quinta-feira, 29 de julho de 2010

UM DEDO DE PROSA

SAUDADES DO PROFETA RUI BARBOSA...

Eu aqui não estaria mais uma vez escrevendo sobre política se a situação por que passamos fosse outra.
A pouquíssimos meses para as eleições, estamos de pés e mão atados, sem saber em quem ou para quê votarmos. Passam-se os anos, mudam-se algumas caras, mas a “quadrilha” continua a mesma: a quadrilha dos que fazem da Política (que é a “arte de gerir o Estado, segundo princípios definidos, regras morais, leis escritas, ou tradições respeitáveis”) uma politicalha (ato "político" de exploração, através do Estado, em benefício de interesses pessoais ou grupos).
Segundo Rui Barbosa, a Política é o exercício normal das forças de uma nação consciente e senhora de si mesma. A politicalha, pelo contrário, é o envenenamento crônico dos povos negligentes e viciosos pela contaminação de parasitas inexoráveis.
Infelizmente, é isso que vemos ano após ano: pessoas beneficiando-se da Política para praticarem sua “politicalha” inescrupulosa e nociva aos que tentam levar suas vidas com dignidade e, principalmente, honestidade, palavra que os vis politiqueiros desconhecem.
E já que "a Política é a higiene dos países moralmente sadios e a politicalha a malária dos povos de moralidade estragada", façamos prevalecer essa higiene que há muitos anos estamos à procura!...
MEUS VERSOS LÍRICOS

FLOR INTOCÁVEL
(Joésio Menezes)

A noite passada sonhei contigo!..
Sonhei que eras uma pequenina flor
Muito cortejada pelos colibris, borboletas
E deuses frequentadores do jardim do Olimpo.
Porém, apenas um dos pretendentes
Que te cortejavam insistentemente
Conseguiu aproximar-se de ti...

Apenas um conseguiu despertar tua atenção,
Te fazer suspirar, sorrir...
Apenas um conseguiu sentir bem de perto
A essência do teu perfume,
A maciez das tuas pétalas,
A simplicidade do teu ser,
A meiguice do teu sorriso...

Não foi o mais afoito nem o mais recatado,
Não foi o mais esperto nem o mais ousado,
Não foi o mais forte nem o mais bonito.

Quem conseguiu conquistar tua simpatia,
Despertar tua atenção
E arrancar de ti um suspiro,
Foi o mais humilde, o mais generoso,
O mais sensível, o mais amoroso,
O mais sensato e menos pretensioso
Dos cortejadores ali presentes: o POETA,
Que, no seu justo anonimato,
Sonhava um dia poder te tocar.


PAIXÃO INCONTIDA
(Joésio Menezes)

Com o teu batom prateado,
Com o teu olhar eletrizante,
Fico atônito, desnorteado,
Fujo de mim a todo instante.

E feito um bobo extasiado,
Para o teu corpo provocante
Olho, e fico hipnotizado
Com tua elegância extravagante.

Hipnotizado eu fico também
Com o cheiro que do teu corpo vem,
Trazendo-me a essência da vida.

E ante a tua exótica beleza,
Em transe, sinto em meu peito acesa
A chama de uma paixão incontida.
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA

TIMIDEZ
(Cecília Meireles)

Basta-me um pequeno gesto,
feito de longe e de leve,
para que venhas comigo
e eu para sempre te leve...

— mas só esse eu não farei.

Uma palavra caída
das montanhas dos instantes
desmancha todos os mares
e une as terras mais distantes...

— palavra que não direi.


Para que tu me adivinhes,
entre os ventos taciturnos,
apago meus pensamentos,
ponho vestidos noturnos,

— que amargamente inventei.

E, enquanto não me descobres,
os mundos vão navegando
nos ares certos do tempo,
até não se sabe quando...

— e um dia me acabarei.


ANSEIO
(Augusto dos Anjos)

Que sou eu, neste ergástulo das vidas
Danadamente, a soluçar de dor?!
— Trinta trilhões de células vencidas,
Nutrindo uma efeméride inferior.

Branda, entanto, a afagar tantas feridas,
A áurea mão taumitúrgica do Amor
Traça, nas minhas formas carcomidas,
A estrutura de um mundo superior!

Alta noite, esse mundo incoerente
Essa elementaríssima semente
Do que hei de ser, tenta transpor o Ideal...

