terça-feira, 25 de maio de 2010

UM DEDO DE PROSA


ANTES, DURANTE E DEPOIS DA COPA

A poucos dias do início da Copa do Mundo de futebol, que será realizada na África do Sul, não quero aqui dizer que estou alheio aos acontecimentos futebolísticos mundo afora, mas que pouco estou me importando se o Brasil vai ou não conquistar o sexto título mundial. O que me preocupa, de fato, é saber como o Brasil sediará a próxima Copa do Mundo de futebol (em 2014) e as próximas Olimpíadas (em 2016), no Rio de Janeiro. De onde o governo brasileiro tirará dinheiro para promover eventos tão dispendiosos? Da Saúde, da Educação e das obras sociais, é claro!
Enquanto os governos Federal e estaduais estão investindo alto nas reformas e/ou construções de novos estádios para a Copa de 2014, nos hospitais brasileiros faltam leitos, remédios e profissionais da saúde que possam atender a grande demanda de pacientes que os procuram. Enquanto o Brasil procura o Banco Mundial em busca de dinheiro para levar as obras adiante, nossos estudantes procuram escolas que lhes deem um mínimo de conforto e tranquilidade na hora em que estão estudando. Enquanto os governantes traçam estratégias de como desviarem parte da verba destinada à construção das instalações que receberão as delegações esportivas que para cá virão, cidadãos morrem nas filas dos hospitais e outros tantos morrem na fila de espera das farmácias populares; crianças estudam em escolas de lata e tábua; pais de família catam lixo para sustentarem seus filhos; adolescentes se prostituem em troca de um prato de comida...
E enquanto tudo isso acontece à minha volta, cá estou eu escrevendo para um pequeno grupo de privilegiados que têm a oportunidade de estarem diante de um computador lendo algo que já estão cansados de saber e, assim como eu, nada poderão fazer, a não ser fazerem chegar aos ouvidos das autoridades que não estamos satisfeitos com a forma como eles usam e abusam da boa vontade e da generosidade do povo brasileiro, como se estivéssemos todos alheios ao que acontece nos bastidores da política.
Outubro está bem próximo, e a resposta a tudo isso eles terão nas URNAS. Assim espero!....
MEUS VERSOS LÍRICOS



TEUS LÁBIOS
(Joésio Menezes)

Desejar é preciso...
Viver, nem tanto assim!
Mas o que me tira o juízo
São teus lábios de carmim.

Neles, o teu largo sorriso,
Dono de um encanto sem fim,
Me extasia, me deixa indeciso
E faz o que bem quer de mim:

Ele instiga o meu desatino
Pelo desenho de traços finos
Que adorna os lábios teus

E me traz desejos perigosos,
Vorazes, obscenos, libidinosos...
Que inflamam os impulsos meus.


SONETO A PATRÍCIA XIMENES
(Joésio Menezes)

Olhando-nos de través,
Aquela tua fotografia
Revela-nos quão forte és
E quão valioso nos seria

Se fosses a escolhida
Do nosso Pai Criador
Para ser guardiã da vida
Desse poeta sonhador

Que vê a alegria
Presente na sua poesia
Esvair-se feito vapor...

Hoje, o pobre coitado
Agoniza, sofre um bocado
Com seus versos cheios de pudor.
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA


OS OMBROS SUPORTAM O MUNDO
(Carlos Drummond de Andrade)

Chega um tempo
em que não se diz mais: meu Deus!
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.
Em vão mulheres batem à porta,
não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos
resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.
Pouco importa venha a velhice,
que é a velhice?
Teus ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais
que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes,
as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.


FAZIMENTO DE POUCO
(Lília Diniz)

Os versos
que se achegam a mim
têm sabedoria de jabuti
não me poupam de nada
nem da aspereza
das metáforas lerdas
que passeiam
em palavras rasteiras
senhoras de si

Ignorando
minha incapacidade
dão o mote
e se vão
CRÔNICA DA SEMANA

BARRIGA É BARRIGA...
(Arnaldo Jabor)

