quinta-feira, 28 de abril de 2011

UM DEDO DE PROSA

PROCURA-SE

Procura-se uma lembrança perdida no tempo. Lembrança esta capaz de fazer-me criança novamente; capaz de transportar-me - nos braços das pueris recordações - à saudade da minha longínqua infância e ao que de mais puro deixei por lá.
Procura-se uma infância esquecida pelo tempo. Infância esta responsável por todas as boas lembranças registradas em minha mente e arquivadas no meu coração cuja bateria está prestes a descarregar em definitivo, porém, resistindo firmemente às dores da saudade e à cruel imparcialidade do deus Cronos.
Procura-se a pureza de um coração infantil. Pureza esta corrompída pelo tempo e desprezada pela imaturidade dos que se dizem maduros e prontos para corresponderem aos impulsos do cérebro cujo chip foi danificado quando da sua suposta maturação, quando do seu envelhecimento.
Procura-se, enfim, um dispositivo que permita retroceder o tempo e rebobinar o filme em que ficaram gravadas todas as boas lembranças de outrora cujas recordações provocam o rejuvenescimento dos corações que inda se alimentam com o saudosismo e sorriem para o envelhecimento, que os aguarda pacientemente.
MEUS VERSOS LÍRICOS

ESTRIPULIAS DE UM CASAL APAIXONADO
(Joésio Menezes)

Tentando apimentar
O seu relacionamento
Ela resolveu comprar
Alguns novos incrementos
Que quebrassem a rotina
E injetassem adrenalina
Ao seu sólido casamento:

Uma calcinha fio-dental,
Um baby-doll transparente,
E um óleo corporal
Seriam suficientes
Para acordar a libido
Que nela e no marido
Dormia profundamente.

Foi aí que uma amiga
Recomendou-lhe cuidado,
Pois numa relação antiga
Fica o casal acomodado
E quando se demora
Acender o fogo de outrora,
Ao corpo é arriscado.

Ele não aguenta mais
Estripulias desgastantes
Como os fetiches sexuais
Em demasia excitantes.
O corpo, velho e cansado,
Após o fato consumado
Sofre dores constantes.

Mas, sorridente e fogosa,
Ela sequer deu atenção
À amiga cuidadosa
E cheia de preocupação
Com os “efeitos colaterais”
Das estripulias sexuais
Num casal quase ancião.

-“Meu marido vai gostar
Da minha dança sensual
Que a ele hei de mostrar,
De baby-doll e coisa e tal.
Logo depois me despirei
Mostrando-me ao meu rei
Apenas de fio-dental.

O que acontecerá depois
Eu não poderei dizer,
Apenas que nós dois
Nos fartaremos do prazer
Pelo amor provocado
A um casal apaixonado
E sem nada a temer”.

Disse isso e foi-se embora
Requebrando os quadris,
De uma jovem senhora
Tão fogosa quanto feliz...
Em seu rosto transparecia
O desejo que a faria
Do esposo uma meretriz.

Mas como bem previu
A amiga preocupada,
Seu corpo não resistiu
Aos trancos da noitada.
E ela, então, ligou
Para a amiga e falou
Que estava prejudicada.

Disse que iria faltar
Ao trabalho naquele dia,
Pois o corpo, médio-secular,
Intensamente lhe doía.
Alegava que um indesejado
E traiçoeiro resfriado
Fortemente lhe consumia.

Sua história mal contada
A ninguém convenceu,
Muito menos à dedicada
Amiga que Deus lhe deu.
E foi essa sua amiga
Que, sem fazer intriga,
Me contou o que ocorreu.

Por isso estou aqui
Contando-lhes em poesia
O que dessa moça ouvi
Sobre a tal estripulia
Do casal apaixonado
Que sofreu um bocado
Após sua noite de orgia.

Se é verdade ou não
O que me foi relatado
Sobre o quase ancião
Casal apaixonado
Não fico sem dormir,
Mas já posso presumir
Que serei “excomungado”.

