quinta-feira, 29 de março de 2012

UM DEDO DE PROSA

CHICO E MILLÔR: SAUDADES!...

A literatura e o humor brasileiros estão de luto!...
Num intervalo de apenas quatro dias, o Brasil perdeu dois grandes nomes do cenário artístico nacional: Chico Anysio e Millôr Fernandes
O humorista cearense faleceu, aos 80 anos de idade, na tarde da última sexta-feira (23/03), no Rio de Janeiro. O mito multimídia (além de humorista, Chico Anysio era ator, dublador, escritor, compositor e pintor) deixou este mundo para fazer sorrir o plano superior, e pela primeira vez ele fez o Brasil inteiro ficar triste. Já o escritor, desenhista, dramaturgo e humorista carioca morreu na noite de terça-feira (27), no Rio de Janeiro, aos 87 anos. Ele estava em casa e foi vítima de falência múltipla dos órgãos.
Com isso, o cenário artístico e cultural brasileiro ficou mais pobre. Felizmente, ficou a nós os legados de Chico e Millõr. Em contrapartida, ficará a saudade.
MEUS VERSOS LÍRICOS

LITERATURA DE CORDEL
(Joésio Menezes)

A literatura de cordel,
Originalmente oral,
É uma poesia popular
Que veio de Portugal
E, de forma inconteste,
Se instalou no Nordeste,
No período colonial.

Esse nome recebeu
Por ser ela produzida
Por pessoas populares
E nas feiras difundida.
Pendurada num cordão
Fica exposta e, então,
Aos leitores é vendida.

A literatura popular
Aos poucos foi se tornando
Cada vez mais conhecida
E adeptos foi ganhando.
Com o seu jeito arredio
Pelo nordeste do Brasil
O cordel foi se espalhando.

São comuns, no cordel,
Os temas mais populares
Em que alguns poetas
Declamam seus pesares
E cantam com sutileza
Suas alegrias e tristezas,
Suas sortes, seus azares...

Também são freqüentes
Os temas relacionados
À política do Brasil
E à fé dos flagelados
Que trazem na memória
Um pouco daquela história
Dos ancestrais escravizados.

Literatura bem-humorada
E de fácil divulgação,
O cordel foi ganhando
Prestígio e admiração
De escritores nordestinos
Conterrâneos de Virgulino,
Para muitos, o Lampião.

E por ser de baixo custo,
É vendido facilmente
Pelos próprios autores
Que vivem tão somente
Dos sonhos e fantasias,
Das tristezas e alegrias
Em seus versos presentes.

No cordel há vários nomes
De destaque nacional.
E Patativa do Assaré
Foi simplesmente genial
Na arte de versejar
E em seus versos contar
A luta do bem contra o mal.

Mas a literatura popular,
Ou simplesmente cordel,
Não é somente aquela
Registrada no papel,
Mas também a do artista
Cuja arte repentista
O torna à rima fiel.

E se ainda eu fosse falar
Sobre tudo que descobri
A respeito do cordel
E dos poetas que conheci,
O tempo me faltaria
E palavras eu não mais teria,
Por isso encerro por aqui.
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA

POEMINHA DE LOUVOR AO "STRIP-TEASE" SECULAR
(Millôr Fernandes)

Eu sou do tempo em que a mulher
Mostrar o tornozelo
Era um apelo!
Depois, já rapazinho,
vi as primeiras pernas
De mulher
Sem saia;
Mas foi na praia!

A moda avança
A saia sobe mais
Mostra os joelhos
Infernais!

As fazendas
Com os anos
Se fazem mais leves
E surgem figurinhas
Em roupas transparentes
Pelas ruas:
Quase nuas.
E a mania do esporte
Trouxe o short.
O short amigo
Que trouxe consigo
O maiô de duas peças.
E logo, de audácia em audácia,
A natureza ganhando terreno
Sugeriu o biquíni,
O maiô de pequeno ficando mais pequeno
Não se sabendo mais
Até onde um corpo branco
Pode ficar moreno.

Deus,
A graça é imerecida,
Mas dai-me ainda
Uns aninhos de vida!