Barriga é barriga, peito é peito e tudo mais. Confesso que tive agradável surpresa ao ver Chico Anísio no programa do Jô, dizendo que o exercício físico é o primeiro passo para a morte. Depois de chamar a atenção para o fato de que raramente se conhece um atleta que tenha chegado aos 80 anos e citar personalidades longevas que nunca fizeram ginástica ou exercício - entre elas o jurista e jornalista Barbosa Lima Sobrinho - mas chegou à idade centenária, o humorista arrematou com um exemplo da fauna: A tartaruga com toda aquela lerdeza, vive 300 anos. Você conhece algum coelho que tenha vivido 15 anos?
Gostaria de contribuir com outro exemplo, o de Dorival Caymmi. O letrista compositor e intérprete baiano era conhecido como “pai da preguiça”. Passava 4/5 do dia deitado numa rede, bebendo, fumando e mastigando. Autêntico marcha-lenta, levava 10 segundos para percorrer um espaço de três metros. Pois mesmo assim e sem jamais ter feito exercício físico viveu 90 anos.
Conclusão: Esteira, caminhada, aeróbica, musculação, academia? Sai dessa enquanto você ainda tem saúde... E viva o sedentarismo ocioso!!!
Não fique chateado se você passar a vida inteira gordo. Você terá toda a eternidade para ser só osso!!!
Então: NÃO FAÇA MAIS DIETA!! Afinal, a baleia bebe só água, só come peixe, faz natação o dia inteiro, e é GORDA!!! O elefante só come verduras e é GORDOOOOOOOOO!!!
VIVA A BATATA FRITA E O CHOPP!!!
Você, menina bonita, tem pneus? Lógico, todo avião tem!
E nunca se esqueçam: 'Se caminhar fosse saudável, o carteiro seria imortal.´
E lembrem-se sempre: Celulite quer dizer - EU SOU GOSTOSA! Em braile.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

UM DEDO DE PROSA

BARAFUNDA MUNDIAL

Enquanto as grandes potências mundiais discutem o “acordo do enriquecimento de urânio”, assinado por Brasil, Irã e Turquia, a miséria maltrata inúmeras nações subdesenvolvidas; a Grécia afunda-se numa crise financeira; a Tailândia sucumbe-se numa guerra civil; os Estados Unidos assustam-se com carros ou pacotes abandonados pelas ruas de Nova Iorque; Hugo Chaves (misteriosamente) ausenta-se da mídia; parte da Europa isola-se do resto do mundo por causa da fumaça emitida por um vulcão de nome impronunciável; o Brasil prepara-se para as próximas eleições diretas; nossos políticos discutem a viabilidade da “ficha-limpa”, a corrupção corre solta em Brasília; Santa Catarina novamente fica submersa, os brasileiros preparam-se para torcer pela Seleção de Dunga, o castelo de Abrantes continua como antes...
E o restante do mundo?... Assiste a tudo isso às gargalhadas e de camarote, porém com a esperança de que tenhamos um final feliz.
Pelo menos é o que eu espero.
MEUS VERSOS LÍRICOS



SACI-PERERÊ
(Joésio Menezes)

Ei, moleque,
Quem é você
?
Eu sou o Saci,
O Saci-Pererê!

Me diga, moleque,
De onde você surgiu
?
Das tribos indígenas
Do sul do Brasil.


Aqui cheguei
Depois de Cabral,
No século XVIII,
Período colonial.

E no nosso folclore
Eu sou conhecido
Por ser travesso
E bem divertido.

Assusto viajantes,
Que vêm e que vão,
Escondo objetos,
Sou brincalhão.

Invento brincadeiras,
Recrio aventuras
E numa perna só
Faço travessuras...

O gorro vermelho
E o cachimbo que pito
Fizeram-me lenda
E depois um mito.

E por que tem
Uma perna apenas
?
A outra perdi
No centro da arena.

Fui desafiado
E fiz a besteira
De entrar na roda
E lutar capoeira.

E foi nessa luta
Que a perna perdi,
Mas falta não me faz,
Pois sou o Saci.
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA


RECORDO AINDA
(Mário Quintana)

Recordo ainda... e nada mais me importa...
Aqueles dias de uma luz tão mansa
Que me deixavam, sempre, de lembrança,
Algum brinquedo novo à minha porta...

Mas veio um vento de Desesperança
Soprando cinzas pela noite morta!
E eu pendurei na galharia torta
Todos os meus brinquedos de criança...

Estrada afora após segui... Mas, aí,
Embora idade e senso eu aparente
Não vos iludais o velho que aqui vai:

Eu quero os meus brinquedos novamente!
Sou um pobre menino... acreditai!...
Que envelheceu, um dia, de repente!...


POÉTICA
(Vinícius de Moraes)

De manhã escureço
De dia tardo
De tarde anoiteço
De noite ardo.

