quinta-feira, 28 de outubro de 2010

UM DEDO DE PROSA

ELEIÇÕES 2010: SEGUNDO E ÚLTIMO ROUND

E mais uma vez lá estaremos nós para creditar nosso VOTO de confiança àqueles que se “propõem a fazer o melhor para o povo”. E caso depositemos nossa confiança na pessoa errada, com ela teremos que ficar por, no mínimo, quatro anos. Uma eternidade a quem já não mais aguenta mentiras, corrupção, falcatruas políticas e “coisa e tal”.
E mais uma vez aí estão eles prometendo o que não podem cumprir, garantindo o que não podem dar...
De anistia de multas de trânsito a metrô para “onde Judas perdeu as botas”; de salário desemprego em dobro (e por um período de 12 meses) a refinanciamento de empréstimos bancários com data de pagamento da primeira parcela para daqui a um ano; de escrituras de lotes irregulares à construção de um centro clínico de primeiro mundo; tudo isso e um pouco mais eles prometem. Mas quem tem um pouco de discernimento sobre o que é possível e impossível, não se deixa levar pela lábia de tão bons mentirosos de inescrupulosidade indubitável.
Não nos deixemos enganar novamente por falsas promessas desses homens e mulheres que tratam seus eleitores como se fantoches asininos fossem; como se nada soubessem; como se a maioria da população fosse ignorante.
MEUS VERSOS LÍRICOS

APELO A UM POETA
(Joésio Menezes)

Naquele fim de tarde
Chegou-me, sem alarde,
Um apaixonado beija-flor
E disse-me que queria
De mim uma poesia
Para dar ao seu amor.

E eu também ouvi
Do pequenino colibri
Que ela é comprometida,
Mas disse-me o galanteador
Que por aquela linda flor
Ele daria a própria vida.

Eu fiquei sensibilizado
Com o apelo do apaixonado
E encantador colibri.
Não hesitei e, então,
Botei lápis e papel na mão
E estes versos escrevi:

“Minha amada... amada minha,
A paixão por ti me definha
E maltrata meu coração...
Faz o que quiseres comigo,
Mas não me permitas o castigo
De morrer, à míngua, de paixão!

Sê bondosa com meu peito
E faz de mim um sujeito
Dos teus lábios merecedor.
Eu te prometo, doce amada,
Que nessa e noutras floradas,
Não mais beijarei outra Flor”.


ANA CLARA
(Joésio Menezes)

Ana clareou o dia e sorriu
No instante em que minha poesia
Aleatoriamente saiu

Cantando versos com alegria;
Levando aos poetas do Brasil
A paixão que em demasia
Reina suprema, mas sem heresia,
Aqui em meu coração senil.
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA

POEMA DOS OLHOS DA AMADA
(Vinícius de Morais)

Ó minha amada,
Que olhos os teus!
São cais noturnos
Cheios de adeus,
São docas mansas
Trilhando luzes
Que brilham longe
Longe dos breus...

Ó minha amada,
Que olhos os teus!
Quanto mistério
Nos olhos teus,
Quantos saveiros,
Quantos navios,
Quantos naufrágios
Nos olhos teus...

Ó minha amada
Que olhos os teus!
Se Deus houvera,
Fizera-os Deus,
Pois não os fizera
Quem não soubera
Que há muitas eras
Nos olhos teus.

Ah, minha amada
De olhos ateus,
Cria a esperança
Nos olhos meus
De verem um dia
O olhar mendigo
Da poesia
Nos olhos teus.


A ÁRVORE DA SERRA
(Augusto dos Anjos)

— As árvores, meu filho, não têm alma!
E esta árvore me serve de empecilho...
É preciso cortá-la, pois, meu filho,
Para que eu tenha uma velhice calma!

— Meu pai, por que sua ira não se acalma?!
Não vê que em tudo existe o mesmo brilho?!
Deus pos almas nos cedros... no junquilho...
Esta árvore, meu pai, possui minh'alma! ...