Grita em meu grito, alarga-se em meu hausto,
E, ai! como eu sinto no esqueleto exausto
Não poder dar-lhe vida material!
CRÔNICA DA SEMANA

ACONTECE QUE ACONTECE
(Carla Dias)

Quando passamos por uma experiência que mexe não apenas com a cabeça da gente, mas principalmente com a alma, fica difícil sintonizar a rotina, voltar ao nosso próprio universo.
Acredito que isso aconteça nas nossas vidas, vez ou outra, para nos lembrar de que pode sim haver momentos de plenitude, quando a alegria não nos deixa apreensivos, por esperarmos que ela fuja de nós, antes de podermos conhecê-la melhor. Quando sentimos que, quando ela partir, deixará boas lembranças, as quais poderemos sempre revisitar.
Momentos como este têm muita importância para mim, já que sou das que raramente os alcança. Minha alma é tão inquieta que, boba, perde com frequência a leveza dos acontecimentos. Mas quando consigo me permitir ficar onde está a leveza, a experiência é das raras.
Engraçado é que, com esta permissão para ficar, vem também a vontade de partir, de seguir adiante. Não conheço muitos lugares desse mundo, tampouco o mundo que cada um deles pode desvelar. Ao mesmo tempo, é como se este mundo viesse a mim, constantemente, e beijasse minhas faces, mandasse notícias, não permitisse que dele eu nada soubesse.
Então, sinto saudade de onde nunca estive.
Esse lugar onde me perderia em horizontes, nas noites mais frias, no silêncio das necessidades cotidianas. Onde a vida transitaria com menos pressa, desfilando pensamentos nascidos há tanto tempo, mas jamais explorados, anteriormente. Onde café com leite acompanhado por biscoitos de chocolate faz todo o sentido. E dormir é muito mais fácil, como uma viagem agradável a um universo que visitamos apenas de olhos fechados, justamente para enxergarmos melhor o que andava enevoado, enquanto caminhávamos por autodecasatos.

Fonte: Crônica do Dia

quarta-feira, 21 de julho de 2010

UM DEDO DE PROSA


FOI DADA A LARGADA!

Daqui para a frente não mais teremos sossego (pelo menos até o final do ano), pois eles estão de volta. Refiro-me aos homens de moral “indubitável”, aos “salvadores da pátria”, aos “protetores” dos menos favorecidos..., ou seja, aos nossos bem-quistos POLÍTICOS.
Até outubro (quando se dará a votação em primeiro turno), seremos obrigados a conviver com a sujidade espalhada pelos postulantes a um cargo político, além da “poluição verbal” disseminada pelos mesmos por meio dos veículos de comunicação e da panfletagem.
“Macacos velhos” que são, esses políticos estão aproveitando-se de uma brecha deixada pelas novas regras estipuladas pelo TSE. Se não me engano, foi proibida a propaganda política desse ou daquele candidato em “Carros de Som”, mas já presenciei, aqui na cidade em que resido, bicicletas adaptadas com reboque e aparelhagem de som (com altos decibéis) transportando um enorme banner de um nobre candidato à Câmara Distrital. Infelizmente, muitas dessas regras são para “inglês ver”, pois sempre são deixadas brechas, as quais não é necessário ser um bom conhecedor das leis para perceber que cabem recursos a possíveis impugnações. Como bem disse um certo filósofo, “regras foram feitas para serem quebradas”. E complementou um grande pensador: “toda regra tem sua exceção”.
Bem, a “Máquina Eleitoral” sempre funcionou dessa forma, e não vai ser agora que irá mudar. Dessa forma, tenhamos paciência para tolerar toda e qualquer poluição produzida pelos nobres candidatos, uma vez que nada podemos fazer para evitar isso (pelo menos de imediato!) e, principalmente, consciência política na hora de votarmos.
Ah!... Precisamos, também, ter boa memória, pois a maioria desses ilustres candidatos não tem “ficha limpa”, mas eles juram que sim!
MEUS VERSOS LÍRICOS

ORDEM E PROGRESSO
(Joésio Menezes)












Que a Justiça é cega, eu sei;
Que nada faça contra os “fortes”, é lei;
Que funciona em prol de poucos, é fato.
Que respeitam a Constituição, é mito;
Que a Ordem está em desordem, admito;
Que o Progresso está bem perto, é boato.

