terça-feira, 24 de novembro de 2009

UM DEDO DE PROSA

SOBRE A VIOLÊNCIA NAS ESCOLAS

Quanto mais o tempo passa, mais a educação se deteriora.
Anos atrás, íamos à escola em busca do aprender, do saber mais, do tornar-se cidadão consciente e capacitado para a vida, para o mercado de trabalho...
Hoje, as escolas não mais são o lugar indicado para se aprender algo de bom, para se formar cidadãos... Infelizmente, é nas escolas que estão se formando os delinquentes, verdadeiros aspirantes a marginais.
É comum presenciarmos casos de violência no interior das escolas e/ou nos seus arredores. Muitos são os alunos que vão às escolas com o propósito de “botarem terror”, demarcarem terreno, se auto-afirmarem como “donos do pedaço”. E o pior de tudo é que eles conseguem. Muitos deles, inclusive, chegam a cobrar uma espécie de pedágio: quem pagar, semanalmente, uma certa quantia em dinheiro a eles, estará protegido, ou seja, não será surrado, espancado, humilhado...
E a violência nas escolas não se restringe a isso não!...
Inúmeros são os casos de vandalismo no interior das instituições de ensino, casos estes em que alguns alunos depredam a escola por completo, quebrando tudo que veem pela frente, inclusive a cara de quem tentar impedi-los de praticarem a quebradeira. Inúmeros também são os casos de espancamento de professores por alunos; e o mais agravante é que parte desses agressores tem o aval dos pais que, em vez de repreender os filhos, acha que o professor merecia muito mais, como num recente caso ocorrido em Formosa-GO em que um aluno agrediu o professor, este por sua vez denunciou o caso à polícia. O agressor e a vítima foram levados à delegacia. O pai do aluno agressor foi imediatamente convocado. Chegando à delegacia, o pai do aluno partiu para cima do professor e o agrediu também.
Não adianta em nada ficarmos aqui procurando um culpado pelo caos na educação ou pelos constantes atos de violência, principalmente nos interiores das escolas. A solução seria procurarmos descobrir onde está o erro e tentarmos consertá-lo.
Mas como?...
MEUS VERSOS LÍRICOS

OS ENCANTOS DA SEREIA
(Joésio Menezes)

Disseste a mim certa vez,
Na mais perfeita lucidez,
Que tinhas um corpo de sereia.
Dividido em partes iguais,
Ambas encantadoras, sensuais:
Metade mulher, metade “baleia”.

Tua pejorativa insinuação
Tem fundamentos, tem razão,
Se comparada às forças peculiares,
Pois a mulher, mesmo a mais insana,
É o esteio da raça humana,
Enquanto a baleia domina os mares.

Mas aos meus olhos, eu te garanto,
A parte mulher tem muito encanto
E infinita generosidade...
Da outra parte, nada a declarar,
Já que tenho a destacar
Tuas virtudes, tua dignidade.


AS FOLHAS DO TEU CADERNO
(Joésio Menezes)

As folhas do teu caderno
Revelam-me o grande inferno
Em que vive o teu coração;
Revelam-me teus sentimentos,
Tuas angústias, teus sofrimentos
E os segredos da tua paixão.

Nas folhas do teu caderno
Está registrado o amor eterno
Que sentes pelo poeta;
Está registrada a sofreguidão
Que dilacera teu coração,
Deixando-te assim, inquieta.

As pobres folhas do teu caderno
Também vivem o inferno
De partilhar as dores que sentes...
Que seja dita a verdade:
Elas sentem a responsabilidade
De serem tuas confidentes.
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA


SENHOR, TENDE PIEDADE DE NÓS
(Autor desconhecido)


Pelo Marcos Valério e o Banco Rural
Pela casa de praia do Sérgio Cabral
Pelo dia em que Lula usará o plural
Senhor, tende piedade de nós!


Pelo nosso Delúbio e Valdomiro Diniz
Pelo "nunca antes nesse país"
Pelo povo brasileiro que acabou pedindo bis
Senhor, tende piedade de nós!