COM LICENÇA POÉTICA
(Adélia Prado)

Quando nasci um anjo esbelto,
desses que tocam trombeta, anunciou:
vai carregar bandeira.
Cargo muito pesado pra mulher,
esta espécie ainda envergonhada.
Aceito os subterfúgios que me cabem,
sem precisar mentir.
Não sou feia que não possa casar,
acho o Rio de Janeiro uma beleza e
ora sim, ora não, creio em parto sem dor.
Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina.
Inauguro linhagens, fundo reinos
— dor não é amargura.
Minha tristeza não tem pedigree,
já a minha vontade de alegria,
sua raiz vai ao meu mil avô.
Vai ser coxo na vida é maldição pra homem.
Mulher é desdobrável. Eu sou.
CRÔNICA DA SEMANA

NASCER VELHO E MORRER CRIANÇA
(Chico Anysio)

Nós temos o direito de sonhar. E o meu sonho é o de ter o poder de ser o videocassete de mim mesmo. Ter um controle remoto que me permitisse adiantar ou atrasar a vida. Eu poderia adiantar e entrar na percepção do futuro ou poderia recuar e parar no momento que me tivesse sido maravilhoso, talvez até eternizar um orgasmo.
Eu faria, assim, uma edição e teria uma fita só com os melhores momentos da minha vida. Mas uma fita só não bastaria. Teria de haver várias porque eu sou um cara de poucas queixas.
O importante seria mesmo esse controle remoto, pois eu poderia recuar a fita e me emocionar outra vez com o nascimento de meus filhos. Depois eu a adiantaria e veria todos eles crescidos e eu, preocupado… O que serão na vida ? O que terão ? O que farão ?… Não!
Então eu volto, volto, volto, volto, volto, e me vejo outra vez em Maranguape, empinando pipa, jogando pião, escanchado num cavalo de pau naquela rua de terra batida, onde eu era Tom Mix, eu era Buck Jones, eu era Palonge Cassidi…
Eu, nu, tomando banho no açude, paquerando calcinhas e sutiãs pendurados nos varais, imaginado seus recheios….Não!
Com este controle remoto eu seria um super-herói: “Eu sou Ulisses, eu tenho poderes!” Mas eu só queria mesmo um poder. O poder de fazer a vida como acho que a vida deveria ser.
Acho que o homem deveria nascer com oitenta anos. Nasceria com oitenta anos, iria ficando mais novo, mais novo,mais novo, mais novo, mais novo até…. morrer de infância !
Chego inclusive a imaginar uma mãe comunicando o nascimento do filho :
- Menina, meu filho nasceu! Pensei que não fosse nascer mais, tava encruado!
- Nasceu com oitenta e quatro anos! Mas perfeitinho: um metro e setenta e seis, setenta e dois quilos. Eu ia botar o nome de Luis Cláudio, mas ele próprio foi ao cartório e se registrou como Haroldo!
E nos berçários aquela fila de cadeiras de balanço, com os velhinhos todos sentados… tossindo, pigarreando. Todos assistidos por geriatras, padecendo eles todos dos males comuns aos recém-nascidos : gota, artritismo, lumbago, reumatismo…
O homem nasceria com oitenta anos, aos sessenta casaria com uma mulher de cinquenta e nove, mas com uma vantagem: a cada dia, a cada semana, a cada mês, ela ficaria mais e mais jovem, até se transformar numa gata de vinte!
Com oitenta anos nasceria rico, sábio e…. aposentado! A partir de então, passaria a ganhar menos, menos. Entraria para a faculdade, desaprenderia tudo!… Voltaria àquele estágio de ingenuidade, de burrice, de pureza! Depois a bicicleta, o velocípede, desaprenderia a andar, esqueceria como engatinhar.
Então, o voador. Do voador para o chiqueirinho, do chiqueirinho para o berço, as trocas de fraldas, aquelas três gotas de remedinho no ouvido, o chá de erva-doce para dorzinha de barriga, a chuca, o peito da mãe… e pararia de chorar!
Mas a vida então teria que ser recriada, o mundo teria que regredir séculos… Cabral e Colombo desdescobririam o novo mundo, o homem desinventaria a roda, atingiria o desconhecimento da pólvora e do fogo, até chegar a Adão, o último homem. O último-primeiro a quem Deus, colocando-o sobre a sua mão, em vez de lhe soprar a vida, o inspiraria novamente para dentro de si mesmo.

