quinta-feira, 25 de julho de 2013

UM DEDO DE PROSA



A CHEGADA DO BEBÊ REAL AO MUNDO MAIS QUE REAL

“Finalmente”, depois de muita espera, especulações e bajulações, chegou ao mundo, na última segunda-feira, dia 22/07 (às 12h24, no horário de Brasília), George Alexander Louis, o primogênito do príncipe William com a duquesa Kate Middleton!...
            Pelo destaque que a imprensa internacional deu ao nascimento do “pequeno príncipe” de Cambrigde, a impressão que se tem é a de que acaba de chegar à humanidade o novo Messias, aquele que salvará o mundo das impiedosas garras dos imperialistas estadunidenses e britânicos.
E enquanto o mundo volta suas atenções ao nascimento do BEBÊ REAL, nas inúmeras periferias marginalizadas do mundo real, centenas de milhares de recém-nascidos são abandonados, diariamente, pelas mães que não têm condições psicológicas e/ou financeiras de criá-los; além de outras tantas vidas que não têm a sorte de serem abandonadas, pois são covardemente abortadas por seres que se dizem racionais. E tudo isso acontece sob os olhares indiferentes dessas mesmas pessoas que tanta importância deram ao nascimento do pequeno George Alexander Louis.
MEUS VERSOS LÍRICOS



A ROSA E O COLIBRI
(Joésio Menezes)

No seu ritual rotineiro
Ele chega todo garboso,
E pensando ser o primeiro
Inicia seu vôo majestoso.
               
Qual um galante verdadeiro
Ele mostra-se generoso,
Aproxima-se todo faceiro,
Aparentemente ansioso.

Inicia a sua proeza
E com grande delicadeza
Ele beija a mais pura rosa...

Quando ela já está convencida
De ter a razão da sua vida
Ele some sem lhe dar prosa.


ADOLESCÊNCIA
(Joésio Menezes)

O vento leva meus pensamentos,
E co’eles toda minha esperança
De um dia voltar a ser criança
E renovar os meus sentimentos.

Leva também os ensinamentos:
De nos homens termos confiança,
De que o arco-íris é uma aliança,
Doutrinados nos dois testamentos...

Quando forte destrói muitos lares,
Carregando tudo pelos ares,
Deixando as pessoas sem abrigo.

Leva tudo, inclusive a saudade...
Só não leva essa minha vontade
De tê-la novamente comigo.
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA



VIDA, NOSSA VIDA!
(Patrícia Ximenes)

O mundo gira
O tempo p a s s a...
A gente assiste
Tudo tão sem graça!
Cadê o amor?
Será que secou?
Acabou a Paz
Rotina tão fugaz!
Presos em casa
A vida segue
Chega o alívio
Sem o livre arbítrio
Como será amanhã?
Haverá um amanhã?
Cativar o poder
Alienado às medidas
Seguindo padrões
Não é boa saída.
Ame ao outro
Seja FELIZ!
Tente e viva
Como sempre quis!


PERSONAGEM
(Cecília Meireles)

Teu nome é quase indiferente
e nem teu rosto mais me inquieta.
A arte de amar é exactamente
a de se ser poeta.

Para pensar em ti, me basta
o próprio amor que por ti sinto:
és a ideia, serena e casta,
nutrida do enigma do instinto.

O lugar da tua presença
é um deserto, entre variedades:
mas nesse deserto é que pensa
o olhar de todas as saudades.

Meus sonhos viajam rumos tristes
e, no seu profundo universo,
tu, sem forma e sem nome, existes,
silêncio, obscuro, disperso.

Teu corpo, e teu rosto, e teu nome,
teu coração, tua existência,
tudo - o espaço evita e consome:
e eu só conheço a tua ausência.

Eu só conheço o que não vejo.
E, nesse abismo do meu sonho,
alheia a todo outro desejo,
me decomponho e recomponho.
CRÔNICA DA SEMANA



A OUTRA NOITE
(Rubem Braga)

Outro dia fui a São Paulo e resolvi voltar à noite, uma noite de vento sul e chuva, tanto lá como aqui. Quando vinha para casa de táxi, encontrei um amigo e o trouxe até Copacabana; e contei a ele que lá em cima, além das nuvens, estava um luar lindo, de lua cheia; e que as nuvens feias que cobriam a cidade eram, vistas de cima, enluaradas, colchões de sonho, alvas, uma paisagem irreal.
Depois que o meu amigo desceu do carro, o chofer aproveitou o sinal fechado para voltar-se para mim:
-O senhor vai desculpar, eu estava aqui a ouvir sua conversa. Mas, tem mesmo luar lá em cima?
Confirmei: sim, acima da nossa noite preta e enlamaçada e torpe havia uma outra - pura, perfeita e linda.
-Mas, que coisa...
Ele chegou a pôr a cabeça fora do carro para olhar o céu fechado de chuva. Depois continuou guiando mais lentamente. Não sei se sonhava em ser aviador ou pensava em outra coisa.
-Ora, sim senhor...
E, quando saltei e paguei a corrida, ele me disse um "boa noite" e um "muito obrigado ao senhor" tão sinceros, tão veementes, como se eu lhe tivesse feito um presente de rei.

terça-feira, 16 de julho de 2013

UM DEDO DE PROSA



PULSE: VIAGEM AO MUNDO DO IMAGINÁRIO

Outro dia, assistindo ao DVD “Pulse”, de Pink Floyd, fiz uma viagem ao Mundo Encantado e Fascinante do Imaginário. Nessa viagem, passei por lugares que ficam muito além da minha imaginação.
Lá, encontrei Eros envolto nos braços de Psiquê, Tristão aos beijos com Isolda, Páris de mãos dadas com Helena de Tróia; Pigmaleão descansando no colo de Galatéia; Bentinho afagando os cabelos de Capitu sob o olhar atento e enciumado de Escobar, e Zeus trocando carícias com as Titãnides enquanto Afrodite esbanjava sua beleza sedutora pelos bosques do Olimpo. E todos eles aproveitavam-se do sono pesado em que se encontrava Morfeu, que sonhava com Nyx (a deusa da noite), sobre uma cama feita de ébano.
A cada música que ouvia, eu transportava-me a um lugar diferente e deparava-me com uma cena cada vez mais fascinante.
Num determinado momento, lá pela metade do DVD, eu me vi adentrando no bosque encantado do Olimpo. E durante o longo e inebriante percurso, borboletas e colibris me acompanhavam até o trono de Selene, a deusa grega da Lua, pois ela precisava segredar-me algo. E antes que ela pudesse me contar seu segredo, senti um suave toque no meu ombro direito: era minha deusa de ébano, Benedita, com um lindo sorriso no rosto, recomendando-me que deitasse na cama, pois ali, com a cabeça sobre o braço do sofá, eu poderia ficar com o pescoço dolorido.