sexta-feira, 27 de abril de 2012

UM DEDO DE PROSA

IMUTÁVEL

Enquanto na Câmara e no Senado discutem a aprovação ou não do novo Código Florestal brasileiro (o anterior data de 15 de setembro de 1965), bilhões de reais escoam pelos propinodutos da Vida Real e deságuam nos reservatórios particulares de alguns políticos e empresários brasileiros que mantêm contas bilionárias em paraísos fiscais.
Enquanto em Brasília os professores, há mais de 40 dias, se desgastam num longo embate com o GDF em busca de melhores salários, o governo – que alega não ter verba em caixa – investe todo o dinheiro destinado à Saúde, à Educação e à Segurança na construção do superfaturado Estádio Nacional, simplesmente para atender a um capricho da entidade maior do futebol mundial, a FIFA.
Enquanto nossos impolutos políticos “lavam a égua” sob as ricas e turbulentas águas do Cachoeira, milhões de brasileiros sequem têm um copo de água potável para beber ou um quarto de um pão para pôr à mesa diariamente.
E enquanto aqui estou, buscando o que dizer neste pequeno espaço sem nenhum valor literário, milhares de crianças estão morrendo de inanição; inúmeras famílias estão perdendo seus filhos para as drogas; um grande número de crianças e adolescentes estão se prostituindo em troca de um simples prato de comida; muitos pais de família não estão regressando às suas casas, pois suas vidas estão sendo interrompidas por assaltantes e os nossos governantes nada estão fazendo para mudar esse quadro.


MEUS VERSOS LÍRICOS



TEU CORPO MORENO
(Joésio Menezes)

Em teu corpo moreno
Há um doce veneno
Que me encanta e seduz:
É o seu cheiro adocicado
Que me deixa inebriado
E ao pecado me conduz.

É o pecado do desejo
Que dentro de mim vejo
Consumir-me o juízo,
Levar-me à insanidade,
Tirar-me a serenidade,
Afastar-me do paraíso...

Mas se preciso for,
Esqueço-me do pudor
E provo desse veneno.
E depois do acontecido,
Embriago minha libido
Nesse teu corpo moreno.


POR ONDE ANDAS?
(Joésio Menezes)

Por onde andas
que não mais temos notícias tuas?
Por que não mais deste sinal de vida?
Será que eu e a majestosa Lua
não merecemos notícias de ti?
Será que feneceremos aqui
Com a saudade que em nós se acentua?

Por onde andas
que não mandas notícias a mim?...
Há muito não recebo sequer
uma palavra – seja boa ou ruim -
de ti, cujo coração partido
parece já ter esquecido
um tal poeta com saudades sem fim.



O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA

CLARA
(Casimiro de Abreu)

Não sabes, Clara, que pena
eu teria se — morena
tu fosses em vez de clara!

Talvez... quem sabe... não digo...
mas refletindo comigo
talvez nem tanto te amara!
A tua cor é mimosa,
brilha mais da face a rosa
tem mais graça a boca breve.

O teu sorriso é delírio...
És alva da cor do lírio,
és clara da cor da neve!

A morena é predileta,
mas a clara é do poeta:
assim se pintam arcanjos.

Qualquer, encantos encerra,
mas a morena é da terra
enquanto a clara é dos anjos!

Mulher morena é ardente:
prende o amante demente
nos fios do seu cabelo;
— A clara é sempre mais fria,
mas dá-me licença um dia
que eu vou arder no teu gelo!

A cor morena é bonita,
mas nada, nada te imita
nem mesmo sequer de leve.
— O teu sorriso é delírio... 
És alva da cor do lírio,
és clara da cor da neve!