Que o Governo seja improbo, não se admite;
Que ele bem trabalha, há quem acredite;
Que o povo tem culpa, não duvido.
Que os desonestos dominam, é inegável;
Que a sociedade permita, é inaceitável;
Que somos enganados, é sabido.

Que o Brasil é rico, está comprovado;
Que a miséria aqui reside, fato consumado;
Que a desigualdade é social, já foi dito.
Que a política anda mal, certamente;
Que a corrupção impera, é evidente;
Que esses males tenham cura, não acredito...


CANÇÃO DO EXÍLIO À BRASILEIRA
(Joésio Menezes)

Minha terra tem políticos
Que não se cansam de laborar,
E os rapinas que aqui “trabalham”
Levam a vida a barganhar.

São Vereadores, são Deputados,
São Prefeitos e Senadores,
Todos eles barganhando
Com influentes corruptores...

Eu pensando sozinho à noite
Não me canso de questionar:
“O que mais nossos políticos
Estão querendo barganhar?”

Minha terra tem corruptos
Como em nenhum outro lugar,
E refletindo sozinho à noite
Tenho muito a me preocupar,
Pois minha terra tem políticos
Que ganham a vida a barganhar...

Não permita, Deus, que eu morra
Sem que possa presenciar
Nossos políticos trabalhando
Com o intuito de ajudar
O sofrido povo brasileiro
Já cansado de apanhar.
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA



PSICOLOGIA DE UM VENCIDO
(Augusto dos Anjos)


Eu, filho do carbono e do amoníaco,
Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênese da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.


Profundissimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância...
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.

Já o verme - este operário das ruínas –
Que o sangue podre das carnificinas
Come, e à vida em geral declara guerra,

Anda a espreitar meus olhos para roê-los,
E há de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!


SONETO À LÍNGUA PORTUGUESA
(Waldin de Lima)

Havia luz pela amplidão suspensa
no azul do céu, vergéis e coqueirais...
e o Lácio, com fulgores divinais,
abrigava de uma virgem a presença...

Era um castelo de ouro, amor e crença,
que igual não houve, nem haverá jamais...
Onde os poetas encontraram ideais
na poesia nova, n'alegria imensa...

A virgem era a Língua portuguesa,
a mais formosa e divinal princesa,
vivendo nos vergéis de suave aroma!

Donzela meiga que, deixando o Lácio,
abandona os umbrais do seu palácio,
para ser de um povo o glorioso idioma!...
CRÔNICA DA SEMANA


O SOTAQUE DAS MINEIRAS
(FelipePeixoto Braga Netto)