Pela Cicarelli na praia namorando sem vergonha
Pela Dilma Rousseff sempre tão risonha
Pelo Gabeira que jurou que não fuma mais maconha
Senhor, tende piedade de nós!

Pelo casal Garotinho e sua cria
Pelos pijamas de seda do "nosso guia"
Pela desculpa de que "o presidente não sabia"
Senhor, tende piedade de nós!

Pela jogada milionária do Lulinha com a Telemar
Pelo espírito pacato e conciliador do Itamar
Pelo dia em que finalmente Dona Marisa vai falar
Senhor, tende piedade de nós!

Pela "queima do arquivo" Celso Daniel
Pela compra do dossiê no quarto de hotel
Pelos "hermanos compañeros" Evo, Chaves e Fidel
Senhor, tende piedade de nós!

Pelas opiniões do prefeito César Maia
Pela turma de Ribeirão que caía na gandaia
Pela primeira dama catando conchinha na praia
Senhor, tende piedade de nós!

Pelo escândalo na compra de ambulâncias da Planam
Pelos aplausos "roubados" do Kofi Annan
Pelo lindo amor do "sapo barbudo" por sua "rã"
Senhor, tende piedade de nós!

Pela greve de fome que engordou o Garotinho
Pela Denise Frossard de colar e terninho
Pelas aulas de subtração do professor Luizinho
Senhor, tende piedade de nós!

Pela volta triunfal do "caçador de marajás"
Pelo Duda Mendonça e os paraísos fiscais
Pelo Galvão Bueno que ninguém agüenta mais
Senhor, tende piedade de nós!

Pela eterna farra dos nossos banqueiros
Pela quebra do sigilo do pobre caseiro
Pelo Jader Barbalho que virou "conselheiro"
Senhor, tende piedade de nós!

Pela máfia dos "vampiros" e "sanguessugas"
Pelas malas de dinheiro do Suassuna
Pelo Lula na praia com sua sunga
Senhor, tende piedade de nós!

Pelos "meninos aloprados" envolvidos na lambança
Pelo plenário do Congresso que virou pista de dança
Pelo compadre Okamotto que empresta sem cobrança
Senhor, tende piedade de nós!

Pela família Maluf e suas contas secretas
Pelo dólar na cueca e pela máfia da Loteca
Pela mãe do presidente que nasceu analfabeta
Senhor, tende piedade de nós!

Pela eterna desculpa da "herança maldita"
Pelo "chefe" abusar da birita
Pelo novo penteado da companheira Benedita
Senhor, tende piedade de nós!

Pela refinaria brasileira que hoje é boliviana
Pelo "compañero" Evo Morales que nos deu uma banana
Pela mulher do presidente que virou italiana
Senhor, tende piedade de nós!

Pelo MST e pela volta da Sudene
Pelo filho do prefeito e pelo neto do ACM
Pelo político brasileiro que coloca a mão na "m"
Senhor, tende piedade de nós!

Pelo Ali Babá e sua quadrilha
Pelo Gushiken e sua cartilha
Pelo Zé Sarney e sua filha
Senhor, tende piedade de nós!

Pelas balas perdidas na Linha Amarela
Pela conta bancária do bispo Crivella
Pela cafetina de Brasília e sua clientela
Senhor, tende piedade de nós!

Pelo crescimento do PIB igual do Haití
Pelo Doutor Enéas e pela senhorita Suely
Pela décima plástica da Marta Suplicy
Senhor, tende piedade de nós!

Para que possamos ter muita paciência
Para que o povo perca a inocência
E proteste contra essa indecência
Senhor, dai-nos a paz!
CRÔNICA DA SEMANA


O NINHO DAS PALAVRAS
(Joana Belarmino)

