terça-feira, 29 de setembro de 2009

UM DEDO DE PROSA


AQUECIMENTO GLOBAL

Se hoje eu fosse escrever algo, escreveria a respeito do calor infernal por que passamos aqui em Brasília. Mas para isso, eu deveria entender ao menos um pouco de meteorologia para compreender melhor o que está acontecendo, pois enquanto aqui parece estarmos à beira de um vulcão, mais uma vez o Sul do país está submerso nas águas que caem impiedosamente do céu. Por lá, parece que um novo dilúvio está na iminência de acontecer, enquanto por aqui a sensação que temos é que o calor está superior às caldeiras do inferno.
Todos os dias são noticiadas na televisão, nos jornais e revistas as catástrofes climáticas e as mudanças que estão ocorrendo, rapidamente, no clima mundial. Nunca se viu mudanças tão rápidas e com efeitos devastadores como tem ocorrido nos últimos anos.
As causas apontadas pelos cientistas para justificar este fenômeno podem ser naturais ou provocadas pelo homem. Contudo, cada vez mais as pesquisas nesta área apontam o homem como o principal responsável.
Dizem ainda as pesquisas que tudo isso por que estamos passando é proveniente do “Aquecimento Global”, que está ocorrendo em função do aumento da emissão de gases poluentes, principalmente derivados da queima de combustíveis fósseis (gasolina, diesel, etc), na atmosfera. Estes gases (ozônio, dióxido de carbono, metano, óxido nitroso e monóxido de carbono) formam uma camada de poluentes, de difícil dispersão, causando o famoso efeito estufa. Este fenômeno ocorre, pois, esses gases absorvem grande parte da radiação infra-vermelha emitida pela Terra, dificultando a dispersão do calor.
Se a humanidade é tão nociva a si mesma, pois está destruindo seu próprio habitat, por que então ela não se conscientiza disso e para de fabricar carros, ou de derrubar árvores, ou de produzir meios que levem ao fim do planeta? Por que os homens não buscam viver em paz com a natureza e, consequentemente, consigo mesmos?
Perguntas cujas respostas gostaríamos de ter na ponta da língua; e enquanto elas não vêm, compremos um leque e tomemos muito líquido.
MEUS VERSOS LÍRICOS

PARALELISMO INEXISTENCIAL
(Joésio Menezes)

Não existe noite sem o dia,
Não existe primavera sem flor,
Não existem conquistas sem sabedoria,
Não existe poesia sem amor.
Não existe bem sem o mal,
Não existem fantasias sem o real,
Não existem desejos sem pudor.

Não existe vida sem o Criador,
Não existe pecado sem perdão,
Não existem sonhos sem sonhador,
Não existem perspectivas sem visão.
Não existe morte sem a vida,
Não existe adeus sem despedida,
Não existem problemas sem solução.

Não existe romance sem paixão,
Não existem apaixonados sem recaída,
Não existe libido sem atração,
Não existe chegada sem partida.
Não existe inferno sem o céu,
Não existe própole sem mel,
Não existe futebol sem torcida.

Não existe refúgio sem acolhida,
Não existe ausência sem saudade,
Não existe ladeira sem subida,
Não existe espera sem ansiedade.
Não existe perda sem procura,
Não existe medicina sem a cura,
Não existe saúde sem enfermidade.

Não existe tristeza sem felicidade,
Não existe música sem melodia,
Não existe guerra sem maldade,
Não existe paz sem harmonia.
Não existe canção sem compositor,
Não existem livros sem escritor,
Não existe poeta sem poesia...


DOR DE POETA
(Joésio Menezes)

O que sente o poeta
não é uma dor doída
nem "a dor que deveras sente",
tampouco uma dor fingida,
mas uma dor quase discreta
presente no coração de quem sente
prazer em viver sua vida
meio abstrata, meio concreta
ou meio vida, simplesmente...
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA


AMAZONA
(Virgínia Fulber)


Cavalgando vento
Amazona estou
com meu verbo
- arco e flecha -
atiro versos ao louvar-te
berço verdejante

Quando os homens brancos
esquecem dos bebedouros
na vileza
somos nós mulheres
águas hábeis
entre lágrimas, canto
filhos encantos
a chamar vos
ao lar

A voltar vossos olhos
sobre si mesmos
a pensar sobre a caça desmedida
sobre a ganância que mata fêmeas
nascentes de rios e, florestas...

Hoje a deusa necessidade pede
espaço ao amor
à solidariedade bela
que faz sua casa na arte
e na guerrilha
que chamamos Poesia.


