sábado, 22 de janeiro de 2011

UM DEDO DE PROSA

FALTA DE INSPIRAÇÃO

Cá estou eu mais uma vez, diante do computador, sem um mínimo de ideias para escrever algumas poucas linhas.
Assuntos não faltam, eu sei!... o que está faltando mesmo é a tal inspiração. Parece que ela também tirou férias e fez uma viagem para bem de longe, pois procuro-a e não a encontro. Constantemente, reviro os arquivos da minha mente e nada encontro, nada surge, nada se apresenta ao menos para eu dizer que FALTA-ME INSPIRAÇÃO.
Andei, inclusive, lendo blogs de amigos a fim de absorver de lá algumas ideias e usá-las aqui neste espaço reservado a um dedo de prosa com você, leitor amigo, mas foi uma busca em vão. Por isso, peço-lhes mil desculpas se porventura ficaram frustrados por não terem encontrado aqui nada que lhes chamasse a atenção, nada de interessante para se ler.
Não me faltou vontade de entretê-los com uma suave leitura. Faltou-me, sim, um mínimo de INSPIRAÇÃO.
MEUS VERSOS LÍRICOS


DÚVIDA
(Joésio Menezes)

Não posso dizer NÃO
Àquilo que tanto quero,
Mas o excesso de esmero
Me angustia o coração,

Pois andando na contramão
Da dúvida me destempero
E aos poucos me desespero
Com os ais da minha paixão.

Eles ecoam no meu peito
Fazendo-me um sujeito
À dúvida vulnerável.

Como posso dizer SIM
Se esse dilema faz de mim
Um pobre miserável?


DEPENDENTE DE TI
(Joésio Menezes)

Sem ti não sei o que é dormir
Tampouco me alimentar.
Sei apenas que não sei sorrir,
Sinto vontade, apenas, de chorar.

Também sei que não sei viver
Sem sentir teu cheiro no ar,
Sem que eu possa ao menos te ver,
Sem que em teu corpo eu possa tocar.

Sei que sem ti não sou nada
E sinto-me feito uma alma penada
Em busca da eterna salvação.

Mas quando estou em tua companhia,
Sinto em meu peito a forte magia
E as delícias da nossa paixão.
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA

SOLITÁRIO
(Augusto do Anjos)


Como um fantasma que se refugia
Na solidão da natureza morta,
Por trás dos ermos túmulos, um dia,
Eu fui refugiar-me à tua porta!


Fazia frio e o frio que fazia
Não era esse que a carne nos contorta...
Cortava assim como em carniçaria
O aço das facas incisivas corta!

Mas tu não vieste ver minha Desgraça!
E eu saí, como quem tudo repele, --
Velho caixão a carregar destroços --

Levando apenas na tumba carcaça
O pergaminho singular da pele
E o chocalho fatídico dos ossos!


AO BRAÇO DO MESMO MENINO JESUS QUANDO APARECEU.
(Grégorio de Matos)

O todo sem parte não é todo,
A parte sem o todo não é parte,
Mas se a parte o faz todo, sendo parte,
Não se diga que é parte, sendo todo

Em todo sacramento está Deus todo,
E todo assiste inteiro em qualquer parte,
E feito em partes todo em toda parte,
Em qualquer parte sempre fica todo.

O braço de Jesus não seja parte,
Pois que feito Jesus em partes todo,
Assiste cada parte em sua parte.

Não se sabendo parte deste todo,
Um braço que lhe acharam, sendo parte,
Nos disse as partes todas deste todo.
CRÔNICA DA SEMANA

LIBERDADE
(Deise Lourenço de Jesus)

Na aula passada, o professor de redação nos mandou escrever sobre um tema livre, no entanto, como boa brasileira que sou, deixei para a última hora e aqui estou escrevendo minha redação com o título LIBERDADE, mas até agora nem toquei no assunto.
Para mim, liberdade é isso mesmo: fazer o que vier à cabeça e, se possível, passar para o papel, já que este não é um texto onde tenho total liberdade para escrever o que quiser.
Na verdade, não sou uma boa escritora (eu nunca fui) e até agora não consegui pensar em algo que valesse a pena escrever... Talvez eu esteja apenas tentando preencher as vinte linhas exigidas pelo professor, ou talvez esteja utilizando a liberdade que me foi dada por ele (provável leitor deste texto) para ir desenvolvendo minhas idéias.
Agora que estou na décima nona linha, vejo que, mesmo sem querer, consegui fazer um texto sem tema, mas que possui uma lógica e, sem mais delongas, digo que talvez o que as pessoas tomam como liberdade, não seja a liberdade em si.
Às vezes me pergunto se valeram a pena os anos de estudo que tive até então, ou se valerão os que ainda tenho pela frente, pois até o momento não descobri se foram anos ganhos ou perdidos. Mas, para quê pensar nisso agora? Sou jovem ainda! Tenho muitas páginas em branco e muitas perguntas a serem respondidas ao longo da minha vida, porém, acho que o que já vivi até agora foi suficiente para descobrir o quanto a vida é bonita e o quanto a liberdade é necessária para que tenhamos opinião própria...
Bem, eu que no começo desta redação estava apenas “enrolando”, até que deslanchei e pude expressar minha opinião a respeito da liberdade, e de maneira convincente, espero.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