quinta-feira, 22 de março de 2012

UM DEDO DE PROSA

HISTÓRIA DO DIA MUNDIAL DA ÁGUA
O Dia Mundial da Água foi criado pela ONU (Organização das Nações Unidas) no dia 22 de março de 1992. O dia 22 de março é destinado à discussão sobre os diversos temas relacionadas a esse importante bem natural.
Mas porque a ONU se preocupou com a água se sabemos que dois terços do planeta Terra é formado por esse precioso líquido? A razão é que pouca quantidade, cerca de 0,008 %, do total da água do nosso planeta é potável (própria para o consumo). E como sabemos, grande parte das fontes desta água (rios, lagos e represas) está sendo contaminada, poluída e degradada pela ação predatória do homem. Esta situação é preocupante, pois poderá faltar, num futuro próximo, água para o consumo de grande parte da população mundial. Pensando nisso, foi instituído o Dia Mundial da Água, cujo objetivo principal é criar um momento de reflexão, análise, conscientização e elaboração de medidas práticas para resolver tal problema.
No dia 22 de março de 1992, a ONU também divulgou um importante documento: a “Declaração Universal dos Direitos da Água”. Tal texto apresenta uma série de medidas, sugestões e informações que servem para despertar a consciência ecológica da população e dos governantes para a questão da água.
Mas como devemos comemorar esta importante data? Não só neste dia, mas também nos outros 364 dias do ano, precisamos tomar atitudes em nosso dia-a-dia que colaborem para a preservação e economia deste bem natural. Sugestões não faltam: não jogar lixo nos rios e lagos; economizar água nas atividades cotidianas (banho, escovação de dentes, lavagem de louças, etc); reutilizar a água em diversas situações; respeitar as regiões de mananciais e divulgar ideias ecológicas para amigos, parentes e outras pessoas.

MEUS VERSOS LÍRICOS

OLHOS DE MEL
(Joésio Menezes)

Nada me incomoda tanto
Quanto um falso sorriso;
Nada me tira o juízo
Mais que uma criança em pranto.

Nada me provoca mais espanto
Que um noivo desatento e indeciso;
Nada é mais puro e preciso
Que o sofrido corpo Sacrosanto.

Nada será tão desejado
Quanto viver livre do pecado,
Em busca de uma vaga no céu.

Nada me causa mais desvario
Que as chamas do fogo pueril
Acesas em teus olhos de mel.


A LUA E VOCÊ
(Joésio Menezes)

A lua e você:
belas, encantadoras, majestosas...
ambas iluminando meu caminho
pelas ruas escuras da vida.
Ambas fazendo-me sorrir,
suspirar, sonhar...
ambas ocultando-me os mistérios femininos,
mas revelando-me as maravilhas do Universo.

A lua e você:
únicas, singelas, maravilhosas...
ambas ofuscando o brilho das estrelas
que, diante de vocês, nada representam.
Ambas deixando-me em êxtase,
satisfeito, realizado...
ambas tirando-me o juízo,
mas inspirando-me poesia.
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA

LÍQUIDO PRECIOSO
(Pedro Martins)

Tão importante quanto o ar
A água tem seu papel
Ajuda a manter nossa vida
Caindo de lá do Céu
Molha o chão
Apaga a poeira
Enche o rio
Faz cachoeira
Recupera a natureza
Que morta já parecia
Transformando a paisagem
Em encanto e fantasia
O solo estéril e rochoso
É um filtro admirável
Separa a impureza da chuva
Deixando a água potável
E assim podemos beber
Esse liquido precioso
Um copo de água fresca
Realmente é muito gostoso...


CACHOEIRA
(Luciana Dimarzio)

Tal como água
Fluo
Mato a sede
Apago o fogo
Inundo...