OS ESQUECIDOS
(Aline Simone Paula Rodrigues)

Eles não têm casa,
Dormem no chão.
Para alguns, são desgraçados
Que não merecem um pão.

São pobres, descalços,
Sem roupas e sem amigos,
Pois vivem nas calçadas
Procurando um abrigo.

Esses homens pobres
Necessitam de compaixão
Eles não merecem sobras
E nem o pé no chão.

Vivem à procura de teto,
Fugindo da solidão.
Muitos não lhes dão afeto
E nem um pedaço de pão.

Essa é a consciência bruta
Das pessoas que não conseguem ver
O seu semelhante
Que não conhece o amanhecer
CRÔNICA DA SEMANA


WINDOWS" PARA O MUNDO!!!
(Djanira Luz)

Bill Gates quando criou o software Windows, revelou-se um visionário. Com ele o mundo aprendeu a sonhar, a ir mais à frente, a chegar mais longe, a encurtar distâncias, a unir universos, a quebrar barreiras. Tudo isso devido a ele ter aberto “janelas” para o mundo...
Aproveitando a brecha de uma janela, venho dizer que prefiro janelas a portas. Fique claro que eu falo de uma forma figurativa. Bem, vou abrir a janela da minha mente para clarear os meus pensamentos.
Vejo portas como atitudes. Abro ou fecho para aquilo que me agrada ou não. Fecho porta e digo “não entre” para o importuno, para o inconveniente, para o incômodo, etc. Uma porta fechada para alguém é como dizer: “Não quero", "não posso", "não desejo", "retire-se”. Todas essas atitudes que tomamos quando não estamos satisfeitos com o outro o com a situação que o outro nos causa. É bem mais fácil fechar portas do que abrí-las...
Agora janelas são sentimentos. Janela foi projetada para que a luz do Sol e o ar entrem na casa. Janela é uma passagem onde os sentimentos podem circular livremente. Por ela posso observar, apreciar, analisar e assim dar uma opinião sincera.
Como porta, corro o risco de atitudes impensadas, precipitadas, de agir impetuosamente e fazer um julgamento injusto, beneficiando somente aquele ou aquilo que me agrada.
Deve ser por isso que existe aquele pensamento... “Quando nos fecham uma porta, Deus nos abre uma janela, para que vejamos algo de novo!" Sim, janelas são possibilidades!
Janelas são visões onde você pode parar para pensar e refletir nos seus possíveis erros, algumas falhas ou algo que precise melhorar.
Já fechei muitas portas, abri outras. Também fecharam algumas portas para mim, outras sempre estarão abertas, independente do que eu venha a fazer.
Prefiro a janela. Entre mim e ela há uma troca. Por ela observo, analiso, enriqueço, admiro, seja em casa, no trabalho, onde houver uma janela. Em recompensa, ela me ilumina e refresca meu interior dando-me ideias, visões e um mundo de infinitas possibilidades...
Portas são atitudes. Janelas, sentimentos... Envio, então, minhas "windows" para o mundo!!!

terça-feira, 22 de setembro de 2009

UM DEDO DE PROSA


É PRIMAVERA!!!

Mesmo diante de tanta catástrofe, de tanta violência, de tanta escassez de amor e de tanta falta de respeito para com a natureza e a própria humanidade, ainda nos restam os encantos e o fascínio da Primavera que, por pelo menos um quarto do ano, nos fazem refletir sobre o nosso tempo de permanência aqui na Terra.
É a Primavera a grande responsável pela esperança de um novo tempo, de novos frutos, de novas vidas, de lindas cores, de suaves odores, de grandes paixões, de eternos amores...
É a primavera a senha de reaproximação entre o homem e o Universo, entre o orbe e o firmamento, entre o canto dos pássaros e a harmonia dos sons, entre o perfume das flores e o balé das borboletas e colibris, entre a vida e a natureza, entre os poetas e a poesia, entre o todo e o seu Criador...
É a primavera a razão e a certeza de estarmos sempre sentindo a presença de Deus em nossas vidas, em nossos corações, diante dos nossos olhos.
Então, saudemos a sua chegada e curtamos tudo de bom que ela tem a nos oferecer!
MEUS VERSOS LÍRICOS



NAS ASAS DA POESIA
(Joésio Menezes)


Há muito tempo venho procurando
Encontrar-me com a felicidade,
E empurrado pela ansiedade
Muitos obstáculos vou encontrando.


