quinta-feira, 30 de setembro de 2010

UM DEDO DE PROSA

ELEIÇÕES 2010: ALEA JACTA EST...

Chegou a hora (do pesadelo)!...
Manobras políticas à parte, domingo próximo (dia 03/10) iremos às Urnas para elegermos aqueles que, por quatro anos (ou mais), irão nos representar (pelo menos é o que todos esperamos!) nas esferas estaduais, distrital e federal.
Como dizem por aí, estamos num “beco sem saída”, pois está cada vez mais difícil escolher alguém que de fato queira nos representar “honestamente”. Grande parte dos candidatos (cujos parentes e amigos jamais serão por eles esquecidos) estão ou estiveram envolvidos em escândalos de corrupção, lavagem de dinheiro, desvio de verbas públicas, formação de quadrilha, compra de votos e outras maracutaias dignas de políticos profissionalmente inescrupulosos e desonestos, muitos dos quais com processo de impugnação da candidatura em andamento.
E como o Brasil é um país democrático, democraticamente o nosso direito de exercer a cidadania nos é “empurrado goela abaixo” e somos obrigados a enfrentar filas para depositarmos naqueles sujeitos de índole indubitável nosso voto de (des)confiança. E caso nos neguemos esse direito, seremos punidos pela justiça por esse nosso ato de insubordinação.
Alea jacta est!...
MEUS VERSOS LÍRICOS

TEMPO DE SECA
(Joésio Menezes)

É tempo de seca!...
Fenecem as vidas
Dos bichos e nascentes
De águas correntes
E ávidas por vida.

É tempo de seca!...
Na terra ressequida,
O Sol muito quente
Estorrica as sementes,
Que não mais dão vida.

No tempo de seca,
O calor trucida,
De forma veemente,
O meio-ambiente
Repleto de vidas.

É tempo de seca!...
E, quase sem vida,
A Natureza sente
Os atos inconsequentes
Do homem na lida.

É tempo de seca!...
A Terra aquecida
Revela à sua gente
O risco iminente
Da extinção de vidas.


AO RISO DOS OLHOS TEUS
(Joésio Menezes)

Hoje, olhei para o céu
E senti falta dos teus olhos
Sorrindo para mim.

Sem eles, a vida não tem graça
E o dia, de tão monótono,
Parece não mais ter fim.

E olhando para o céu
Notei que o Sol estava triste,
Pois deles também falta sentia.

Por isso, recusava-se a brilhar
Na ausência dos olhos teus,
Que são a luz que nos guia...

Amanhã, olharei para o céu;
E lá certamente encontrarei
Teus olhos sorrindo para mim.

Para eles também sorrirei.
E a essa troca de risos
Escreverei uma poesia.
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA

CINCO COISAS
(Pablo Neruda)

Quero apenas cinco coisas...
Primeiro é o amor sem fim,
A segunda é ver o outono,
A terceira é o grave inverno,
Em quarto lugar o verão,
A quinta coisa são teus olhos.


Não quero dormir sem teus olhos.
Não quero ser... sem que me olhes.
Abro mão da primavera
Para que continues me olhando.


REVOLTA
(Wilson Gonçalves)

Vento, leva-me em tuas asas!
Quero fugir das desgraças
Deste mundo tenebroso.

Não sou covarde nem medroso,
Mas também não sou feliz,
Pois a vida me negou
Aquilo que mais eu quis.

Sonhei com a verdade,
Busquei a sinceridade
E jamais a encontrei.
Só achei a falsidade
Nos lugares por onde andei.

Na verdade ouvi mentira;
No amor, desilusão;
No sorriso, a falsidade;
No olhar, a traição.

