sexta-feira, 28 de outubro de 2011

UM DEDO DE PROSA

ENQUANTO ISSO, NA REDE PÚBLICA DE SAÚDE...

Enquanto o governo brasileiro gasta bilhões de reais na preparação do país para receber a Copa do Mundo da FIFA, em 2014, o povo agoniza nas filas dos hospitais em consequências do caos em que se encontra o sistema de Saúde do Brasil.
Todos os dias, ouvimos noticiarem os inúmeros casos de mortes na fila de espera por um atendimento médico (sem contar aqueles que não tomamos conhecimento!). Estamos cansados de ouvir, também, notícias de mortes por negligência médica ou por falta de UTIs para os casos mais graves. E o que dizem as autoridades (in)competentes acerca do assunto?... Que estão contratando novos profissionais e que estão instalando novos leitos nos hospitais; que a instalação de novas UTIs está em processo de licitação (desde a Proclamação da República)...
“História para inglês ver” ou - se preferirem! – “história para boi dormir”, pois, desde a vinda da Família Real para o Brasil, ouvimos sempre as mesmas promessas. E o pior de tudo é que o povo brasileiro ainda não aprendeu a lição!
Hoje estão todos comemorando o fato de o nosso país sediar a próxima Copa do Mundo e, em 2016, as próximas Olimpíadas. E depois, quando tudo isso tiver terminado? O que será de nós? Será que ainda existiremos?
Tenho certeza que os responsáveis por esses dois megaeventos (grandes fontes de desvios de verbas públicas) SIM!... Esses sempre terão à sua disposição UTIs muito bem equipadas, Hospitais Luxuosos com os melhores médicos do país - quiçá do mundo - e leitos KING SIZES, inclusive para os seus acompanhantes.
MEUS VERSOS LÍRICOS


A MULHER E A FLOR
(Joésio Menezes)

Ambas têm a delicadeza
Encontrada no feminino
E o encanto genuíno
Da nossa Mãe Natureza.

Ambas esnobam beleza,
A qual eu denomino
Razão do meu desatino
E cura da minha fraqueza.

Elas têm o doce perfume
Cujo aroma nos presume
Que sinônimos ambas são.

E se perguntado me for:
“Qual escolhes, mulher ou flor?”
Digo: são elas minha Paixão!


VERSOS À KEILA SILENE
(Joésio Menezes)

Não posso negar que encantado fico
Sempre que apareces ao meu lado
Trazendo no rosto um riso rico
E feliz com o dom que te foi dado.

E nesse teu riso eu me edifico
E me sinto mais entusiasmado
Para fazer o que me prontifico,
Inda que não me sinta preparado...

De Deus, ganhaste o dom de ensinar
Aos que inda não sabem caminhar
Sozinhos pela estrada do saber.

E é em ti que busco inspiração
Para buscar na nossa profissão
A chance de na vida eu crescer.
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA

QUANDO ELA FALA
(Machado de Assis)

Quando ela fala, parece
Que a voz da brisa se cala;
Talvez um anjo emudece
Quando ela fala.

Meu coração dolorido
As suas mágoas exala,
E volta ao gozo perdido
Quando ela fala.

Pudesse eu eternamente,
Ao lado dela, escutá-la,
Ouvir sua alma inocente
Quando ela fala.

Minha alma, já semimorta,
Conseguira ao céu alçá-la
Porque o céu abre uma porta
Quando ela fala.