A oeste a morte
Contra quem vivo
Do sul cativo
O este é meu norte.

Outros que contem
Passo por passo:
Eu morro ontem

Nasço amanhã
Ando onde há espaço:
– Meu tempo é quando.
CRÔNICA DA SEMANA

IMPIEDOSA SAUDADE
(Joésio Menezes)

Era madrugada do dia 16 de maio, meu aniversário. Minha mãe chegou e abraçou-me apertado. E assim ficamos por alguns longos minutos. Não me contive e comecei a chorar copiosamente, pois não nos víamos havia mais de três anos.
Como toda e qualquer mãe de verdade, ela tentava consolar-me enquanto eu derramava meu pranto sobre seus ombros. Com uma das mãos afagava-me a cabeça, com a outra alisava minhas costas, porém nada dizia. Nem era preciso dizer-me nada, pois o seu gesto já falava por si só: ele afagava-me como se estivesse querendo proteger-me das surpresas desagradáveis que a vida nos apresenta, dos obstáculos que o destino nos impõe, das dores que o tempo não cura... Afinal, mãe é mãe!
Era meu aniversário... Em vez de sorrir, eu chorava. Mas sentia-me amparado nos braços da minha mãe. Ela não se esquecera de trazer-me seu abraço, seu aconchego, seu carinho, seu amor nesse dia tão importante, apesar de não mais estar entre nós. Ela partira para outra dimensão dois dias antes do seu 83º aniversário, em 24 de março de 2007. Naquele dia, um infarto fulminante não nos permitiu festejar com ela tão jubilosa data natalícia. Talvez por isso ela tenha vindo trazer-me o seu abraço e, em contrapartida, buscar o seu.
Após aquele longo e afetuoso abraço, acordei com o rosto banhado e o travesseiro encharcado de lágrimas. Eram lágrimas de saudade. Uma saudade incômoda que para sempre ficará cravada no meu coração, mas que em hipótese alguma tentarei arrancá-la de lá, pois enquanto lá ela estiver, minha mãezinha querida voltará para trazer-me o seu carinho, o seu colo, o seu amor de mãe... ainda que seja uma vez por ano.
Apesar da intensa saudade que, impiedosamente, sufocava meu peito, esse foi um dos melhores aniversários da minha vida.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

UM DEDO DE PROSA

A LISTA DE DUNGA

A poucos dias do início da Copa do Mundo de Futebol, na África do Sul, os milhões de técnicos brasileiros mais uma vez se mostraram insatisfeitos com os nomes relacionados pelo comandante da equipe brasileira (no caso, Dunga) para representarem o Brasil. Alguns dos nomes relacionados não foram bem aceitos pelos torcedores; que também fizeram críticas a Dunga por não ter relacionado fulano ou beltrano.
O fato é que a Seleção Brasileira que participará da Copa já está formada, e, como torcedores metidos a técnicos, cabe-nos torcer pelo sucesso da equipe Canarinho, a qual não me encheu os olhos. Eu, a exemplo de milhões de brasileiros, não fiquei satisfeito com a relação de Dunga. Eu também gostaria de ver outros nomes relacionados. Para mim, alguns nomes daquela lista divulgada no último dia 11 não deveriam estar ali por motivos óbvios: outros atletas estão em melhores condições físicas e técnicas que uns três ou quatro da lista, no mínimo. E mesmo que aqueles atletas não estejam em melhores condições físicas que estes, o talento que eles têm demonstrado ao longo da sua carreira dispensa quaisquer comentários, não é dunga?
Bem, a sorte foi lançada... e dela necessitaremos ao longo da competição.
MEUS VERSOS LÍRICOS


A BOLA
(Joésio Menezes)

Há muito tempo
Estou nos gramados.
Já fui de Pelé,
Sou dos Ronaldos.

Sou redonda,
Sou popular,
Já fui de Zico,
Sou de Neymar.

Fui de Maradona,
Sou de Messi
E de outros nomes
Que o povo não esquece.

Sou magia,
Sou esperança,
Sou da Marta
E de toda criança.

Sou a disputa
Que no campo rola;
Sou tão desejada!...
Eu sou a bola.


CONJUGANDO A RIVALIDADE
(Joésio Menezes)

Eu sou Vasco,
Tu és carrasco,
Ele é um sofredor.

Nós somos brasileiros,
Vós sois zombeteiros,
Eles têm sina de perdedor.

Eu sigo em frente,
Tu segues impertinente,
Ele segue desmerecedor.