Agora, desiludido,
Já não posso nem sonhar,
A não ser que mude o mundo
Ou meu jeito de pensar!
CRÔNICA DA SEMANA

POLÍTICA OU POLITICALHA?
(Joésio Menezes)

A poucos dias das eleições tento ficar alheio à situação política do país, mas... impossível! Sinto-me cada vez mais “antenado” aos acontecimentos e bem próximo do “toca dos leões famintos”, porém sem forças para desvencilhar-me da “armadilha” que a Constituição Federal me impôs: O DEVER DE VOTAR, que para alguns é um direito de exercer a cidadania, o qual, lamentavelmente, vejo sucumbir-se em meio ao “mar de lama” que há muito tempo jorra pelos “politicodutos” do nosso país, cujo produto final (já lavado) deságua em paraísos fiscais.
A política já não mais é “a arte de gerir o Estado, segundo princípios definidos, regras morais, leis escritas, ou tradições respeitáveis”, mas sim “a indústria de explorar o benefício de interesses pessoais” ou ainda a “higiene dos povos de moralidade estragada”, como bem definiu Rui Barbosa em seu texto Política e Politicalha.
Já há algum tempo que a Política deixou de ser política para tornar-se uma profissão exercida, na maioria das vezes, por profissionais inescrupulosos – Grileiros, Turistas Sexuais, Violadores de Painel Eletrônico, Mensaleiros, Sanguessugas, Mercadores de Dossiês, dentre outros – que de quatro em quatro anos invadem nossas casas por meio da televisão e/ou de panfletos, prometendo-nos as mesmas coisas de outrora; declarando-se “apaixonados” pela nossa cidade; mostrando-se “preocupados” com os problemas do nosso país; revelando-se “solidários” às causas do nosso povo...
É muito cinismo com requintes de hipocrisia, não é mesmo?

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

UM DEDO DE PROSA

ENTRE FLORES E TEMORES

Aproxima-se a primavera.
Os ipês resistem ao tempo seco e quente, suas copas florescem e colorem a paisagem cinzenta e cheia de fuligem das queimadas. No chão, espalham lindos tapetes roxos e amarelos.
Ao longe, algumas cigarras já começam a ciciar. Em breve, seus zunidos ensurdecedores incomodarão muita gente ao mesmo tempo em que inspiração trarão aos poetas. Também em breve as lagartas transformar-se-ão em lindas borboletas que, coloridamente, lançarão todo o seu charme às flores, que por sua vez exibirão sua exuberante beleza aos encantados colibris, amigos e rivais dos vates apaixonados.
Mas, em meio a tanta beleza, a tanto encanto, algo de tenebroso acontece nos bastidores da política: manobras judiciais são feitas para que alguns sujeitos, cuja ficha é mais suja que as galerias de esgoto das grandes metrópoles, sejam favorecidos pelas brechas deixadas pela lei e saiam ilesos das acusações de corrupção, desvio de verbas públicas, grilagem de terras, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e “otras cositas más”. E dessa forma, livrar-se-ão da tal FICHA LIMPA seguirão livres, leves e soltos até a sua próxima vitória, agora nas URNAS.
É melhor falar das flores que estão por chegar!...
MEUS VERSOS LÍRICOS


UM COLIBRI ENTRE NÓS
(Joésio Menezes)

Um beija-flor surgiu,
Assim... tão de repente,
No céu cor de anil
E nos olhou fixamente.

A ti, ele se dirigiu
E, mui educadamente,
Permissão me pediu
Para beijar-te, respeitosamente.

Disse-me o galanteador
Que tu eras uma rara flor
E que por ti se apaixonara.

Foi quando percebi
Que o ladino colibri
De mim te roubara.


MINHAS MUSAS E EU
(Joésio Menezes)

A Lua anda enciumada
E suspirando de amores,
Pois soube que eu e as flores
Não nos separamos por nada.

Por isso, a pobre coitada
Se desfez dos seus valores
E aos poetas, seus admiradores,
Apareceu nua, despudorada...

Solidárias, as lindas Borboletas
Amarelas, brancas e violetas
Sumiram do meu florido jardim.

Mas o que a Lua não sabia
É que ela, as mulheres, a Poesia
E as Flores são tudo para mim.
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA

POEMA EM CHAMAS
(Madalena Barranco)

No centro do coração
sou teu pedaço de estrela.

Do Sol em chamas eu nasci
até que um dia tu me fizeste sorrir,
e minha face ardente voltou a ruborizar
o rosto de um ser humano.

Eu sou o Fogo vivente
e permaneço dançante em tua alegria
dentro de cálida atitude, entre
o abraço de uma mulher e um Deva
do calor eterno,
partícula que Sou
de cometa feliz em viagem
pelo Universo.