A boca se abre em círculos e as sílabas, envoltas em pequenas bolhas de ar, batem à porta do mundo. A pá lavrando a terra, fina língua primeiro de pedra, até que o homem descobrisse o ferro, desentramasse suas fibras e lhe domasse a dureza.
A pá lavrando a terra, a palavra, lavrando o espírito. Vã tarefa essa de esmiuçar o mundo, à cata do primeiro gesto, da primeira sílaba entreabrindo a boca e batendo na brisa, caminho natural da respiração; a pairar na quilha dos dentes; a encapsular algo do pensado numa rolha de sílabas, esvoaçante rosário de fonemas a encenarem o nunca mais parar de falar dos homens.
Quanto se terá dito por entre as copas das árvores, nos palácios de pedra, às portas das cidades em tempos de peste?
Quanto se terá dito numa pré-filosofia do mundo, olhos postos no céu, plenos de espanto?
Palavras, compósito de saliva, sílabas e ar, trejeito de boca a dizer o tempo, a chuva, o fruto amarelecente, o sexo rijo; A pá lavrando a terra que se fez barro, argila onde surpreendentemente pousaram sílabas, ao modo de letras, palavras novas a dizer um mundo escrito a se enclausurar nos mosteiros, nos navios, nas garrafas soltas ao mar, poemas asfixiados, bramindo inutilmente contra o rugido das ondas. Ondas sucessivas de bocas entreabrindo o discurso da guerra, o discurso da festa entrecortado de riso, a solidão a lamber as palavras do romance, Sopro no Corpo, tecido de palavras redesenhando um mundo vivido, o silêncio a dizer as palavras de dentro e de fora no ninho comum do pensado. Nuvens de palavras na latitude da tela, à espera de um clique que as visualize, que as oculte, que as transporte, zumbido frenético dos autofalantes, conectando ouvidos e olhos na fala do mundo.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

UM DEDO DE PROSA


Ano que vem é ano de eleição...
E “apagado” todo aquele “auê” acerca do vestido rosa-choque, o qual rendeu à sua dona o status de Estrela, surge um novo assunto que ainda dará “muito pano pra manga” aos nossos políticos: o APAGÃO.
Os “bons moços” já estão reaproximando-se dos seus eventuais eleitores. Alguns, inclusive, mostrando-se revoltados com a postura governista e solidários com o povo. Como costumam dizer os líderes sindicais e piqueteiros grevistas, “é puro engodo”.
Hoje, cá estão eles estendendo-nos as mãos e solidarizando-se conosco. Amanhã, se esconderão atrás das costumeiras máscaras e sequer se lembrarão do nome do povoado que os elegeu. Nem ao menos conseguirão se lembrar do “para quê foram eleitos”!
O assunto da moda entre os opositores do governo é o tal apagão que deixou mais da metade dos estados brasileiros às escuras. Como eles ainda não têm uma “plataforma de trabalho” para o próximo pleito, buscam no Blackout (eita nome bonito da gota serena!) uma forma de reconquistar a confiança do povão, pensando eles que essa postura oportunista de cobrar do governo explicações acerca do breu que se tornara o país os deixará “bem na fita”.
Durante os últimos 04 anos nada fizeram em prol da população, em favor dos menos favorecidos, em benefício dos que os elegeram; prova disso é o caos em que se encontram a Saúde, a Segrurança e a Educação do nosso país. Então, por que somente agora eles lembraram que o povo existe!
Ano que vem é ano de eleição e de Copa do Mundo, e por trás dos bastidores da política nossos parlamentares (governistas e opositores), cujo apagão moral já dura várias décadas, assinarão projetos e decretos que beneficiarão a eles próprios.
Espero que não ocorra um apagão na mente dos brasileiros verdadeiramente responsáveis pelo crescimento do Brasil: nós, os eleitores.
MEUS VERSOS LÍRICOS


ÚLTIMOS VERSOS
(Joésio Menezes)

Serão estes os últimos versos meus
Oferecidos aos lindos olhos teus?
Não sei!... Isso não posso afirmar,
Pois toda vez que os fito, me encanto
E quando encantado fico, me espanto
Com o doce feitiço do teu olhar.


E toda vez que penso em me dizer
Que não mais sinto vontade de escrever
Versos quaisquer aos olhos teus,
Uma força estranha se apossa de mim
E me diz que não posso pensar assim,
Pois são os teus olhos obras de Deus.

Mas posso afirmar, com certeza,
Que o doce feitiço e a beleza
Que têm esses lindos olhos teus
Muito me ajudaram a perceber
Que antes dos que ainda irei fazer,
Serão estes os últimos versos meus.


