quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

UM DEDO DE PROSA

E QUE VENHA 2011!!!

Mesmo “aos trancos e barrancos” chegamos a mais um final de ano com a esperança renovada, mas um pouco tristes com os acontecimentos que marcaram o ano que se finda.
Muitas foram as desgraças mundo afora no decorrer de 2010. Algumas provocadas pelos homens; outras, pela própria natureza: tempestades, tsunamis, furacões, deslizamentos de encostas, desabamentos de minas, violentos conflitos religiosos, políticos, diplomáticos, raciais e sociais, dentre outros. Mas ainda assim, nosso otimismo não nos abandonou, pois um novo ano se aproxima, e com ele a esperança de dias melhores.
Esperança na racionalidade humana, no seu senso crítico, na sua capacidade de superar obstáculos e de corrigir os erros cometidos por ela mesma. Esperança na harmonia entre homens e Natureza, na erradicação da violência, no fim da desigualdade social, na disseminação do amor, na união entre os povos, na misericórdia de Deus...
Esperança em um 2011 cheio de PAZ, SAÚDE e PROSPERIDADE para todos aqueles que habitam o Planeta Azul.
MEUS VERSOS LÍRICOS

NOVOS TEMPOS
(Joésio Menezes)

Hoje vi o nascer de um novo dia,
E com ele, renascer a esperança
De termos com Deus uma nova aliança,
De ver entre os homens eterna harmonia.

Vi os homens se abraçando com alegria,
Vi a humanidade recebendo como herança
Do seu Criador mais um voto de confiança,
Vi ressurgir do amor a grande magia.

Vi todas as Nações, fielmente unidas,
Buscando curar as enormes feridas
Pelos homens espalhadas no planeta Terra.

Vi um mundo sem desigualdades sociais,
Sem conflitos, religiosos ou raciais,
Sem desgraças, sem fome, sem guerra.


VERSOS À LÍLIA DINIZ
(Joésio Menezes)

Os deuses da poesia
Deram miolo ao pote
Esperando que dele brote
Versos cheios de magia.

E para nossa alegria,
Daquele miolo de pote
Surgiram sem fricote
Doces versos, à luz do dia,

De uma moça pequenina
Cujo riso de menina
Ela trouxe de Imperatriz...

E os versos deste soneto,
Os quais são meu amuleto,
Vão para Lília Diniz.
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA

ANO NOVO - PEQUENAS PORÇÕES DE ESPERANÇA
(Paulo de La Mancha)

Um porta se abre
Um raio de luar rompe a sala
E ilumina meu ser...

Vamos abrir as portas
Destrancar a alma
A verdadeira Luz
Precisa ao menos de uma fresta
Para demonstrar o seu brilho

Possibilidades...possibilidades...

Um novo janeiro reluz
Um dezembro a desvanecer
Não é só mais uma folha
De um calendário
Os espíritos revigoram-se
Erguem-se com as forças da gratidão
Chegamos até aqui
E quantos ficaram pelo caminho...

Eis que brilha
Ainda mais verde a esperança!

Bons Remédios
Doses homeopáticas,
Em frascos
Pequenas porções
De felicidade

Mágicas poções
Gotas de otimismo
Pingos
Porções miúdas
Mas quanto efeito!


POEMA DE SETE FACES
(Carlos Drummond de Andrade)

Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.

As casas espiam os homens
que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.

O bonde passa cheio de pernas:
pernas brancas pretas amarelas.
Para que tanta perna, meu Deus,
pergunta meu coração.
Porém meus olhos
não perguntam nada.

O homem atrás do bigode
é sério, simples e forte.
Quase não conversa.
Tem poucos , raros amigos
o homem atrás dos óculos e do bigode.

Meu Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era Deus
se sabias que eu era fraco.

Mundo mundo vasto mundo
se eu me chamasse Raimundo,
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração.