Porém, com garra, sigo lutando
Até vencê-los, e com dignidade
Levanto a cabeça e vejo a mocidade
Que se foi, mas continuo sonhando...

Este sonho me levará aonde quero
E realizará o que há muito espero:
Encontrar a felicidade um dia.

E já que minha procura não tem fim,
Espero que a felicidade chegue a mim
De carona nas asas da poesia.


TEU SILÊNCIO
(Joésio Menezes)

O teu silêncio deixa-me ansioso,
E essa ânsia está judiando de mim...
Meu coração, otimista e piedoso,
Pede-me para não ficar assim.

Pede-me ele que seja esperançoso,
Pois em teu silêncio porás um fim
E me dirás, de um jeito carinhoso,
Que o teu silêncio quer dizer que SIM.

Então, querida, não demores tanto
A me responder, a ouvir meu pranto,
E tira-me logo essa ansiedade,

Pois teu silêncio judia e corrói
Este pobre peito que há muito dói,
Que há muito clama, implora piedade.
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA



FLOR-DE-LÓTUS
(Graciela da Cunha)


Flor branca que desabrocha
do lodo trazendo sua pureza,
abrindo pétalas imaculadas.
É a primavera que chega!


Cada passo que dou nesta
estrada lodosa é uma flor-de-lótus
brotando na marca do meu pé
e deixando fluídos de amor.

É amor primaveril que nasce
forte e puro. Como a pureza dela
pelos beija-flores, quero ser beijada!

Ela chega alegrando minha alma,
trazendo esperança nesta nova estação
que meu coração nunca deixou de existir.


MENTIRA
(Aíla Sampaio)

O desespero do mar
a quebrar nas pedras
é não poder tocar o céu
e viver essa ilusão
que os nossos olhos criaram
num ponto distante

Igual é o meu motivo
de ser triste:
ser lua e saber-te sol
viver da tua luz
sem poder ver que é
em mim que ela inside

De nada adianta eu pensar
que és minha fonte de vida
se o que eu sonhava - o eclipse -
é mentira, tal
o encontro do céu com o mar
na distraída linha do horizonte.
CRÔNICA DA SEMANA


AMOR É PROSA, SEXO É POESIA
(Arnaldo Jabor)

