terça-feira, 6 de julho de 2010

O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA

BRASIL 3 X 0 CHILE
(Bernardo Trancoso)

Foi a vitória menos contestada
da seleção: um salto do zagueiro;
Contra-ataque, outro tento do artilheiro
E Robinho fechou a goleada.

Mas, para que não seja eliminada,
Há que invocar o espírito guerreiro
E vencer o europeu mais brasileiro
Que sequer empatou nesta jornada.

Desfalcada no meio, a equipe tenta
Confirmar, no sucesso de seus planos,
Que valeu esperar por tantos anos.

E que se cuide a Holanda (tão sedenta
Pela taça) perante alguém que é penta,
Nesta Copa dos sulamericanos.


A COPA
(Lucas Adriano dos Santos)

Viva a copa!
Viva o time do meu país!
Viva nossa consciência que não se toca
Que nem sabe mais o que diz
Nos gramados de quem não poupa
Falta comida e falta roupa
Falta um lar para esse povo infeliz.

Vamos ao jogo!
Secular miséria que não diminuiu
Dizima a população de Togo
Vamos ao Jogo!
“Pra frente Brasil!”
Que deixa bandidos e armas de fogo
Matarem por dia quase mil.

Viva a copa do mundo!
Vamos todos comemorar!
A guerra, as drogas, a esse dinheiro imundo
A fome, aos doentes, miseráveis
Vamos todos nos anestesiar!

Começou a partida!
Quanta beleza!
Como tem gente na torcida!
Pagaram tão caro pelo lugar
Mas duvido pensar em ajudar
Nem que fosse com uma moeda
Ou um pouco de comida
Para diminuir um pouco essa pobreza...

...Da alma
Mas vamos ouvir o grito do treinador!
E africana uma criança não se acalma
Porque a fome já lhe causa dor
Essa é a copa minha gente!

Uns fazem gol
Outros enfrentam a enxada e o sol
E temos uma tela em nossa frente
Constrangedor.

Olha!
É gol da seleção!
Vamos todos festejar!
A bala perdida, a criança abandonada,
A prostituição...
Vamos comemorar!
Ao professor mal pago,
Ao trabalhador explorado e ao eleitor
Que no jogo da eleição
Ainda não aprendeu a cabecear

Essa é a copa minha gente!
E que sem graça!
Todos só almejam a taça!
Quem vai ensinar solidariedade
Para esse time decadente
Esse que sempre faz passe errado da felicidade
Esse time descontente
Que se chama Humanidade?

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