quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

UM DEDO DE PROSA

NAS ASAS DA IMAGINAÇÃO

Dias atrás chegou às minhas mãos um pedaço de papel com a frase “faz o que quiseres comigo”.
A frase não trazia a assinatura do(a) autor(a), mas era muito sugestiva. Aquelas cinco palavrinhas levaram-me a imaginar coisas, muitas das quais lhes peço desculpas por não poder dizê-las aqui.
Inicialmente, pensei em procurar quem as escreveu; depois, em amassar o papel e jogá-lo no lixo; em guardar o bilhete numa gaveta qualquer ou no meio de um livro; em fazer um pássaro, um aviãozinho, um barquinho de papel... ou simplesmente ignorá-lo. Pensei, inclusive, em usá-lo no banheiro!...
“Mas em que isso mudaria a minha vida?” – perguntava-me eu no auge da minha curiosidade tipicamente humana - “Certamente, em nada!” – respondi-me.
E novamente li, reli e “re-reli” a frase - FAZ O QUE QUISERES COMIGO – e limitei-me a imaginar que aquele era tão somente o desejo de um simples pedaço de papel, e não de uma pessoa desejosa de outra. Com base nisso, sentei-me diante do computador, pus a cabeça para pensar (geralmente, ela não pensa) e escrevi um pequeno texto cuja estrutura assemelha-se à de uma crônica.
O que fiz com aquele pedaço de papel?!
Soltei-o ao vento para que outra pessoa também pudesse ter o direito de viajar nas asas da sua imaginação.
MEUS VERSOS LÍRICOS

VIAGEM PELO BRASIL-CANÇÃO
(Joésio Menezes)

Pela longa “estrada da vida”
Fiz “romaria” e “procissão”,
Conheci a “tristeza do jeca”,
Plantei “flores” no sertão;
“Estrelas” cadentes encontrei,
O “sonho de Ícaro” realizei,
Perdi o “medo de avião”.

Joguei fora a “saudade”,
De “chalana” naveguei,
Bebi as “águas de março”
Nas “fantasias” que criei.
E numa “loucura sem fim”
Beijei os “lábios de carmim”
Das “mulheres” que amei.

Pisei “chão de estrelas”,
Viajei no “trem das cores”,
“Abri a porta” do “cotidiano”
Ao “delírio” sem pudores.
E na “Terra Prometida”,
Aos que têm boa “vida”
Contei “mentiras” aos horrores!...

Vi um “bem-te-vi” solitário
Cantando o “amor à natureza”,
Um “sabiá” apaixonado
Maldizendo sua “tristeza”;
E “borboletas” coloridas
Galanteando a “Margarida”
Sob a sombra da “nobreza”.

Encontrei um “andarilho”
“Sentado à beira do caminho”
Que leva à “fonte da saudade”,
E ali sentado, “sozinho”,
Tocava no seu “violão”
“Aquela velha canção”:
“O mundo é um moinho”.

E nessa longa “caminhada”
De “saudades” quase morri
Das “meninas do Brasil”
Que “há tempos” conheci.
“Elas” vivem no meu peito
E nem mesmo “eu sei” direito
“Quando” foi que as vi...

Evito sempre os “caminhos”
Que me levem à “perdição”,
Por isso vou “tocando em frente”,
Como diz ”uma certa canção”.
Mas no “forró de pé de serra”
Deixo sempre “o cio da terra”
“Seduzir” meu “coração”.

E bem “à sua maneira”,
“O destino” traiçoeiro
Me levou ao “desatino”,
Fez de mim um “prisioneiro”.
E desse “cárcere” bendito,
Que sufoca o “meu grito”,
Sou apenas “o passageiro”.

Mas “teimoso” que sou,
Botei pé “na estrada” da vida
Em “busca” das muitas canções
Consideradas “pétalas esquecidas”
Cuja “rosa” de nome MPB
“Ainda” não entendeu o porquê
De estarem “todas elas” perdidas.

E nessa “viagem” que fiz
Pelo nosso “Brasil” canção
Encontrei “relíquias de amor”
Que trazem “luz” ao coração
Daqueles “eternos namorados”
Que se mostram “apaixonados”,
Mas não sabem o que é “paixão”.
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA

A RIQUEZA DO HOMEM
(Manoel de Barros)

A maior riqueza do homem
é a sua incompletude.
Nesse ponto sou abastado.
Palavras que me aceitam como sou,
eu não aceito.

Não aguento ser apenas um sujeito
que abre portas,
que puxa válvulas, que olha o relógio,
que compra pão às 6 horas da tarde,
que vai lá fora, que aponta lápis,
que vê a uva etc. etc.

Perdoai!
Mas eu preciso ser Outros.
Eu penso renovar o homem
usando borboletas.