ME LEVA
(Mário Quintana)

Me leva... por caminhos de amor e prazer
Se inflame na chama do meu corpo
Me sufoca
Me enrosca
De forma natural
se entregue
Me pega
Me laça
Me abraça

Vem me induzir aos seus anseios
e aos meus desejos tão loucos
que aos poucos vão nos consumindo
de tanto amor e prazer

Eu quero seu amor a qualquer preço
Quero que você me tenha por inteiro
Quero seus beijos ardentes
tão doces... tão quentes...
e me embriagar no perfume do seu corpo
para que possamos viajar
nesse amor tão bonito.
CRÔNICA DA SEMANA

A ESCOLHA DO AMOR
(Gabriel Chalita)

Pessoas que têm certezas absolutas erram mais. Todos os dias fazemos escolhas em nossas vidas. Algumas escolhas são simples; outras, mais complexas. Escolhemos a roupa, o sapato, a alimentação, o trajeto. Escolhemos a escola, o trabalho, as prioridades. Como não é possível resolver todos os problemas de uma única vez, vamos escolhendo aqueles que precisam ser solucionados antes. Escolhemos no supermercado, na loja, a forma de pagamento. Algumas escolhas simples ficam complicadas quando complicamos a vida. Fazer um almoço se torna um calvário para quem está angustiado. Ter de escolher o que fazer e que agrade às outras pessoas da família parece um trabalho insano.
Escolher a escola dos filhos. Escolher a mudança de emprego. Aos poucos as escolhas vão exigindo mais reflexão e o resultado da escolha vai ficando mais sério. Uma coisa é escolher a comida errada no cardápio e decidir que não vai pedir mais aquele prato. Outra coisa é perceber que casou com a pessoa errada. A escolha do casamento tem de ser mais demorada do que a do produto de uma prateleira em um supermercado.
Como somos imperfeitos, a dúvida sempre fará parte de nossas escolhas. E é diante da dúvida que amadurecemos. Pessoas que têm certezas absolutas erram mais e sofrem mais com isso.
A dúvida nos torna mais humildes, mais abertos ao diálogo. Nesses momentos é que percebemos nossa maturidade frente aos obstáculos. Os mais concretos ou os mais abstratos.
Uma modesta sugestão: Diante das dúvidas que surgirem, escolha o amor.
Diante de sentimentos mesquinhos, como a inveja, o ciúme, a vingança; escolha o amor. Antes de falar, pense. Mas pense com amor. Antes de agredir, lembre-se de que o tempo da cicatriz é mais demorado do que o tempo do comedimento. Antes de usar a palavra como instrumento de maldizer, lembre-se de que o silêncio é o grande amigo e de que, na dúvida, o outro deve receber a sua compaixão.
Diante do comodismo, da alienação, escolha o amor em ação. Assim fizeram os apóstolos, mesmo sabendo que seriam incompreendidos; assim fez Francisco de Assis quando ousou chamar a todos de irmãos; ou Dom Bosco com os jovens que só se aquietavam quando se sentiam amados. Assim fez Madre Tereza de Calcutá que fazia a escolha do amor diante de cada próximo que dela precisasse. Diante da boa dúvida, é bom pedir ajuda.
Para os irmãos e para Deus, a essência do Amor. Os desafios são muitos. É por isso que sozinho fica difícil. Como diz a canção: “Eu pensei que podia viver por mim mesmo. Eu pensei que as coisas do mundo não iriam me derrubar”.
E a oração continua e, com ela, nossa certeza: “Tudo é do Pai. Toda honra e toda glória. É Dele a vitória alcançada em minha vida”.

sábado, 22 de outubro de 2011

UM DEDO DE PROSA

O QUE PENSO ACERCA DO TERMO “CASAL”