Eu não devia te dizer,
mas essa lua,
mas esse conhaque
botam a gente comovido como o diabo.
CRÔNICA DA SEMANA

PARA SE TORNAR MILIONÁRIO, SEJA MISERÁVEL
(Marco Antonio Araújo)

Quer ganhar um reality show? Seja absolutamente insignificante. Quanto mais morto você conseguir parecer, mais vivo você será.
Quem ganha A Fazenda ou Big Brother é sempre uma pessoa a ser esquecida na próxima estação. Como um guarda-chuva. Ou um mala. O que importa é ser dispensável.
Isso é apenas a sabedoria popular se manifestando da forma mais cruel. Quer faturar R$ 2 milhões? Pois então faça tudo para não merecer. Não seja inteligente, carismático, corajoso ou especial.
Seja apenas um nada. De preferência, sem nenhum futuro pela frente. Pegue sua fortuna e suma de nossas vidas. Não nos incomode nunca mais. Se for possível, daqui a alguns anos, seja um perfeito fracassado.
Você tem talento? Simples, seja talentoso: um grande ator ou atriz, uma personalidade marcante e inesquecível, um campeão de votos como o Tiririca. Só não queira ser um vencedor de prêmios milionários.
Dinheiro é para quem necessita. Milhões de brasileiros acreditam nisso. Com razão. Quem preferimos que ganhe a mega-sena, um empresário ou um miserável? Óbvio.
Nem precisa ser pobre, mas limpinho. Basta merecer nossa piedade. É disso que se trata. Nos convença que sem o prêmio você não será ninguém. Negócio fechado.
De realidade, esses shows não têm nada. E que assim permaneçam. Apenas shows. De realidade, basta a nossa. E nela não há grandes prêmios. Por que haveríamos de dá-los a quem não se parece conosco?

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

UM DEDO DE PROSA

AI, AI, AI, AI! ESTÁ CHEGANDO A HORA!...

Entramos na contagem regressiva para o término do ano letivo. Restam-nos apenas alguns poucos alunos que, solidários a nós, ficaram de recuperação. Dizem eles que não foram aprovados de imediato porque queriam ficar na escola fazendo-nos companhia até sairmos de férias.... “Me engana que eu gosto!”
O fato é que isso se repete todos anos, em todas as séries. O que difere de um ano para o outro é o número crescente de alunos em recuperação, o que verdadeiramente não dá para entender, pois o sistema educacional brasileiro facilita, e muito, a vida dos alunos, que cada vez mais perdem o interesse pelos estudos.
Porém, não devemos jogar toda a culpa no corpo discente. Os alunos são apenas parte da engrenagem educacional avariada e sem manutenção há muitos anos. Eles são reflexos do descaso dos governantes para com a Educação e, consequentemente, dos profissionais que as faculdades soltam no mercado com o aval dos órgãos responsáveis, os quais deixam muito a desejar no que diz respeito à fiscalização dessas instituições de ensino superior que, semestralmente, licenciam professores despreparados e, às vezes, sem compromisso.
Mas ainda resta-me a esperança de que um dia esse cenário mude, pois muitos são os que também querem isso.
Gosto muito do meu ofício e busco praticá-lo da melhor maneira possível, ensinado aos meus alunos não somente o conteúdo da minha disciplina, mas também tudo o que lhes possa ser útil enquanto cidadão, ainda que no auge da sua “aborrescência”.
MEUS VERSOS LÍRICOS

ENGAIOLADO
(Joésio Menezes)

Sou passarinho que canta
Sua liberdade roubada
Por aquela triste gente
Que se acha inocente,
Mas tem vida maculada.

Sou canoro que voa
Nas asas do pensamento;
Voa livre, sem destino,
À procura do menino
De outrora, sem lamentos.

Sou um pássaro sonhador,
E sonho co’a liberdade
Que me fora roubada
Numa ação alardeada
Pelos gritos da vaidade.

Vivo, hoje, solitário
Entre as grades da prisão,
Mas canto mesmo assim
Pois um dia terá fim
Essa minha solidão.

VERSOS À BRUXAUVA*
(Joésio Menezes)

Perdido numa floresta encantada,
Deparei-me com a Fantasia
Em que só as Flores e as Fadas
Eram lembradas pela Poesia.