Sábado, fui andar na praia em busca de inspiração para meu artigo de jornal. Encontro duas amigas no calçadão do Leblon:
- Teu artigo sobre amor deu o maior auê... – me diz uma delas.
- Aquele das mulheres raspadinhas também... Aliás, que você tem contra as mulheres que barbeiam as partes? – questiona a outra.
- Nada... – respondo. – Acho lindo, mas não consigo deixar de ver ali nas partes dessas moças um bigodinho sexy... não consigo evitar... Penso no bigodinho do Hitler, do Sarney... Lembram um sarneyzinho vertical nas modelos nuas... Por isso, acho que vou escrever ainda sobre sexo...
Uma delas (solteira e lírica) me diz:
- Sexo e amor são a mesma coisa...
A outra (casada e prática) retruca:
- Não são a mesma coisa não...
Sim, não, sim, não, nasceu a doce polêmica ali à beira-mar. Continuei meu cooper e deixei as duas lindas discutindo e bebendo água-de-coco. E resolvi escrever sobre essa antiga dualidade: sexo e amor. Comecei perguntando a amigos e amigas. Ninguém sabe direito. As duas categorias trepam, tendendo ou para a hipocrisia ou para o cinismo; ninguém sabe onde a galinha e onde o ovo. Percebo que os mais “sutis” defendem o amor, como algo “superior”. Para os mais práticos, sexo é a única coisa concreta. Assim sendo, meto aqui minhas próprias colheres nesta sopa.
O amor tem jardim, cerca, projeto. O sexo invade tudo isso. Sexo é contra a lei. O amor depende de nosso desejo, é uma construção que criamos. Sexo não depende de nosso desejo; nosso desejo é que é tomado por ele. Ninguém se masturba por amor. Ninguém sofre de tesão. O sexo é um desejo de apaziguar o amor. O amor é uma espécie de gratidão posteriori pelos prazeres do sexo.
O amor vem depois, o sexo vem antes. No amor, perdemos a cabeça, deliberadamente. No sexo, a cabeça nos perde. O amor precisa do pensamento.
No sexo, o pensamento atrapalha; só as fantasias ajudam. O amor sonha com uma grande redenção. O sexo só pensa em proibições: não há fantasias permitidas. O amor é um desejo de atingir a plenitude. Sexo é o desejo de se satisfazer com a finitude. O amor vive da impossibilidade sempre deslizante para a frente. O sexo é um desejo de acabar com a impossibilidade. O amor pode atrapalhar o sexo. Já o contrário não acontece. Existe amor sem sexo, claro, mas nunca gozam juntos. Amor é propriedade. sexo é posse. Amor é a casa; sexo é invasão de domicílio. Amor é o sonho por um romântico latifúndio; já o sexo é o MST. O amor é mais narcisista, mesmo quando fala em “doação”. Sexo é mais democrático, mesmo vivendo no egoísmo. Amor e sexo são como a palavra farmakon em grego: remédio e veneno. Amor pode ser veneno ou remédio. Sexo também – tudo dependendo das posições adotadas.
Amor é um texto. Sexo é um esporte. Amor não exige a presença do “outro”; o sexo, no mínimo, precisa de uma “mãozinha”. Certos amores nem precisam de parceiro; florescem até, mas sozinhos, na solidão e na loucura. Sexo, não – é mais realista. Nesse sentido, amor é uma busca de ilusão. Sexo é uma bruta vontade de verdade. Amor muitas vezes e uma masturbação. Seco, não. O amor vem de dentro, o sexo vem de fora, o amor vem de nós e demora. O sexo vem dos outros e vai embora. Amor é bossa nova; sexo é carnaval.
Não somos vítimas do amor, só do sexo. “O sexo é uma selva de epiléticos” ou “O amor, se não for eterno, não era amor” (Nelson Rodrigues). O amor inventou a alma, a eternidade, a linguagem, a moral. O sexo inventou a moral também do lado de fora de sua jaula, onde ele ruge. O amor tem algo de ridículo, de patético, principalmente nas grandes paixões. O sexo é mais quieto, como um caubói – quando acaba a valentia, ele vem e come. Eles dizem: “Faça amor, não faça a guerra”. Sexo quer guerra. O ódio mata o amor, mas o ódio pode acender o sexo. Amor é egoísta; sexo é altruísta. O amor quer superar a morte. No sexo, a morte está ali, nas bocas... O amor fala muito. O sexo grita, geme, ruge, mas não se explica. O sexo sempre existiu – das cavernas do paraíso até as saunas relax for men. Por outro lado, o amor foi inventado pelos poetas provinciais do século XII e, depois, revitalizado pelo cinema americano da direita cristã. Amor é literatura. Sexo é cinema. Amor é prosa; sexo é poesia. Amor é mulher; sexo é homem – o casamento perfeito é do travesti consigo mesmo. O amor domado protege a produção. Sexo selvagem é uma ameaça ao bom funcionamento do mercado. Por isso, a única maneira de controlá-lo é programá-lo, como faz a indústria das sacanagens. O mercado programa nossas fantasias.
Não há saunas relax para o amor. No entanto, em todo bordel, FINGE-SE UM “AMORZINHO” PARA INICIAR. O amor está virando um “hors-d’oeuvre” para o sexo. O amor busca uma certa “grandeza”. O sexo sonha com as partes baixas. O PERIGO DO SEXO É QUE VOCÊ PODE SE APAIXONAR. O PERIGO DO AMOR É VIRAR AMIZADE. Com camisinha, há sexo seguro, MAS NÃO HÁ CAMISINHA PARA O AMOR. O amor sonha com a pureza. Sexo precisa do pecado. Amor é o sonho dos solteiros. Sexo, o sonho dos casados. Sexo precisa da novidade, da surpresa. “O grande amor só se sente no ciúme” (Proust). O grande sexo sente-se como uma tomada de poder. Amor é de direita. Sexo, de esquerda (ou não, dependendo do momento político. Atualmente, sexo é de direita. Nos anos 60, era o contrário. Sexo era revolucionário e o amor era careta). E por aí vamos. Sexo e amor tentam mesmo é nos afastar da morte. Ou não; sei lá... e-mails de quem souber para o autor.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