Não estou aqui para polemizar ou para discriminar a união de homossexuais, mas desde cedo aprendi que CASAL é um “par composto de macho e fêmea ou de homem e mulher” - como bem define o dicionário Aurélio - e que PAR é o conjunto de dois seres (animados ou inanimados) do mesmo ou de diferente gênero.
Hoje, não mais sei o que dizer aos meus alunos (ou a quem quer que seja!) a respeito do significado da palavra casal, pois à medida que novos grupos sociais surgem, as palavras e seus respectivos significados mudam, principalmente quando é do interesse dos legisladores que, buscando conquistar votos numa eventual eleição, tudo fazem para “agradar a gregos e troianos”.
Mutações e interesses à parte, peço mil desculpas aos rapazes e moças (principalmente aos amigos e amigas homossexuais) que optaram por dividir o seu amor com outras pessoas do mesmo sexo, mas ainda não consigo vê-los como um CASAL (no sentido literal da palavra), mas respeito-os e admiro-os pela determinação e coragem de assumirem publicamente o que querem para si: a união estável entre DUAS PESSOAS DO MESMO SEXO como “entidade familiar”.
Ainda que eu não consiga ver dois homossexuais (homens ou mulheres) como um CASAL, abnego todo e qualquer comportamento homofóbico. Sempre fui contra a homofobia, e sempre serei, entretanto, continuo tendo a mesma opinião de outrora acerca do conceito “casal”.
O homem recebeu de Deus o livre arbítrio para agir e ser livre, cabendo a ele a capacidade para fazer as suas próprias escolhas. Assim sendo, ninguém tem o direito de agredir - física e ou verbalmente - essa ou aquela pessoa pelo fato de ela ter escolhido passar o resto da vida ao lado de uma outra pessoa do mesmo sexo.
MEUS VERSOS LÍRICOS

O TEU PERFUME
(Joésio Menezes)

A doce fragrância do teu perfume
Instiga minh’alma despudorada
E deixa mordendo-se de ciúmes
Orquídeas e rosas apaixonadas.

E como se fosse do seu costume,
Os colibris chegam em revoada
E, atraídos pelo teu perfume,
Ignoram as flores enciumadas...


Esse teu perfume adocicado
É, ainda, o principal culpado
Pelos delírios e anseios meus.

E sob o efeito inebriante
Do seu cheiro me sinto aspirante
A um aconchego nos braços teus.


AOS TEUS ENCANTOS
(Joésio Menezes)

- à Keila Silene -

A mim disseste, certa vez,
Que jamais havia recebido
Uma poesia cortês
Ou qualquer verso atrevido.

Desculpa-me!... sou descortês,
Porém, não sou despercebido!...
Não te explicarei os porquês,
Mas creio que falta libido

- Além de sensibilidade -
Aos poetas dessa cidade
Que, por meio da poesia,

Não sabem como expressar
O que vive a nos inspirar:
Teus encantos em demasia.
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA

CANTIGA PARA NÃO MORRER
(Ferreira Gullar)

Quando você for se embora,
moça branca como a neve,
me leve.

Se acaso você não possa
me carregar pela mão,
menina branca de neve,
me leve no coração.

Se no coração não possa
por acaso me levar,
moça de sonho e de neve,
me leve no seu lembrar.

E se aí também não possa
por tanta coisa que leve
já viva em seu pensamento,
menina branca de neve,
me leve no esquecimento.


TU E EU
(Luis Fernando Veríssimo)

Somos diferentes, tu e eu.
Tens forma e graça
e a sabedoria de só saber crescer
até dar pé.
En não sei onde quero chegar
e só sirvo para uma coisa
- que não sei qual é!
És de outra pipa
e eu de um cripto.
Tu, lipa
Eu, calipto.

Gostas de um som tempestade
roque lenha
muito heavy
Prefiro o barroco italiano
e dos alemães
o mais leve.
És vidrada no Lobão
eu sou mais albônico.
Tu, fão.
Eu, fônico.

És suculenta
e selvagem
como uma fruta do trópico
Eu já sequei
e me resignei
como um socialista utópico.
Tu não tens nada de mim
eu não tenho nada teu.
Tu, piniquim.
Eu, ropeu.

Gostas daquelas festas
que começam mal e terminam pior.
Gosto de graves rituais
em que sou pertinente
e, ao mesmo tempo, o prior.
Tu és um corpo e eu um vulto,
és uma miss, eu um místico.
Tu, multo.
Eu, carístico.

És colorida,
um pouco aérea,
e só pensas em ti.
Sou meio cinzento,
algo rasteiro,
e só penso em Pi.
Somos cada um de um pano
uma sã e o outro insano.
Tu, cano.
Eu, clidiano.