O sotaque das mineiras deveria ser ilegal, imoral ou engordar.. Afinal, se tudo que é bom tem um desses horríveis efeitos colaterais, como é que o falar, sensual e lindo das moças de Minas ficou de fora?
Porque, Deus, que sotaque! Mineira devia nascer com tarja preta avisando: "ouvi-la faz mal à saúde". Se uma mineira, falando mansinho, me pedir para assinar um contrato doando tudo que tenho, sou capaz de perguntar: "só isso?". Assino, achando que ela me faz um favor.
Eu sou suspeitíssimo. Confesso: esse sotaque me desarma. Certa vez quase propus casamento a uma menina que me ligou por engano, só pelo sotaque.
Os mineiros têm um ódio mortal das palavras completas. Preferem, sabe-se lá por que, abandoná-las no meio do caminho. Não dizem: potiode parar, dizem: "pó parar" Não dizem: onde eu estou?, dizem: "onde queu tô."
Os não-mineiros, ignorantes nas coisas de Minas, supõem, precipitada e levianamente, que os mineiros vivem - lingüisticamente falando - apenas de uais, trens e sôs.
Digo-lhes que não. Mineiro não fala que o sujeito é competente em tal ou qual atividade. Fala que ele é bom de serviço. Pouco importa que seja um juiz, um jogador de futebol ou um ator de filme pornô. Se der no couro - metaforicamente falando, claro - ele é bom de serviço. Faz sentido...
Mineiras não usam o famosíssimo tudo bem. Sempre que duas mineiras se encontram, uma delas há de perguntar pra outra: "cê tá boa?" Para mim, isso é pleonasmo. Perguntar para uma mineira se ela tá boa é desnecessário...
Há outras. Vamos supor que você esteja tendo um caso com uma mulher casada. Um amigo seu, se for mineiro, vai chegar e dizer: - Mexe com isso não, sô (leia-se: sai dessa, é fria, etc).
O verbo "mexer", para os mineiros, tem os mais amplos significados. Quer dizer, por exemplo, trabalhar. Se lhe perguntarem com o que você mexe, não fique ofendido. Querem saber o seu ofício.
Os mineiros também não gostam do verbo conseguir. Aqui ninguém consegue nada. Você não dá conta. Sôcê (se você) acha que não vai chegar a tempo, você liga e diz: "- Aqui, não vou dar conta de chegar na hora, não, sô."
Esse "aqui" é outra delícia que só tem aqui. É antecedente obrigatório, sob pena de punição pública, de qualquer frase. É mais usada, no entanto, quando você quer falar e não estão lhe dando muita atenção: é uma forma de dizer "olá, me escutem, por favor". É a última instância antes de jogar um pão de queijo na cabeça do interlocutor.
Mineiras não dizem "apaixonado por". Dizem, sabe-se lá por que,"apaixonado com".
Soa engraçado aos ouvidos forasteiros. Ouve-se a toda hora: "Ah, eu apaixonei com ele...". Ou: "sou doida com ele" (ele, no caso, pode ser você, um carro, um cachorro).
Eu preciso avisar à língua portuguesa que gosto muito dela, mas prefiro, com
todo respeito, a mineira. Nada pessoal. Aqui certas regras não entram. São barradas pelas montanhas.
Por exemplo: em Minas, se você quiser falar que precisa ir a um lugar, vai dizer: - "Eu preciso de ir."
Onde os mineiros arrumaram esse "de", aí no meio, é uma boa pergunta... Só não me perguntem!
Mas que ele existe, existe. Asseguro que sim, com escritura lavrada em cartório.
No supermercado, o mineiro não faz muitas compras, ele compra um tanto de coisa. O supermercado não estará lotado, ele terá um tanto de gente. Se a fila do caixa não anda, é porque está agarrando lá na frente. Entendeu? Agarrar é agarrar, ora!
Se, saindo do supermercado, a mineirinha vir um mendigo e ficar com pena,suspirará:
"- Ai, gente, que dó."
É provável que a essa altura o leitor já esteja apaixonado pelas mineiras... Não vem caçar confusão pro meu lado! Porque, devo dizer, mineiro não arruma briga, mineiro "caça confusão". Se você quiser dizer que tal sujeito é arruaceiro, é melhor falar, para se fazer entendido, que ele "vive caçando confusão".
Ah, e tem o "Capaz..."
Se você propõe algo a uma mineira, ela diz: "capaz" !!! Vocês já ouviram esse "capaz"?
É lindo. Quer dizer o quê? Sei lá, quer dizer "ce acha que eu faço isso"!? com algumas toneladas de ironia.. Se você ameaçar casar com a Gisele Bundchen, ela dirá: "ô dó dôcê". Entendeu? Não? Deixa para lá. É parecido com o "nem...". Já ouviu o "nem..."?
Completo ele fica: "- Ah, nem..." O que significa? Significa, amigo leitor, que a mineira que o pronunciou
não fará o que você propôs de jeito nenhum. Mas de jeito nenhum. Você diz: "Meu amor, cê anima de comer um tropeiro no Mineirão?".
Resposta: "nem..."
Ainda não entendeu? Uai, nem é nem. Leitor, você é meio burrinho ou é impressão?
Preciso confessar algo: minha inclinação é para perdoar, com louvor, os deslizes vocabulares das mineiras. Aliás, deslizes nada. Só porque aqui a língua é outra, não quer dizer que a oficial esteja com a razão.
Se você, em conversa, falar: "Ah, fui lá comprar umas coisas..."...
- Que' s coisa? - ela retrucará.
O plural dá um pulo Sai das coisas e vai para o 'que'!
Ouvi de uma menina culta um "pelas metade", no lugar de "pela metade".
E se você acusar injustamente uma mineira, ela, chorosa, confidenciará:
- Ele pôs a culpa "ni mim".
A conjugação dos verbos tem lá seus mistérios, em Minas... Ontem, uma senhora docemente me consolou: "preocupa não, bobo!".
E meus ouvidos, já acostumados às ingênuas conjugações mineiras. nem se espantam. Talvez se espantassem se ouvissem um: "não se preocupe", ou algo assim.
Fórmula mineira é sintética. e diz tudo.
Até o tchau, em Minas, é personalizado. Ninguém diz tchau, pura e simplesmente. Aqui se diz: "tchau pro cê", "tchau pro cês".
É útil deixar claro o destinatário do tchau...

terça-feira, 13 de julho de 2010

UM DEDO DE PROSA

ENQUANTO ISSO, NA EDUCAÇÃO...