E se excomungado eu for
Por estes versos insolentes
Peço-lhes um favor:
Digam que sou inocente
E que só faço poesia,
Inda que, em demasia,
Alguns fatos eu aumente.
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA E UNIVERSAL

ALMA MINHA GENTIL, QUE TE PARTISTE
(Luís Vaz de Camões)

Alma minha gentil, que te partiste
Tão cedo desta vida descontente,
Repousa lá no Céu eternamente,
E viva eu cá na terra sempre triste.

Se lá no assento Etéreo, onde subiste,
Memória desta vida se consente,
Não te esqueças daquele amor ardente,
Que já nos olhos meus tão puro viste.

E se vires que pode merecer-te
Algũa cousa a dor que me ficou
Da mágoa, sem remédio, de perder-te,

Roga a Deus, que teus anos encurtou,
Que tão cedo de cá me leve a ver-te,
Quão cedo de meus olhos te levou.


O SONETO
(Vivaldo Bernardes de Almeida)

São apenas quatorze os versos do soneto,
sacrário misterioso do mágico poeta
quando supera o músico e o seu minueto
e, do alto do soneto, vê a sua joia completa

garimpada no imo extremo do seu Cord,
relicário das mais profundas emoções,
condimento dosado em doridas poções
que nos fazem ouvir um mavioso acorde.

Do diminuto espaço, entornam grandes dores,
derrama-se a saudade, explode a paixão...
e dos olhos do poeta pingam os amores

perdidos nas entranhas do seu coração,
embora ainda exalem os mesmos odores
e o morno calor dum mui antigo vulcão.
CRÔNICA DA SEMANA

NÓS, MULHERES!
(Taís Luso)

Se todas nós fôssemos belas, simpáticas e atraentes; se fôssemos ótimas amantes e profissionais bem sucedidas; se cuidássemos dos filhos, da casa, da empregada e fizéssemos parte de algum voluntariado... puxa vida, seríamos fantásticas!
Pois é, mas não estamos com toda essa bolinha apesar de sermos bombardeadas por uma mídia que apela para sermos a “Mulher-Maravilha”, custe o que custar. E não tendo muita estrutura para agüentarmos tal imposição, saímos desatinadas à procura da academia mais próxima ou de uma clínica que nos ofereça “o pacote milagroso”, ou seja, a promessa de virarmos um mulherão, pelo menos em termos de beleza.
Malhamos como loucas, e, muitas vezes, saímos da academia com a sensação de termos virado uma Barbie. Já estamos com a cabeça feita: mulher tem de ser magra, esquelética, quase anoréxica.
Está tudo à nossa disposição: desde aulinhas cafonas, ensinando como sermos mais sensuais, até um festival de implantes de silicone.
Sensualidade não se aprende, é algo espontâneo. Cada mulher tem a sua peculiaridade; se não agradar aos gregos, agradará aos troianos...
O cuidado com nosso corpo é necessário, mas parece que perdemos o sentido exato das coisas. Estamos parecidas com robôs: cabelos iguais, lisos e repartidos; barrigas à mostra de todos os tamanhos e formas; muito silicone alterando medidas equilibradas ou muitas vezes nos impedindo de sorrir, travando nossa expressão facial.
Enfim, estamos uniformizadas; parece-me que fazemos parte de uma única escola, tudo cai bem para todas: o que veste a magra, a gorducha abocanha. E mais: temos ainda como opção, a lipoescultura. Essa técnica nos dá, de imediato, o contorno corporal adequado. Fantástico! Mas nada contra a lipoescultura: falo do exagero. E falo daqueles peitinhos horrorosos - que não são seios - de 500ml de silicone carregando frágeis criaturas parecendo embuchadas.
Mas depois de estarmos belas e formosas, de termos comido o pão que o diabo amassou, saímos a desfilar em companhia do nosso barrigudo, careca e gordo. Mas sendo homem, tá feito o embrulho; ma-ra-vi-lha! E não tem jeito: haverá sempre um atenuante para esses lindos gorduchinhos, pois mulher quando gosta, mascara. É uma atitude singular. Somos diferenciadas: trazemos à nossa vida amorosa, aquela coisa de mãe, gostamos apesar de feios, gordos e barrigudos. Por isso é que muitos estão tão à vontade...
Porém o contrário raramente ocorre: “A gorda tem namorado? Bá... o cara tá doente!”.
Mas falando sério, e apesar dessas firulas, podemos nos orgulhar diante da luta pela nossa emancipação.
A nossa verdadeira história é marcada a ferro e fogo à procura de um espaço nobre, seja nas artes, na literatura ou em outras áreas. Somos um Exército avançando e tomando posse do que nos é devido. Nada mais justo. E não seremos “desaforadas” por pretendermos chegar a um cargo maior...
Bom seria se fôssemos reconhecidas pelo que escrevemos ou falamos e não por termos lábios carnudos, peitos enormes e bumbum empinado.
Bom seria se fôssemos reconhecidas como profissionais capacitadas nas áreas técnicas com o mesmo reconhecimento e remuneração dispensada aos homens.
Bom seria se, após uma vida de trabalho, não sentíssemos o desconforto por estarmos aposentadas e o vazio de uma vida vista como improdutiva.
Bom seria se fosse reconhecido o nosso espírito de abnegação.
Bom seria se, na velhice, fôssemos cercadas de atenções, de paciência e de amor. Bom seria, se tivéssemos o reconhecimento dos filhos, como mães amorosas que tentaram acertar...
Mas ótimo seria se, na condição de mulher, não precisássemos matar um leão por dia para provar do que somos capazes.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