PROCURA-SE UMA AMOR

Procura-se rápido
Um amor verdadeiro
Alegre e faceiro
Feito vaidade
E gosto de picolé!
Será que é fácil?
Difícil sei que é!
E o que fazer então?
Divulgar o tamanho
Do meu nobre coração
E nunca prometer
Nem jurar em vão
Muito amor e carinho
Se não existirem, não!
Procura-se um amor
Aquele simples mesmo
Que te olhe nos olhos
E deseje por inteiro
Te amar para sempre.
Procura-se um amor
O que te deixa livre
Para ser sempre você
E que te faça merecer
Todo amor que existe!
Procura-se um amor...
Ou quem sabe..
Doa-se amor!!
Hum...
Quando se doa
O amor não é à toa!
Faça alguém feliz
A felicidade é recíproca!!!
CRÔNICA DA SEMANA


MINHAS REFLEXÕES
(Aline Menezes)

Sôfrega, respiro. A sensação é a de que alguma coisa aqui dentro vai explodir a qualquer instante.  Aquela busca sobre a qual escrevi é insana e ilusória.  Arrasto-me lentamente, como se quisesse lutar contra toda esta impetuosidade de minha alma, deste espírito que se contorce diabolicamente, mas estranhamente livre, estranhamente. Livre.
Mas não consigo sair deste lugar onde me encontro louca, cheia de desejos e pensamentos impuros... Não consigo me concentrar, perco aquela vaga razão de tudo. Apesar desta afeição quase irracional, há uma delicadeza em tudo que toco, sinto, vejo. Sou o flagrante de minha imoralidade. Uma figura pálida, nua, inquieta.
Ouço a queda lenta e suave de uma gota de sangue, que se espalha no chão de minha angústia, que se deita sobre o disparar do meu coração. Ouço tudo, inclusive a melodia insuportável de uma existência inalterável, mas incomum, inacessível.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

UM DEDO DE PROSA
 
CAPITAL DA ESPERANÇA

Sábado, dia 21 de abril, Brasília completará 52 anos.
São mais de cinco décadas recheadas de novas arquiteturas e belas paisagens; de vários encantos e intensa magia; de boas músicas e modernas poesias; de corações bondosos e poetas sonhadores; de Segurança vulnerável e Saúde convalescente, de Educação precária e Esperança corrompida; de Justiça cega (literalmente falando) e impunidade nefanda; de Política nefasta e políticos corruptos, de falcatruas e coisa e tal...
São mais de cinco décadas gerando e adotando filhos... Mas como nada nem ninguém é perfeito, dentro da sua prole, muitos são os que maculam a sua imagem e fazem do seu nome carta marcada nas Páginas Policiais. Em contrapartida, em maior número são os filhos que fazem de tudo para torná-la inda mais encantadora e aconchegante.
Muitos são os filhos de Brasília (gerados e adotados) que sentem orgulho das suas Asas e Eixos, das suas Quadras e Entrequadras, dos seus Santos e Recantos, dos seus Candangos e Bandeirantes, das suas Samambaias e Sobradinhos; dos seus dáblios e éles; dos seus Planaltos e demais R.As... enfim, do seu abecedário sem esquinas.
Felizmente, muitos são os filhos que lutam pela integridade moral e cultural de Brasília. E isso faz dela a eterna CAPITAL DA ESPERANÇA. 

 Parabéns, Brasília!!!
MEUS VERSOS LÍRICOS
 
BRASÍLIA, CAPITAL DA ESPERANÇA E DA POESIA
(Joésio Menezes)

Na Brasília de Tetê Catalão,
José Geraldo e Nicolas Behr,
A poesia - clássica ou não -
Por meio dos versos diz o que quer.
Ela bem canta os encantos mil
Da charmosa Capital do Brasil
Sem se esquecer de exaltar a mulher.


Ela fala das ruas sem esquina,
Dos arcos que formam a Catedral,
Do Céu azul que tanto nos fascina,
Da cultura em nossa Capital...
E sem desafinar ela canta árias
Às extensas Asas imaginárias
Que cruzam o Eixo Monumental.

Também enaltece a Natureza;
Saudades sente da flor do cerrado.
Em quase tudo ela vê beleza,
Inclusive no concreto armado
Que viadutos e pontes sustenta
Desde os idos dos anos sessenta,
Quando o “Sonho” foi concretizado...