— Disse — e ajoelhou-se, numa rogativa:
«Não mate a árvore, pai, para que eu viva!»
E quando a árvore, olhando a pátria serra,

Caiu aos golpes do machado bronco,
O moço triste se abraçou com o tronco
E nunca mais se levantou da terra.
CRÔNICA DA SEMANA

A MAIS PURA VERDADE...
(Arnaldo Jabor)

À medida que envelheço e convivo com outras, valorizo mais ainda as mulheres que estão acima dos 30. Elas não se importam com o que você pensa, mas se dispõem de coração se você tiver a intenção de conversar. Se ela não quer assistir ao jogo de futebol na Tv não fica à sua volta resmungando, vai fazer alguma coisa que queira fazer...
E geralmente é alguma coisa bem mais interessante. Ela se conhece o suficiente para saber quem é, o que quer e quem quer. Elas não ficam com quem não confiam. Mulheres se tornam psicanalistas quando envelhecem.
Você nunca precisa confessar seus pecados... elas sempre sabem... Ficam lindas quando usam batom vermelho. O mesmo não acontece com mulheres mais jovens... Mulheres mais velhas são diretas e honestas.
Elas te dirão na cara se você for um idiota, caso esteja agindo como um!
Você nunca precisa se preocupar onde se encaixa na vida dela. Basta agir como homem e o resto deixe que ela faça... Sim, nós admiramos as mulheres com mais de 30 anos! Infelizmente isto não é recíproco, pois para cada mulher com mais de 30 anos, estonteante, bonita, bem apanhada e sexy, existe um careca, pançudo em bermudões amarelos bancando o bobo para uma garota de 19 anos...
Senhoras, eu peço desculpas! Para todos os homens que dizem: "Porque comprar a vaca, se você pode beber o leite de graça?", aqui está a novidade para vocês: Hoje em dia 80% das mulheres são contra o casamento, e sabem por quê?
"Porque as mulheres perceberam que não vale a pena comprar um porco inteiro só para ter uma linguiça!". Nada mais justo!

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

UM DEDO DE PROSA

AOS POETAS, COM CARINHO

Ontem (20/10) comemorou-se o DIA DO POETA.
Poeta é todo aquele que conta e canta suas alegrias e tristezas, suas conquistas e decepções, seus encantos e fantasias por meio de versos.
Poeta é aquele que enxerga a beleza do Universo e de todos que o habitam com os olhos da alma; é aquele que percebe a essência do amor nas mais ríspidas e hostis palavras proferidas por quem nunca o recebeu; é aquele que sorri com o coração às intempéries da vida para mostrar aos simples mortais que os obstáculos surgem não para atravancarem o sucesso de alguém, mas sim para mostrarem que as conquistas tornam-se mais doces quando eles se fazem presentes.
Já dizia o inigualável Pessoa que “o poeta é um fingidor”, pois “finge tão completamente que chega a fingir que é a dor a dor que deveras sente”... Sábias palavras, porém óbvias, pois se ele não conseguisse “fingir que é dor a dor que deveras sente”, não seria Poeta, mas um simples alguém cuja fragilidade emocional torna-se um obstáculo ainda maior às suas pretensões de poeta.
A todos os Poetas (e aos que se dizem sê-lo), ainda que com um pouco de atraso, meus sinceros votos de eternos versos carregados do maior e mais divino dos sentimentos, o AMOR.
MEUS VERSOS LÍRICOS

POETA, SIM SENHOR!...
(Joésio Menezes)

Sou um poeta sem endereço
E busco, a qualquer preço,
O Mundo Encantado
Presente na poesia
Que enche de alegria
Meu coração apaixonado.


Sou um poeta errante
E vivo cada instante
Como se fosse meu último dia,
Pois sei que desmereço
Todo e qualquer apreço
Que me é dado em demasia.

Sou um poeta indigente,
Pois vivo tão somente
Dos versos que dou ao mundo.
São versos cheios de paixão
Que fluem de um coração
Senil e moribundo.

Sou um poeta desvairado
E, às vezes, questionado
Se não apenas um sonhador...
Se me é permitido sonhar
E ao vento meus versos soltar,
Então, sou poeta, sim senhor!...


PALAVRAS AO VENTO
(Joésio Menezes)

Solto minhas palavras ao vento
Esperando que elas voltem um dia
Não carregadas de sofrimento,
Mas sim em forma de poesia.

E que elas nos tragam um alento
E um pouco mais de energia
Na hora de enfrentarmos os tormentos
Causados por nossa vil heresia.

E uma vez estando elas soltas,
Que regressem totalmente envoltas
Pelo sentimento de felicidade...

Solto minhas palavras ao vento
Com um único pensamento:
Que elas transitem com liberdade.
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA

NOITE
(Menotti Del Picchia)

As casas fecham as pálpebras
das janelas e dormem.
Todos os rumores são postos em surdina,
todas as luzes se apagam.