UM DEDO DE PROSA

NAS ENTRELINHAS DO LIVRO PASCAL

Ás vésperas do DIA MUNDIAL DO LIVRO (celebrado no dia 23/04) e do DOMINGO DE PÁSCOA (dia 24/04), em que se celebra a ressurreição de Jesus Cristo, muitos são os incrédulos que desprezam os dois (o livro e a páscoa), pouco se importando com o que cada um representa na vida de quem os respeita e para eles dedica alguns minutos do seu precioso tempo.
É o LIVRO um instrumento de libertação e pacificação mental; um elo de ligação entre o imaginário e o real; um passaporte vitalício para o Universo das Letras, por meio do qual o seu usuário viaja pelo mundo inteiro, inclusive por lugares “nunca dantes navegados”, explorando e incentivando o conhecimento de novos horizontes sem fronteiras.
É a PÁSCOA um momento único de reflexão e purificação espiritual; um elo de ligação entre o homem (o pecador) e Deus (o Perdão); o ponto de equilíbrio entre corpo e alma; um passaporte introspectivo à empatia entre os homens, sejam eles Judeus ou Cristãos; um capítulo à parte do LIVRO chamado VIDA, cujo amor entre os seus semelhantes deveria vir em primeiro lugar.
Nesse caso, são os dois de vital importância no que diz respeito à formação crítica, social e religiosa de cada membro que compõe a raça humana, tão vulnerável à ignorância, ao desamor, à insensibilidade, à falta de compaixão e, principalmente, à incredulidade.
MEUS VERSOS LÍRICOS

FAGULHAS DA PAIXÃO
(Joésio Menezes)

Pelos quatro cantos do mundo
Corri em busca do nada,
E nessa minha caminhada
Encontrei o amor profundo

Que fez de mim um moribundo
De alma vadia e penada.
E foi nessa longa jornada
Que recebi o fecundo

Dom da palavra escrita
Que, numa pequena pepita
Chamada de “meu coração”,

Acendeu a intensa chama
De um fogaréu que inflama
As fagulhas da minha paixão.


À BRASÍLIA CINQUENTENÁRIA
(Joésio Menezes)

Bate o sino da Catedral
Anunciando o aniversário
Da Capital Federal,
O eterno santuário
Das artes e da Cultura,
Das religiões e da arquitetura
De Oscar e correligionários.

E o som das badaladas
Do sino da Catedral
Ecoa pela Esplanada
Até o Eixo Monumental...
E sob o Céu azul
Das Asas Norte e Sul
Faz o vento um recital

À jovem cinquentona
Mais charmosa do Brasil
Que no calendário abona
O vinte e um de abril
Como data oficial
Do aniversário da Capital
Da nossa “Pátria-Mãe-Gentil”.