O CÉU E A TERRA
(José de Alencar)

Pelos montes
que a Lua prateava
teu vago olhar
correu fagueira a vista.

Tudo admiravas,
tudo, o céu e a terra,
eu resumia em ti
um Deus artista.
CRÔNICA DA SEMANA

PRIORIDADES
(Lya Luft)

Muito do que gastamos (e nos desgastamos) nesse consumismo feroz podia ser negociado com a gente mesmo: uma hora de alegria em troca daquele sapato. Uma tarde de amor em troca da prestação do carro do ano; um fim de semana em família em lugar daquele trabalho extra que está me matando, e ainda por cima detesto.
Não sei se sou otimista demais, ou fora da realidade. Mas, à medida que fui gostando mais do meu jeans, camiseta e mocassins, me agitando menos, querendo ter menos, fui ficando mais tranqüila e mais divertida. Sapato e roupa simbolizam bem mais do que isso que são: representam uma escolha de vida, uma postura interior.
Nunca fui modelo de nada, graças a Deus. Mas amadurecer me obrigou a fazer muita faxina nos armários da alma e na bolsa também. Resistir a certas tentações é burrice; mas fugir de outras pode ser crescimento, e muito mais alegria.
Cada um que examine o baú de suas prioridades, e faça a arrumação que quiser ou puder.
Que seja para aliviar a vida, o coração e o pensamento - não para inventar de acumular ali mais alguns compromissos estéreis e mortais.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

UM DEDO DE PROSA

SÍNDROME DE PINÓQUIO

Tramita na Câmara dos Deputados um Projeto de Lei (de autoria do deputado Carlos Bezerra ) que pune com até dois anos de prisão aqueles “candidatos” a um emprego que mentem na hora da entrevista ou que põem no Currículo informações não verídicas para tornarem o documento mais atraente.
Não estou aqui para defender A MENTIRA, mas nesses casos os principais prejudicados são os próprios “mentirosos”, que mais cedo ou mais tarde sentirão na pele o peso da sua mentira quando forem chamados a provar, na prática, aquilo que disseram quando da entrevista.
Ao contrário dos “ilustres” falazes da política, cujos principais afetados pelas suas mentiras são os eleitores, certamente os que disseram ter “tantos anos” de experiência em alguma atividade, quando forem colocados à prova “cairão do cavalo” e perderão seus empregos ou a oportunidade de neles ingressarem.
Se essa lei fosse estendida também aos “Pinóquios” que, de forma vitalícia, habitam o Senado e as Câmaras, o Estado seria o maior prejudicado, pois não conseguiria atender à grande demanda de presidiários, e aí haveria a necessidade da construção de novos (e inúmeros) presídios de segurança máxima Brasil afora, o que em muito oneraria o país, levando-o à quase falência.
MEUS VERSOS LÍRICOS

VEREDITO
(Joésio Menezes)


O meritíssimo Cupido,
Justo e erudito,
Analisou o nosso caso
E deu seu veredito:

Você é a culpada
Pelos meus devaneios,
Pelas minhas angústias,
Pelos meus anseios.

Você é a culpada
Pelo meu desfalecimento,
Pela minha fraqueza,
Pelo meu sofrimento.

Você é a culpada
Pela minha paixão,
Pelo meu frenesi,
Pelo meu tesão.


ANGÉLICA
(Joésio Menezes)

Cativa-me
Com a sua pura lealdade,
Com a sua leal franqueza,
Com a sua franca amizade.

Encanta-me
Com o seu olhar sutil,
Com o seu grande carinho,
Com o seu sorriso infantil.

Extasia-me
Com a sua delicadeza,
Com o seu senso de humor,
Com a sua inigualável beleza.

Fascina-me
Com o seu andar sensual,
Com o seu jeito alegre de ser,
Com o seu nome angelical.
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA

AH, QUEM ME DERA
(Tom Jobim)

Ah, quem me dera ser poeta
Pra cantar em seu louvor
Belas canções, lindos poemas,
Doces frases de amor...

Infelizmente,
Como não aprendi o A-B-C,
Eu faço samba de ouvido pra você.