 Mesmo estando Brasília submersa
Num oceano de desconfiança,
A poesia jamais desconversa,
Canta versos de autoconfiança...
Ela canta muitas coisas malditas,
Corrupção, falcatruas infinitas,
Mas o faz esbanjando esperança.
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA
BRASÍLIA
(Dina Brandão)

Brasília é minha filha,
Minha menina sem juízo.
Sonhou tão alto
Que criou asas
Pra me ensinar a voar,
Sair dos eixos,
Imaginar esquinas,
Sobrevoar monumentos,
Com liberdade de meninos,
Colorir o firmamento.
Na Catedral tocar os sinos
Na hora da Ave Maria
E depois sair correndo
Para assistir o fim do dia
Pousar nos meus olhos
E derramar toda a poesia
No Lago Paranoá.


NOSSA SENHORA DO CERRADO
(Nicolas Behr)

Nossa senhora do cerrado,
protetora
os pedestres
que atravessam o eixão
às seis horas
da tarde,

fazei com que eu
chegue
são e salvo
na casa da Noélia.


PALAVRAS VADIAS
(Ézio Pires)

Caminho em Brasília
noite e dia
sem sair
de uma imensa ilha
de papel impresso
- assim, caminham comigo
noite e dia
as palavras vadias.


 Textos extraídos do site web.brasiliapoetica.blog.br/site/index.php?option=com_content&task=blogcategory&id=18&Itemid=44
CRÔNICA DA SEMANA
 
BRASÍLIA, UMA CRÔNICA
(Paulo Avelino)