Mas também
Deságuo
Dissipo
Evaporo...

E broto novamente da terra.

Às vezes
Grande lagoa
Outras tantas
Pequeno ribeirão
Às vezes
Chuva fina
Outras tantas
Tempestade com travão

Mas nunca água represada.

E assim sigo escoando,
feito cachoeira,
contornando os obstáculos
rumo ao grande oceano...
CRÔNICA DA SEMANA

A ÁGUA NOSSA DE CADA DIA
(Maurício de Sousa)

Hoje de manhã, enquanto levava meu filho para a escola, assisti a diversas cenas de desperdício.
Rua após rua, homens e mulheres usavam mangueiras para lavar calçadas e carros com jorros e jorros de água potável.
Nos primeiros casos cheguei a diminuir a velocidade do meu carro para sinalizar aos dissipadores que não deveriam estar fazendo aquilo. Mas eles olhavam, sem entender o que eu queria passar com os gestos... e continuavam com as torneiras abertas.
Nos casos seguintes, desisti.
Só olhava, desolado, toda aquela água preciosa escorrendo pela calçada, pelas sarjetas...
Se voltar a percorrer o bairro nesta bela manhã de abril provavelmente vou surpreender mais dissipadores em ação.
Talvez já lavando carros, mais pátios e calçadas.
E vou, de novo, ficar triste com o desperdício escancarado, explícito, irresponsável.
O que fazer para que nós, nossos filhos e os filhos de nossos filhos tenham água de boa qualidade e em quantidade no futuro?
Acho que, para começar, falar com as crianças.
Se os adultos dão lições de desperdício, as crianças podem, no tempo, reverter o processo.
Enquanto crianças, podem entender melhor a necessidade de preservamos nossos recursos naturais. Água, inclusive.
Quando crescerem, vão substituir os adultos insensatos de hoje já com atitudes corretas no cuidado com o meio ambiente.
Longe de mim a idéia de transformar quem quer que seja em vigilante, patrulheiro, inspetor de recursos naturais.
Também seria insensato. Em alguns casos até perigoso.
Tem gente que não aceita críticas.
Mas se cada um de nós pudesse passar aos filhos, às crianças, em geral, propostas, idéias e conselhos para buscarem a economia, a racionalização do uso da água, teríamos um início de caminho já sinalizado.
E enquanto crianças e jovens vão se conscientizando, vamos pensando, num modo de chegarmos até os dissipadores adultos com orientação e informações.
Pra começar, à volta da escola, já vou falando sobre o assunto com meu filho.
De novo, porque lá em casa o assunto já é velho e conhecido.
Mas bons conselhos podem ser repetidos... e acumulados.
E cuidados com nossos recursos naturais deveriam merecer até mesmo algum tipo de saudação. Assim, como dizemos bom dia, boa noite, até logo, poderíamos começar a dizer: salvou água, hoje? apagou a luz que não está usando? salvou uma árvore? pensou nas crianças que não tem água para beber?...
Pode parecer meio dramático. Mas antes um dramático falado do que sentido.
Enquanto é tempo.

quinta-feira, 15 de março de 2012

UM DEDO DE PROSA

EM BRASÍLIA, 19 HORAS...

Após quatro horas de espera, homem morre na fila de hospital enquanto aguarda atendimento médico; mulher grávida dá à luz criança no chão do hospital, pois faltam leitos na maternidade; pacientes têm problemas de saúde agravados pela falta de remédios nas farmácias públicas do DF; em busca de melhores condições de trabalho e de salários mais dignos, médicos pedem exoneração da rede pública e migram para a rede privada...
Enquanto isso, na Câmara Legislativa, os Distritais fazem manobra para comprar nova frota de carros oficiais a custo milionário cujos principais beneficiados são os deputados da mesa diretora da Casa.
Procurado pela imprensa para dar explicações, o deputado Patrício, presidente da Câmara Legislativa, disse – por meio da assessoria de Imprensa - que quem deveria dar informações sobre a aquisição dos carros oficiais é o segundo secretário da mesa diretora, deputado Aylton Gomes, responsável pelas compras da casa. Este, por sua vez, também não quis se pronunciar, pois - segundo ele - quem fez o anúncio da compra dos carros foi o deputado Patrício. E assim, segue o “jogo do empurra” e a farra com o dinheiro público.
Mas, afinal de contas, a quem devermos cobrar providências “urgentes urgentíssimas” para a melhoria no atendimento aos usuários da rede pública de saúde?
MEUS VERSOS LÍRICOS