Depois de muitas frases lapidar,
Eu percebi que as rimas que preciso,
Essas rimas esqueci;
E que o verbo amar
Não se conjuga sem você.


POEMA À BOCA FECHADA
(José Saramago)

Não direi
Que o silêncio me sufoca e amordaça.
Calado estou, calado ficarei,
Pois que a língua que falo é de outra raça.

Palavras consumidas se acumulam,
Se represam, cisterna de águas mortas,
Ácidas mágoas em limos transformadas,
Vaza de fundo em que há raízes tortas.

Não direi
Que nem sequer o esforço de as dizer merecem,
Palavras que não digam quanto sei
Neste retiro em que me não conhecem.

Nem só lodos se arrastam, nem só lamas,
Nem só animais bóiam, mortos, medos,
Túrgidos frutos em cachos se entrelaçam
No negro poço de onde sobem dedos.

Só direi,
Crispadamente recolhido e mudo,
Que quem se cala quando me calei
Não poderá morrer sem dizer tudo.
CRÔNICA DA SEMANA

NÃO SEI, SÓ SEI QUE FOI ASSIM...
(Clara Braga,
crondia.blogspot.com)

Se me perguntar, juro, não vou saber dizer como aconteceu, a única coisa que posso dizer agora é a famosa frase: "não sei, só sei que foi assim".
Lá estava eu achando que aquele dia seria apenas mais um dia comum, quando recebo uma ligação em meu celular. A simpática moça que me ligou disse que eu havia sido presenteada por um conhecido com uma limpeza de pele. Se eu bem me lembro do preço de uma limpeza, sei que não é barato, logo achei que era um presente bem interessante. Marquei meu horário logo para o dia seguinte e lá fui eu fazer a tal da limpeza me achando o máximo.
Quando cheguei, fui recebida pela simpática moça que me ligou. Ela veio até a porta me receber e eu logo vi que ela usava um broche no vestido, mas minha miopia não me deixava ler o que estava escrito nele. Ela foi se aproximando, eu fui começando a distinguir algumas letras até que finalmente consegui ler: "Eu amo Herbalife!".
Não podia ser verdade, aquilo era uma cilada, a limpeza seria com produtos Herbalife. Não podia ser, eu precisava correr, mas já era tarde demais, ela já estava me segurando pelo braço e me colocando sentada na cadeira. Antes de começar a limpeza, ela fez uma palestra sobre como eu deveria mudar meus hábitos alimentares para que minha pele ficasse mais bonita, e para isso eu deveria tomar os chás e shakes emagrecedores da Herbalife. O mais impressionante é que ela realmente me convenceu a mudar meus hábitos alimentares sem nem me perguntar antes como eram os meu hábitos.Para refrescar meu dia quente, ela preparou um chá gelado e começou a limpeza. Entre uma máscara facial e outra, ela me mostrava o antes e o depois dos clientes dela, e eu mal pude perceber que ela já estava pegando a fita métrica para me medir. Dai em diante, já não tenho mais muitas lembranças, sei que conversávamos, ríamos e assistíamos ao Vale a Pena Ver de Novo como se fôssemos melhores amigas, e ela continuava a me convencer a mudar meus hábitos alimentares.
Depois disso, a lembrança que tenho é a de que saí de casa feliz para fazer uma limpeza de pele, sem maiores pretensões e também feliz com meu peso. E voltei para casa já seguindo uma dieta rígida, onde eu troco duas refeições diárias pelo tal do shake — díga-se de passagem, eu voltei para casa com dois potes. Não sei como aconteceu, não consigo explicar, ela era muito convincente.
Não sei que tipo de preparação a Herbalife deu para aquela mulher, mas sei que ela tem certeza absoluta de que qualquer produto Herbalife pode mudar sua vida para sempre. E não sei como, mas por algumas horas, ela me fez acreditar nisso perfeitamente.
Ao final, ela pediu para eu preencher uma lista com 10 nomes e telefones de pessoas que eu achava que estariam interessadas em fazer a limpeza de graça. Aquela era a hora da minha vingança, indiquei os 10 nomes. Portanto, amigos e família, aguardem que vocês serão as próximas vítimas da Herbalife e, se vocês não se cuidarem, daqui a pouco estarão fazendo dieta junto comigo ou até mesmo vendendo produtos e usando broches.
ABRAM O OLHO! !!