Há um grande aparato
de câmara funerária
na paisagem do mundo.

Os homens ficam rígidos,
tomam a posição horizontal
e ensaiam o próprio cadáver.

Cada leito é a maquete de um túmulo.
Cada sono em ensaio de morte.

No cemitério da treva
tudo morre provisoriamente.


OS BURACOS DO ESPELHO
(Arnaldo Antunes)

O buraco do espelho está fechado,
agora eu tenho que ficar aqui
com um olho aberto, outro acordado
no lado de lá onde eu caí.

Pro lado de cá não tem acesso,
mesmo que me chamem pelo nome,
mesmo que admitam meu regresso,
toda vez que eu vou a porta some.

A janela some na parede,
a palavra de água se dissolve
na palavra sede, a boca cede
antes de falar, e não se ouve.

Já tentei dormir a noite inteira...
Quatro, cinco, seis da madrugada
vou ficar ali nessa cadeira,
uma orelha alerta, outra ligada.

O buraco do espelho está fechado,
agora eu tenho que ficar agora.
Fui pelo abandono abandonado
aqui dentro do lado de fora.
CRÔNICA DA SEMANA

AS BAILARINAS
(Carla Dias)

Sonhei com bailarinas — delicadamente despenteadas — a sapatear sobre poças. Seus olhares eram brilhantes como o sol que despontava de fundo, clareando um cenário de saltos e rodopios. Não havia música... Ouvia-se somente a respiração compassada das bailarinas, como fossem palavras arrancadas de seus segredos.
Eu estava sentada numa cadeira, defronte ao espetáculo, as pernas cruzadas e a paciência ao meu lado, apontando os melhores momentos das meninas que tanto diziam sem mexer seus lábios; que faziam seu show de dança ainda que na falta de música.
A paciência, que em meu sonho era uma senhora muito educada e sábia, sorria o tempo todo. Eu não... Os lábios contraídos, a feição remexida pela preocupação, os dedos tamborilando sobre os braços da cadeira.
Ela me explicava que aquelas bailarinas eram de uma coleção de porcelana de uma mulher que viveu há muito tempo e que, depois de deixar seu corpo físico, resolveu morar nas suas pequenas companheiras. Então, apesar de tantas bailarinas a fiarem o espetáculo, era somente o espírito dessa mulher que lhes dava vida, como se ela tivesse se fragmentado e agora fizesse parte de um quebra-cabeça formado por mocinhas assustadas, silentes, os cabelos delicadamente despenteados.
As bailarinas continuavam sua coreografia e a Dona Paciência me fitava com... Uma paciência daquelas. E então as meninas de porcelana pararam e permaneceram estáticas, olhares injetados. De acordo com minha companheira de sonho, era nesse momento em que o espírito da mulher que habita as bailarinas as deixava descansar, cuidar dos pés fragilizados.
Acontece que as bailarinas interromperam o espetáculo justamente quando eu começava a decifrar os seus diálogos. Quando a curiosidade e a sofreguidão, por não saber o que e quando, seriam sanadas. Levantei-me da cadeira e murmurei desapontamentos. Cerquei as bailarinas com meus próprios rodopios, lamentando a ausência de vida nelas. Acusando-as de não serem capazes de terminar o que começaram. E o sorriso alentador da Dona Paciência me tirava do sério.
Eu ainda expurgava descontentamentos quando elas retomaram seus passos. Os braços jogados ao ar, a coreografia desalinhada como seus cabelos. Não consegui sair do cerco das bailarinas, e a única forma que encontrei de sobreviver a tal episódio foi me juntar a elas.
Eu escutava somente o som dos pés sobre o assoalho, o ritmo marcado pelos saltos. Sutilmente, passei a assimilar esses sons a uma melodia que vinha não sei de onde. Também passei a ouvir tambores... Que na verdade eram os nossos corações batendo num mesmo compasso.
À nossa frente, a Dona Paciência sorria uma amabilidade que pouco se vê por aí. Eu não conseguia tirar os olhos dela, daquela senhora com faces coradas, como se tivesse acabado de cometer uma traquinagem. E, aos poucos, passei a ter por ela o afeto de quem descobre que é preciso muita serenidade para não cometer a injustiça de definir a realidade somente a partir das nossas próprias conclusões.
Aos poucos, foi ficando mais fácil acompanhar as bailarinas. Minhas faces não se tornaram alvas e frias como as delas, tampouco meus cabelos se desalinharam de forma tão ingênua e bela. Entre elas, eu era uma diferença necessária, uma variação que completava a canção secreta e que emocionava profundamente aquela senhora sentada defronte a nós.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