O TEMPO E A SAUDADE
(Joésio Menezes)

Eita tempo que não passa!
Ah, saudade que no peito me dói!
Saudade que me deixa sem graça,
Tempo que minha paciência destrói...

Ó, Tempo!... deixa de pirraça
E sê para sempre o meu herói!
Ó, Saudade!... não sejas a desgraça
Que o meu coração corrói!

Sede meus companheiros, apenas,
E não me façais viver a duras penas
A falta que sinto da minha amada!

Acelera, ó tempo amigo,
E faz com que ela esteja comigo!...
Afasta de mim essa dor malvada!


MENTE IMPURA
(Joésio Menezes)

“Meus versos vivos te farão viver”
Na minha mente frágil e impura,
E neles, sei, haverá de crescer
Minha adoração por tua candura.

E mesmo que eles me façam sofrer,
Teus encantos serão a eterna cura
Da aflição que não para de sorver
O brilho dessa mente não mais pura.

E sob a impureza da minha mente,
Vejo sucumbir-se a luz do meu tino
Por causa de ti e, principalmente,

Do teu cheiro excitante de mulher
Que, aos poucos, me leva ao desatino
E faz do meu coração o que bem quer.
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA

AOS CORAÇÕES QUE SOFREM
(Olavo Bilac)

Ao coração que sofre, separado
Do teu, no exílio em que a chorar me vejo,
Não basta o afeto simples e sagrado
Com que das desventuras me protejo.

Não me basta saber que sou amado,
Nem só desejo o teu amor: desejo
Ter nos braços teu corpo delicado,
Ter na boca a doçura de teu beijo.

E as justas ambições que me consomem
Não me envergonham: pois maior baixeza
Não há que a terra pelo céu trocar;

E mais eleva o coração de um homem
Ser de homem sempre e, na maior pureza,
Ficar na terra e humanamente amar.


O QUE MAIS DÓI
(Patativa do Assaré)

O que mais dói não é sofrer saudade
Do amor querido que se encontra ausente
Nem a lembrança que o coração sente
Dos belos sonhos da primeira idade.

Não é também a dura crueldade
Do falso amigo, quando engana a gente,
Nem os martírios de uma dor latente,
Quando a moléstia o nosso corpo invade.

O que mais dói e o peito nos oprime,
E nos revolta mais que o próprio crime,
Não é perder da posição um grau.

É ver os votos de um país inteiro,
Desde o praciano ao camponês roceiro,
Pra eleger um presidente mau.
CRÔNICA DA SEMANA

OUVIR OU NÃO ESTRELAS?
(Rosa Pena)

para Carol Pena

Ah! Eu queria que cada momento seu fosse um verso bonito, uma frase certa, uma rima preciosa!
Ah! Eu queria que você acreditasse que o amor é como nos poemas, aqueles cheios de entusiasmo criativo, em que as palavras estão molhadas de beijos, promessas do sempre e do nunca, imagens perfeitas de corpos suados, abraçados no antes e no depois. Sonorizados por uma viola enluarada, batendo um papo com as estrelas. Tresloucados com o aval do Bilac. ("Amai para entendê-las!”). Eternidade do primeiro afeto.
Mas amor-perfeito é apenas nome de flor ou de um morador encadernado em alguma estante empoeirada de devaneios. A poesia é companhia do romanesco.
O dia-a-dia tritura as fantasias!
Ou beba sua vitamina pé no chão, ou bem-vinda ao clube dos loucos que ouvem os suspiros da via Láctea!
Ontem ela estava tão chorosa como você. Quem sabe hoje ela não vai sorrir insinuante pro Cacaso?
Olavo que se cuide. Nada acontece por acaso. Tudo tem a mão de Deus.