SINA
(de Vivaldo Bernardes ao poeta Joésio Menezes)

Conforma-te, poeta, o verso não te cansa.
Inútil teu trabalho e futres tuas dores,
a quem não te compreende, a quem não te alcança,
a quem não vive a vida e nunca teve amores.

Mas tu que vais buscar o universo inteiro,
escuta o coração que pulsa em descompasso,
fazendo-te sofrer eterno cativeiro,
e escreve mais mil versos, um a cada passo.

Terás, assim, cumprido a sina que te cabe,
abrindo a tua alma em plena ebulição,
valendo nada a vez de quem disso não sabe.

A tinta que foi gasta ao fazeres o verso,
é sangue que circula e vem até à mão,
passando ao papel inteiro o Universo.
CRÔNICA DA SEMANA

CHEGOU O VERÃO!
(Luís Fernando Veríssimo)

Verão também é sinônimo de pouca roupa e muito chifre, pouca cintura e muita gordura, pouco trabalho e muita micose.
Verão é picolé de Ki-suco no palito reciclado, é milho cozido na água da torneira, é coco verde aberto pra comer a gosminha branca.
Verão é prisão de ventre de uma semana e pé inchado que não entra no tênis.
Mas o principal ponto do verão é.... A praia!
Ah, como é bela a praia.
Os cachorros fazem cocô e as crianças pegam pra fazer coleção; os casais jogam frescobol e acertam a bolinha na cabeça das veias; os jovens de jet ski atropelam os surfistas, que por sua vez miram a prancha pra abrir a cabeça dos banhistas.
O melhor programa pra quem vai à praia é chegar bem cedo, antes do sorveteiro, quando o sol ainda está fraco e as famílias estão chegando.
Muito bonito ver aquelas pessoas carregando vinte cadeiras, três geladeiras de isopor, cinco guarda-sóis, raquete, frango, farofa, toalha, bola, balde, chapéu e prancha, acreditando que estão de férias.
Em menos de cinquenta minutos, todos já estão instalados, besuntados e prontos pra enterrar a avó na areia.
E as crianças? Ah, que gracinhas! Os bebês chorando de desidratação, as crianças pequenas se socando por uma conchinha do mar, os adolescentes ouvindo walkman enquanto dormem.
As mulheres também têm muita diversão na praia, como buscar o filho afogado e caminhar vinte quilômetros pra encontrar o outro pé do chinelo. Já os homens ficam com as tarefas mais chatas, como furar a areia pra fincar o cabo do guarda-sol.
É mais fácil achar petróleo do que conseguir fazer o guarda-sol ficar em pé. Mas tudo isso não conta, diante da alegria, da felicidade, da maravilha que é entrar no mar!...
Aquela água tão cristalina, que dá pra ver os cardumes de latinha de cerveja no fundo. Aquela sensação de boiar na salmoura como um pepino em conserva.
Depois de um belo banho de mar, com o rego cheio de sal e a periquita cheia de areia, vem àquela vontade de fritar na chapa.
A gente abre a esteira velha, com o cheiro de velório de bode, bota o chapéu, os óculos escuros e puxa um ronco bacaninha. Isso é paz, isso é amor, isso é o absurdo do calor!
Mas, claro, tudo tem seu lado bom. E à noite o sol vai embora. Todo mundo volta pra casa tostado e vermelho como mortadela, toma banho e deixa o sabonete cheio de areia pro próximo.
O shampoo acaba e a gente acaba lavando a cabeça com qualquer coisa, desde creme de barbear até desinfetante de privada.
As toalhas, com aquele cheirinho de mofo que só a casa da praia oferece.
Aí, uma bela macarronada pra entupir o bucho e uma dormidinha na rede pra adquirir um bom torcicolo e ralar as costas queimadas.
O dia termina com uma boa rodada de tranca e uma briga em família. Todo mundo vai dormir bêbado e emburrado, babando na fronha e torcendo pra que, na manhã seguinte, faça aquele sol e todo mundo possa se encontrar no mesmo inferno tropical...