“No futebol, o Brasil ficou entre os 8 melhores do mundo e todos estão tristes. Mas é 85º em Educação e não há tristeza...” (Cristóvam Buarque)
Segundo dados da Unesco, o Brasil corre o risco de não atingir parte das metas de educação traçadas em 2000 pelas Nações Unidas no encontro Educação para Todos. Apesar de ter posto a maior parte das crianças na escola, o País ainda peca pela falta de qualidade na educação e por ter dificuldades de alfabetizar adultos. Entre 121 países, o Brasil aparece em 71.º lugar.
Se a colocação é ruim, fica bem pior quando é avaliado o número de crianças que chegam à 5.ª série do ensino fundamental: 85º. Lugar próximo de países africanos, como Zâmbia e Senegal.
O relatório global Educação para Todos, versão 2006, divulgado pela Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco), apresenta o ranking com base no Índice de Desenvolvimento da Educação (IDE) - uma fórmula que soma dados de alfabetização, matrícula na escola primária, qualidade na educação e paridade de gênero na escola.
Percebe-se que alguma coisa está errada e que nada estão fazendo para corrigi-la.
Educação não é a prioridade do Governo tampouco uma NAÇÃO INSTRUÍDA é o desejo dos nossos políticos, pois quanto mais instruído for o povo, mais consciência política ele terá, e isso não é nada bom para esse ou para aquele candidato a uma vaga na Câmara dos Deputados ou no Senado Federal.
MEUS VERSOS LÍRICOS


A PIPA
(Joésio Menezes)


Voando alto, lá no Céu
Alegre a pipa dança
No bailar do carretel
Que maneja a criança.

E quando bem alto ela está,
Nosso olhar só a alcança
Se seguir a linha do carretel
Que segura a criança.


A pipa sobe, a pipa desce,
Porém nunca se cansa...
E lá de cima sente-se feliz
Com a alegria da criança.


MATEMÁTICA
(Joésio Menezes)

Como dois e dois são quatro
E quatro e quatro são oito,
Então, cinco e cinco são dez;
Nove e nove, dezoito.

Se três vezes quatro são doze
E quatro menos três é um,
Assim, três mais quatro são sete;
Mas sete vezes três, vinte e um.

Gosto muito dos números,
Principalmente o Um e Seis,
Mas quem quiser minha amizade...
Nada de “regra de três”!
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA


LÍNGUA PORTUGUESA
(Olavo Bilac)

Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela...

Amote assim, desconhecida e obscura,
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela
E o arrolo da saudade e da ternura!

Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,

Em que da voz materna ouvi: "meu filho!"
E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem brilho!


EDUCAÇÃO – UM DESTINO MAGISTRAL?
(Xiko Mendes)

Patriota anônima, sonhadora aventureira,
Ela seguia pela cidade ensinando a vida:
Era a pequena notável menina carvoeira!
Fazia do carvão o giz na escola esquecida.

Artesão da palavra! Sobrevivente do sertão!
Com fé abnegada e a sua rotina franciscana,
Suas lições, como sangue jorrando no coração,
Inundavam vasos comunicantes da grei humana.

Cada letra ensinada era um mundo que se abria
E, mostrando ao analfabeto porque ele não sabia,
Revolucionou a sociedade com seu carvão vegetal.

Essa mineradora de sonhos com aura de pioneira,
Que educou seu povo de quem foi líder verdadeira,
Morreu sem troféu semeando a consciência social.
CRÔNICA DA SEMANA


EDUCAR: A ARTE DE ENSINAR APRENDENDO
(Joésio Menezes)