Dizes na cara
o que te vem a cabeça
com coragem e ânimo.
Hesito entre duas palavras,
escolho uma terceira
e no fim digo o sinônimo.
Tu não temes o engano
enquanto eu cismo.
Tu, tano.
Eu, femismo.
CRÔNICA DA SEMANA

ESCOLHAS DE UMA VIDA
(Pedro Bial)

A certa altura do filme Crimes e Pecados, o personagem interpretado por Woody Allen diz: "Nós somos a soma das nossas decisões".
Essa frase acomodou-se na minha massa cinzenta e de lá nunca mais saiu. Compartilho do ceticismo de Allen: a gente é o que a gente escolhe ser, o destino pouco tem a ver com isso.
Desde pequenos aprendemos que, ao fazer uma opção, estamos descartando outra, e de opção em opção vamos tecendo essa teia que se convencionou chamar "minha vida".
Não é tarefa fácil. No momento em que se escolhe ser médico, se está abrindo mão de ser piloto de avião. Ao optar pela vida de atriz, será quase impossível conciliar com a arquitetura. No amor, a mesma coisa: namora-se um, outro, e mais outro, num excitante vaivém de romances. Até que chega um momento em que é preciso decidir entre passar o resto da vida sem compromisso formal com alguém, apenas vivenciando amores e deixando-os ir embora quando se findam, ou casar, e através do casamento fundar uma microempresa, com direito a casa própria, orçamento doméstico e responsabilidades.
As duas opções têm seus prós e contras: viver sem laços e viver com laços...
Escolha: beber até cair ou virar vegetariano e budista? Todas as alternativas são válidas, mas há um preço a pagar por elas.
Quem dera pudéssemos ser uma pessoa diferente a cada 6 meses, ser casados de segunda a sexta e solteiros nos finais de semana, ter filhos quando se está bem-disposto e não tê-los quando se está cansado. Por isso é tão importante o autoconhecimento. Por isso é necessário ler muito, ouvir os outros, estagiar em várias tribos, prestar atenção ao que acontece em volta e não cultivar preconceitos. Nossas escolhas não podem ser apenas intuitivas, elas têm que refletir o que a gente é. Lógico que se deve reavaliar decisões e trocar de caminho: Ninguém é o mesmo para sempre.
Mas que essas mudanças de rota venham para acrescentar, e não para anular a vivência do caminho anteriormente percorrido. A estrada é longa e o tempo é curto. Não deixe de fazer nada que queira, mas tenha responsabilidade e maturidade para arcar com as consequências destas ações.
Lembrem-se: suas escolhas têm 50% de chance de darem certo, mas também 50% de chance de darem errado.
A escolha é sua...!