FAGULHAS DA PAIXÃO
(Joésio Menezes)

Pelos quatro cantos do mundo
Corri em busca do nada,
E nessa minha caminhada
Encontrei o amor profundo

Que fez de mim um moribundo
De alma vadia e penada.
E foi nessa longa jornada
Que recebi o fecundo

Dom da palavra escrita
Que, numa pequena pepita
Chamada de “meu coração”,

Acendeu a intensa chama
De um fogaréu que inflama
As fagulhas da minha paixão
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA


SERENATA
(Cecília Meireles)

Permita que eu feche os meus olhos,
pois é muito longe e tão tarde!
Pensei que era apenas demora,
e cantando pus-me a esperar-te.

Permite que agora emudeça:
que me conforme em ser sozinha.
Há uma doce luz no silencio,
e a dor é de origem divina.

Permite que eu volte o meu rosto
para um céu maior que este mundo,
e aprenda a ser dócil no sonho
como as estrelas no seu rumo.


A ROSA E O MAR
(Flávio, www.laurapoesias.com)

Linda doçura de gosto refinado
embelezas minha estrada, o meu caminho
com teus leves "insites" amalgamados
de amor, de ternura e de carinho.

Tuas palavras acariciam o meu ego,
teus versos me revelam o lado lindo,
tua sutileza me envolve e me desprego
das amarras da vida e do destino.

Pena não poder todo dia estar contigo
trocando nossos versos e desatinos,
mas saiba que tens aqui um ser amado
Para fazer valer teus sonhos lindos...

Finalmente, penso em você à luz da lua
deitada naquele barco que vem vindo,
naquela praia que sempre foi tua
esperas... o meu amor que vem surgindo!
CRÔNICA DA SEMANA


REMÉDIOS: MINHA NEUROSE
(Tais Luso De Carvalho)

Sou daquelas criaturas com tolerância zero para tomar remédios, é uma tortura. Detesto. A cor e o tamanho do remédio é algo que abala o meu psiquismo; se for cápsulas tipo míssil, aquelas com formato de bomba, de cor alaranjada, azul forte ou vermelho carmim, é um problema. Só ao olhar tenho náuseas. A força que tenho de fazer é inacreditável. Tenho de pensar em algo meio celestial, tomar o comprimido pensando que estou comendo morangos com nata, empurrados com um tipo de líquido que me engane, e depois assumir uma psicose qualquer. Já assumi, mas de nada adiantou. Continuo a mesma azarada.
Dia desses fui à farmácia de manipulação e encomendei uns comprimidinhos de cálcio. No dia seguinte fui buscar. Para minha surpresa, a cápsula era um canhão! Pedi para falar com a farmacêutica e perguntei se não haveria nada menor... Veio com uma explicação que não me interessou; na minha modesta opinião aquilo era comprimido pra cavalo. Paguei, mas não tomei. Dei pra minha diarista que, por sinal achou a glória poder tomar cálcio. Até que fiquei feliz com minha boa ação. Passei por outra farmácia e comprei uns comprimidos que se dissolvem tipo bala. Ótimo; fiquei fã.
Outro problema torturante são as bulas: ah...essas bulas! Não tomo nada sem ler a bula. Os médicos odeiam quem lê bula... Sei, no entanto, que para se eximirem de qualquer problema em relação às reações, efeitos colaterais e óbitos, os laboratórios colocam tudo o que é possível e impossível de acontecer, e naquelas letrinhas minúsculas onde não se lê nada com desenvoltura. E os termos, aqueles hieróglifos indecifráveis? Ora, desde quando um leigo vai entender aquilo? Então, para que bula? Por que colocam tantas reações e os médicos mandam ir adiante? Particularmente tenho vontade de dar meia-volta... Até hoje é um mistério. Mas acho que a melhor explicação já dei acima.
Sou de opinião que não podemos ficar à margem e entregues totalmente na mão de profissionais da saúde sem tentarmos entender o que tomamos, seus efeitos, a interação com outros medicamentos; o mínimo. Dizem, os médicos, que temos de nos ajudar... Mas também temos de entender! Não sou favorável em buscar na Internet e nos Compêndios Médicos uma luz para nossos problemas, mas temos o direito de saber o que está acontecendo.
Há uns anos atrás, eu estava um tanto estressada - pela doença de meu pai - e apareceu em meu rosto uma mancha pequena que coçava. Fui ao dermatologista e me foi indicado um remédio novo no mercado, próprio para aquela dermatite. E tive um choque anafilático. É, aquela coisa meiga que nos deixa roxa, com tremores, febre, dores em todas as articulações, etc e tal. E que o atendimento tem de ser rápido.
Quando fiquei melhor, peguei a bula do remédio: ali dizia que um dos efeitos daquele remédio seria choque anafilático... Foi a primeira vez que não li uma bula. Penso que se tivesse lido, talvez tivesse falado com meu médico sobre essa possibilidade e ele teria dado um remédio tradicional, como me falou depois. Geralmente os médicos dizem que ‘se lermos as bulas não tomamos os remédios...’ E então, fazer o quê?
Sou contra em tomarmos decisões; mas em ler a bula, em apresentar para o médico nossas dúvidas é um direito nosso e uma obrigação de qualquer médico em esclarecer; se não devemos ler bulas, que tirem das caixas. Médico tem Compêndio, não precisa de bula.
Mas parece que está a caminho algo novo quanto às bulas... Tô na espera: quero ler sem ter medo de ser feliz.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