UM DEDO DE PROSA

REPRISE DE UMA CATÁSTROFE ANUNCIADA

Mais uma vez as cenas se repetem: janeiro chega trazendo com ele as catástrofes naturais, que por sua vez trazem mortes e destruição.
Inúmeras são as cidades do Rio, São Paulo e Minas Gerais submersas pelas águas da chuva. Algumas, inclusive, submersas num intenso mar de lamas (literalmente falando) provocado pelos deslizamentos de morros e encostas. Já foram registradas mais de 500 mortes (só no estado do Rio de Janeiro!) e milhares de desabrigados. O pior de tudo é que os sobreviventes dessas constantes tragédias não têm para onde irem, e quando o tempo dá uma trégua, eles voltam para suas casas (ou para o que restou delas).
Quando chega essa época do ano, procuro não assistir aos noticiários, pois, como já afirmei em outras ocasiões, sou chorão e não suporte mais ver cenas tão trágicas e comoventes, principalmente quando os envolvidos nessas tragédias são crianças e velhos indefesos. Prefiro exilar-me na leitura de um bom livro, mas o inevitável sempre acontece: vez ou outra assisto a algumas dessas cenas; e quando isso acontece, inundo-me com as lágrimas que não fazem cerimônia de escorrerem rosto abaixo. E, por incrível que pareça, após assistir à luta solidária da população para salvar vidas e, se possível, alguns bens materiais, saio da frente da TV fortalecido pela coragem e determinação daqueles que ficaram com apenas a roupa do corpo. E é por essas e outras que amo o meu país, que admiro o meu povo, que sou fã dessa gente que não se cansa de lutar pela sua vida e pela do seu próximo...
Que Deus seja louvado!
MEUS VERSOS LÍRICOS

INSENSATO CORAÇÃO
(Joésio Menezes)

Sem passado, presente ou futuro,
O meu insensato coração,
Tal qual um míope no escuro,
Não consegue seguir na direção

Que o leve a um porto seguro
Em que não haja a vil solidão.
E isso deixa-o mais inseguro
Quando o assunto é a paixão!

Mas esse meu insano peito
Não se emenda, não toma jeito,
Por isso sofre tanto assim!...

E perdido nessa insensatez,
Meu coração – vejam vocês! –
Parece estar bem perto do seu fim.


BAILANDO CON LA TRISTEZA
(Joésio Menezes)

Solo, sentado en mi habitación
Miro por la ventana cerrada,
Veo el imagen de mi amada
Y lloro, oyendo nuestra canción.

En mi pecho, un gran dolor
Hace de mi un hombre solitario
Que sigue triste su calvario
En busca de su verdadero amor...

Mis ojos, por la ventana mirando,
Ven la tristeza llegando
Y empiezan, enamorados, a llorar.

Y al compás de aquella melodía
Mi corazón, lleno de agonía,
Se queda, melancólico, a bailar.
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA

O APELO SÔFREGO DO TEU CORPO
(Rachel Alves, KeKa)

Trêmula com meu corpo nu,
Sinto o apelo sôfrego
Do teu corpo ardente...
O desejo toma conta do seu ser!
Tempestade de volúpias
A te enlouquecer...
Sua boca quente,
Sua vontade ardente a crepitar...
E no limiar da excitação,
Nossos corpos se unem
Como ímãs
Num frenesi desenfreado.
E ávidos de amor
Nos entregamos sem pudores.
Somos fornalhas a incendiar,
E arfantes nos amamos
Sem parar!!!


DEDICATÓRIA
(J.G. de Araújo Jorge)

Este meu livro é todo teu, repara
que ele traduz em sua humilde glória
verso por verso, a estranha trajetória
desta nossa afeição ciumenta e rara!

Beijos! Saudades! Sonhos! Nem notara
tanta cousa afinal na nossa história...
E este verso – é a feliz dedicatória...
onde a minha alma inteira se declara...

Abre este livro... E encontrarás então
teu coração, de amor, rindo e cantando,
cantando e rindo com o meu coração...