terça-feira, 11 de outubro de 2011

UM DEDO DE PROSA

A HORA E A VEZ DAS CRIANÇAS E DOS PROFESSORES

Nesta semana, comemoramos duas datas muito importantes: amanhã, dia 12, comemora-se o DIA DAS CRIANÇAS; no sábado, dia 15, é comemorado o DIA DOS PROFESSORES.
A primeira, é oficialmente comemorada no dia 20 de novembro, data que a ONU reconhece como Dia Universal das Crianças por ser a data em que foi aprovada a Declaração dos Direitos da Criança. Porém, a data efetiva de comemoração varia de país para país. No Brasil, por meio do decreto nº 4867, de 5 de novembro de 1924, o então presidente Arthur Bernardes oficializou o dia 12 de outubro como sendo o Dia das Crianças com base no projeto de lei do deputado federal Galdino do Valle Filho, que teve a ideia de "criar" um dia específico para as crianças. Mas somente em 1960 - quando a fábrica de brinquedos Estrela fez uma promoção conjunta com a Johnson & Johnson para lançar a "Semana do Bebê Robusto" e aumentar suas vendas - foi que a data passou a ser comemorada. A estratégia deu certo, pois desde então o Dia das Crianças é comemorado com muitos presentes.
Conta a história que a segunda data surgiu no 15 de outubro de 1827 (dia consagrado à educadora Santa Teresa de Ávila), ocasião em que Dom Pedro I, Imperador do Brasil, baixou um Decreto Imperial, criando aqui o Ensino Elementar. Pelo decreto, "todas as cidades, vilas e lugarejos teriam suas escolas de primeiras letras". Esse decreto falava de muita coisa importante no que diz respeito à melhoria na educação: descentralização do ensino, salário digno aos professores, matérias básicas que todos os alunos deveriam aprender e até como os professores deveriam ser contratados. A ideia, inovadora e revolucionária, teria sido ótima se tivesse saído do papel (parece que essa história de decretos que não saem do papel vem de muito longe!). Mas foi somente em 1947, 120 anos após o referido decreto, que ocorreu a primeira comemoração de um dia efetivamente dedicado ao professor.
Tudo começou em São Paulo, em uma pequena escola da Rua Augusta, onde existia o Ginásio Caetano de Campos, conhecido como "Caetaninho". O longo período letivo do segundo semestre ia de 1 de junho a 15 de dezembro, com apenas dez dias de férias em todo este período. Quatro professores tiveram a ideia de organizar um dia de parada para se evitar a estafa – e também de congraçamento e análise de rumos para o restante do ano.
O professor Salomão Becker sugeriu que o encontro se desse no dia de 15 de outubro, data em que, na sua cidade natal, Piracicaba, professores e alunos traziam doces de casa para uma pequena confraternização. A sugestão foi aceita e a comemoração teve presença maciça, inclusive dos pais. O discurso do professor Becker, além de ratificar a ideia de se manter na data um encontro anual, ficou famoso pela célebre frase " Professor é profissão. Educador é missão". Com a participação dos professores Alfredo Gomes, Antônio Pereira e Claudino Busko, a ideia estava lançada.
A celebração, que se mostrou um sucesso, espalhou-se pela cidade e pelo país nos anos seguintes, até ser oficializada nacionalmente como feriado escolar por meio do Decreto Federal 52.682, de 14 de outubro de 1963. Esse Decreto definia a essência e a razão do feriado, pois para comemorar condignamente o Dia do Professor, os estabelecimentos de ensino promoveriam solenidades, em que fosse enaltecida a função do mestre na sociedade moderna, fazendo participar os alunos e as famílias.
Mas, infelizmente, CRIANÇAS e PROFESSORES não são (e nunca foram!) prioridades aqui no Brasil. São lembrados apenas nos dias 12 e 15 de outubro. Elas, pelos comerciantes, que lucram com as vendas do DIA DAS CRIANÇAS; eles, pelo feriado escolar, único benefício recebido por ocasião do DIA DOS PROFESSORES.

Fonte: Wikipédia


Às crianças e aos professores do Brasil, meus sinceros votos de felicidade!
MEUS VERSOS LÍRICOS
A PIPA
(Joésio Menezes)

Voando alto, lá no Céu
Alegre a pipa dança
No bailar do carretel
Que maneja a criança.

E quando bem alto ela está,
Nosso olhar só a alcança
Se seguir a linha do carretel
Que segura a criança.

A pipa sobe, a pipa desce,
Porém nunca se cansa...
E lá de cima sente-se feliz
Com a alegria da criança.


A ARTE DE SER PROFESSOR
(Joésio Menezes)

Trago nas mãos um pedaço de giz,
E com ele vou traçando metas,
Desenhando signos, riscando retas
E descobrindo o quanto sou feliz.

Vou ensinando que nos vários brasis
Tivemos guerras, violentas e discretas;
Tivemos reis, escravos e poetas
Que fizeram a história do nosso país.

Trago em minhas calejadas mãos
A responsabilidade de formar cidadãos
E a esperança de um futuro promissor.