Solidário às mal-humoradas
Bruxinhas sem qualquer regalia
Resolvi compor uma toada
Com versos de minha autoria:

“Tupã, por favor mande chuva
E banhe a pequena Bruxauva
Com gotas destes versos que fiz.

São versos de um apaixonado
Poeta que se vê empenhado
Em fazer Bruxauva feliz”.


*Personagem do flordemorango.blogspot.com
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA

A LÁGRIMA
(Augusto dos Anjos)

Faça-me o obséquio de trazer reunidos
Cloreto de sódio, água e albumina...
Ah! Basta isto, porque isto é que origina
A lágrima de todos os vencidos!

"A farmacologia e a medicina
Com a relatividade dos sentidos
Desconhecem os mil desconhecidos
Segredos dessa secreção divina"

O farmacêutico me obtemperou. –
Vem-me então à lembrança o pai Yoyô
Na ânsia física da última eficácia...

E logo a lágrima em meus olhos cai.
Ah! Vale mais lembrar-me eu de meu Pai
Do que todas as drogas da farmácia!


MAIS OU MENOS
(Chico Xavier)

A gente pode morar
numa casa mais ou menos,
numa rua mais ou menos,
numa cidade mais ou menos
e até ter um governo mais ou menos.

A gente pode dormir
numa cama mais ou menos,
comer um feijão mais ou menos,
ter um transporte mais ou menos
e até ser obrigado a acreditar
mais ou menos no futuro.

A gente pode olhar em volta e sentir
que tudo está mais ou menos,
tudo bem!

Mas o que a gente não pode mesmo,
nunca, de jeito nenhum,
é amar mais ou menos,
é sonhar mais ou menos,
é ser amigo mais ou menos,
é namorar mais ou menos,
é ter fé mais ou menos,
é acreditar mais ou menos.
Senão a gente corre o risco de se tornar
uma pessoa mais ou menos.
CRÔNICA DA SEMANA

ÀS VEZES A SURDEZ ME IRRITA
(cronicasdasurdez.com)

Às vezes a surdez me irrita. No geral, acho que lido muito bem com ela. Aprendi a ter uma paciência sobre-humana com as outras pessoas e suas grosserias, gracinhas, pressa e impaciência. Respiro, conto até 100 se precisar e tento não me abalar. Fazer o quê se isso é consequência da minha má audição? Não ouvir me estressa menos do que precisar ter todo esse jogo de cintura com os outros. Mais do que tudo, também aprendi a ter paciência comigo e com as minhas limitações.
Porém, às vezes perco as forças. Sinto vontade de me isolar, esquecer que existe o mundo. Fico triste, irritada e me abalo. Isso acontece quando me deparo com situações em que fica nítida a minha desvantagem em relação àqueles que ouvem perfeitamente. Sou forte, mas não sou um mestre zen.
Não me importo em confessar isso para vocês pois sei que passamos pelas mesmas situações. Em casa, no trabalho, nas relações sociais. Sou humana, e de vez em quando deixo a peteca cair. Quando isso acontece, sinto vontade de desligar os aparelhos e ir para o meu canto, ficar quieta, sem precisar lidar com ninguém.
Não sei o que desencadeia isso em mim. Pode ser algo mínimo, como ver a cara de irritação de alguém que falou algo que não entendi. Ou ouvir a famosa frase ‘você não está de aparelho?’. Pode ser porque tentei de todas as maneiras entender uma frase ou palavra e não rolou. Frustração.
Em relação à surdez, acho que nada faz mais sentido do que aquela frase que diz que "cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é".