Nós seguimos com alegria,
Vós seguis com zombaria...
Eles sofrem um horror!
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA


O GOL
(Ferreira Gullar)

A esfera desce
do espaço
veloz
ele a apara
no peito
e a pára
no ar
depois
com o joelho
a dispõe a meia altura
onde
iluminada
a esfera
espera
o chute que
num relâmpago
a dispara
na direção
do nosso
coração.


O ANJO DE PERNAS TORTAS
(Vinícius de Morais)

A um passe de Didi, Garrincha avança
Colado o couro aos pés, o olhar atento
Dribla um, dribla dois, depois descansa
Como a medir o lance do momento.

Vem-lhe o pressentimento; ele se lança
Mais rápido que o próprio pensamento,
Dribla mais um, mais dois; a bola trança
Feliz, entre seus pés – um pé de vento!

Num só transporte, a multidão contrita
Em ato de morte se levanta e grita
Seu uníssono canto de esperança.

Garrincha, o anjo, escuta e atende: Gooooool!
É pura imagem: um G que chuta um O
Dentro da meta, um L. É pura dança!
CRÔNICA DA SEMANA

O DIA EM QUE A CAÇA CONSOLOU O CAÇADOR NO PACAEMBU
(Juca Kfouri)

Dois alvinegros, Santos e Botafogo, faziam os grandes jogos dos anos 60. Pelé x Garrincha, fora outros gigantes dos dois timaços.
Num desses jogos, em São Paulo, os cariocas fizeram uma exibição inesquecível e, estranhamente, pouco badalada nos embates entre os dois melhores times do país naquela época. Aliás, sempre que se fazem referências aos jogos entre Botafogo e Santos daqueles tempos, só são lembradas as vitórias santistas, as goleadas de Pelé & Cia. Pois o Pacaembu estava lotado para ver mais uma.
Pelé e Mané estavam em campo, mas o diabo estava era no corpo que vestia a camisa sete, não a dez. O lateral-esquerdo Dalmo, do Santos, viveu uma tarde de terror. Garrincha pegava a bola e, andando, levava Dalmo até dentro da grande área, onde o zagueiro não podia fazer falta.
O Pacaembu não acreditava no que via: um ponta andar desde a intermediária até a área sem que o lateral tentasse tirar a bola, temeroso do drible desmoralizante. Até que Dalmo percebeu que tinha virado motivo de chacota dos torcedores, muitos dos quais nem santistas eram, mas que iam ao campo na certeza do espetáculo.
E Dalmo resolveu bater antes de chegar à grande área. Bateu uma vez, Garrincha caiu, o árbitro marcou a falta e repreendeu o paulista. Bateu outra vez, Garrincha voltou ao chão, o árbitro marcou a falta e ameaçou Dalmo de expulsão, porque naquele tempo o cartão amarelo não existia.
A terceira falta de Dalmo foi a mais violenta, como se ele estivesse pensando: "Arrebento essa peste, sou expulso, mas ele não joga mais".
Pensado e feito. Enquanto o gênio das pernas tortas estava estirado no bico direito da área dos portões principais do Pacaembu, o árbitro determinava a expulsão de Dalmo, cercado por botafoguenses justamente irados com seu gesto.
Eis que, como um acrobata, Garrincha levanta-se, afasta seus companheiros, bota o braço esquerdo no ombro de Dalmo e o acompanha até a descida da escada para o vestiário, que, então, ficava daquele lado.
Saíram conversando, como se Garrincha justificasse a atitude, entendesse que, para pará-lo, não havia mesmo outro jeito.
O Botafogo ganhou de 3 a 0 e saiu aplaudido do estádio. Tinha visto uma autêntica exibição do Carlitos do futebol, digna mesmo de Charles Chaplin, divertida, anárquica, humana, sensível, solidária.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