E em meio a tantos me vem a certeza:
Surgirá alguém que tenha a nobreza
De seguir a arte de ser professor.
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA

O PROFESSOR
(José Ventura Filho)


Em qualquer canto da página da vida
Ali está o grande e o sábio professor,
Dono de uma sabedoria reconhecida
E dos ensinamentos para onde for.



Ele não se cansa e não para de lecionar
Não tem qualquer privilégio na profissão,
Mas tem os seus planos e projetos no ar
Ao realizar os sonhos da sua imaginação.

Ao plantar o futuro nas mãos das pessoas
Não aufere qualquer benefício ou regalia.
E a história de vida de cada um se torna boa
E a dele se enche de orgulho com mais valia.

Embora a sua remuneração não seja compatível
Com o trabalho incansável que ali desempenha
Corre ao mundo da descoberta do impossível
Feito uma chama do fogo querendo mais lenha.

Assim, ele é o nosso mestre maior por vocação.
É a sombra dos nossos passos e da nossa luta.
É a força bruta da resistência contra a exploração
É a voz verdadeira que a gente sempre escuta.


AS BORBOLETAS
(Vinícius de Morais)

Brancas
Azuis
Amarelas
E pretas
Brincam
Na luz
As belas
Borboletas

Borboletas brancas
São alegres e francas.

Borboletas azuis
Gostam muito de luz.

As amarelinhas
São tão bonitinhas!

E as pretas, então...
Oh, que escuridão!
CRÔNICA DA SEMANA
QUERO SER PEQUENO
(Ruleandson do Carmo)

Eu descobri que não era mais criança no dia em que meu pai veio me visitar e eu estava triste. Pedi a ele: "Pai, posso sentar no seu colo?" e já fui sentando. Nunca esqueci o olhar dele. Parecia ter visto a pior aberração do mundo, a mais assustadora de todas as criaturas, ali, ao vivo, à frente dele e sentado em seu colo. Minha mãe disse "ele está carente". Acho que nada machuca mais do que alguém ter que explicar a quem você pede carinho que você precisa de atenção. Não culpo meu pai. Ele nunca teve um. E com a idade que eu tinha acho que ele esperava que o filho triste o convidasse para tomar uma cerveja no bar da esquina e não pedisse um cafuné sentado em seu colo.
Corri para o meu quarto e peguei meu urso azul de pelúcia. A pelúcia não era azul, mas ele era. Sempre gostei de azul. Eu olhei para o meu urso e ele não me reconheceu. Ele pertencia à criança que todas as noites o desejava "boa noite" e ficava torcendo para ele ganhar vida enquanto fingia que dormia. Ele era daquela criança, não meu. Foi então que eu percebi que havia uma lacuna, entre quem eu achava que era e quem eu havia me tornado. Brigadeiro não podia mais ser meu prato favorito, e nem "Vou de táxi" a canção da minha vida e eu teria que achar uma atriz melhor do que a Priscila da TV Colosso.
Tive que crescer sem ninguém perguntar se eu queria e muito menos me ensinar como seria. Nunca, nada me doeu tanto quanto crescer. Trocaram minhas figurinhas de chicletes por contas a pagar, meu celular de borracha que tocava músicas foi substituído por vozes que me lembram dos meus compromissos, meu relógio de plástico que sequer marcava as horas me mostra a todo momento que o tempo passou. Não posso mais nem ir aonde eu quero. Antes, me bastava um barquinho de papel, o tanque cheio d'água e alguns minutos de silêncio para eu dar a volta ao mundo. Hoje, me cobram R$2,10 para ir de um bairro ao outro.
A verdade é que eu nunca quis crescer e com isso aprendi a brincar de viver. E eu brinco tanto que nunca canso. Estou sempre com um sorriso no rosto, pronto para o que der e vier. É que eu guardei dentro de mim a criança, e dou vida a ela sempre que preciso. Quando está tudo ruim eu fecho os olhos, fico em silêncio, me escondo na minha mente, coloro meu dever de casa e imagino que tudo vai ficar bem. Pego meus lápis de cor e coloro o mundo, levo alegria a quem chora e arranco risada de quem queria chorar. Infantil? Não! Só a maturidade lhe permiti ser menor do que você é. E não há jeito melhor de crescer.
Ontem, eu olhei no espelho e vi a barba em meu rosto. Lembrei da primeira vez em que eu fiz a barba, aos sete anos e minha mãe me disse: "Você não tem barba, menino". Ontem, eu corri na sala sorrindo ao chorar e gritei: "Mãe, mãe. Eu tenho barba". Ela não entendeu. Mas eu vi, os cabelos brancos que hoje estão na cabeça dela, os cabelos que não mais estão na cabeça do meu pai e descobri que agora não posso mais correr para a cama deles quando eu tiver com medo. Vou ter que guardar um espaço na minha cama para quando eles tiverem medo.
Estava terminando este texto, quando minha mãe me gritou: "Menino, você vai se atrasar para o trabalho" e me entregou a marmita. Antes era a merendeira e eu ia para a escola... Pensando bem, não é a gente que cresce. É o mundo que muda de tamanho e esquece de nos avisar.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