UM DEDO DE PROSA


LEMBRANÇAS SAUDOSISTAS

Hoje, acordei-me saudosista.
Lembrei-me do meu tempo de pré-adolescente; dos amigos e amigas que se reuniam todos os fins de tarde para as brincadeiras; dos meus super-heróis favoritos (Thor e Demolidor); da minha professorinha de Matemática (Isabel); da minha primeira namoradinha (a menina Isa)...
Lembrei-me dos tempos idos e dos sonhos infantis que neles se perderam (ser médico pediatra ou oftalmologista, por exemplo); dos passeios pelo pátio da escola com Isa e dos encontros relâmpagos que, inocentemente, tínhamos no início da noite; do meu primeiro beijo (um inocente selinho). E de lembrança em lembrança, lembrei-me, enfim, da mais arrebatadora das minhas paixões: Antonia Cleide (ou simplesmente Toblerone), paixão esta responsável por todas as dores que maltratavam o meu coração já adolescente, mas também pelos muitos momentos de felicidade que habitaram o meu peito.
O saudosismo às vezes nos deixa angustiado, com saudades de um tempo que não volta mais, mas em muitos casos nos faz bem. E se realmente “recordar é viver”, sinto que hoje rejuvenesci uns trinta anos.
MEUS VERSOS LÍRICOS


PRISIONEIRO
(Joésio Menezes)

Tento dormir, mas o sono não vem...
E a noite, demorada e fria,
Vai me torturando, e em plena agonia
Sinto-me da insônia um eterno refém.

Nesse cárcere sofro como ninguém,
E esperando o alvorecer de um novo dia
Escrevo à minha amada uma poesia,
E em meus versos, aprisiono-me também.

Tentando fugir dessa triste prisão
Abro as portas do meu coração
Em busca daquele amor primeiro...

Tento dormir, mas o sono não vem,
Pois, desse amor tornei-me refém,
E dele serei um eterno prisioneiro.


O CHEIRO DELA
(Joésio Menezes)

Por onde passo sinto o cheiro dela,
E com ele me embriago de tesão,
Com ele meu pequenino coração
Fica apostos, aceso, em sentinela.

É um cheiro inebriante, feito ela,
Que me embriaga, me enche de emoção,
Me deixa acesa a chama da paixão
E me faz pensar todo o tempo nela.

Por onde passo, esse cheiro gostoso,
Excitante, envolvente, apetitoso
Me enche de desejos e fantasias...

Sinto o cheiro dela por onde passo
E o meu coração, fora do compasso,
Sofre, em silêncio, suas agonias.
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA E UNIVERSAL



AS SEM-RAZÕES DO AMOR
(Carlos Drummond de Andrade)

Eu te amo porque te amo,
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.

Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.

Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.

Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.


POEMINHA SENTIMENTAL
(Mario Quintana)

O meu amor, o meu amor, Maria
É como um fio telegráfico da estrada
Aonde vêm pousar as andorinhas...
De vez em quando chega uma
E canta
(Não sei se as andorinhas cantam, mas vá lá!)
Canta e vai-se embora
Outra, nem isso,
Mal chega, vai-se embora.
A última que passou
Limitou-se a fazer cocô
No meu pobre fio de vida!
No entanto, Maria, o meu amor é sempre o mesmo:
As andorinhas é que mudam.
CRÔNICA DA SEMANA


EXIGÊNCIAS DA VIDA MODERNA
(Luís Fernando Veríssimo)