Brasília é a herdeira dileta de uma revolução que aconteceu na urbanística desde o século passado. E esta revolução começou em Paris. Já viu o filme “O Corcunda de Notre Dame”? Tem uma cena em que o corcunda se balança numa corda entre a Notre Dame e uma casa próxima.
Quem já foi a Paris se espanta: não há casas em frente à Notre Dame! Mas havia, antes das reformas do século passado destruírem a cidade quase toda, excetuando só algumas poucas igrejas e palácios. Passaram uma plaina em Paris – então uma velha cidade medieval - e a reconstruíram toda, com avenidas e praças enormes e os palácios bem conhecidos. Qual a finalidade dessa reforma? Segurança. Não das pessoas, mas do Estado. Umberto Eco diz que o melhor local para fazer uma manifestação é numa praça ao lado da qual exista um velho bairro de vielas tortuosas e estreitas. Quando a polícia chega a multidão entra nas vielas e a polícia tem medo de entrar, pois é obrigada a se dividir em pequenos números e em alguns casos pode ficar até em minoria frente aos manifestantes. E isso não é uma realidade distante de maneira alguma. É exatamente o que acontece nas nossas favelas. Assim a Paris napoleônica foi reconstruída com avenidas enormes, uma Praça da Concórdia enorme – e enormes também eram as porradas que a polícia dava nos manifestantes, presas fáceis do cassetete. Uma cidade onde um policial a cavalo controla uma multidão, o sonho de todo Príncipe.
É o caso de Brasília, a cidade ideal para o controle. E olhe que em Brasília não se adotou uma das novidades de Paris, a esquina de canto obtuso. Veja, as esquinas são ângulos de 90º, retos. Mas em Paris as esquinas foram cortadas em dois ângulos de mais de 90º cada, dois ângulos obtusos. Por que isso? Para dificultar um atirador, um revolucionário qualquer, de ficar entrincheirado numa esquina e ameaçar as tropas do governo... Isso também existe na parte velha de Fortaleza, por um regulamento urbanístico do começo do século.
Há uns dez anos eu estava com uns amigos num comício logo em frente ao Congresso Nacional, ali naquele trecho em que a grama rebaixa entre os Ministérios da Justiça e das Relações Exteriores. Estávamos decepcionados com o número de pessoas. Havia claros visíveis no terreno, nem de longe o setor rebaixado do gramado estava ocupado. Depois de terminado, ficamos sobre um viaduto por onde as pessoas passavam depois de sair do comício. E ficamos e ficamos, por mais de uma hora, passou um fluxo enorme de carros, ônibus e pessoas a pé, sem parar. O comício fora um sucesso. Os jornais do dia seguinte informaram que oitenta mil pessoas tinham participado! Era o terreno, amplo demais, vazio demais, onde o olhar não tem onde repousar – que nos dera a impressão de que ali havia um reles pinguinho de gente.
Assim é Brasília, cidade-bunker segundo alguns, melhor ainda, cidade-amortecedor, feita para diminuir ao máximo possível a ressonância dos movimentos sociais. Se alguém consegue reunir duas mil pessoas – e olhe que duas mil pessoas é gente como diacho! – e as coloca em frente ao Congresso para protestar, essas duas mil vão parecer meia dúzia, tal a força esmagadora da concepção da cidade. Não que os seus criadores fossem pessoas más, não. Pelo contrário, eram pessoas sensíveis e cujas boas intenções esbarraram na dura realidade. Parece-me que o problema é que eles quiseram resolver os problemas sociais através de arquitetura. Mas a realidade é maior que a arquitetura e se impõe facilmente a ela.
Existe em Brasília uma avenida chamada W-3 Sul. Foi projetada para ser a grande avenida comercial da cidade. De um lado estaria o comércio: lojas, restaurantes, etc. Do outro lado, um setor de habitações geminadas, pequenas casinhas pegadas umas nas outras, com um certo espaço, andar de cima e jardim. O raciocínio era simples, bem-intencionado e teoricamente magnífico. Os autores – com razão – se horrorizaram diante do triste espetáculo das favelas. Então eles pensaram o seguinte: vamos criar habitações simples mas confortáveis para os pobres. Os empregados do comércio, empacotadores, contínuos, caixas, gente em geral mal remunerada apenas cruzará a avenida para suas casas pequenas porém confortáveis e racionais. Simples, não? Não. Hoje essas casas são caríssimas, disputadas a tapas pela classe média, quase todas já foram adaptadas para ter garagens – que não constavam na concepção original. E a classe pobre mora lá longe, nas chamadas cidades satélites – Ceilândia, Planaltina, etc... Um a zero para a realidade social do país.
O Palácio da Alvorada me impressionou desde a primeira vez que o vi. Não por lugares comuns de beleza ou por lembrar os cartões-postais – mas pelo seu aspecto militar. Não me considero de forma alguma um estrategista ou coisa parecida, mas se alguém me dissesse- “faça uma posição fortificada para resistir aos ataques do inimigo” – eu faria algo parecido com o Palácio da Alvorada: uma estrutura de concreto parcialmente enterrada na areia, com um longo terreno completamente plano em frente terminando com um fosso, para que o inimigo tenha de correr por longo tempo sem proteção nenhuma antes de poder me atingir. Só que do outro lado do fosso não está nenhum inimigo. Estamos nós. Que não somos - ou não deveríamos ser considerados - inimigos por nosso próprio governo. Dois a zero.
Parece ser uma coisa racional reunir tudo num lugar só: cria-se um setor só de bancos, um só de comércio, outro só de hotéis. Só de hotéis. Imagine você, caro leitor, num descampado sob um sol lancinante, sem automóvel, sem conhecer direito os ônibus e os pontos de comércio da cidade, por entre pistas por onde os carros e coletivos correm mais que qualquer Rubinho. Isso é o setor hoteleiro de Brasília. Um lugar onde você se sente mais desamparado que se tivesse vindo parar ali 52 anos atrás, quando tudo era mato. Não, não é racional um lugar que só tenha hotéis, obrigando o pobre e indefeso visitante e andar centenas de metros sob o sol para comprar uma escova de dentes ou uma garrafa d’água. Três a zero.
E por aí vai...