UM DEDO DE PROSA

EIS QUE CHEGA A CHUVA!...

Após uma longa estiagem, enfim chega a chuva!...
Agora os problemas são outros: inundações provenientes de bueiros entupidos; acidentes de trânsito causados pelas pistas escorregadias aliadas à imprudência de grande parte dos motoristas; enchentes causadas pelo transbordamento dos rios; deslizamento de encostas; pistas esburacadas tendo em vista a péssima qualidade do asfalto e à falta de drenagem para escoamento do grande volume de água oriunda das chuvas; goteiras irritantes espalhadas pela casa, bolores espalhados pelos rodapés das paredes...
À parte esses problemas (pequenos quando comparados aos incêndios ocorridos durante a seca), a chuva será sempre bem-vinda, pois a sua chegada promove grandes espetáculos da Natureza.
Após os primeiros pingos vindos do céu, a vegetação logo começa a ganhar coloração esverdeada e, consequentemente, a esbanjar vida e a trazer esperança aos que da chuva necessitam para sobreviver; os pássaros cantarolam alegremente enquanto se banham com os primeiros chuviscos; e, como num passe de mágica, os ipês florescem da noite para dia, deixando mais alegres as ruas, vias e alamedas.
É assim que a Natureza agradece as bênçãos vindas do céu!...
Mal agradecidos são os homens, que nunca estão satisfeitos com o que recebem gratuitamente de Deus: se chove muito, pedem a estiagem; se o estio se prolonga, clamam por chuva, porém nada fazem para se prevenir de qualquer uma das situações adversas.
MEUS VERSOS LÍRICOS

FLOR-MORENA
(Joésio Menezes)

Observando um pequeno beija-flor,
Entendi porque ele é tão invejado:
É porque co’o seu beijo delicado
Todos os dias conquista uma flor.

No seu cortejo, o galanteador
Prossegue, dia após dia, deslumbrado,
Pois ele, um galante apaixonado,
Consegue, em cada beijo, um novo amor...

Ser esse beija-flor em bem queria
E com o meu beijo eu tentaria
Conquistar minha florzinha amada.

Dia a dia eu repetiria a cena
Beijando a linda Flor-Morena,
Dentre as flores, a mais cobiçada.


LEVITAÇÃO
(Joésio Menezes)

Sinto minh’alma flutuar,
Sinto que estou no céu
Quando beijo os teus lábios
Doces como favos de mel.

Sinto meu corpo levitar
Com teu olhar penetrante,
Com teu jeito meigo de ser,
Com teu riso provocante.

Sinto-me o mais feliz dos homens
Quando por ti sou acariciado,
Quando sinto pousar nos meus
Os teus lábios adocicados.