quarta-feira, 7 de março de 2012

UM DEDO DE PROSA

PALAVRAS ÀS MULHERES

Se poeta eu fosse, talharia alguns versos exaltando as qualidades e os fascínios da MULHER e os entregaria ao vento para que ele os soltasse pelos quatro cantos do mundo, a fim de que a humanidade tomasse conhecimento do valor que só ela tem e da delicadeza que só a ela pertence.
Caso eu fosse um cronista, algumas poucas palavras bem esculpidas eu dedicaria ao cotidiano da MULHER como homenagem ao que ela representa às nossas vidas e à existência do Universo.
Se me fosse dado o dom de compor, uma bela sinfonia eu comporia aos encantos da MULHER e - tão logo a composição estivesse pronta – a entregaria ao grande Maestro (criador da Natureza e do Universo) para que Ele, juntamente com um coral de afinados rouxinóis, executasse-a no dia exclusivamente dedicado a ela, ou seja, no DIA INTERNACIONAL DA MULHER.
E se porventura eu tivesse habilidade para esculpir, um grande monumento em forma de palavras eu esculpiria às MULHERES. Nele, eu deixaria implícito todo o meu sentimento, toda a minha admiração e todo o meu respeito e gratidão por aquelas que bem representam o sentimento AMOR e melhor personificam a presença de Deus na vida de quem tanto delas depende: O HOMEM.


P.S.: as publicações desta semana são todas dedicas às mulheres, por ocasião do DIA INTERNACIAONAL DA MULHER, comemorado dia 08/03.
MEUS VERSOS LÍRICOS

HAJA O QUE HOUVER
(Joésio Menezes)

Haja o que houver,
A sábia mulher
Do salto jamais desce,
Pois sabe da importância
De se manter a elegância
Acima do estresse.

Ela sabe, também,
Que o salto a mantém
Inda mais imponente.
Mas se dele descer,
Ela não deixará de ser
Uma mulher inteligente

Cuja mente brilhante
Não para um instante
De a todos encantar...
Haja o que houver,
Dos fascínios da mulher
Não me canso de falar.


ÀS MULHERES
(Joésio Menezes)

Às margens da minha indignidade
Sonho, quase sempre, com seus primores...

Meus versos florescem com liberdade,
Um a um vão surgindo sem pudores,
Libertando-me da insanidade
Hígida e livre de dissabores.
Escrevo-os e, com espontaneidade,
Refiro-me às mulheres e às flores,
Espécimes de rara qualidade,
Singelas divas dos nossos amores.
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA


UMA DEUSA
(Maria Ilza Bezerra)

Se eu tivesse a magia da SEREIA
Os cabelos de IRACEMA
Se eu tivesse o corpo da GAROTA DE IPANEMA
A beleza de VÊNUS
Se eu tivesse a tolerância de ZÉLIA GATHAI
A poesia de CECÍLIA MEIRELES
Se eu tivesse a sedução de MADALENA
A paciência de MARIA
Se eu tivesse a rebeldia de EVA
A sensualidade das NINFAS
Se eu tivesse a persistência de PENELÓPE
O talento de CHIQUINHA GONZAGA
O carisma de EVA PERON
Se eu tivesse a ousadia de OLGA
O chamego de MARIA BONITA
A coragem de Anita
Se eu tivesse o encanto de HELENA de Troia
Eu seria uma DEUSA
Excêntrica
Esplêndida
Aquela que todo homem deseja e quer
Mas só tenho TERNURA
Sou simplesmente MULHER!


MULHER
(Carlos Soares)

Flor da vida, da esperança e do amor
Doçura da existência e da paixão
Tu és o esplendor, és a ternura
Dentro de um delicado coração.

Vieste ao mundo para encantar
Transformar as desventuras em viver
Tu és a harmonia, a esperança
De um mundo que vive a sofrer.

