos, pronto, já é prazer. Depois de tudo, o amor é o que sobra, se sobrar. Se não, foi apenas lucidez.
RESENHA LITERÁRIA


ENSAIO SOBRE A LUCIDEZ
(José Saramago)

Tudo o que se sabia do novo romance de José Saramago, até ao dia de seu lançamento, era, que este seria um livro político, com potencial de desencadear uma grande polêmica. Acompanhado pela notícia de que o autor integrará a lista de candidatos da CDU às próximas eleições para o Parlamento Europeu, isto resultou, pelo menos, num marketing perfeito.
O livro chegou às livrarias simultaneamente no Brasil e em Portugal, um mês antes do trigésimo aniversário da revolução de Abril. Outra coincidência que não parece totalmente despropositada. E pela sinopse do romance, que as editoras (Caminho, em Portugal e Companhia das Letras, no Brasil) liberaram no dia 25 de Março, o livro promete muito:
Num país indeterminado decorre, com toda a normalidade, um processo eleitoral. No final do dia, contados os votos, verifica-se que na capital cerca de 70% dos eleitores votaram branco. Repetidas as eleições no domingo seguinte, o número de votos brancos ultrapassa os 80%.
Uma das piores hipóteses para cada sistema, que se diz democrático, a rejeição total de todas as propostas eleitorais, é ponto da partida para uma especulação sobre o sistema político, o seu caráter democrático ou antidemocrático, a cegueira do povo - ou a sua repentina lucidez. Uma esperança?
Quem conhece a obra de José Saramago saberá que o romance de certeza não oferecerá respostas óbvias ou fáceis, embora que as reações das autoridades nesta situação romanesca sejam absolutamente previsíveis: Em vez de se interrogar sobre os motivos que terão os eleitores para votar branco, o governo decide desencadear uma vasta operação policial para descobrir qual o foco infeccioso que está a minar a sua base política e eliminá-lo.
Ensaio sobre a Lucidez mostra a escura combinação entre a democracia vazia inventada pela burguesia e o poder da grande mídia para manter a dominação. Mas, tal como o título indica, vê brechas por onde pode passar a luz da resistência popular. Esse romance tem uma ligação direta com Ensaio sobre a Cegueira, também de Saramago, publicado em 1995. Direta e oposta. Afinal, lucidez vem do latim lucidi, que tem a ver com luz, brilho, clareza. O que seria falta de visão e pessimismo no primeiro Ensaio de Saramago, neste último é otimismo e horizontes que se abrem.
Ensaio sobre a Lucidez constitui uma representação realista e dramática da grande questão das democracias no mundo de hoje: serão elas verdadeiramente democráticas? Representarão nelas os cidadãos, os eleitores, um papel real, e não apenas meramente formal?
Disse Saramago, numa entrevista à RTP, que “se Ensaio sobre a Lucidez não causar polêmica é porque a sociedade dorme”, Pelo menos a atenção pública que o romance já teve, dá razão a certo otimismo.
GRANDES NOMES DA LITERATURA


JOSÉ SARAMAGO
(Wikipédia)

José de Sousa Saramago (Azinhaga, 16 de Novembro de 1922) é um escritor, roteirista, jornalista, dramaturgo e poeta português, galardoado em 1998 com o Nobel da Literatura. Também ganhou o Prémio Camões, o mais importante prémio literário da língua portuguesa. Saramago é considerado o responsável pelo efetivo reconhecimento internacional da prosa em língua portuguesa.[1]
Nasceu na província do Ribatejo, no dia 16 de novembro, embora o registo oficial apresente o dia 18 como o do seu nascimento. Saramago, conhecido pelo seu ateísmo e iberismo, é membro do Partido Comunista Português e foi director do Diário de Notícias. Juntamente com Luiz Francisco Rebello, Armindo Magalhães, Manuel da Fonseca e Urbano Tavares Rodrigues foi, em 1992, um dos fundadores da Frente Nacional para a Defesa da Cultura (FNDC). Casado com a espanhola Pilar del Río, Saramago vive actualmente em Lanzarote, nas Ilhas Canárias.
Autodidata, aos 25 anos publica o primeiro romance Terra do pecado (1947), mesmo ano de nascimento de sua filha, Violante, fruto do primeiro casamento com Ilda Reis – com quem se casou em 1944 e permaneceu até 1970 - nessa época, Saramago era funcionário público; em 1988, se casaria com a jornalista e tradutora espanhola María del Pilar del Río Sánchez, que conheceu em 1986, ao lado da qual continua a viver. Em 1955, começa a fazer traduções para aumentar os rendimentos – Hegel, Tolstói e Baudelaire, entre outros autores a quem se dedica.
Depois de Terra do Pecado, Saramago apresenta a seu editor o livro Clarabóia, que, rejeitado, permanece inédito até hoje. Saramago persiste nos esforços literários e, 19 anos depois – então funcionário da Editorial Estudos Cor - troca a prosa pela poesia e lança Os poemas possíveis. Em um espaço de cinco anos, depois, publica sem alarde mais dois livros de poesia, Provavelmente alegria (1970) e O ano de 1993 (1975). É quando troca também de emprego, abandonando a Estudos Cor para ingressar nos jornais Diário de Notícias, depois no Diário de Lisboa. Em 1975, retorna ao Diário de Notícias como diretor-adjunto, onde permanece por dez meses, até 25 de novembro do mesmo ano, quando os militares portugueses intervêm na publicação (reagindo ao que consideravam os excessos da Revolução dos Cravos) demitindo vários funcionários. Demitido, Saramago resolve dedicar-se apenas à literatura, substituindo de vez o jornalista pelo ficcionista