UM DEDO DE PROSA


UM MURO, UM VESTIDO, UMA SOCIEDADE HIPÓCRITA...

Enquanto os olhos do mundo estão voltados para as comemorações do vigésimo aniversário da queda do Muro de Berlim, símbolo da guerra fria até os anos 80, aqui no Brasil o assunto do momento é o vestido rosa-choque da menina Geisy Arruda, símbolo da muralha preconceituosa erguida por uma emergente sociedade hipócrita.
Alunos de uma universidade particular, em São Paulo, alegando que a jovem Geisy estaria denegrindo a imagem da Instituição em que estudam, fizeram um manifesto hostil e violento contra a jovem que trajava um vestido curto, deixando à mostra suas grossas coxas. A universidade, por sua vez, disse que iria abrir sindicância para apurar os fatos e punir os responsáveis. Saldo das averiguações: apenas a jovem do ”vestido curto” foi punida. A Instituição, buscando “prestar contas à sociedade”, decidiu por expulsá-la com a justificativa de que ela infringiu o regimento interno quando resolveu frequentar “as dependências da unidade em trajes inadequados, indicando uma postura incompatível com o ambiente da universidade”, trajes estes que deixavam à mostra “suas partes íntimas”, segundo palavras do assessor jurídico da universidade. Decisão preconceituosa e meramente matemática, uma vez que, do ponto de vista financeiro, expulsar um único aluno é bem mais lucrativo que expulsar 10 ou 20.
Dada a repercussão do caso, inclusive no exterior, o Ministério da Educação, a OAB e a UNE se manifestaram e pediram explicações acerca da decisão precipitada da instituição de ensino, e diante disso a Universidade voltou atrás e revogou a expulsão da jovem, contrariando a vontade dos falsos moralistas que de tudo fizeram a fim de conseguirem ver além das coxas de menina.
Eu, até agora, não consegui compreender o motivo de tanto alarde (principalmente da imprensa), pois é tão comum vermos mulheres com trajes bem menores desfilando por aí, inclusive nas igrejas! E o que mais me espanta é a hipocrisia desses que se dizem guardiões da imagem da Universidade, pois certamente muitos deles frequentam (ou já frequentaram) o sambódromo paulistano (ou lugares afins) em época de carnaval sem se preocuparem se a imagem do seu país (ou a sua própria) está sendo denegrida quando as rainhas das baterias e os destaques dos carros alegóricos desfilam totalmente nuas, com apenas um tapa-sexo.
Mas, toda essa polêmica causada pelo vestido rosa-choque da garota contribuiu apenas para uma coisa: por ser jovem e bonita, brevemente ela será assediada por revistas masculinas cuja intenção é tão somente vender sua imagem desnuda àqueles mesmos rapazes que a hostilizaram; e caberá a ela, somente a ela, aceitar ou não as possíveis propostas.
E ninguém tem nada a ver com isso!...
MEUS VERSOS LÍRICOS


DO CÉU AO INFERNO
(Joésio Menezes)

Já vivi no céu,
Mas o amargo do fel
Na ponta da língua
Tirou-me a paz
E de forma voraz
Deixou-me à míngua.