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

UM DEDO DE PROSA

ALIENAÇÃO PARENTAL

Finalmente algo foi feito para se pôr fim às “lavagens cerebrais” (e às torturas psicológicas), acerca da relação entre pais e filhos, a que algumas crianças e adolescentes são submetidos.
Aquela história de fazer o filho acreditar que o pai ou a mãe é um “mau caráter”, a partir de agora, será crime estabelecido pela LEI DA ALIENAÇÃO PARENTAL (Lei 12.318/10, de 26/08/2010), que consiste, por exemplo, no caso da mãe (ou do pai) que possui a guarda da criança influenciá-la para que tenha qualquer tipo de imagem negativa em relação ao pai (ou à mãe).
Assim preceitua a lei: “Considera-se ato de alienação parental a interferência na formação psicológica da criança ou do adolescente, promovida ou induzida por um dos genitores, pelos avós ou pelos que tenham a criança ou adolescente sob a sua autoridade, guarda ou vigilância para que repudie genitor ou que cause prejuízo ao estabelecimento ou à manutenção de vínculos com este“.
Com isso, espera-se que a relação entre pais e filhos (ainda que separados) jamais deixe de ser amigável e afetuosa; que eles (os pais) continuem sendo os super-heróis dos filhos; que os filhos sintam orgulho dos pais que têm e que eles descubram, por si só, sem a interferência de outrem, os defeitos e as qualidades daqueles que os trouxeram ao mundo...
MEUS VERSOS LÍRICOS

DESAFIO
(Joésio Menezes)

Esse nosso desafio
em versos aqui firmado
está me parecendo
um duelo apaixonado
de dois seres que se amam
mesmo estando afastados.


E mesmo estando afastados,
cresce neles a paixão,
e um sentimento profundo
dentro de cada coração
vai abrasando-lhes os corpos,
aumentando-lhes o tesão.

Aumentando-lhes o tesão,
seus corpos ficam sedentos
de amor e tudo mais
que alimenta o sentimento
de saudade entre ambos,
que choram sem acalento.


RUSGAS E CONTURBAÇÕES
(Joésio Menezes)

Não me olhes com esse olhar desbotado
Nem me chames com essa voz engasgada,
Pois não sou eu o único culpado
Pelo fim da nossa história conturbada.

Não me venhas com esse papo furado
De que uma história só pode ser encerrada
Quando o alguém que temos ao nosso lado
Se revela uma pessoa perturbada.

Não me sorrias com esse falso riso
Nem me venhas falar do prejuízo
Que o fim desse enlace possa nos causar,

Pois não sou eu assim tão imaturo
Ao ponto de sentir-me inseguro
Caso nosso amor tenha que acabar.
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA

E TUDO MUDOU...
(Luis Fernando Veríssimo)

O rouge virou blush,
O pó-de-arroz virou pó-compacto,
O brilho virou gloss.

O rímel virou máscara incolor,
A Lycra virou stretch,
Anabela virou plataforma,
O corpete virou porta-seios,
Que virou sutiã
Que virou lib
Que virou silicone...

A peruca virou aplique,
interlace, megahair, alongamento...
A escova virou chapinha,
"Problemas de moça" viraram TPM,
Confete virou MM.

A crise de nervos virou estresse,
A chita virou viscose,
A purpurina virou gliter,
A brilhantina virou mousse.

Os halteres viraram bomba,
A ergométrica virou spinning,
A tanga virou fio dental,
E o fio dental virou anti-séptico bucal.

Ninguém mais vê...

Ping-Pong virou Babaloo,
O a-la-carte virou self-service,
A tristeza, depressão,
O espaguete virou Miojo pronto,
A paquera virou pegação,
A gafieira virou dança de salão.

O que era praça virou shopping,
A areia virou ringue,
A caneta virou teclado,
O long play virou CD,
A fita de vídeo é DVD,
O CD já é MP3.