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

UM DEDO DE PROSA

SOBRE O CARNAVAL

Aproxima-se o Carnaval, uma das festas mais animadas e representativas do mundo.
O carnaval tem sua origem no entrudo português, onde, no passado, as pessoas jogavam uma nas outras, água, ovos e farinha. O entrudo acontecia num período anterior à quaresma e, portanto, tinha um significado ligado à liberdade. Este sentido permanece até os dias de hoje.
Segundo os historiadores, o entrudo chegou ao Brasil por volta do século XVII e foi influenciado pelas festas carnavalescas que aconteciam na Europa. Em países como Itália e França, o carnaval ocorria em formas de desfiles urbanos, onde os carnavalescos usavam máscaras e fantasias. Personagens como a Colombina, o Pierrô e o Rei Momo também foram incorporados ao carnaval brasileiro, embora sejam de origem europeia.
No Brasil, no final do século XIX, começam a aparecer os primeiros blocos carnavalescos, cordões e os famosos "corsos". Estes últimos tornaram-se mais populares no começo dos séculos XX. As pessoas se fantasiavam, decoravam seus carros e, em grupos, desfilavam pelas ruas das cidades. Está ai a origem dos carros alegóricos, típicos das escolas de samba atuais.
No século XX, o carnaval foi crescendo e tornando-se cada vez mais uma festa popular. Esse crescimento ocorreu com a ajuda das marchinhas carnavalescas. As músicas deixavam o carnaval cada vez mais animado.
A primeira escola de samba surgiu no Rio de Janeiro e chamava-se Deixa Falar. Foi criada pelo sambista carioca chamado Ismael Silva. Anos mais tarde a Deixa Falar transformou-se na escola de samba Estácio de Sá. A partir dai o carnaval de rua começa a ganhar um novo formato. Começam a surgir novas escolas de samba no Rio de Janeiro e em São Paulo. Organizadas em Ligas de Escolas de Samba, surgem os primeiros campeonatos para verificar qual escola de samba era mais bonita e animada. E entre um surgimento e outro, começam a desaparecer as roupas dos foliões.
Mas apesar da história, da tradição e da beleza do Carnaval, prefiro recolher-me ao meu “retiro espiritual” e lá ficar conversando com a minha consciência. E nos intervalos dessa conversa introspectiva, aproveito para ler ou escrever alguma coisa.

MEUS VERSOS LÍRICOS


DILEMA
(Joésio Menezes)

Desculpe-me o dilema, caro leitor,
Mas na vida do homem isso é comum.
Não sei se quero ser mais um
A trocar o ócio pelo labor.

Não sei se prefiro o frio ao calor,
Não sei se como caviar ou jerimum,
Não sei se muito dinheiro ou nenhum,
Não sei se “transo” ou se faço amor.

Não sei se a vida é mesmo minha
Ou se a dúvida que me definha
É abstrata ou é concreta.

Não sei se jogo na loteria...
Não sei se me caso algum dia
Ou se compro uma bicicleta.


PEDIDOS EM VÃO
(Joésio Menezes)

Peço-te um abraço e foges de mim,
Peço-te um beijo e me dizes não,
Dou-te todas as flores do meu jardim
E ganho apenas um aperto de mão.

E quando tento decretar um fim
Às angústias do meu coração,
Tu apareces e feito um estopim
Sinto queimar-me o fogo da paixão.

Tento apagar esse fogo ardente
Que aniquila o meu peito imprudente
E faz de mim um ser incapaz...

Quando o fogo está quase apagado
E o meu peito aparentemente curado,
Peço-te que não me deixes mais.
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA

LÁGRIMAS
(Vivaldo Bernardes de Almeida)

Escrevo-te, chorando, estes meus versos,
as marcas no papel logo as verás.
São lágrimas que caem dos olhos tersos;
são manchas que tu nunca apagarás.

Os pingos que tu vês no meu escrito
vêm da alma e os olhos me inundam
e caem quando eu os teus eu fito
e tremem quando os olhos se aprofundam.

Justos são os soluços que me abrasam
ao pensar nas palavras que disseste,
impondo condições que te comprazam.

Penso eu que o amor jamais se vende,
e não há um amante que conteste
depois do fogo que nele se acende.


MARINHA
(Vinícius de Morais)

Na praia de coisas brancas
Abrem-se às ondas cativas
Conchas brancas, coxas brancas
Águas-vivas.

Aos mergulhares do bando
Afloram perspectivas
Redondas, se aglutinando
Volitivas.

E as ondas de pontas roxas
Vão e vêm, verdes e esquivas
Vagabundas, como frouxas
Entre vivas!
CRÔNICA DA SEMANA

O TEMPO
(Tânia Melo)