E se o leres mais alto, quando a sós,
é como se estivesses me escutando
falar de amor com a tua própria voz!
CRÔNICA DA SEMANA

A FLOR SE FARÁ FLOR E GENTE...
(Jacinta Dantas)

Um assombro cataclismático, invade e estressa, congestionando os poros, contaminando de impurezas o sangue, o sangue estremecido entre o desencanto e a frustração, o sangue desorientado. Gente que vai... gente que vem... superlotando lojas-supermercados-shoppings-restaurantes-ruas-ônibus-buzinas, e o Ser se consumindo num consumismo finalizador, como se tudo acabasse num dia, à meia noite, convencionado como último dia de um ano. Na busca desenfreada, o Ser se desdobra em Despedidas do velho numa tentativa desesperada de manter-se sempre novo, apesar da comilança e da bebedeira permissivas em data final. Alheio às trapalhadas humanas, o tempo segue seu curso, e, no tempo que se encerra, assim como no começo, mais chuva toma conta da avenida e tudo se confunde...e pessoas perdem o pouco que têm e o pensamento remete-se ao ano de 2010 que começa abençoado pela tríade da Paz, do entendimento e da tranqüilidade. Mas a dicotomia da doidice faz desmoronar os projetos, transformando os sonhos em lamento, lama, lágrimas e água, muita água nos lugares encantados ou sem encanto, onde há seres festejando e seres entalados nos morros ocupados por insensatez. ANGRA! O ano termina e eu insisto em relembrar: BUMBA! Penso que, se não esqueço incorro no risco de ter atitude de mudança. Rememorando e não entregando os fatos à fatalidade, ouso pensar que posso escutar a natureza nos momentos em que deságua toda sua força. Qual é a escolha? Para onde ir? Crateras lesionam o fluxo do bem viver em descasos acumulados ao longo do trajeto. Segue o corpo – perdido segue – segue em descompasso cardial suplicando energia e paciência para retomar. E mais uma vez, com todas as avalanches, sinto que é preciso repetir o ritual, apesar das perdas. O coração pede para subir e agradecer, então subo. No alto, com a respiração ritmada, o corpo encharcado recebendo, dos cabelos, os últimos pingos, recompõe-se e, aos poucos, vai se acalmando e percebendo que na sagrada montanha, protegida por frondosas árvores em todo o seu entorno, o espaço é propício à contemplação. Sigo, procurando o melhor espaço e vejo o perfume no olhar radiante que me socorre. Na rocha molhada, percebo-me aliviando os medos contidos em assoreamentos subterrâneos. Então, admiro seu jeito livre que me devolve a intensidade da luz: uma gostosa troca que me faz reverenciar a vida pelo pulsar que aproxima as várias formas do viver. Elevo-me para o infinito, escuto-me...escuto-me...escuto-me...confidenciando meu desejo de esperança, sabedoria, justiça e o equilíbrio necessário na ocupação dos espaços para que outras tragédias sejam evitadas. Volto meu olhar e mais uma vez contemplo a flor amarela, com suas grandes folhas, esparramada sobre a rocha. E ela, generosa, acolhe-me com alegria e, em harmonia com o lugar que ocupa no mundo, toca em seus sinos a canção do amor fraternal na ternura do amarelo desabrochando em sorrisos, mostrando-me que eu sou o Ser que também é pingo de chuva, o Ser que também é rocha...que também é flor. Misturando-nos, sinto o pulsar da Alamanda proclamando com sua beleza que a tempestade vai passar; proclamando com sua simplicidade que o dia termina e sempre haverá o Amanhecer – amanheceremos em 2011 – conscientes de que juntos somos um no Universo, e, sendo um, precisamos nos cuidar, harmonizando-nos e reverenciando as 04 estações, os 04 elementos, as 04 fases da lua, 0s 04 pontos cardiais...e, respeitando-nos, a flor se fará Flor e gente será o Ser que se faz no caminho, tornando-se gente à imagem e semelhança de Deus.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

UM DEDO DE PROSA

ENQUANTO ISSO, DURANTE AS FÉRIAS...