E enquanto badala o sino
No alto da Catedral,
Os poetas recitam o Hino
Da Capital Federal...
E para encerrar a festa,
A Esplanada se infesta
De pardais, num lindo coral.
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA

A POESIA DA PÁSCOA
(Gilberto Costa)

A poesia imergiu-se no pão.
Aninhou todos os seus versos
No coração dos cristãos
E se fez luz! E se fez vida!
E renovou suas almas na Messe!
E viu sua crença estendida!
E sentiu sua querência viva!
A poesia pediu para ser partida
- Um dia antes de sua partida –
E se deu aos seus leitores
Para neles ser promovida,
Aliviando suas dores,
Numa rima nunca sentida!


O LIVRO DA VIDA
(Natália Nuno)

Meu livro está coberto de pó
Caem folhas deste meu livro da vida
Pouco a pouco vou ficando mais só
No peito uma ferida
Que é página esquecida.
O amor era o pilar
Da nossa janela ensolarada
Adivinho o futuro encosto-a devagar
Sinto o calor do teu corpo daqui a nada.
Folheio e vou sonhando
Olho as sardinheiras floridas
E o livro vou folheando
É a minha vida inteira,
nestas folhas caídas.
Neste livro se lê
Que te amei de verdade
E ainda assim sem eu saber porquê!?
As folhas molho com lágrimas de saudade.
Perdi quase tudo até o medo de morrer
Este livro está velho como a vida
E hoje dou comigo a descrever
Memórias duma memória enlouquecida.
Guardei as folhas do fim
Vivo à espera do que há de chegar
Do abraço quando te chegas a mim
Do livro que há de acabar
Quando a vida de ti me afastar.
CRÔNICA DA SEMANA

TRIBUTO À TEMPESTADE
(Davi Roballo)

Em meu divagador andar, pelas sendas de minha salutar insanidade, encontrei agora há pouco um ancião, que nos corredores da vivência já curtido pela experiência se fez poeta e cantor.
Aquele ser de cabelos brancos bailava nos braços da brisa e entoava um tributo à tempestade. Voltado para um redemoinho de papiros, penas e escritos saudava aquela força em ventos, a cantar alegremente sua renovação e êxtase pelo cultivo de sua liberdade.
O vi como um pássaro livre a revoar no horizonte, longe dos cárceres voluntários. De sua boca saía um canto magistral em forma de luzes que me prenderam a atenção:
Tempestade, majestosa tempestade cognitiva!... Daqui da janela de meu paraíso, observo-te sorridente. Feliz, encontro-me radiante a observar-te a arrasar as plantações equívocas que se arraigaram nas glebas de minha alma. Concomitante, admiro contriste ao largo no horizonte e aos meus pés onde aterrado encontra-se meu paraíso, grandes árvores acorrentadas ao chão pelos guardiões da estupidez, para não curvarem-se diante de tua força e sutileza.
Tempestade, minha grande destruidora e reconstrutora tempestade de leitura!... Como pude considerar-te algoz, quando na verdade queria libertar-me das prisões escuras e frias, onde me submeteram os déspotas que seqüestraram as causas primeiras das verdades, por terem elas ferido seus brios, calcado suas empáfias e calado fundo a espada racional em seus pérfidos corações?...
Tempestade, minha profícua tempestade!... Não me causam mais temor, teus raios, trovões e tufões que me transportam para lindos e contemplativos prados, onde me deleito em teu seio esplendido a contemplar o verdadeiro cenário divino.
Tempestade, minha doce tempestade de livros!... Teus ventos uivantes não me açoitam no pensar e no construir, como acreditara eu antigamente. Tuas torrentes acariciam-me o livre pensar e faz-me um eterno artífice de mim mesmo, que quando obsoleto torna-se este edifício Eu, que destruído é por tua força e surge uma nova edificação em conformidade com o tamanho de meu espírito a crescer dia a dia, graças a ti, majestosa tempestade de letras!...