Dizem que todos os dias você deve comer uma maçã por causa do ferro. E uma banana pelo potássio. E também uma laranja pela vitamina C. Uma xícara de chá verde sem açúcar para prevenir a diabetes.
Todos os dias deve-se tomar ao menos dois litros de água. E uriná-los, o que consome o dobro do tempo. Todos os dias deve-se tomar um Yakult pelos lactobacilos (que ninguém sabe bem o que é, mas que aos bilhões, ajudam a digestão). Cada dia uma Aspirina, previne infarto. Uma taça de vinho tinto também. Uma de vinho branco estabiliza o sistema nervoso. Um copo de cerveja, para... não lembro bem para o que, mas faz bem. O benefício adicional é que se você tomar tudo isso ao mesmo tempo e tiver um derrame, nem vai perceber.
Todos os dias deve-se comer fibra. Muita, muitíssima fibra. Fibra suficiente para fazer um pulôver.
Você deve fazer entre quatro e seis refeições leves diariamente. E nunca se esqueça de mastigar pelo menos cem vezes cada garfada. Só para comer, serão cerca de cinco horas do dia...
E não esqueça de escovar os dentes depois de comer. Ou seja, você tem que escovar os dentes depois da maçã, da banana, da laranja, das seis refeições e enquanto tiver dentes, passar fio dental, massagear a gengiva, escovar a língua e bochechar com Plax. Melhor, inclusive, ampliar o banheiro e aproveitar para colocar um equipamento de som, porque entre a água, a fibra e os dentes, você vai passar ali várias horas por dia.
Há que se dormir oito horas por noite e trabalhar outras oito por dia, mais as cinco comendo são vinte e uma.
Sobram três, desde que você não pegue trânsito. As estatísticas comprovam que assistimos três horas de TV por dia. Menos você, porque todos os dias você vai caminhar ao menos meia hora (por experiência própria, após quinze minutos dê meia volta e comece a voltar, ou a meia hora vira uma).
E você deve cuidar das amizades, porque são como uma planta: devem ser regadas diariamente, o que me faz pensar em quem vai cuidar delas quando eu estiver viajando.
Deve-se estar bem informado também, lendo dois ou três jornais por dia para comparar as informações.
Ah! E o sexo! Todos os dias, tomando o cuidado de não se cair na rotina. Há que ser criativo, inovador para renovar a sedução. Isso leva tempo - e nem estou falando de sexo tântrico.
Também precisa sobrar tempo para varrer, passar, lavar roupa, pratos e espero que você não tenha um bichinho de estimação. Na minha conta são 29 horas por dia.
A única solução que me ocorre é fazer várias dessas coisas ao mesmo tempo! Por exemplo, tomar banho frio com a boca aberta, assim você toma água e escova os dentes. Chame os amigos junto com os seus pais. Beba o vinho, coma a maçã e a banana junto com a sua mulher... na sua cama.
Ainda bem que somos crescidinhos, senão ainda teria um Danoninho e se sobrarem 5 minutos, uma colherada de leite de magnésio.
Agora tenho que ir.
É o meio do dia, e depois da cerveja, do vinho e da maçã, tenho que ir ao banheiro.
E já que vou, levo um jornal... Tchau!
Viva a vida com bom humor!!!

terça-feira, 8 de setembro de 2009

UM DEDO DE PROSA

QUANDO CHEGAR A PRIMAVERA...

Eis que novamente surge o mês de setembro (quando se inicia a estação das flores), e com ele novos ares nos chegam trazendo um pouco mais de inspiração, um pouco mais de poesia. Com a chegada de setembro, as flores começam a desabrochar e parece que as mulheres entram no clima, pois cada vez mais nos encantam e nos fascinam.
Daqui até o fim da primavera, elas (as mulheres e as flores) nos trarão luz e alegria, nos brindarão com seus perfumes e com a delicadeza das suas pétalas, nos proporcionarão gozo e deleite, nos encherão de amor e esperanças, nos levarão ao êxtase... e sob o efeito da primavera (que está por chegar) e dos encantos feminis das flores e mulheres, os homens se redimirão das suas fraquezas e entregar-se-ão ao feitiço e ao fascínio do mais nobre dos sentimentos: o AMOR. E uma vez enfeitiçados, nada mais verão à sua frente senão o ser Mulher estampado em cada pétala, seja ela de Rosa, Margarida, Gardênia, Valquíria, Dália, Maria, Fátima ou qualquer outra flor.

SE FOSSES MINHA...
(Joésio Menezes)

Se fosses minha algum dia,
Eu não mais me importaria
Com as rasteiras do destino,
Pois nada me importa mais
Que teus encantos angelicais
Alimentando meu desatino.

Se pertencessem a mim
Teus lábios de carmim
E o teu corpo perfumado,
Eu não mais reclamaria
Aos deuses da poesia
Esse meu triste fado.

Ah, se tu fosses minha!...
Essa paixão que me definha
Não mais me maltrataria,
Pois seria correspondida
E por toda minha vida
Só a ti me entregaria.


VOCÊ E NOSSA PAIXÃO ANTIGA
(Joésio Menezes)

Vou “deixar as coisas tristes para depois”
E colocar-me “frente a frente” com “você”
Para dizer-lhe que eu “preciso ser amado”
E que você sempre foi meu “bem querer”...

“É por você que eu vivo” cada dia,
É pra você que faço “juras” de amor,
Só a você dediquei meus “carinhos”,
É “só você” a minha “paz interior”.

Tenho “bom senso” e “não me iludo mais”
Com essa “paixão antiga” que já chegou ao fim,
Mas em nome dos nossos “bons momentos”
Eu peço: “não me deixe triste assim”...
O MELHOR DA POESIA UNIVERSAL E BRASILEIRA


ADORMECIDA
(Castro Alves)

Uma noite, eu me lembro... Ela dormia
Numa rede encostada molemente...
Quase aberto o roupão... solto o cabelo
E o pé descalço do tapete rente.