Tua vida é geradora de outras vidas
Tu és luz que transforma e faz crescer
Mulher! Tua presença é tão sublime
Que a todos nos fascina o teu ser.
CRÔNICA DA SEMANA

NÓS, MULHERES
(Taís Luso)

Se todas nós fôssemos belas, simpáticas e atraentes; se fôssemos ótimas amantes e profissionais bem sucedidas; se cuidássemos dos filhos, da casa, da empregada e fizéssemos parte de algum voluntariado... puxa vida, seríamos fantásticas!
Pois é, mas não estamos com toda essa bolinha apesar de sermos bombardeadas por uma mídia que apela para sermos a “Mulher-Maravilha”, custe o que custar. E não tendo muita estrutura para agüentarmos tal imposição, saímos desatinadas à procura da academia mais próxima ou de uma clínica que nos ofereça “o pacote milagroso”, ou seja, a promessa de virarmos um mulherão, pelo menos em termos de beleza.
Malhamos como loucas, e, muitas vezes, saímos da academia com a sensação de termos virado uma Barbie. Já estamos com a cabeça feita: mulher tem de ser magra, esquelética, quase anoréxica.
Está tudo à nossa disposição: desde aulinhas cafonas, ensinando como sermos mais sensuais, até um festival de implantes de silicone.
Sensualidade não se aprende, é algo espontâneo. Cada mulher tem a sua peculiaridade; se não agradar aos gregos, agradará aos troianos...
O cuidado com nosso corpo é necessário, mas parece que perdemos o sentido exato das coisas. Estamos parecidas com robôs: cabelos iguais, lisos e repartidos; barrigas à mostra de todos os tamanhos e formas; muito silicone alterando medidas equilibradas ou muitas vezes nos impedindo de sorrir, travando nossa expressão facial.
Enfim, estamos uniformizadas; parece-me que fazemos parte de uma única escola, tudo cai bem para todas: o que veste a magra, a gorducha abocanha. E mais: temos ainda como opção, a lipoescultura. Essa técnica nos dá, de imediato, o contorno corporal adequado. Fantástico! Mas nada contra a lipoescultura: falo do exagero. E falo daqueles peitinhos horrorosos - que não são seios - de 500ml de silicone carregando frágeis criaturas parecendo embuchadas.
Mas depois de estarmos belas e formosas, de termos comido o pão que o diabo amassou, saímos a desfilar em companhia do nosso barrigudo, careca e gordo. Mas sendo homem, tá feito o embrulho; ma-ra-vi-lha! E não tem jeito: haverá sempre um atenuante para esses lindos gorduchinhos, pois mulher quando gosta, mascara. É uma atitude singular. Somos diferenciadas: trazemos à nossa vida amorosa, aquela coisa de mãe, gostamos apesar de feios, gordos e barrigudos. Por isso é que muitos estão tão à vontade...
Porém o contrário raramente ocorre: “A gorda tem namorado? Bá... o cara tá doente!”.
Mas falando sério, e apesar dessas firulas, podemos nos orgulhar diante da luta pela nossa emancipação.
A nossa verdadeira história é marcada a ferro e fogo à procura de um espaço nobre, seja nas artes, na literatura ou em outras áreas. Somos um Exército avançando e tomando posse do que nos é devido. Nada mais justo. E não seremos “desaforadas” por pretendermos chegar a um cargo maior...
Bom seria se fôssemos reconhecidas pelo que escrevemos ou falamos e não por termos lábios carnudos, peitos enormes e bumbum empinado.
Bom seria se fôssemos reconhecidas como profissionais capacitadas nas áreas técnicas com o mesmo reconhecimento e remuneração dispensada aos homens.
Bom seria se, após uma vida de trabalho, não sentíssemos o desconforto por estarmos aposentadas e o vazio de uma vida vista como improdutiva.
Bom seria se fosse reconhecido o nosso espírito de abnegação.
Bom seria se, na velhice, fôssemos cercadas de atenções, de paciência e de amor. Bom seria, se tivéssemos o reconhecimento dos filhos, como mães amorosas que tentaram acertar...
Mas ótimo seria se, na condição de mulher, não precisássemos matar um leão por dia para provar do que somos capazes.