É um filho onde éramos seis,
O álbum de fotos agora é mostrado por e-mail,
O namoro agora é virtual,
A cantada virou torpedo,
E do "não" não se tem medo.

O break virou street,
O samba, pagode,
O carnaval de rua virou Sapucaí,
O folclore brasileiro, halloween,
O piano agora é teclado, também.

O forró de sanfona ficou eletrônico,
Fortificante não é mais Biotônico,
Bicicleta virou Bike,
Polícia e ladrão virou counter strike.

Folhetins são novelas de TV,
Fauna e flora a desaparecer,
Lobato virou Paulo Coelho,
Caetano virou um chato.

Chico sumiu da FM e TV,
Baby se converteu,
RPM desapareceu,
Elis ressuscitou em Maria Rita?

Gal virou fênix,
Raul e Renato,
Cássia e Cazuza,
Lennon e Elvis,
Todos anjos
Agora só tocam lira...

A AIDS virou gripe,
A bala antes encontrada agora é perdida,
A violência está coisa maldita!

A maconha é calmante,
O professor é agora o facilitador,
As lições já não importam mais,
A guerra superou a paz
E a sociedade ficou incapaz...
... De tudo.

Inclusive de notar essas diferenças.
CRÔNICA DA SEMANA

RUPTURA E CONTINUIDADE
(Fernanda Pinho)

Faz nove anos desde que eu saí do colégio e, naturalmente, muitos dos conceitos que aprendi ali ficaram esquecidos ou estão guardados em algum lugar da minha memória que não acesso nunca. Há ainda as poucas coisas das quais nunca me esqueci e aquelas que só fizeram sentido quando cheguei a este ponto ao qual convencionamos chamar de vida adulta. Aliás, acho “vida adulta” um conceito muito vago e talvez eu devesse escrever sobre isso um dia. Um dia que não é hoje, pois hoje quero falar sobre outra coisa.
Hoje quero falar sobre a aula de História do professor Cleiton, que nunca se limitou a nos fazer decorar datas e fatos e, portanto, nos ensinou muitas coisas que eu só compreendi agora que sou... adulta (é, detesto admitir). Cleiton gostava de provocar a reflexão e incitar o debate. Ingênuos que éramos, poucas vezes mordíamos a isca. Mas me lembro muito bem dele – não raramente – escrever essas duas palavrinhas no quadro e nos fazer pensar sobre elas: ruptura e continuidade. Sob o prisma da sua disciplina, ele queria nos fazer identificar momentos da história da humanidade em que, diante da possibilidade de escolha, os homens optaram por romper ou continuar. Mesmo sem entender exatamente o porquê, eu conseguia observar que quando a opção era pela ruptura, a longo prazo, os resultados eram melhores para a sociedade. Chega a ser óbvio, afinal, se chegamos a uma situação onde é necessário fazer uma escolha, é porque as coisas não vão tão bem assim. E se não está tão bem, por que continuar? Porque continuar é mais fácil. Não existe ruptura sem caos, e poucos são aqueles interessados em revoluções de qualquer ordem.
Me saí muito bem nas provas do Cleiton, mas o que só entendi anos mais tarde é que esse negócio de ruptura e continuidade são conceitos determinantes para a história do mundo, para a história do nosso país (pra isso que existe eleição) e para a nossa própria história. Descobri que quanto maior é nossa capacidade de romper, maior é o nosso potencial de felicidade. Por que existem pessoas que passam anos trabalhando numa empresa que não suportam, anos vivendo um casamento infeliz, anos cercado por pessoas em quem não confiam? Simplesmente porque não têm coragem de provocar ruptura. E dá para entender. Romper dói demais e falo por mim que tenho pensando no assunto desde que, pela primeira vez na minha vida, provoquei uma ruptura. Por minha conta, sem tentar saber o que se passava com o outro. Eu estava numa situação que me fazia mal, eu estava sofrendo. Então, como num loop de montanha-russa, eu fechei o olho e fui. E vou dizer pra vocês: a vertigem é das brabas. Não é fácil suportar as consequências de uma ruptura que você mesmo provocou. Ainda não me recuperei do caos, mas sei que é daí que virá a ordem. A tristeza hoje tem um latifúndio na minha alma, mas, paradoxalmente, sinto um orgulho imenso por ter-me feito esse favor. Antes agora do que depois. E recomendo: experimente romper você também. Rompa com a má vontade, com o desrespeito e com o desamor. Rompa com a solidão a dois, com o chefe intransigente e com o amigo da onça. Rompa com o cartão de crédito, com a balança e com a tecnologia. Rompa com as más notícias, com a fofoca e com suas deduções.
Rompa, porque como diz uma frase que li outro dia, e que resume tudo isso o que eu precisei de tantas frases pra dizer: “Não existe prova maior de insanidade do que fazer a mesma coisa, dia após dia, e esperar resultados diferentes”.