Largou-me ao léu
Sem os lábios de mel
Daquele anjo-mau
De pele morena,
Boca pequena,
Olhar sensual...

Hoje sinto-me no inferno,
No castigo eterno
De não mais ter a alegria
De escrever para ela,
Minha doce Cinderela,
Uma simples poesia.


BLENDA
(Joésio Menezes)

Os deuses tornam-se mitos;
Os mitos, às vezes, lenda;
Mas a deusa que me apareceu
Naquela noite estupenda
Não é mito,
Não é lenda;
É a essência da beleza
Em forma de mulher,
É o encanto da natureza
Do jeito que a vida quer:
Cheio de desejos sem reprimendas...
Aquela deusa
É mais que mito,
É bem mais que lenda.
É Blenda!...
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA


SONETO DO AMIGO
(Vinícius de Moraes)

Enfim, depois de tanto erro passado
Tantas retaliações, tanto perigo
Eis que ressurge noutro o velho amigo
Nunca perdido, sempre reencontrado.

É bom sentá-lo novamente ao lado
Com olhos que contêm o olhar antigo
Sempre comigo um pouco atribulado
E como sempre singular comigo.

Um bicho igual a mim, simples e humano
Sabendo se mover e comover
E a disfarçar com o meu próprio engano.

O amigo: um ser que a vida não explica
Que só se vai ao ver outro nascer
E o espelho de minha alma multiplica...


A SERENATA
(Adélia Prado)

Uma noite de lua pálida e gerânios
ele viria com boca e mãos incríveis
tocar flauta no jardim.
Estou no começo do meu desespero
e só vejo dois caminhos:
ou viro doida ou santa.
Eu que rejeito e exprobo
o que não for natal como sangue e veias
descubro que estou chorando todo dia,
os cabelos entristecidos,
a pele assaltada de indecisão.
Quando ele vier, porque é certo que vem,
de que modo vou chegar ao balcão sem juventude?
A lua, os gerânios e ele serão os mesmos
- só a mulher entre as coisas envelhece.
De que modo vou abrir a janela, se não for doida?
Como a fecharei, se não for santa?
CRÔNICA DA SEMANA


DOIDA OU SANTA?
(Martha Medeiros)