UM DEDO DE PROSA

EFEITO ROLO COMPRESSOR

Os mais antigos já diziam que em “m.... quanto mais se mexe, mais fede”. E é verdade!
Na latrina chamada Câmara Legislativa está acontecendo justamente isso. Em depoimento à CPI (Comissão de Parlamentar de Inquérito), o senhor Durval Barbosa acrescentou alguns outros nomes de deputados e ex-deputados envolvidos nos escândalos do “Mensalão do DEM”.
Em março ele já havia deixado um recado aos envolvidos no esquema de corrupção do DF: “Se contrariei algum interesse específico, não tenho culpa. O rolo compressor vem aí. Nem começou. E quem tiver sua culpa que assuma. Muita coisa vai acontecer”.
Essas palavras deixaram muitos parlamentares com “a barba de molho” e com alguma coisa tão apertada que não é possível passar nem uma agulha, ainda que lubrificada com vaselina. Alguns, inclusive, foram levados ao hospital por não resistirem à pressão (arterial, emocional e política) provocada pela repercussão dos fatos.
Aproximam-se as eleições de 2010, e o povo, a cada dia que passa, está ficando sem opções, pois o “rolo compressor” do senhor Durval está trabalhando a mil por hora. Mas como os mais antigos também costumavam dizer que “cada povo tem o governo que merece”, talvez o povo brasiliense esteja fazendo por merecer o governo que está por vir (e que seja o melhor possível!).
MEUS VERSOS LÍRICOS


VOANDO COMO BORBOLETAS
(Joésio Menezes)

Voam como borboletas
Os meus sonhos de criança
Que, fazendo piruetas,
Vão em busca de esperança
De um mundo cheio de paz
Cuja força é capaz
De nos trazer a bonança.

Como borboletas voam
Os meus sonhos de menino
Que, desordenados, ecoam
Pelo tempo, sem destino,
Na tentativa de encontrar
A paz em algum lugar
Cujo amor é cristalino.

Voam sempre as borboletas
Pelos meus sonhos infantis.
São elas brancas, pretas,
Amarelas, lilases, anis...
E nesses sonhos coloridos
A paz é o meu pedido
Para um mundo mais feliz.


VERSOS HEXASSÍLABOS
(Joésio Menezes)

“Metade” desse “fogo”
“Faz parte do meu show”
Cuja “regra do jogo”
“É” não saber quem sou.

Mas “se” eu for descoberto,
“Flores” entregarei
De “coração” aberto
À “moça” que beijei.

A qual “jamais” me quis
Por ser “eu” um infeliz
De “alma” renegada

Pelo “anjo maldito”
Que sufoca “meu grito”
Lá “na cama” da amada.
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA



ÚLTIMO SONETO
(Álvares de Azevedo)

Já da noite o palor me cobre o rosto,
Nos lábios meus o alento desfalece,
Surda agonia o coração fenece,
E devora meu ser mortal desgosto!



Do leito, embalde num macio encosto,
Tento o sono reter!... Já esmorece
O corpo exausto que o repouso esquece...
Eis o estado em que a mágoa me tem posto!

O adeus, o teu adeus, minha saudade,
Fazem que insano do viver me prive
E tenha os olhos meus na escuridade.

Dá-me a esperança com que o ser mantive!
Volve ao amante os olhos, por piedade,
Olhos por quem viveu quem já não vive!


SONETO
(Arnaldo Antunes)

O mal estar que exala quem discorda
Porque não sente quase ou não entende
Concorda bem com o de quem assente
Sem romper a casca, e não acorda.

Somente se distar de estar de frente
Distrai a sua mente da derrota.
Distante como diante de uma porta
Destrói na letra preta o branco ausente.

A vida do sentido o incomoda —
Vigor de ponta a ponta da serpente
Que o branco ovo a cada dia lota.

Suporta, não se importa ou então mente,
Não compreende o que o prende à borda —
O ouro da palavra, um acidente.
CRÔNICA DA SEMANA
AS PEQUENAS PEDRAS
(Emir Tavares, www.loucurasdeamorvip.com.br)

São as pequenas pedras que tanto nos incomodam. Ninguém perde seu tempo, ou sua energia física e emocional diante de uma pedreira, pois é algo sabidamente intransponível.
Dentro da cultura judaica existe um ensino precioso: “Aquilo que não podemos mudar, simplesmente deixemos de lado”. O que machuca, o que maltrata, são as tantas e tão valorizadas pedrinhas.
Sabemos que elas machucam. E como... Basta caminhar na areia da praia junto à água do mar. Como é prazerosa a caminhada até que nossos calcanhares comecem a sentir aquela dor fininha e penetrante...
No nosso dia-a-dia não é diferente. Temos que saber enfrentar essas pedrinhas que teimam em nos desafiar. Temos que enfrentá-las de frente. Temos que encarar nossos problemas de frente e nada de ficar adiando coisa alguma, pois, a pedrinha de hoje pode se transformar naquele paredão de amanhã.
Encare as pedrinhas como elas são: pedrinhas. Não as supervalorize. Elas não passam de meras pedrinhas.