'Stava aberta a janela. Um cheiro agreste
Exalavam as silvas da campina...
E ao longe, num pedaço do horizonte,
Via-se a noite plácida e divina.

De um jasmineiro os galhos encurvados,
Indiscretos entravam pela sala,
E de leve oscilando ao tom das auras,
Iam na face trêmulos — beijá-la.

Era um quadro celeste!... A cada afago
Mesmo em sonhos a moça estremecia...
Quando ela serenava... a flor beijava-a...
Quando ela ia beijar-lhe... a flor fugia...

Dir-se-ia que naquele doce instante
Brincavam duas cândidas crianças...
A brisa, que agitava as folhas verdes,
Fazia-lhe ondear as negras tranças!

E o ramo ora chegava ora afastava-se...
Mas quando a via despeitada a meio,
Pra não zangá-la... sacudia alegre
Uma chuva de pétalas no seio...

Eu, fitando esta cena, repetia
Naquela noite lânguida e sentida:
"Ó flor! - tu és a virgem das campinas!
"Virgem! - tu és a flor de minha vida!..."


SONETO DITADO NA AGONIA
(Bocage)

Já Bocage não sou!... À cova escura
Meu estro vai parar desfeito em vento...
Eu aos Céus ultrajei! O meu tormento
Leve me torne sempre a terra dura;

Conheço agora já quão vã figura,
Em prosa e verso fez meu louco intento:
Musa!... Tivera algum merecimento
Se um raio da razão seguisse pura.

Eu me arrependo; a língua quasi fria
Brade em alto pregão à mocidade,
Que atrás do som fantástico corria:

Outro Aretino fui... a santidade
Manchei!... Oh! Se me creste, gente ímpia,
Rasga meus versos, crê na eternidade!.
CRÔNICA DA SEMANA


POEMA
(Viegas Fernandes da Costa)

Houve aquele tempo em que o verso me doava seu alento. Sentava-me à mesa, máquina de escrever, caneta, os sonhos e desejos da adolescência fascinando-me e nutrindo a necessidade do verbo, do verbo... Sim, houve estes dias em que o verso me doava seu alento.
Naqueles dias era tão fácil se presumir poeta. Ah, poetar! Como era fácil poetar quando para tanto bastava o jogo das palavras, a brincadeira da aliteração. Olhar o vento, sentir a luz, ou suas ausências, abrir os braços e correr. A excitação do primeiro texto publicado, o dedo no dicionário. Encontrar a palavra exata, o sinônimo mais bonito.
Depois, o silêncio. Caminhar pela noite, vislumbrar postes, gatos e sombras. Um silêncio repleto de estrelas e medos. E então houve estes dias em que o verso me doava seu divã. Catárticos versos estes.
Descobrir que há mais, há muito mais para se compor um poema do que apenas as palavras e os fonemas. Porque se catarse, também necessário o poema, como o ar, como o pão. E então me cobraram versos os poetas extensivos. “Onde estão os versos? Onde estão os livros?” Disse-lhes então que há poemas escritos nos céus e nos olhos que vislumbram o infinito, mas não compreenderam, e então meus versos se preencheram de silêncios tão clamorosos como o ruflar das asas de um pombo. Houve então estes dias em que o verso me doava seu silêncio.
Hoje, porém, não há poema. Porque há estes dias em que o verso me doa a sua ausência.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

UM DEDO DE PROSA

O MEU DIA DE "CINDERELO"

Na manhã de domingo próximo passado (dia 30/08) eu me senti uma verdadeira “celebridade” sob a mira dos holofotes e das lentes dos paparazzos.
Durante o desfile cívico, estudantil e militar em comemoração ao aniversário de Planaltina, que completara 150 anos em 19/08, lá estava eu fritando os miolos sob o sol impiedoso das 11 horas daquela manhã, mas nada (exceto Deus) me tiraria a felicidade daquele momento, nada me faria desistir de entrar na avenida (Independência), nada seria capaz de ofuscar minha alegria e satisfação de estar desfilando naquele dia, pois eu era o homenageado da ala “Artistas da Cidade”.
À minha frente, duas professoras levavam uma enorme faixa alusiva ao meu mais recente trabalho (Planaltina em 150 Versos); às minhas costas, alguns alunos que, caracterizados, empunhavam um pergaminho com os versos que eu fizera em homenagem ao sesquicentenário de Planaltina.
Passe o tempo que passar, eu jamais esquecerei aquele momento de júbilo que a Escola Classe 04 de Planaltina me proporcionou. Mesmo que eu receba outras homenagens, essa ficará para sempre guardada na minha memória e no meu coração, pois foi a primeira. E “primeira vez a gente nunca esquece”, não é mesmo?
O meu MUITO OBRIGADO às Fadas e Duendes do Mundo Encantado “Escola Classe 04” por esse Dia de "Cinderelo” que me deram de presente.
MEUS VERSOS LÍRICOS