Fonte: Crônica do Dia

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

UM DEDO DE PROSA

HEURECA! SETEMBRO CHEGOU!...

Setembro chegou... Em breve, dar-se-á início à primavera, estação responsável pelo reflorescimento da flora e da fauna terrestres. E porque não dizer, também, responsável pelo reflorescimento das nossas esperanças?... Isso mesmo!... “reflorescimento das nossas esperanças”, as quais, ultimamente, andam tão cinzas quanto o Céu que, sob o efeito das queimadas e da falta de chuvas, não nos permite vislumbrar a beleza anil que há milhões de anos ostenta.
Tal reflorescimento traria às nossas esperanças o tradicional verde-vida, há muitos anos ausente tendo em vista à caótica e desesperançosa situação sócio-política que hostiliza nosso país e, consequemente, seu povo. E a falta de escrúpulos dos nossos políticos é a principal causa do desbotamento dessa ESPERANÇA que nos move e nos mantém vivos.
Setembro chegou para reacender nossas esperanças. Esperança de um país melhor e livre de todas as mazelas políticas e sociais (promiscuidades e falcatruas políticas, miséria, violência, inveja, soberba...). Esperança de uma vida mais tranquila, mais saudável, mais alegre, mais florida... Esperança nos homens, na amizade, na Justiça, no destino do Planeta, no Amor, na vida...
MEUS VERSOS LÍRICOS

FLORES DE SETEMBRO
(Joésio Menezes)


“Quando entrar setembro”,
Veremos a “primavera”
Trazendo-nos “flores”
De todas “as cores”
Que há na “aquarela”.

E com “todas elas”
Farei “meu jardim”.
Nele, a “flor de lis”
“Será” bem mais feliz
Que o “caçador de mim”.


E no “jardim da babilônia”,
Plantarei “a semente”
Da sonhada “felicidade”
Em que a “flor da idade”
Brotará, “sutilmente”.

E já que “as rosas não falam”,
Pedirão a “flor de tangerina”
Aos filhos do planeta “Terra”,
Que “não mais” querem guerra,
O fim da “rosa de Hiroshima”.


NÓS E A POESIA
(Joésio Menezes)

Sem ti eu não irei morrer,
Mas a minha poesia sim.
E isso será o meu fim,
Pois sem ela não sei viver...

Meus versos não podem fenecer
Tão drasticamente assim,
Pois enquanto és tudo para mim,
São eles a essência do meu ser.

Por isso, te peço de coração:
Ouçamos a voz da razão
E amemo-nos um pouco mais.

Somente assim minha poesia
Viverá em eterna sintonia
Conosco e com outros casais.
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA

SETE DE SETEMBRO
(Casimiro de Abreu)

Foi um dia de glória! - O povo altivo
Trocou sorrindo as vozes de cativo
Pelo cantar das festas!
O leão indomável do deserto
Bramiu soberbo, dos grilhões liberto,
No meio das florestas!

Lá no Ipiranga do Brasil o Marte
Enrolado nas dobras do estandarte
Erguia o augusto porte;
Cercada a fronte dos lauréis da glória
Soltou tremendo brado da vitória:
- Independência ou morte!

O santo amor dos corações ardentes
Achou eco no peito dos valentes
No campo e na cidade;
E nos salões - do pescador nos lares,
Livres soaram hinos populares
À voz da liberdade!