Sinto-me dono do mundo
Quando sussurras que és minha,
Quando me pedes que te ame
E que jamais te deixe sozinha.
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA

LA TROUPE
(Tania Melo)

Eu, pierrô, encubro a alma
com trapos de fantasia.
Sob a máscara do rosto
mudo o pranto em alegria,
disfarçando a dor que sinto
por esta pesada sina
de não ser, na contradança,
par da linda Colombina.
Pelos salões, vejo em mim,
insano frangalho branco
com mil cores camufladas,
outro doido saltimbanco:
um caricato Arlequim
a bailar sem sua amada.


SEM HOMOFOBIA
(Rosa Pena)

Amarrado num canto
de cabeça para baixo.
Que espanto!
Fitas coloridas enlaçam...
O pedido: Um cabra macho.

Banho de ervas
feitiço pelo cheiro.
Serve qualquer cavalheiro.
Tanto faz bonito ou feio.
No pastel o que vale
é o big recheio.

Ó bendito Antônio!
Olha com simpatia
para essas titias.
Junho foi o seu mês.
Passou com rapidez
As mulheres?
Em jejum.

Será que você virou
padroeiro dos gays?
Droga de armário!
Todo dia sai mais um.
Fêmea virou secundário.
CRÔNICA DA SEMANA

MEUS TEMPOS DE CRIANÇA
(Rosa Pena)

O cursinho de admissão que fazíamos para enfrentar o ginasial nos colégios da rede pública, Instituto de Educação, Pedro II, Colégio de Aplicação, nessa época eram os mais visados. Puxadíssimos.
A aula de história da bela professora Marisa, cabelos longos e negros, estilo Perla (cantora de sucesso na época), dava o maior ibope entre a garotada. Não só pela sua beleza, mas por suas aulas ricas em informações.
Lembro-me, como se hoje fosse, o dia em que ela começou a falar dos piratas. Após explanar o que definia pirataria, começou a nos contar histórias. Sabíamos muito pouco, somente das proezas do Capitão Gancho e olhe lá, então o assunto ficou interessante.
Tínhamos um colega de sala que adorava holofotes nele, acha-se “o poderoso” dentro da nossa galera constituída essencialmente de classe média, pois seu pai tinha um carrão. Bento, em outras aulas, já havia sido parente do Marquês de Pombal por parte de mãe, do Visconde do Rio Branco por parte de pai. Desta vez resolveu que alguns de seus antepassados haviam sido poderosíssimos piratas. Roubou a cena e com uma enorme euforia começou a narrar aventuras incríveis de seus primos em vigésimo grau, cometendo mil maldades, afinal todo flibusteiro tem que ser muito mau segundo o conceito Peter Pan!
A professora tentou, com seu jeito meigo, voltar à pauta da aula, mas Bentinho não permitia e extrapolou geral, persistindo em falar da coragem e audácia dos seus primos caribenhos. Muitos roubos, inúmeros assassinatos. Crueldade exposta como vantagem. Rios de tesouros legados a sua família. Nós, com nove ou dez anos, acreditávamos em quase tudo.
Bobinhos, graças a Deus!
Num certo momento afirmou que corsários não choram jamais, mesmo ficando meses isolados do mundo em alto-mar. Ó dó! Tão cedo e já com o conceito, ou melhor, preconceito contra as lágrimas masculinas. Dona Marisa, tranqüila, aproveitou o gancho (não o capitão) e disse:
— Os piratas, por viajarem muito tempo e conviverem somente entre homens, muitas vezes acabam por praticar a homossexualidade. A sala destacou-se pelo silêncio. Não se ouviram risos, mesmo porque a professora conduziu o assunto com seriedade.
Se fosse hoje teria dito ao Bento com ironia:
— Se piratear já é crime, olha mais um motivo para não fazê-lo.
Acho que não teria dito nada não, pois tenho certeza de que o menino naquele dia aprendeu muito mais do que ele imagina. Aprendeu que basta ser Bento da Silva e que homem pode chorar o quanto quiser. Chorar até porque não se é mais criança quando ainda se é.