quinta-feira, 12 de abril de 2012

UM DEDO DE PROSA

UM POR TODOS E TODOS POR UM

Esse é o lema de Athos, Porthos, Aramis e D'Artagnan, personagens do livro Os Três Mosqueteiros, publicado pelo escrtor francês Alexandre Dumas, lá pelos idos de 1844. É esse, também, o lema adotado pelos “solidários” e camaradas deputados da Câmara Legislativo do Distrito Federal, em que todos se unem para defender os seus (assim como faziam os Mosqueteiros de Dumas) e blindam a couraça dos “incorruptíveis” correligionários a fim de que nada nem ninguém possam atingí-los.
Prova disso são os inúmeros escândalos em que as “Vosselências” Distritais estão envolvidas, escândalos esses que os Parlamentares fazem tudo para “abafar”, evitando, inclusive, que se forme qualquer tipo de CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito).
Naquela casa (ou seria covil?), nada que exponha – desfavoravelmente - o nome desse ou daquele correligionário deve ser levado a público, muito menos ao Conselho de Ética e/ou às Comissões de Inquérito, principalmente quando esse nome está relacionado ao clã RORIZ ou aos seus aliados. Há anos que as coisas funcionam assim, e ninguém (nem mesmo a Justiça) faz nada para higienizar aquela que deveria ser a Casa da ÉTICA e da MORAL. E o lema UM POR TODOS E TODOS POR UM se faz valer entre todos aqueles que entram naquela Casa de Horrores, porém... de forma deturpada.
MEUS VERSOS LÍRICOS

PROCLAMAÇÃO AMOROSA
(Joésio Menezes)

- para Benedita -

Eu queria que o mundo inteiro
Soubesse o quanto eu te amo
E que o meu amor é verdadeiro,
Por isso, nestes versos o proclamo!

Proclamando-o, me sinto mensageiro
Do meu peito, por quem tanto eu clamo
Um amor que nos seja alvissareiro,
O amor que nestes versos reclamo...

E se este soneto girar o mundo
Anunciando tudo o que senti,
Todos verão que esse é o mais profundo

Dos amores que na vida vivi
E que o meu coração moribundo
Dificilmente pulsará sem ti.


PRETENSÃO
(Joésio Menezes)

Tudo o que quero nessa hora
É poder estar ao teu lado
Sentindo o olor adocicado
Que do teu corpo evapora

E perfuma o ambiente
Habitado por beija-flores,
Cancioneiros e trovadores,
Dos tais poetas concorrentes.

Mas se eu não for merecedor
Do teu adocicado olor,
Perdoa-me, Flor perfumosa!...

Pois sou um reles aprendiz
De poeta que nada diz
Em sua arte pretensiosa.
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA

SINTO VERGONHA DE MIM
(Rui Barbosa)

Sinto vergonha de mim
por ter sido educador de parte deste povo,
por ter batalhado sempre pela justiça,
por compactuar com a honestidade,
por primar pela verdade
e por ver este povo já chamado varonil
enveredar pelo caminho da desonra.

Sinto vergonha de mim
por ter feito parte de uma era
que lutou pela democracia,
pela liberdade de ser
e ter que entregar aos meus filhos,
simples e abominavelmente,
a derrota das virtudes pelos vícios,
a ausência da sensatez
no julgamento da verdade,
a negligência com a família,
célula-Mater da sociedade,
a demasiada preocupação
com o 'eu' feliz a qualquer custo,
buscando a tal 'felicidade'
em caminhos eivados de desrespeito
para com o seu próximo.

Tenho vergonha de mim
pela passividade em ouvir,
sem despejar meu verbo,
a tantas desculpas ditadas
pelo orgulho e vaidade,
a tanta falta de humildade
para reconhecer um erro cometido,
a tantos 'floreios' para justificar
actos criminosos,
a tanta relutância
em esquecer a antiga posição
de sempre 'contestar',
voltar atrás
e mudar o futuro.

Tenho vergonha de mim
pois faço parte de um povo que não reconheço,
enveredando por caminhos
que não quero percorrer...

Tenho vergonha da minha impotência,
da minha falta de garra,
das minhas desilusões
e do meu cansaço.

Não tenho para onde ir,
pois amo este meu chão,
vibro ao ouvir o meu Hino
e jamais usei a minha Bandeira
para enxugar o meu suor
ou enrolar o meu corpo
na pecaminosa manifestação de nacionalidade.

Ao lado da vergonha de mim,
tenho tanta pena de ti,
povo deste mundo!...