UM DEDO DE PROSA

APÓS 69 DIAS, DE VOLTA À VIDA

O mundo inteiro acompanhou de perto a história dramática dos 33 mineradores chilenos, presos há mais de dois meses, a uma profundidade de 700 metros, na mina San José, no deserto do Atacama, perto da cidade de Copiapó, no norte do Chile. Todos sensibilizaram-se com o bem-sucedido resgate dos mineradores, resgate este acompanhado via satélite por mais de metade da população do planeta.
Foi uma longa espera que terminou antes das 22h da última quarta-feira, dia 13/10. Durante todo o dia de terça-feira predominaram a ansiedade e o nervosismo no acampamento Esperança, de onde autoridades, jornalistas, familiares e amigos não arredaram pé desde a notícia do acidente e lá permaneceram até que os 33 mineiros fossem salvos
Felizmente, ainda restam no coração dos homens o sentimento de solidariedade, o amor ao próximo e, principalmente, a presença de Deus. E é isso que faz a raça humana ser considerada RACIONAL, com algumas exceções, é claro!...
MEUS VERSOS LÍRICOS

CONTANDO COM A SORTE
(Joésio Menezes)

“Apenas sorte é o que falta a mim!”
Isso eu penso sempre que te vejo.
E logo me vem um forte desejo
De beijar teus lábios cor de carmim.

Mas queimar-me no teu fogo sem fim
É o que na vida eu mais almejo,
Pois é fato: há muito te cortejo,
E por isso sofro tanto assim!...


Sorte... apenas sorte está faltando
A esse poeta triste e nefando
Cujo peito de desejos palpita.

Sorte é só o que peço a Deus
Para realizar os sonhos meus,
Mas sorte só tem quem nela acredita.


CLASSIFICADOS
(Joésio Menezes)

Vende-se um coração apaixonado
Com quarenta e nove anos de vida.
Um coração em perfeito estado,
Mas com marcas de uma paixão bandida.

Troca-se um peito regenerado,
Mas com muitos anos de recaída,
Por outro que jamais fora afetado
Pelos males da paixão recolhida.

Procura-se um ombro que seja amigo
E que possa compartilhar comigo
As dores que nos provoca a paixão.

Aluga-se um colo aconchegante,
Que seja confiável o bastante
Para confortar o meu coração...
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA

EM CADA PRIMAVERA...
(Carolina Salcides)

Um doce sonhar
Um difícil esperar
Um triste querer
Uma vontade de amar.


Um descanso no jardim
Um olhar no horizonte
Uma saudadeque insiste
Um amornão sei onde.

Um desejo que fica
Pensamentos que voam
Uma solidão que se instala
Um amor que cala.

Uma alma que espera
Um coração que se aperta
Se enche de esperança
Em cada primavera...


SONETO DITADO NA AGONIA
(Bocage)

Já Bocage não sou!... À cova escura
Meu estro vai parar desfeito em vento...
Eu aos Céus ultrajei! O meu tormento
Leve me torne sempre a terra dura;

Conheço agora já quão vã figura,
Em prosa e verso fez meu louco intento:
Musa!... Tivera algum merecimento
Se um raio da razão seguisse pura.

Eu me arrependo; a língua quase fria
Brade em alto pregão à mocidade,
Que atrás do som fantástico corria:

Outro Aretino fui... a santidade
Manchei!... Oh! Se me creste, gente ímpia,
Rasga meus versos, crê na eternidade!.
CRÔNICA DA SEMANA

ESPETÁCULO DA NATUREZA
(Joésio Menezes)