terça-feira, 12 de abril de 2011

UM DEDO DE PROSA

TÚNEL DO TEMPO

Sou do tempo da fita cassete e do compacto de vinil. Tempo do Volkswagen SP2, da máquina de escrever, da radiola, da televisão Telefunken, da enceradeira Walita e dos refrigerantes Crush e Bidu. Tempo da lâmina de barbear Platinum-Plus, das colônias Seiva de Alfazema e Tabu, da pomada Minâncora e dos sabonetes Gessy e Phebo. Tempo das calças e camisas US Top. Tempo das lojas Arapuã, da Sears, das Casas da Banha e do Supermercado Jumbo.
Sou do tempo em que homens e mulheres dançavam de rostos colados ao som de Pholhas, Lobo, Demis Roussos, Nazareth e Creedence Clearwater Revival. Tempo em que as festas começavam às 19 horas e terminavam - quando muito tarde - a uma hora da manhã. Tempo em que essas mesmas festas eram realizadas em casas de famílias - por ocasião de um batizado, aniversário ou casamento – cujas portas ficavam abertas a todos que estivessem a fim de se divertir, independentemente de serem conhecidos ou não.
Sou do tempo em que os pais podiam educar seus filhos à moda antiga, aplicando-lhes, inclusive, o castigo físico sem o risco de serem presos. Tempo em que os professores tinham liberdade para ensinar e eram respeitados, principalmente, pelos alunos. Tempo em que as pessoas mais velhas eram tratadas com carinho e respeito. Tempo em que conseguíamos diferenciar o policial do bandido. Tempo em que as escolas eram os lugares mais seguros – além das nossas casas – para se deixar um filho...
Enfim, sou de um tempo em que as boas lembranças são em maior número que as más (se é que elas existem!). Um tempo do qual sinto saudades e tudo eu daria para revivê-lo ao menos por mais um minuto.
MEUS VERSOS LÍRICOS

SONETO DO AMOR VITAL
(aos amigos Vital e Patrícia)


Se para ambos o amor é vital,
De igual modo é a felicidade...
Ele – o patronímico Vital –
Por ela sente amor de verdade.

Ela – a professora passional –
Vive amigável cumplicidade
Com quem busca um amor ideal
Para vivê-lo até a eternidade.

Os “dois amantes” - na auge da paixão -
“Carne e unha” dizem que são
E que acreditam no amor ilimitado...

E sendo esse amor tão transparente,
Que Deus os ilumine eternamente,
Mantendo-os assim: apaixonados.


O AMOR DE RITA E LENINE
(Joésio Menezes)

“Anna e eu” falávamos de amor
E dos “conflitos” que o coração
Provoca sempre que uma “flor’
Representa “a medida da paixão”

Quando “dois olhos negros” de pudor
Imaculado – “acredite ou não” -
Saíram da “suíte do pescador”
Com sua “crença” na palma da mão.

Era “Rita”, que não se define
“Naturalmente” se ama Lenine
Ou se é apenas “paixão passageira”...

Mas o que “ninguém faz ideia”, também,
É que o amor vai bem “mais além”
Do “escrúpulo” da paixão verdadeira.
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA

UM OLHAR SUPERLATIVO
(Elcio Tuiribepi e Edu Toribe)

Fico a me indagar
Porque me fitas desse jeito
Com esse olhar superlativo
E não raro, sente-me assim
Inusitadamente aumentativo
Macro gente, macro alma
Com uma gentura que acalma
Por isso gigantesco mesmo
É a amplidão do teu olhar
Tanto que me vê assim
Muito além das paisagens
Muito mais além de mim
Muito mais além enfim
Do que realmente sou
Já que possuo apenas
Um olhar enternecido
Um sentir mais aguçado
E um perceber quase sem fim
De tanto mais amadurado
Que vê, sente e traduz
Inexprimível e emocionado
O que tantos outros olhos
Sem querer não podem ver
Sendo assim, aceito-me
Só por alguns instantes
Ser o reflexo do seu olhar
Esse que dilata sem limites
E me amplia sem fronteiras
Tão além, tão mais extenso
Tão além, tão mais imenso
Dando-me a chance também
Não somente, acredite
De sobremaneira te alcançar
Por isso incontido
Te concedo mil afetos
Amanheço em teus olhos
E feito sol, feito mormaço
Te aqueço em meus braços
Até que te beijo, te abraço
E feito fita, feito laço
Te enfeito, te enlaço
Tua vida, tua lida
Minha alma, teu regaço


JADE
(Silvia Regina Costa Lima)

Em meu braço, o bracelete,
verde-azul de um puro jade
(belas flores no ramalhete)
atestavam amor e saudade.