As tão esperadas FÉRIAS chegaram, e cá estou eu: em casa, curtindo o período chuvoso enquanto aguardo o dia da minha cirurgia (marcada para segunda-feira, dia 10/01). Não era bem o que eu queria, mas se há a necessidade de se passar por essa situação, então que seja logo!... Que a angústia da espera seja breve e corra tudo bem durante o procedimento cirúrgico e, principalmente, que os ANJOS DE DEUS monitorem os médicos responsáveis pela operação.
Viagem? Essa eu farei através das poesias que lerei e escreverei, por meio dos filmes a que assistirei e dos CDs que ouvirei durante o período em que estiver me recuperando da cirurgia, tudo isso ao lado da minha FIEL ESCUDEIRA, Benedita, há vinte e sete anos guardiã das chaves do meu coração e administradora da minha pacata vida, que sem a sua companhia e o seu amor não teria razão para existir.
Pobre ESCUDEIRA!... Nem mesmo nas férias ela tem direito ao lazer tampouco a alguns dias de descanso!... À espera de um passeio pelo litoral brasileiro, o que ela recebe de brinde? Um presente de grego, ou seja, um impaciente paciente para cuidar durante as FÉRIAS, as quais seriam bem melhores se ainda estivessem distante!
MEUS VERSOS LÍRICOS

ROMANCE CIBERNÉTICO
(Joésio Menezes)

Deixe logo de rodeios,
E me mande por e-mail
Um sorriso, por favor!...
Me adicione no seu orkut
Que lhe trago do azimute
Um terabyte do meu amor.

E pela sua homepage
Eu peço que me beije
E me deixe on-line,
Pois farei um download
Do meu amor on-board,
No seu coração off-line.

E nessa onda cibernética,
Nossa paixão magnética
Na web vai “bombar”.
E antes que a internet
Nos remova, nos delete,
Devemos nos conectar.


MINHA LUCIDEZ
(Joésio Menezes)

Não sou único,
Nem mediúnico,
Nem médico.
Não sou mágico,
Nem trágico,
Nem enciclopédico.

Não sou clássico,
Nem jurássico,
Nem frenético.
Não sou prático,
Nem fanático,
Mas sou ético.

Sou onírico,
Sou lírico,
Sou lúdico.
Sou pávido,
Sou ávido
Sou lúcido...
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA

POEMA ABANDONADO
(Julio César Costa)

Um poema abandonado
Numa página qualquer
Nunca d´ antes então lembrado
Como um velho bem-me-quer

Um poema enclausurado
Em sua linha diacrônica
Tanto tempo ali parado
Sua cegueira já é crônica

Rasgue o lacre, grite o verso
Que o poema transcendeu
Esse sonho é tão perverso,

Foi você quem concebeu
Malfadado beijo inverso,
O poema aconteceu.


SONETO DA SAUDADE
(Guimarães Rosa)

Quando sentires a saudade retroar
Fecha os teus olhos e verás o meu sorriso.
E ternamente te direi a sussurrar:
O nosso amor a cada instante está mais vivo!

Quem sabe ainda vibrará em teus ouvidos
Uma voz macia a recitar muitos poemas...
E a te expressar que este amor em nós ungindo
Suportará toda distância sem problemas...

Quiçá, teus lábios sentirão um beijo leve
Como uma pluma a flutuar por sobre a neve,
Como uma gota de orvalho indo ao chão.

Lembrar-te-ás toda ternura que expressamos,
Sempre que juntos, a emoção que partilhamos...
Nem a distância apaga a chama da paixão.
CRÔNICA DA SEMANA

À LUZ DE VELA
(por Mônica, cronicasurbanas.wordpress.com)

Vivi boa parte da minha vida numa parte da cidade onde não havia edifícios. Todo mundo morava em casas espaçosas construídas em terrenos enormes, jardins bem cuidados e quintais com árvores e muito espaço pra meninada brincar.
Minha rua era de calçamento de pedra, ladeada por flamboyants que na primavera cobriam tudo de vermelho, laranja e verde. À noite tinha aquele cheirinho inconfundível do pé de dama-da-noite que ficava do lado do portão. A gente ouvia sapos e corujas, de manhã cedo tinha bem-te-vi cantando bem embaixo da janela. Era uma delícia. Problema mesmo, só quando chovia. Aliás, nem precisava chover, era só ameaçar e pronto, a luz ia embora.
O estoque de velas, fósforos e lanternas da nossa casa era respeitável e aos primeiros sinais de uma possível tempestade (um vento mais forte ou trovões, mesmo que bem longe) todo mundo já se colocava a postos. Quando o céu desabava pesado, ventania nos galhos das árvores, o cheiro de terra molhada, era uma questão de tempo pra ficarmos sem luz. Não que me importasse muito, sobretudo se fosse à noite. Eu adorava ficar vendo o quintal e a lagoa através do clarão dos relâmpagos. A gente sentava na mesa da sala de jantar e ia bater papo, ou então meu irmão pegava o violão e começava a tocar. Algumas (raras) vezes a luz voltava logo, mas o mais comum era irmos pra cama levando velas para o quarto.
Ainda hoje gosto de ver as tempestades quando estou quietinha e quentinha em casa, elas me trazem imagens e sensações da infância. E, mesmo morando hoje numa região onde esse problema não existe, continuo mantendo velas e fósforos sempre à mão…