Aproxima-se a primavera...
Os ipês resistem ao tempo seco e quente, suas copas florescem e colorem a paisagem cinzenta e cheia de fuligem das queimadas.
No chão, formam-se lindos tapetes roxos e amarelos com as flores que caem dos ipês e beijam-no em reverência à sua fertilidade.
Ao longe, algumas cigarras já começam a ciciar. Em breve, seus zunidos ensurdecedores incomodarão muita gente ao mesmo tempo em que inspiração trarão aos poetas. Também em breve as lagartas transformar-se-ão em lindas borboletas que, coloridamente, lançarão todo o seu charme às flores, que por sua vez exibirão sua exuberante beleza aos encantados colibris, amigos e rivais dos vates apaixonados que, em desvantagem diante das pequeninas e airosas aves, limitam-se a escrever seus versos à estação florida, que chega sem alarde, mas com pose de estação-rainha.
E atraídas pelo cheiro afrodisíaco do néctar das flores que chegam no encalço da primavera, as abelhas também chegarão e montarão acampamento próximo às árvores em florescimento, e lá ficarão de sentinela, à espera do primeiro desabrochar.
Enquanto isso, nós, aspirantes a poeta, ficaremos esperando o espetáculo primaveral que Natureza nos apresenta, para que assim – quem sabe? – os nossos humildes versos também possam florescer.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

UM DEDO DE PROSA

“TUDO COMO DANTES NO QUARTEL D'ABRANTES”

Concordo com a célebre frase “cada povo tem o governo que merece”, e isso foi mais uma vez comprovado nas eleições do último dia 03/10.
Centenas de milhares de brasileiros foram às urnas e creditaram seus votos àqueles que nos próximos quatro anos (no mínimo) serão SENHORES do nosso futuro incerto. Mas quando se esperava uma votação séria, tendo em vista os vergonhosos acontecimentos no meio político, ocorridos recentemente, eis que fomos pegos de surpresa: Alguns nomes envolvidos nos Mensalões e Caixas de Pandora, além de outros um tanto quanto inusitados, foram eleitos, o que significa que ficaremos a mercê dos desmandos e da falta de escrúpulos deles até as próximas eleições.
É uma pena que, mesmo sabendo quem são e o que fizeram, o povo os tenha escolhido. Isso é prova de que ainda temos muito o que aprender, principalmente no que diz respeito a ato de VOTAR.
O resultado apurado nas urnas, em 03 de outubro, nos trouxe a certeza de que, no Brasil, o crime compensa, pois os surrupiadores do erário público conseguiram algumas das concorridíssimas vagas nas Câmaras e no Senado, graças às manobras políticas e judiciais ao longo do processo eleitoral. E por falar em manobras, em Brasília ocorreu a mais escandalosa delas: um certo candidato ao governo - cuja ficha criminal é extensa -, vendo que o STF impugnaria sua candidatura, desistiu de continuar na disputa e colocou em seu lugar a esposa, que passou para o 2º turno. Caso seja eleita, certamente o marido governará em seu nome, e tudo voltará a ser como nos tempos do coronelismo.
Mas diante de tamanho “analfabetismo político”, ao menos uma boa notícia: no circo chamado Câmara dos Deputados haverá um PALHAÇO profissional que comandará os espetáculos federais (quando acontecerem, é claro!).
O povo pode até merecer esses políticos que aí estão, mas, sinceramente..., o Brasil não merece!!!
MEUS VERSOS LÍRICOS

CONTROVÉRSIA POLÍTICA: CONTRARIANDO O POETA GONGON
(Joésio Menezes)

Em casa eu recebi
Um folheto em cordel
Que o poeta Gongon
Fez para Ezequiel.
“Homem inteligentíssimo”,
Diz o sábio menestrel.


Mas quem tem inteligência
E também serenidade
Não se mete na política
Nem por simples vaidade,
Pois ela sempre corrompe
Quem preza a honestidade.

Concordo com o poeta!
Nordestino sangue quente
Não sabe mandar recado.
Ele vai, diz o que sente
Sem temer as consequências
Que encontrará pela frente.

Por isso aqui estou
Para dizer o que sinto:
Os que têm sobriedade
E que são seres distintos
Não se deixam enganar
Pelo cheiro do absinto.

A política deslumbra
E quem lá consegue entrar
Não mais pensa em sair,
Pois aprende a gostar
De tudo que oferece
O cargo parlamentar:

Prestígio, imunidade,
Vida mansa, bom salário,
Viagens e mais viagens
Bancadas pelo erário
E a oportunidade
De ser um milionário.

Também são oferecidas
Aos nobres parlamentares
Muitas outras regalias
Que lhes são peculiares.
São direitos jamais tidos
Pelas classes populares...

Aquele que antes era
Um pacato cidadão
Longe de qualquer suspeita,
Não demora, abre mão
Da sua honestidade,
Ingressa na corrupção.