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

UM DEDO DE PROSA

NOSTALGIA: O ESTANDARTE DA VIDA

Não faz muito tempo, festejávamos a chegada de 2010, esperando dele dias melhores que os do ano que estava findando. E novamente cá estamos nós às vésperas de mais um reveillon e, consequentemente, de dias melhores.
Imperceptivelmente, o tempo passa numa velocidade tal que até parece que, ao ser criado, o deus Cronos deu-lhe asas. E sentindo-se alado, os ponteiros do seu velocímetro giram numa velocidade incontrolável, buscando acertar o destino dos que dele dependem e a ele resistem. Porém, o giro dos seus ponteiros jamais retrocede tampouco pára na órbita cronológica dos acontecimentos. Daí o motivo de sermos e vivermos tão nostálgicos.
A nostalgia nos reporta aos fatos que mais nos trouxeram júbilo no decorrer das nossas vidas que, ano após ano, mais ligada está a ela, que é fonte vital de grande parte dos nossos sonhos, os quais alimentam nossa vontade de viver na incessante busca do que nos possa proporcionar instantes de felicidade e deleite.
Enfim, não há como nos referirmos à nostalgia sem mencionar o Tempo cronológico e os seus efêmeros milésimos de segundo que, dependendo da situação, ficarão eternizados na memória daqueles que fazem dela o jubiloso ESTANDARTE DA VIDA.
MEUS VERSOS LÍRICOS

O FRUTO PROIBIDO
(Joésio Menezes)

Aquele fruto proibido
Que ofereceram a Adão
Também me foi oferecido
E eu não pude dizer NÃO.

E após tê-lo comido
Com a fome de um glutão,
Senti o fogo da libido
Queimar-me feito um vulcão.

Foi aí que a serpente
Apareceu e, de repente,
Minha Eva não resistiu,

E mostrando um estranho
Apetite sem tamanho
A serpente ela engoliu.


PARODIANDO PESSOA
(Joésio Menezes)

O poeta não é fingidor.
Ele é, simplesmente,
Alguém que canta sua dor
Do jeito que ele sente.

Mas se lê o que escreve
Sobre o que o faz refém,
Uma dor branda e breve
Ao seu peito logo vem.

E as dores da sua vida,
Inda que tenham razão,
Jamais serão fingidas
Ao seu nobre coração.
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA

ELA
(Machado de Assis)

Seus olhos que brilham tanto,
Que prendem tão doce encanto,
Que prendem um casto amor
Onde com rara beleza,
Se esmerou a natureza
Com meiguice e com primor

Suas faces purpurinas
De rubras cores divinas
De mago brilho e condão;
Meigas faces que harmonia
Inspira em doce poesia
Ao meu terno coração!

Sua boca meiga e breve,
Onde um sorriso de leve
Com doçura se desliza,
Ornando purpúrea cor,
Celestes lábios de amor
Que com neve se harmoniza.

Com sua boca mimosa
Solta voz harmoniosa
Que inspira ardente paixão,
Dos lábios de Querubim
Eu quisera ouvir um -sim-
P’ra alívio do coração!

Vem, ó anjo de candura,
Fazer a dita, a ventura
De minh’alma, sem vigor;
Donzela, vem dar-lhe alento,
“Dá-lhe um suspiro de amor!”


DOIS ANJOS
(Gabriela Mistral)

Não é um anjo apenas
que me afeiçoa e guia.
Como embalam as duas
orlas ao mar, embalam-me
o anjo que traz o gozo
e o que traz a agonia;
o que tem asas voantes
e o que tem asas fixas.
Eu sei, quando amanhece,
qual vai reger-me o dia,
se o anjo cor de chama,
se o anjo cor de cinza.
E dou-me a eles como
alga às ondas, contrita.
Voaram uma só vez
com asas unidas:
foi o dia do amor,
o da epifania.
Fundiram-se numa asa
as asas inimigas
e apertaram o nó
que junta à morte a vida
CRÔNICA DA SEMANA

42
(Mônica)