AO DIA SETE DE SETEMBRO
(Castro Alves)

Mancebos, que sois a esperança
Do majestoso Brasil;
Mancebos, que inda tão tenros
Sabeis de louro gentil
Adornar o pátrio dia,
Nosso dia senhoril!

Eis que assomou sobre os montes
Além, sobre a antiga serra,
Entre mil nuvens de rosa,
O dia de nossa terra;
Aquele que para a Pátria
Milhões de glórias encerra.

Foi hoje que o Lusitano,
Que o filho de além do mar,
Despertou com forte brado
A Pátria que era a sonhar,
Que nem sequer escutava
A liberdade a expirar.

E o brado: — "Livres ou mortos"
Lá nos bosques retumbou;
E mais contente o Ipiranga
As suas águas rolou;
E o eco d'alta montanha
Todo o Brasil ecoou.

E as montanhas lá do Sul,
E as montanhas lá do Norte,
Repetiram em seus cumes:
Sempre ser livres ou morte...
E lá na luta renhida
Cada qual luta mais forte.

Sim, nos combates que, ousados,
Travaram cem contra mil,
O mancebo que nascera
Sob este azul céu de anil,
Forte como um Bonaparte,
Batia o forte fuzil.

E cada qual no combate
Ao ribombar do canhão
Queria à custa da vida
Dar à Pátria salvação,
Vingar a terra natal
D'aviltante servidão.

Eia, pois, flores da Pátria,
Esp'rançosa mocidade!
Que os Andradas e os Machados
Do alto da Eternidade
Contentes vos abençoam
No dia da Liberdade.
CRÔNICA DA SEMANA

SETEMBRO CHEGOU
(Isabel C. S. Vargas)

Com ele o sol, a brisa suave, as flores desabrochando e novas expectativas. E a certeza de que tudo é transitório e se renova. É só saber esperar que o frio e a chuva passem, ou então aceitar que tudo é vida e que podem nos trazer coisas boas. Não me refiro às coisas grandiosas, mas nas pequenas satisfações diárias e que podem passar sem serem notadas, mas que podem se constituir em luxo para os menos favorecidos como uma cama quentinha no inverno, um café recém passado e fumegante com um cheirinho convidativo, um pão saído do forno, o calor de uma lareira, um chá ou um bolo de chocolate feito com carinho para ou por pessoas que amamos.
A chuva pode ser ruim, como tudo que for em exagero, mas na medida certa é indispensável para fazer brotar a vida.
Adoro o sol. Creio que não saberia viver sem ele. São muitos os idosos que não resistem aos meses de inverno, cujos dias cinzentos levam à depressão.
Pois na primavera o sol parece ser na medida certa. Nem escasso nem escaldante como no verão. Suficientemente quente e iluminado possibilitando que seus raios destaquem as diferentes nuances do colorido das flores. Seus raios se refletem no brilho do olhar das pessoas tornando o sorriso e a vida mais iluminada.
Setembro tem sabor de recomeço, de coisa nova, de despertar e, sobretudo de esperança e alegria. Não só para as pessoas. Também para a natureza que se enfeita e comemora todo o espetáculo da vida.
Outro dia percebi as andorinhas no céu.
Neste momento, de entardecer suave com os raios do sol a iluminar as águas que correm mansamente no açude, ouço o cantar dos pássaros nas árvores próximas com meu companheiro fiel que de longe deve assemelhar-se a uma gola de pele branca rodeando meu pescoço, atento aos mínimos movimentos ao redor. A uma distância maior vejo alguém a cavalgar. Isto aumenta minha vontade de fazer o mesmo.
Lembro uma série de prazeres que desejo me proporcionar. São metas estabelecidas que por ter escolhido outras prioridades ainda não pude atingir. O importante é não se sobrecarregar. Saber fazer cada coisa a seu tempo.
Neste momento estou refazendo rotas, redefinindo objetivos para fazer tudo que me propus, com correção e alegria.
Não é necessário pressa. Para tudo há o momento certo. Há o tempo de plantar, o de podar, arrancar os galhos secos, coisas mortas para concentrar as energias, ter mais espaço força e vigor e assim fazer boa colheita.
É um momento de observação, reflexão e tranqüilidade que me faz mais uma vez ter a exata sensação de que tenho muito a agradecer.