Bem digno de um palacete,
esse símbolo de eternidade
era mais que um lembrete:
um sinete de feminilidade.

Entre as flores e as samambaias
havia todo esplendor dos Maias
no doce presente do meu amado.

E o tempo parou um instante
porque estava ali bem diante
de um lindo talismã sagrado!
CRÔNICA DA SEMANA

O PARTO, A PRÓSTATA E A VINGANÇA
(Luiz Fernando Veríssimo)

Ela com 19 e eu com 20 anos de idade. Lua-de-mel, viagens, prestações da casa própria e o primeiro bebê, tudo uma beleza.
Anos oitenta, a moda na época era ter uma filmadora do Paraguai. Sempre tinha ou tem um vizinho ou mesmo amigo contrabandista disposto a trazer aquela muambinha por um precinho muito bom!
Hora do parto, ela tinha muita vergonha, mas eu, teimoso, desejava muito eternizar aquele momento.
Invadi a sala de parto com a câmera no ombro e chorei enquanto filmava o parto do meu primeiro filho. “Não, amor! Que vergonha!”
Todo mundo que chegava lá em casa era obrigado a assistir ao filme.
Perdi a conta de quantas cópias eu fiz do parto e distribuí entre amigos, parentes e parentes dos amigos. Meu filho e minha esposa eram os meus orgulho e tesouro.
Três anos se passaram aí nova gravidez, novo parto, nova filmagem, nova crise de choro, tudo como antes. Como ela "categoricamente" me disse que não queria que eu a filmasse dessa vez, sem ela esperar, invadi a sala de parto e mais uma vez com a câmera ao ombro cumpri o mesmo ritual.
As pessoas que me conhecem sabem que em mim havia naquele momento apenas o amor de pai e marido apaixonado nesse ato. O fato de fazer diversas cópias da fita era apenas uma demonstração de meu orgulho.
Agora eu com 50 ela com 49. Nada que se comparasse ao fato de ela, nessa semana, num instinto de vingança, invadisse a sala do meu urologista, com a câmera ao ombro, filmando o meu exame de próstata.
Eu lá, com as pernas naquelas malditas perneiras, o cara com um dedo (ele jura que era só um!) quase na minha garganta e minha mulher gritando:
- Ah! Doutoooor! Que maravilha! Vou fazer duas mil cópias dessa fita! Semana que vem estou enviando uma para o senhor!
Meus olhos saindo da órbita fuzilaram aquela cachorra, mas a dor era tanta que não conseguia nem falar.
O miserável do médico, pra se exibir, girou o dedão!!! Ah! eu na hora vi o teto a dois centímetros do meu nariz.
E a minha mulher continuou a gritar como se fosse um diretor de cinema:
- Isso, doutor! Agora gire de novo, mais devagar dessa vez. Vou dar um close agora...
Na hora alcancei um sapato no chão e joguei na maldita.
Agora amigos, estou escrevendo este e-mail pedindo aos amigos, parentes e outro mais que se receberem uma cópia do filme, que o enviem de volta para mim.
Eu pago a taxa de reembolso.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

UM DEDO DE PROSA

QUER SABER QUEM É O HOMEM?... DÊ A ELE O PODER!