O dicionário Aurélio nos dá a definição de EDUCAR como sendo o ato de “promover o desenvolvimento da capacidade intelectual, moral e física de alguém ou de si mesmo”.
Não querendo contestá-lo, vou um pouco mais adiante: para mim, educar é a arte de ensinar aprendendo. E hoje, valendo-me dessa arte, posso garantir que muito aprendi durante o meu convívio com ela; não o suficiente para considerar-me um artista, mas o bastante para fazer dela o meu estandarte na luta pela propagação do aprendizado.
Aprendi que as grandes conquistas não vêm por meio da opressão, do autoritarismo, da subjugação, mas por meio da sapiência, da paciência e da determinação;
Aprendi que os grandes Mestres surgem não do grau de conhecimento adquirido, mas do nível dos cidadãos que por eles são formados;
Aprendi que um BOM-DIA acompanhado de um singelo e sincero SORRISO pode recuperar a auto-estima de quem o recebe, pode salvar uma vida, pode consertar o mundo cujo futuro está nas mãos desses cidadãos que por nós estão sendo formados, moldados, lapidados...
Aprendi que nem os dedos das nossas próprias mãos são iguais, por isso não podemos (e não devemos) exigir que alguém seja igual àquela pessoa por quem temos admiração, de quem nos orgulhamos muito;
Aprendi que a juventude é inconseqüente, mas quem um dia não foi jovem?... Quem alguma vez não foi inconseqüente?
Aprendi que quando se perde a bússola da lucidez, é preciso ter PULSO FORTE para controlar o leme da nau da juventude, evitando assim que ela se desgoverne e se afaste de vez dos seus objetivos, dos seus sonhos, dos seus projetos de vida;
Aprendi que saber ouvir e aceitar uma CRÍTICA fortalece-nos, engrandece-nos, enriquece-nos... Mas não saber como fazê-la pode nos levar a cometer erros irreparáveis, e, como conseqüência disso, nos trazer aborrecimentos, intrigas, estresse...
Aprendi que o céu é azul não por acaso, mas porque o azul é a cor do infinito; assim sendo, também é a cor dos nossos sonhos, é a cor do APRENDER;
Aprendi que as pessoas se vão, mas ficam em nossos corações, em nossas mentes, a lembrança e a saudade daqueles que nos conquistaram e por nós foram conquistados; daqueles que nos aborreceram e por nós foram aborrecidos; daqueles que, enquanto aprendiam conosco, também nos ensinavam;
Aprendi que nessa arte de ensinar aprendendo, aprendi muito mais do que ensinei; aprendi, inclusive, a gostar, a respeitar e a admirar todos os alunos, do jeitinho que eles são: inconseqüentes, aborrecentes, adolescentes...
Enfim, parafraseando Ernesto Che Guevara, aprendi que “hay que endurecer, pero sin perder la ternura jamás”, ou seja, às vezes é preciso ser rígido, porém sem deixar que essa rigidez se sobreponha ao poder de persuasão das nossas palavras, à ternura dos nossos gestos, à reciprocidade do sentimento de RESPEITO, à “cumplicidade” da palavra AMIGO, à grandeza e à eloqüência do ato de EDUCAR...

terça-feira, 6 de julho de 2010

UM DEDO DE PROSA

O PREVISÍVEL ACONTECEU

E mais uma vez o sonho do hexa foi adiado. Teremos que aguardar mais quatro anos!
Com tanto dinheiro que será “jogado fora” nas reformas e construções superfaturadas de estádios para a Copa do Mundo de 2014, aqui no Brasil, esperamos que pelo menos sejamos os campeões, somente assim se justificará o investimento faraônico que o governo brasileiro fará.
Desde o início fui contra a candidatura do Brasil para sediar a próxima Copa do Mundo e as Olimpíadas de 2016, pois acredito que não temos condições de sediá-las visto que são competições muito dispendiosas. Mas já que foram confirmadas e não mais há como voltar atrás nessa decisão, então que seja feito um excelente trabalho na preparação da Seleção que irá nos representar na Copa de 2014, bem como dos atletas que participarão das Olimpíadas de 2016.
A frustração dos brasileiros diante de uma possível derrota na próxima Copa do Mundo será ainda bem maior que as anteriores, pois pela segunda vez estaremos jogando no Brasil, e não queremos que se repita o “maracanaço” de 1950, quando o Brasil foi derrotado pelo Uruguai na final daquela Copa em pleno Maracanã lotado.
MEUS VERSOS LÍRICOS

ACONTECEU NA ÁFRICA DO SUL
(Joésio Menezes)

Nas frias terras sul-africanas,
As pedaladas de Robinho
Sob os olhares dos “bafanas”
Ficaram pelo meio do caminho...
Foi no ano dois mil e dez
Que aconteceu esse revés
Com a Seleção Canarinho

Que ao cobiçado título mundial
Como grande favorita chegou
Mesmo sem o futebol genial
Que ao mundo sempre mostrou.
Foi só a bola na grama rolar
Para o mundo inteiro constatar
Que o Brasil à África não chegou.