“Estou no começo do meu desespero e só vejo dois caminhos: ou viro doida ou santa”.
São versos de Adélia Prado, retirados do poema A Serenata. Narra a inquietude de uma mulher que imagina que mais cedo ou mais tarde um homem virá arrebatá-la, logo ela que está envelhecendo e está tomada pela indecisão - não sabe como receber um novo amor não dispondo mais de juventude. E encerra: “De que modo vou abrir a janela, se não for doida? Como a fecharei, se não for santa?”
Adélia é uma poeta danada de boa. E perspicaz. Como pode uma mulher buscar uma definição exata para si mesma, estando em plena meia-idade, depois de já ter trilhado uma longa estrada onde encontrou alegrias e desilusões, e tendo ainda mais estrada pela frente? Se ela tiver coragem de passar por mais alegrias e desilusões - e a gente sabe como as desilusões devastam - terá que ser meio doida. Se preferir se abster de emoções fortes e apaziguar seu coração, então a santidade é a opção. Eu nem preciso dizer o que penso sobre isso, preciso?
Mas vamos lá. Pra começo de conversa, não acredito que haja uma única mulher no mundo que seja santa... Os marmanjos devem estar de cabelo em pé: como assim, e a minha mãe??? Nem ela, caríssimos, nem ela.
Existe mulher cansada, que é outra coisa. Ela deu tanto azar em suas relações que desanimou. Ela ficou tão sem dinheiro de uns tempos pra cá que deixou de ter vaidade. Ela perdeu tanto a fé em dias melhores que passou a se contentar com dias medíocres. Guardou sua loucura em alguma gaveta e nem lembra mais.
Santa mesmo, só Nossa Senhora, mas cá entre nós, não é uma doideira o modo como ela engravidou? (não se escandalize, não me mande e-mails, estou brin-can-do).
Toda mulher é doida. Impossível não ser. A gente nasce com um dispositivo interno que nos informa desde cedo que, sem amor, a vida não vale a pena ser vivida, e dá-lhe usar nosso poder de sedução para encontrar 'the big one', aquele que será inteligente, másculo, se importará com nossos sentimentos e não nos deixará na mão jamais. Uma tarefa que dá para ocupar uma vida, não é mesmo? Mas, além disso,temos que ser independentes, bonitas, ter filhos e fingir de vez em quando que somos santas, ajuizadas, responsáveis, e que nunca, mas nunca, pensaremos em jogar tudo pro alto e embarcar num navio-pirata comandado pelo Johnny Depp, ou então virar uma cafetina, sei lá, diga aí uma fantasia secreta, sua imaginação deve ser melhor que a minha.
Eu só conheço mulher louca. Pense em qualquer uma que você conhece e me diga se ela não tem ao menos três dessas qualificações: exagerada,dramática, verborrágica, maníaca, fantasiosa, apaixonada, delirante.Pois então. Também é louca. E fascina a todos.
Todas as mulheres estão dispostas a abrir a janela, não importa a idade que tenham. Nossa insanidade tem nome: chama-se Vontade de Viver até a Última Gota. Só as cansadas é que se recusam a levantar da cadeira para ver quem está chamando lá fora. E santa, fica combinado, não existe. Uma mulher que só reze, que tenha desistido dos prazeres da inquietude, que não deseja mais nada? Você vai concordar comigo: só sendo louca de pedra.'

terça-feira, 3 de novembro de 2009

UM DEDO DE PROSA


SARAU POÉTICO MUSICAL EM PLANALTINA

É comum ouvirmos os jovens planaltinenses reclamarem que falta cultura em Planaltina. O problema é que ainda não descobrimos a que tipo de Cultura eles se referem.
Quase todos os finais de semana a cidade promove eventos culturais com bandas de música; duplas sertanejas; grupos de pagode, de dança e teatrais e saraus de música e poesia. Inclusive, recentemente tivemos dois eventos muito interessantes: a I Mostra Itinerante do FICA (Festiva Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental de Planaltina) e o Cultura na Praça, com Exposições e apresentações do Grupo Kokumã e de Catireiros da cidade. Porém, poucos prestigiaram os eventos.
O que realmente está faltando em Planaltina é plateia para assistirem às diversas atividades culturais que a cidade oferece.
E por falar em atividade cultural, vem aí o I Sarau Poético-Musical de Planaltina, com a participação de vários artistas da cidade e do Gama, a realizar-se a partir das 17 horas do dia 07/11 (sábado), na Praça do Museu.
Compareçam!... Prestigiem!... Participem!...
MEUS VERSOS LÍRICOS

UMA FADA, UMA ARAPUCA E EU
(Joésio Menezes)

As “borboletas” veem “através da vidraça”
Uma “fada” que chega “escondendo o jogo”.
Não o “jogo da vida”, mas o da pirraça
Que lhe impõe “o guardador do fogo”.

“Moça rebelde” cujas “lembranças de amor”
Fazem-na esquecer sua “timidez” insana,
A “fada” disse “não mais” se contrapor
Ao “amigo apaixonado” que tanto ufana,

Pois o seu “passado” nos revelou
Que para ela “o sonho não acabou”
Tampouco o “fogo do amor” feneceu.

E “ao vivo e em cores” hoje ela vem
Armar uma “arapuca” pra pegar alguém;
E, certamente, “esse alguém sou eu”.


SUBMISSÃO
(Joésio Menezes)

Eu me rendo à tua beleza,
Aos teus encantos eu me entrego,
Por teus fetiches mantém-se acesa
A chama do fogo que carrego.