A semana foi agitada até agora. Na segunda-feira, enquanto eu preparava as aulas do dia seguinte e tentava colocar ordem na bagunça de arquivos do meu computador, muita gente dentro e fora da internet especulava: qual seria o grande segredo de Gerson? A minha pergunta, santa ignorância, era bem mais básica: mas quem diabos é Gerson? Claro, isso é que dá não seguir novela das 9, nem mesmo pelo resumo da semana no jornal. Também, pôxa, se tivessem me dito ‘ah, é o Marcelo Antony!’, já seria uma grande ajuda. Mas, pelo visto, o pessoal ficou meio decepcionado porque, né, o tal segredo era nada mais que uma tarazinha dessas corriqueiras. Dava pra desconfiar, gente, porque se fosse realmente importante, a notícia teria vazado pelo Wikileaks. Hoje em dia você só acontece de verdade se a fofoca vier pelo Wikileaks. Entendeu, EGO?
Mas eis que estamos na quinta-feira e o que tá bombando já é outra história. A NASA manda avisar que hoje tem entrevista coletiva às 17h (horário de Brasília) lá no site. O assunto? Parece que vão revelar alguma coisa que pode ter a ver com as pesquisas sobre vida extraterrestre. Uns lances de astrobiologia, pelo que disseram. Espero que seja mesmo alguma coisa muito bacana, porque dois mega-desapontamentos em 72 horas é um pouco demais. Algo mais do que o recado de ’Busquem Conhecimento’ enviado pelo ET bilu, por favor. Por via das dúvidas, já estou treinando aquela musiquinha do Contatos Imediatos, caso tenha que me comunicar com os seres. Ou então vai ver a NASA quer confirmar a minha teoria de que aquela torre que tem aqui nas montanhas é a Nave-Mãe – pelo menos de noite, iluminada, é tal e qual.
Afirmar que existe vida inteligente em outros planetas seria um balde de água fria. Isso todo mundo já sabe, oras- difícil tá sendo acreditar em vida inteligente neste aqui. Mas em meio a tantas especulações, boataria e disse-me-disse, lá bem quieto no seu canto , um computador está agora sorrindo discretamente: o que a NASA deve anunciar com pompa e circunstância, em entrevista coletiva e artigo na Science, ele já sabe: a resposta final para a Vida, o Universo e Tudo o Mais, é mesmo 42.
Update: então é isso. Uma bactéria que usa arsênico em vez de fósforo, expandindo as fronteiras do conceito de vida neste planeta. Meu fogão também funciona sem fósforo, será então que ele é uma forma de vida alienígena ainda desconhecida? Sei não, depois que o Mário Prata lançou a teoria dos guarda-chuvas, tudo é possível.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

UM DEDO DE PROSA

ENFIM, DEZEMBRO!!!

Alguns dias atrás eu perguntei: E QUANDO DEZEMBRO CHEGAR?
Pois é!... dezembro chegou e ainda não encontrei respostas que amenizem as angústias que sufocam meu peito, que nada têm a ver com o DIA MUNDIAL DE COMBATE À AIDS, comemorado hoje.
Naquela ocasião, eu disse que “não mais via o Natal e o Réveillon como outrora, época em que as pessoas abriam seus corações e entregavam-se de corpo e alma às fartas festas”. Mencionei ainda que, hoje, “as pessoas estão pouco se importando com quantas famílias desejam um simples prato com arroz e feijão na noite de Natal, ou com quantas crianças frustram-se pelo fato de o Papel Noel nunca visitar as suas casas”; que “muitos são os que jogam fora as sobras da ceia, e muitos mais são aqueles que as catam no lixo para levarem aos seus filhos, que nada têm para comer”.
Tentando levantar meu astral, Fátima Maria, uma grande amiga (que hoje aniversaria) e leitora assídua dos meus insossos escritos, disse-me que “é só a gente ser diferente, fazer diferente e tudo ganha sentido na vida da gente”. Pois bem, Fatinha!... tentei ser e fazer diferente, mas as minhas angústias “pré-dezembrinas” só aumentaram, principalmente depois de assistir às últimas imagens vindas da “Cidade Maravilhosa”, terra da qual os fora-da-lei se acham donos.
Talvez até seja possível SER e FAZER diferente para que tudo ganhe sentido na vida da gente, mas é IMPOSSÍVEL ficar indiferente às desigualdades sociais, à intolerância religiosa e racial, ao que mancha a imagem do nosso país lá fora e, principalmente, a tudo que possa desestruturar os nossos lares, as nossas famílias, os nossos corações...
MEUS VERSOS LÍRICOS

ANJO CORRUPTOR
(Joésio Menezes)

Naquela tarde estava eu
Sozinho, ali concentrado,
Quando do nada apareceu
Um anjo lindo, perfumado.