Já contra a Coréia do Norte,
Os pentas-campeões do mundo
Precisaram contar com a sorte
Para vencer um time infecundo.
Sem apresentar brilho algum
Eles suaram e, por dois a um,
Bateram um pobre moribundo.

O segundo “triunfo” se deu
Diante da Costa do Marfim...
O futebol do Brasil apareceu,
Mas não tão brilhante assim!
Três a um foi o placar final
E o Brasil à oitava-de final
Estava classificado, enfim.

Foi um jogo muito difícil
Em que os costa-marfineses
Mostraram, desde o início,
Que não nos seriam corteses.
O duro time africano
Tirou Kaká e Elano
Do jogo contra os portugueses.

Garantidos na oitava-de-final,
Os jogadores brasileiros
Fizeram contra Portugal,
No seu confronto terceiro,
Um jogo com muito esmero
Em que o zero-a-zero
Os classificaria em primeiro.

Veio, então, a fase seguinte
E o Chile foi a bola da vez.
O Brasil jogou com requinte
E venceu seu antigo “freguês”.
Três a zero foi um placar normal,
Mas na fase de quarta-de-final
Nos esperava o time holandês.

Chega, enfim, a tão esperada
Partida entre Holanda e Brasil,
Há muito por todos comentada
Como o jogo dos segredos mil...
A ansiedade que antecede o jogo
Nos acende em todos um fogo
Ardente, inquietante, hostil...

É dado o pontapé inicial
E logo no início da partida
Recebendo um passe genial
Robinho invade a temida
Retranca do time laranja
Que logo se desarranja:
Foi ela no início batida.

Porém, na etapa final
O revés do time brasileiro:
O dono do “passe genial”
Atrapalha seu próprio goleiro
E tudo, então, desanda
Com o primeiro gol da Holanda,
O Brasil se perde por inteiro.

O segundo gol veio a seguir
Numa jogada de bola parada:
A zaga não conseguiu subir
E a bola foi, então, alcançada
Pela cabeça de um holandês
Que pela segunda vez
Deixou nossa torcida calada.

O jogo chega ao seu final
E, cabisbaixo, o time brasileiro
Dá adeus ao título mundial
Sem mostrar seu futebol verdadeiro.
E sem esboçar qualquer reação
Típica de um grande campeão,
O Brasil frustrou o mundo inteiro.

E mais uma vez foi adiado
O sonho de ser hexa-campeão,
Pois o Brasil fora eliminado
Sem direito à prorrogação.
E agora resta-nos esperar
Dois mil e quatorze chegar...
Enxugue as lágrimas, irmão!
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA

BRASIL 3 X 0 CHILE
(Bernardo Trancoso)

Foi a vitória menos contestada
da seleção: um salto do zagueiro;
Contra-ataque, outro tento do artilheiro
E Robinho fechou a goleada.

Mas, para que não seja eliminada,
Há que invocar o espírito guerreiro
E vencer o europeu mais brasileiro
Que sequer empatou nesta jornada.

Desfalcada no meio, a equipe tenta
Confirmar, no sucesso de seus planos,
Que valeu esperar por tantos anos.

E que se cuide a Holanda (tão sedenta
Pela taça) perante alguém que é penta,
Nesta Copa dos sulamericanos.


A COPA
(Lucas Adriano dos Santos)

Viva a copa!
Viva o time do meu país!
Viva nossa consciência que não se toca
Que nem sabe mais o que diz
Nos gramados de quem não poupa
Falta comida e falta roupa
Falta um lar para esse povo infeliz.

Vamos ao jogo!
Secular miséria que não diminuiu
Dizima a população de Togo
Vamos ao Jogo!
“Pra frente Brasil!”
Que deixa bandidos e armas de fogo
Matarem por dia quase mil.

Viva a copa do mundo!
Vamos todos comemorar!
A guerra, as drogas, a esse dinheiro imundo
A fome, aos doentes, miseráveis
Vamos todos nos anestesiar!

Começou a partida!
Quanta beleza!
Como tem gente na torcida!
Pagaram tão caro pelo lugar
Mas duvido pensar em ajudar
Nem que fosse com uma moeda
Ou um pouco de comida
Para diminuir um pouco essa pobreza...