De tanto ver triunfar as nulidades,
de tanto ver prosperar a desonra,
de tanto ver crescer a injustiça,
de tanto ver agigantarem-se os poderes
nas mãos dos maus,
o homem chega a desanimar da virtude,
a rir-se da honra,
a ter vergonha de ser honesto.
CRÔNICA DA SEMANA


É PRECISO SABER DESLIGAR
(Fernanda Mello)

Esqueça o trânsito caótico, a urucubaca política, o tal balancete no final do ano. Deixe de lado a cobrança interna, a dívida externa, a tão eterna dúvida. Viver é assim. Não há como negar. Para ficar ligado é preciso saber desligar. Fácil? Nem tanto.
Descobrir qual é o seu tempo é tarefa nobre: exige um grande conhecimento sobre si mesmo. Portanto, esqueça o relógio. Seu tempo está dentro de você. Chega de viver com a ansiedade no colo e o celular na mão. Não deixe a agenda ocupar - sem querer - o lugar do coração. Respeite sua hora. Desacelere. TURN OFF. Mais do que correr, é preciso saber parar. Não adianta viver no piloto-automático e deixar de sorrir. Nem tirar folga e levar uma enorme culpa dentro da mala. O mundo lá fora exige produtividade e imediatismo. Aqui dentro, corpo e alma pedem menos, muito menos. Como fazer, então, para conciliar tempos tão diferentes? A resposta não está em livros, mas dentro de cada um. Quer tentar?...
Respire fundo. Desencane. Perca seu tempo com você! É uma responsabilidade enorme desconectar-se, eu sei. Mas vida ao vivo é pra quem tem coragem. Coragem de arriscar. Cuidado em saber a hora certa de parar. Difícil? Pode ser. É um exercício diário que exige confiança e um amor incondicional por tudo o que somos e acreditamos. Uma aceitação suave dos próprios defeitos, um rir de si mesmo, um desaprender contínuo, um aprender sem fim sobre o que queremos da vida. Não importa se tudo parecer errado e o mundo virar a cara para você. Esqueça. Se esqueça. Hora de se perdoar. RENASÇA.
Eu sei pouca coisa da vida, mas uma frase eu sigo à risca: “é preciso respeitar o próprio tempo”. E eu respeito! Acredito no que diz o silêncio na hora em que a mente cala. E meu silêncio - que não é mudo e também escreve - dita com voz desafiante: “confie em si mesma. Quebre a rigidez. Ouse. Brinque. Viva com mais leveza. E - por favor - desligue-se. Só assim você vai transformar vida em letra e letra em vida. E ter coragem e fôlego pra ser VOCÊ, no momento em que o mundo lhe atropelar sem licença e disser: CHEGOU A HORA!”

quinta-feira, 5 de abril de 2012

UM DEDO DE PROSA

E A PÁSCOA, HEIM?...

Aproxima-se a Páscoa, época em que os cristãos celebram a Ressurreição de Jesus Cristo e os empresários-pagãos aproveitam para encher as burras de dinheiro com a comercialização (a preços altíssimos) de ovos de chocolate.
A propósito, já faz parte da nossa Cultura a farra dos preços altos toda vez que se comemora qualquer coisa aqui no Brasil. Basta se aproximar uma data comemorativa que, imediatamente, os “abutres” providenciam o aumento nos preços de tudo quanto é produto alusivo à festividade.
O pior de tudo é que o povo – exageradamente consumista – contribui para o fortalecimento dessa Cultura cujo principal beneficiário é o empresariado, que só se lembra do real significado da Páscoa quando ele vem acompanhado de cifrões.


Uma FELIZ (e verdadeira) PÁSCOA a todos!!!
MEUS VERSOS LÍRICOS

MINHAS MUSAS E EU
(Joésio Menezes)

A Lua anda enciumada
E suspirando de amores,
Pois soube que eu e as flores
Não nos separamos por nada.

Por isso, a pobre coitada
Se desfez dos seus valores
E aos poetas, seus admiradores,
Apareceu nua, despudorada...

Solidárias, as lindas Borboletas
Amarelas, brancas e violetas
Sumiram do meu florido jardim.

Mas o que a Lua não sabia
É que ela, as mulheres, a Poesia
E as Flores são tudo para mim.


KAROLLINA
(Joésio Menezes)

Meu nome é Karollina.
Sou alegre e sorridente.
Sou um “doce” de menina.
Também sou inteligente.