Ele aproximou-se e me deu
Um abraço bem apertado,
E o cheiro do perfume seu
Ficou no meu ser impregnado.


Esse anjo imaculado
Riu-me e ali ficou parado,
Instigando-me o desejo...

Ainda que seja possível,
Não esquecerei o incrível
Anjo corruptor do meu pejo.


SOB TUAS PRESAS
(Joésio Menezes)

Com tuas garras
Me agarras,
Me trucidas...
Judias de mim,
Mas mesmo assim
Me enches de vida.

Me fazes sentir
No corpo eclodir
O calor venéreo
Do êxtase iminente
Que torna veemente
Meu fogo etéreo...

São tuas presas
Que mantêm acesa
A minha libido
E fazem meu tesão
Tornar-se um vulcão
Ativo e desinibido.
O MELHOR DA POESIA BRASILIERA

POEMINHA AMOROSO
(Cora Coralina)

Este é um poema de amor
tão meigo, tão terno, tão teu...
É uma oferenda aos teus momentos
de luta e de brisa e de céu...
E eu,
quero te servir a poesia
numa concha azul do mar
ou numa cesta de flores do campo.
Talvez tu possas entender o meu amor.
Mas se isso não acontecer,
não importa.
Já está declarado e estampado
nas linhas e entrelinhas
deste pequeno poema,
o verso;
o tão famoso e inesperado verso
que te deixará pasmo, surpreso, perplexo...
eu te amo, perdoa-me, eu te amo..."


QUARENTA ANOS
(Mário de Andrade)

A vida é pra mim, está se vendo,
uma felicidade sem repouso;
eu nem sei mais se gozo, pois que o gozo
só pode ser medido em se sofrendo.

Bem sei que tudo é engano, mas sabendo
disso, persisto em me enganar... Eu ouso
dizer que a vida foi o bem precioso
que eu adorei. Foi meu pecado... Horrendo

Seria, agora que a velhice avança,
que me sinto completo e além da sorte,
me agarrar a esta vida fementida.

Vou fazer do meu fim minha esperança,
Oh sono, vem!... que eu quero amar a morte
com o mesmo engano com que amei a vida.
CRÔNICA DA SEMANA

BUSCA
(Débora Bottcher)

A moça queria prometer que amanhã vai acordar mais feliz e ter um dia mais leve. Que vai sorrir mais e tornar as horas menos densas.
A moça deseja amanhecer sem sentir-se sufocada - como se o sol lhe ardesse a pele tirando-lhe o ar fazendo-a sentir-se como quem vai desaparecer pra sempre, nunca mais respirar...
A moça gostaria de selar um compromisso com a paz, mas a vida anda lhe doendo um pouco e tem sido difícil sobreviver.
Quando, de repente, ela se pega admirando a Lua, quase não consegue entender o silêncio de luz que a embala debaixo do manto azul do céu e uma certa quietude interior a abraça; mas ao baixar os olhos ao redor, esse deslumbre se desvanece e uma curiosa escuridão novamente se instala.
A moça sente saudades do que não consegue se lembrar...
Alguém vai dizer a ela que a vida é assim: de altos e baixos, alegrias e dores, amor e indiferença, incompreensões e sentimentos desconexos.
A certa altura, a moça sabe que todos finalmente se rendem a essa ideia e ela acredita que verdadeiramente se seja capaz de compreender os ciclos de ventura e desilusão.
Mas ainda é cedo para ela: a moça ainda não aceita essa rotina escancarada de mesmice, essa angústia, essa indescritível irritação, um curioso medo. E procura, incansável, pelas frestas, pelas bordas, pelas fendas do tempo aquele raio de esperança que ela acredita existir...

Fonte: Crônica do Dia