Me submeto aos teus desmandos,
À tua paixão sou aspirante,
Por tua libido o fogo brando
Do meu corpo ficará abrasante.

E se necessário for
Entregar-me ao despudor
E aos efeitos do teu feitiço,

Juro-te que isto eu farei,
Mesmo sabendo que estarei
Eternamente a ti submisso.
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA



VOCÊ E AS OUTRAS FLORES
(Vivaldo Bernardes)


Dentre as flores que cultivo no coração
dedico especial cuidado a uma delas,
a única que me desperta comoção,
enchendo de ciúme as lindas umbelas.


Nem mesmo as mais belas e orgulhosas Rosas
comparam-se a uma chamada “Você”,
distinta das demais, até das mais formosas
exuberantes em requintado buquê.

Porém, por mais belas sejam as outras flores,
por mais perfumosas e por mais coloridas,
jamais se igualam a “Você” e aos seus odores.

Perfume adocicado e feminifloro
que me transforma em uma alma-perdida,
como Adão a vagar meu edem plurifloro.


O BURRO
(Patativa do Assaré)

Vai ele a trote, pelo chão da serra,
Com a vista espantada e penetrante,
E ninguém nota em seu marchar volante,
A estupidez que este animal encerra.

Muitas vezes, manhoso, ele se emperra,
Sem dar uma passada para diante,
Outras vezes, pinota, revoltante,
E sacode o seu dono sobre a terra.

Mas contudo! Este bruto sem noção,
Que é capaz de fazer uma traição,
A quem quer que lhe venha na defesa,

É mais manso e tem mais inteligência
Do que o sábio que trata de ciência
E não crê no Senhor da Natureza.
CRÔNICA DA SEMANA


INFINITO PARTICULAR
(Eduardo Loureiro Jr.)

Acontece comigo pouco antes do orgasmo: o desejo de infinitude. Vontade de que aquilo nunca acabe, ou que recomece imediatamente. Mas quando o prazer escorre — líquido — o desejável infinito já se acabou.
Acontece também durante a escrita ou a leitura. Quando me aproximo do final, retardo o ritmo na esperança de que a criação ou a contemplação não tenha fim. Mas sempre tem.
Acontece ainda quando, vendo o sorriso no rosto da mulher amada, meu coração acredita que será assim pra sempre. Mas meu coração, fraco por natureza, logo esquece.
E tudo depois se repete: o prazer, a criação, o amor. Mas, antes que se repita, aparece a vontade de solidão, o fastio das letras e o desassossego do coração.
Eu brinco de lua com o infinito: ora cheio, dominante, ora novo, invisível. As fases, as frases, as fibroses. E de tanto brincar, no fim do que se chama tarde, às vezes me dá um cansaço: vontade de banho e de sopa de feijão, de futebol na TV e de sono.
Em quase tudo que quero, há o que não quero. Feito promoção: compre o que você precisa e leve o que você não precisa, grátis. "Grátis". E eu levo tudo ou levo nada, quase nunca levo só o que quero. Vida é assim o presente com penduricalho, o doce que amarga no final?
Mas não sou eu que rejeita o mel infinito e gosta de alternar entre o doce e o salgado? Não sou eu que admira o drible adversário? Sim, sou eu. Essas coisas todas do mundo — comida, comércio, futebol — falam mesmo é da gente. Com a lua lá em cima, cheia de si feito mulher bonita, como é que posso olhar pro céu e achar que estou sozinho nesse planeta? É nóis na fita!
Bom mesmo é o abraço que acalma e excita. A bola parando na rede enquanto a torcida grita. O livro que vira filme, o filme que vira vida.
O infinito é não dar pelo fim — por esperança, ignorância ou distração. O infinito à moda da casa de cada um. Infinito particular feito impressão de dedo, feito interpretação de juiz em lance duvidoso, feito DNA. Nada se pede, nada se tira, tudo se transborda.
Feito Sol que se põe, feito Lua que mingua, feito sêmen que vinga, feito palavra que rima, feito coração que expia... tudo que finda não finda: começa aqui mesmo em outro lugar.