Sou criança delicada,
Inquieta e curiosa.
Sou amiga, sou amada,
Sou também amorosa!

E mesmo sendo criança,
Eu sei bem o que fazer
Para que a esperança
Não perca a sede de viver:

Basta acreditar na vida
Cuja força do Amor
A fará ser conduzida
Pelas mãos do Criador...

Sou a personificação
Da infância genuína.
Sou carinho, sou paixão,
Sou amor, sou Karollina.
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA

O COPO ESTÁ VAZIO
(Washington Pires)

Afeiçoei-me pelo belo drink
Da rainha da noite vi fases
Virada no céu de Março
Enchi várias vezes a tulipa

Nossos corpos riam para nós
Paralisamos-nos para admirar
A câmara escura dos segredos
Vinha pela fala singela do olhar


Como poeta já vinha dizendo
Do encontro surge desencontro
E se oposto pode se atrair...
Uma verdade saliente

Não existe segunda dose
Por que o álcool evaporou
O combustível da paixão
Traz lábios em madrugada


FALANDO DE AMOR (Ah, se...)
(Vivaldo Bernardes)

Se soubesses o que sinto por ti!
Se pudesses medir o meu amor!
Amor igual eu nunca inda vi
e sem ele a vida é um horror!

Se me deres metade deste amor...
Só metade já me consolaria...
Voaríamos alto qual o condor
e feliz, e feliz eu te faria.

Se tu quiseres dele aproveitar,
se as palavras ouvires qu´eu te digo,
dize, pois, pronto estou a te amar,
“Sou feliz”, direi eu a mim comigo.

Se tua boca falasse o que queres,
se visses o que os olhos teus me falam
eu seria um bendito entre as mulheres
e livre destas dores que me ralam.

“Desenrola-te”, sai do caramujo!
Vem a mim qu´eu te quero bem assim.
Eu procuro, tal qual velho marujo,
jóia rara que venha junto a mim.
CRÔNICA DA SEMANA

PACIÊNCIA...
(Arnaldo Jabor)

Ah! Se vendessem paciência nas farmácias e supermercados... Muita gente iria gastar boa parte do salário nessa mercadoria tão rara hoje em dia.
Por muito pouco a "madame" que parece uma 'lady' solta palavrões e berros que lembram as antigas 'trabalhadoras do cais'...
E o bem comportado executivo? O 'cavalheiro' se transforma numa 'besta selvagem' no trânsito que ele mesmo ajuda a tumultuar...
Os filhos atrapalham, os idosos incomodam, a voz da vizinha é um tormento, o jeito do chefe é demais para sua cabeça, a esposa virou uma chata, o marido uma 'mala sem alça'. Aquela velha amiga uma 'alça sem mala', o emprego uma tortura, a escola uma chatice.
O cinema se arrasta, o teatro nem pensar, até o passeio virou novela.
Outro dia, vi um jovem reclamando que o banco dele pela Internet estava demorando a dar o saldo, eu me lembrei da fila dos bancos e balancei a cabeça, inconformado...
Vi uma moça abrindo um e-mail com um texto maravilhoso e ela deletou sem sequer ler o título, dizendo que era longo demais.
Pobres de nós, meninos e meninas sem paciência, sem tempo para a vida, sem tempo para Deus.
A paciência está em falta no mercado, e pelo jeito, a paciência sintética dos calmantes está cada vez mais em alta.
Pergunte para alguém, que você saiba que é 'ansioso demais' onde ele quer chegar?... Qual é a finalidade de sua vida?
Surpreenda-se com a falta de metas, com o vago de sua resposta.
E você?... Onde você quer chegar? Está correndo tanto para quê? Por quem? Seu coração vai aguentar? Se você morrer hoje de infarto agudo do miocárdio o mundo vai parar? A empresa que você trabalha vai acabar? As pessoas que você AMA vão parar? Será que você conseguiu ler até aqui?
Respire!... Acalme-se!... O mundo está apenas na sua primeira Volta e, com certeza, no final do dia vai completar o seu giro ao redor do Sol, com ou sem a sua paciência...
Não somos seres humanos passando por uma experiência espiritual... Somos seres espirituais passando por uma experiência humana...