Já me cansei de tentar entender o comportamento do ser humano diante das circunstâncias que o fazem sentir-se soberano. E por causa disso, cheguei à conclusão que é perda de tempo tentar fazê-lo! Acho, inclusive, que nem mesmo Freud explica o porquê de os homens serem tão vulneráveis ao mau-caratismo, à corrupção e, principalmente, ao egocentrismo.
Eles mal assumem um cargo de confiança na esfera pública e já começam a botar as garras de fora. Ainda que não tenham nenhuma mácula que desabone o seu caráter moral, depois que chegam ao poder adotam o lema “que se dane o mundo, pois eu não me chamo Raimundo!”.
Se eleitos são para representarem o povo, os seus representados são eles próprios e todos aqueles que fazem parte do seu grupo familiar, além de alguns poucos integrantes do grupo de amigos bem próximos. E só voltam a se lembrar daqueles que os colocaram no poder quando se aproximam as eleições.
Tolos são os que ainda acreditam nos seus discursos demagogos e cheios de “boas intenções”; nas suas promessas, nos seus apertos de mão seguidos de um tapinha nas costas; nas suas juras de fidelidade à ética e à moral, nas suas preocupações com o bem-estar do povo...
É por essas e outras que não mais dou credibilidade ao que dizem nossos políticos, nem mesmo àqueles que um dia foram nossos amigos.
“Quer saber quem é o HOMEM?... Dê a ele o PODER!”
MEUS VERSOS LÍRICOS


BORBOLETEANDO
(Joésio Menezes)

És mais que borboleta
nos verdes campos a voejar,
és simplesmente a silhueta
de um arcanjo a nos guiar.

És bem mais que fantasia
e muito mais que amores;
és a epigênese da poesia
ornamentada de pudores.

És musa do Universo
cantada em prosa e verso
por cancioneiros e trovadores.

És como o canto da sereia
que, sob a luz da lua cheia,
seduz os poetas sonhadores


MEUS ESCRITOS
(Joésio Menezes)

“Nas Asas da Poesia”
Meus versos surgiram, enfim.
E com “Fragmentos de Mim”
Completaram minha alegria.

Desde então, os meus dias,
Antes sem graça e ruins,
Ganharam um brilho sem fim,
Como há muito eu não via.

E pouco a pouco meus escritos
Chegam aos corações aflitos
E aos apaixonados, também,

Fazendo deles sua morada.
E mesmo que não digam nada,
Conseguem encantar alguém.
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA E UNIVERSAL

QUADRO SUBLIME
(Maria Nunes de Andrade)

Envolta em rendas e nevado linho,
Dorme no berço angelical criança,
Qual ave implume que, em mimoso ninho,
Entre as ramagens do vergel, descansa.

E a jovem mãe daquele loro anjinho,
num doce enlevo, o filho seu balança
E, a sorrir-lhe com maternal carinho,
Se embala em sonhos de ternura e espr'ança.

Sublime quadro, de beleza infinda,
formam a meiga criancinha linda
E a mãe, que a ama com fremente ardor;

São almas belas, cheias de doçura:
Uma - inocente, divinal e pura,
Outra - vibrante de ternura e amor.


O MUNDO DO SERTÃO
(Ariano Suassuna)

Diante de mim, as malhas amarelas
do mundo, Onça castanha e destemida.
No campo rubro, a Asma azul da vida
à cruz do Azul, o Mal se desmantela.

Mas a Prata sem sol destas moedas
perturba a Cruz e as Rosas mal perdidas;
e a Marca negra esquerda inesquecida
corta a Prata das folhas e fivelas.

E enquanto o Fogo clama a Pedra rija,
que até o fim, serei desnorteado,
que até no Pardo o cego desespera,

o Cavalo castanho, na cornija,
tenha alçar-se, nas asas, ao Sagrado,
ladrando entre as Esfinges e a Pantera.
CRÔNICA DA SEMANA

É ASSIM O AMOR
(Patrícia Ximenes)

Não tenho dúvidas da força de um amor, nem do poder de inúmeras afinidades.
Creio que esse sentimento é sublime.Muitos o sentem, alguns recebem e poucos valorizam.
Diferente do que se pensa ou do que se teme, amar não é abdicar da própria personalidade. Amar é somar vontades, unir realidades, multiplicar compreensões e dividir segredos, sonhos...
Realizando essas “quatro operações”, você desfrutará de um amor que fará bem ao coração.
Um amor de aparências não se sustenta, até que disfarça, mas não dura, não evolui.
Ter um amor verdadeiro requer ao menos que sejamos também verdadeiros com os nossos sentimentos, pois o coração não se engana, sabe a quem ama e comanda com quem queremos ficar!