...Da alma
Mas vamos ouvir o grito do treinador!
E africana uma criança não se acalma
Porque a fome já lhe causa dor
Essa é a copa minha gente!

Uns fazem gol
Outros enfrentam a enxada e o sol
E temos uma tela em nossa frente
Constrangedor.

Olha!
É gol da seleção!
Vamos todos festejar!
A bala perdida, a criança abandonada,
A prostituição...
Vamos comemorar!
Ao professor mal pago,
Ao trabalhador explorado e ao eleitor
Que no jogo da eleição
Ainda não aprendeu a cabecear

Essa é a copa minha gente!
E que sem graça!
Todos só almejam a taça!
Quem vai ensinar solidariedade
Para esse time decadente
Esse que sempre faz passe errado da felicidade
Esse time descontente
Que se chama Humanidade?
CRÔNICA DA SEMANA

AS ADVERSIDADES DE UMA COPA
(Suzina)

Foi um fim de semana difícil para os sul-americanos... Brasil, Argentina e Paraguai foram eliminados da Copa do Mundo, deixando apenas o Uruguai como nosso representante nas semis.
Todo mundo já sabe, sofri muito mais no sábado do que na sexta. E, acreditem se quiser, sofri muito mais pela derrota do Paraguai do que pela da Argentina.
E por quê? Porque o Paraguai é uma nação pequena que se apresentou grande. Jogou de igual para igual com a Espanha. Aliás, jogou muito melhor que a Espanha. Acreditou incansavelmente, até o último minuto. E se orgulhou do trabalho que apresentou: entre lágrimas e sofrimentos, antes de voltarem para os vestiários, os jogadores aplaudiram sua torcida. Não foram embora antes de agradecer aqueles que acreditaram na equipe, que torceram até o último minuto. Um gesto simples, mas cheio de atitude de campeão. O Paraguai merecia ter passado e mereceu cada aplauso que recebeu, da sua torcida e de todos que acompanharam sua trajetória.
Já a Argentina... ah, a Argentina! Que golpe. Eu já imaginava a derrota, mas a realidade doeu bem mais. A Alemanha mereceu pelo que jogou, por saber aproveitar o erro notado e denunciado há muito tempo e que a Argentina não soube arrumar. Um buraco na defesa é sempre uma oportunidade para um adversário. E quando o adversário é a Alemanha, a oportunidade passa a ser uma grande previsão de tragédia. Mas a Argentina jogou, não tudo o que podia, mas jogou até o último minuto, chutando a gol, correndo atrás. Não esmoreceu nem mesmo depois do quarto gol. E, com o fim do jogo, não deixaram de abraçar os vitoriosos, de chorar sua derrota. Maradona entrou em campo para abraçar e agradecer a cada um dos jogadores. Não importa o quão tosco ele pode ser, mas ele soube valorizar o time.
Na sexta, jogo no meio do expediente, logo, visto em pleno ambiente de trabalho. Foi o melhor jogo da seleção neste mundial. Também acho que foi o maior desafio, pelo peso e qualidade do outro time. E acho que foi a maior demonstração do quanto este time que estava lá não sabe perder, ou aceitar que alguém pode ser melhor. O Brasil jogou bem o suficiente para poder ganhar, mas demonstrou não ter controle emocional nenhum quando não consegue o que quer. O Brasil se permitiu ser provocado. Entrou na briga e perdeu a razão. E quando nada mais poderia ser feito, deu às costas ao público, ao adversário, ao bom senso. Me comoveram as lágrimas do Julio Cesar, assim como me comoveu sua vontade de fazer muito mais do que se esperava de um goleiro, nos minutos finais. Me decepcionaram a arrogância e o orgulho ferido dos demais. Sinto muito, não mereceu meu sofrimento.
Acho que tem lição aos montes para aprender nessas três situações: que é preciso acreditar sempre, que não adianta achar que o jogo está ganho ou que o erro se conserta quando é ignorado. É preciso estar ciente das fragilidades, sejam elas técnicas ou emocionais. Mas, mais importante ainda é saber valorizar as pessoas, no erro ou no acerto. Porque o que resta, no final, é isso: a equipe, quem está junto. E quem de longe também faz parte. Nesse caso, me senti mais paraguaia do que brasileira.

(Fonte: cronicasdacopa.blogspot.com)