À MUSA INSANA
(Joésio Menezes)

Às vezes questiono-me
se mereço tanta paixão assim,
se há alguma razão de os anjos
estarem todos olhando por mim
e se tudo isso é eterno
ou se algum dia terá um fim.

Às vezes penso
que estou sonhando,
que nada disso é verdade,
que estou apenas delirando,
que um dia tudo terminará...
Mas quando?

Mas movido pela razão,
desejo não mais ser sacana
com quem tanto me corteja
e com seus versos me ufana,
por isso, abro o coração e digo:
perdoe-me, MUSA INSANA!...


IMORTALIDADE SUSPEITA
(Joésio Menezes)

Não posso acreditar
que eu seja imortal,
pois, às vezes, sinto
uma angústia letal
sufocando meu peito,
causando-me grande mal.

É uma angústia estranha,
porém não desconhecida,
que não me permite viver
sem pensar nas feridas
que deixei no coração
de pessoas mui queridas.

Por isso, não acredito
na imortalidade
de quem algum dia
levou infelicidade
a quem lhe oferecera
amor de verdade.
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA


O PEIXE
(Patativa do Assaré)

Tendo por berço o lago cristalino,
Folga o peixe, a nadar todo inocente,
Medo ou receio do porvir não sente,
Pois vive incauto do fatal destino.

Se na ponta de um fio longo e fino
A isca avista, ferra-a insconsciente,
Ficando o pobre peixe de repente,
Preso ao anzol do pescador ladino.

O camponês, também, do nosso Estado,
Ante a campanha eleitoral, coitado!
Daquele peixe tem a mesma sorte.

Antes do pleito, festa, riso e gosto,
Depois do pleito, imposto e mais imposto.
Pobre matuto do sertão do Norte!


SEGUNDA IMPACIÊNCIA DO POETA
(Gregório de Mattos)

Cresce o desejo, falta o sofrimento,
Sofrendo morro, morro desejando,
Por uma, e outra parte estou penando
Sem poder dar alívio a meu tormento.

Se quero declarar meu pensamento,
Está-me um gesto grave acobardando,
E tenho por melhor morrer calando,
Que fiar-me de um néscio atrevimento.

Quem pretende alcançar, espera, e cala,
Porque quem temerário se abalança,
Muitas vezes o amor o desiguala.

Pois se aquele, que espera se alcança,
Quero ter por melhor morrer sem fala,
Que falando, perder toda esperança.
CRÔNICA DA SEMANA


OS IRMÃOS E O OVO FRITO...
(Fátima Abreu, www.planetaliteratura.com)

A criança tinha apenas sete anos e cuidava do irmão de nove: Era um menino que havia nascido com doença rara, e não mexia o corpo... vivia eternamente em uma cadeira reclinada, na sala da pequenina casa.
A mãe saía para trabalhar e deixava os dois meninos ali... Entregues a DEUS. Que Ele cuidasse para que nada acontecesse em sua ausência...
Certo dia, o gás acabou e o menino menor não sabia como alimentar o irmão. O doentinho era muito inteligente. Falava bem, e mesmo com toda doença que não deixava o corpo se mover, ele aprendera a ler, e sozinho! Era autodidata... Ele pensou no problema do irmão, em como faria para alimentá-lo, e disse:
- Mano, pegue o ferro de passar, ligue na tomada...
Vire-o para cima e ponha sobre ele a frigideira menor que tiver em casa... Depois ponha margarina e jogue um ovo aí dentro, para fritar...
O irmão menor, que tinha a responsabilidade de cuidar do irmão mais velho doente, ficou de boca aberta, com a rapidez de raciocínio do menino! Seguindo as suas instruções, assim fez o ovo frito e deu de comer ao doentinho...
Quando a mãe chegou em casa, no fim da tarde, percebeu que não havia gás para fazer o jantar. Perguntou então, ao filho menor :
- Meu filho, como fez? Não tinha gás, aqui no botijão...
E o filho de sete anos, respondeu à mãe:
- Mas tinha a inteligência do meu irmão!