E tudo que prometeu
Ao seu nobre eleitorado
Cai no esquecimento,
No vento fica guardado.
E o pobre eleitor
Outra vez é enganado.

É assim que funciona,
De norte a sul do Brasil,
A arte de ludibriar
Nosso povo tão gentil,
Incapaz de abrir mão
Da pátria que o pariu.

Por isso não acredito
Que haja sinceridade
No que falam os políticos.
E que se diga a verdade:
Quando lá eles estão,
Falta-lhes honestidade.

Desculpe-me, Bertold Brecht!
Perdoa-me, caro poeta!
Abnego essa política
Sem-vergonha e abjeta,
Mas não sou pessoa burra
Tampouco analfabeta.

Eu apenas me recuso
A acreditar nos políticos,
Por isso aqui registro
Em versos meu faro crítico,
Sem querer me colocar
Ao lado dos Analíticos.

Mas de volta à poesia
Que Gonçalo escreveu,
Ela muito me encantou,
Porém não me convenceu
A creditar o meu voto
Nesses sujos fariseus.

Agradeço-te, Gongon,
O cordel que recebi.
Não o rasguei nem joguei fora;
Eu o guardei depois que li...
Aprecio muito o cordel
E este dedico a ti!
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA

O ANALFABETO POLÍTICO
(Bertold Brecht)

O pior analfabeto
é o analfabeto político.
Ele não ouve, não fala,
nem participa
dos acontecimentos políticos.


Ele não sabe que o custo de vida,
o preço do feijão, do peixe,
da farinha, do aluguel, do sapato
e do remédio dependem
das decisões políticas.

O analfabeto político
é tão burro que se orgulha
e estufa o peito dizendo
que odeia a política.

Não sabe o imbecil que,
da sua ignorância política,
nasce a prostituta,
o menor abandonado
e o pior de todos os bandidos,
que é o político vigarista,
pilantra, corrupto e lacaio
das empresas nacionais
e multinacionais.


O CICLO
(Wil S. Figueiredo Jr)

Ó mundo corrompido!
Corrompido pela política,
corrompido pela guerra,
corrompido pela humanidade.

Ó humanidade corrompida!
Corrompida pela fome,
corrompida pela desigualdade,
corrompida pelo homem.

Ó homem corrompido!
Corrompido pelo ódio,
corrompido pela inveja,
corrompido pelo seu próprio mundo.
CRÔNICA DA SEMANA

POLÍTICA, UMA ARTE MILENAR
(Dalva Dias Magalhães)

O tempo é companheiro da esperança. Esta, perdida em horizontes longínquos remonta à memória de um povo sem história. Povo ordeiro, gente simples perdida no anonimato de sua função. Povo esse cuja nobreza de caráter traduz um sentimento de repugnância quando lesado em seus direitos sociais. Esse mesmo povo abomina a política, mas é governado pelos que dela vivem; pouco entende desse sistema neoliberal, mas é a principal vítima dos desequilíbrios da economia.
Tolhido em sua dignidade, tenta compreender o processo de condução do país e a genialidade de seus representantes no ato da manipulação e na defesa de seus interesses eleitoreiros.
Assim, diante de um salário de fome, vai esmerilando seu dia de aço, enxada, papel, carvão,etc. São mãos trabalhadoras, que laboram a terra, enfrentam o trânsito caótico das grandes metrópoles, pendurados por sobre os trilhos, enjaulados dentro dos metrôs; mãos vazias de esperança.Essas vidas não cabem nas convenções, nas assembléias, nos conchavos. E assim, da política só conhece promessas vãs, medíocres, covardes. Promessas que comprometem o seu tempo, o seu presente, o seu sonho.
Para reconstruir esse sonho, vai virando a página da história, tentando resgatar a esperança perdida, adquirindo novas maneiras de encarar esse processo vil, do qual é o principal alvo. Felizmente já consegue questionar teorias tidas como verdades absolutas e organiza novas formas de defesa e convivência social. E dentro do seu espaço, reconstruindo sua história, essa gente conseguirá sobreviver a mais um período eleitoral. Renegará veementemente as maldades camufladas dos candidatos, porque sabe como ninguém, que a guerra pelo poder não tem preço e nessa batalha omite-se a prática de qualquer virtude.
Esse é o povo brasileiro que se une para conspirar contra a politicagem. Para exigir dos candidatos que não violem o mais inviolável dos seus direitos, algo simples e muito nobre, chamado respeito.