A ampulheta deixava Maristene extasiada. Sua mãe chamava para o café, para o almoço, para as lições da escola e até para um sorvete daqueles que ela adorava, mas a menina só levantava quando toda a areia houvesse caído para o outro lado.
Ninguém entendia aquela mania. Mas, para ela era como um ritual. Uma reza, ou algo assim. Estranho comportamento para uma criança de apenas oito anos. E, olha, que já fazia quase um ano que Maristene repetia o ato. Que está fazendo? Anda logo. Deste jeito vai perder a hora da escola, reclamava a mãe.
Quando perguntavam o que era aquele objeto, ela sorria e não falava nada. Ah, deixa pra lá, isso é coisa de criança, dizia a tia. Afinal, ela não tem irmãos. Arrumou uma distração. É, mas isso já está passando dos limites. É sempre. Só quando está dormindo é que a dita cuja fica ali, parada, no criado mudo. Acordou, abriu os olhos, é a primeira coisa que pega e não larga mais, o dia inteiro.
Até nas férias, quando foi para a casa da avó, levou a ampulheta e ficava lá, esperando a areia cair, para depois atender a qualquer chamado. O pior de tudo é que veio de lá muito triste e só chorava. Mas o que aconteceu? Ninguém ficou sabendo. A avó garantiu que por lá correu tudo igualzinho, normal, sem nenhum problema. Esta menina é muito estranha.
A tia, muito amiga de Maristene, resolveu conversar com ela. Com todo o jeitinho entrou no seu quarto enquanto a menina lia um livro e olhava a ampulheta.Os olhos lá e cá. Minha filhinha, deste jeito você consegue entender a história que está lendo? Fica virando e revirando este vidrinho aí, cheio de areia. Não é vidrinho, tia. É o tempo. Ele está preso aqui dentro e eu não posso deixar que escape. Todo mundo fala que o tempo voa, que a vida passa depressa demais. Então, eu cuido muito para que ele fique sempre aqui, de um lado para outro, a fim de não fugir e levar as pessoas que eu amo pra longe de mim. Lá na vovó, fomos a um passeio e eu esqueci o tempo em casa. Que agonia! Meu peito parecia que ia explodir. Quando foi ali pelo meio da tarde, na volta, o carro quase saiu da estrada. A vovó passou mal de tão nervosa. O médico teve que atendê-la. Corri para o quarto e sacudi varias vezes o tempo, enquanto falava com ele, pedindo para que não fizesse isto comigo. Não levasse minha avó para longe de mim. Não sei se consegui alguma coisa, sabe, tia? Desde aquele dia, ela ficou diferente, parecendo tão cansada. Por isso eu vim embora tão triste. Agora, então, não descuido mais, de jeito nenhum.
Minha querida. Não é assim que as coisas acontecem. Esta areia aí dentro é para marcar o tempo. Ela leva um minuto para descer todinha. Quando você vira, lá se vai mais um minuto. O tempo não pára. Veja no relógio. Mesmo que você não vire o vidrinho, os minutos vão seguindo adiante, formando as horas, passando os dias, os meses e os anos. É igual para todo mundo.
Maristene virou de costas para a tia e não deu mais uma palavra. Seguiu na leitura e na virada da ampulheta. Como pode uma pessoa grande como a tia Vera, que sabe das coisas, dizer uma bobagem destas? Imagina! Se eu largar o tempo ele vai correr, correr e, logo, logo, vou ficar sozinha. A vovó irá embora. Mamãe e papai, também. Até mesmo a tia. Não vê que estou cuidando pra ela também ficar aqui, perto de nós?
Os dias foram passando, assim como os meses e já era, de novo, Natal. Maristene tinha o seu pedido de presente prontinho. Saiu correndo rumo ao portão para entregar sua carta ao carteiro. Ele se encarregaria de levá-la ao Papai-Noel, com certeza. Como esperou a areia passar todinha para o outro lado e só então sair à rua, o homem já estava bem longe, na calçada oposta. Na pressa, não olhou com cuidado, e atravessou. Uma freada brusca e um grito. Depois, foi só silêncio. A mãe e a vizinhança acudiram, desesperadas. Maristene estava caída no asfalto. O motorista não teve como evitar o acidente pois a menina surgiu de repente. Nada mais foi possível fazer. Quando a colocaram na ambulância, tinha numa das mãos a pequena ampulheta, em cacos. A areia já se perdera quase toda. O tempo fugiu das mãozinhas da menina que tanto cuidara para que isso não acontecesse. Na outra mão, a carta para o Papai-Noel. Pedia uma ampulheta bem grande, que demorasse muito mais para que a areia passasse por completo de um lado para outro. Ela tivera essa idéia imaginando que, assim, teria muito mais tempo e as pessoas que amava jamais iriam embora.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

UM DEDO DE PROSA

AMANTE: TER OU NÃO TER, EIS A QUESTÃO!

Dias atrás andei lendo uma crônica da amiga Jacinta Dantas intitulada É PRECISO QUE SE TENHA UM AMANTE.
Sim, "é preciso que se tenha um(a) amante", pois todos nós precisamos de um(a), mas não um(a) daqueles(as) que se leva para a cama a fim de trocar carícias e "fazer sexo". "É preciso que se tenha um(a) amante" para que com ele(a) possamos falar sobre o amor e compreender melhor o seu significado, pois amante não é somente aquele(a) que nos satisfaz na cama (seja numa relação extra-conjugal ou não), mas também quem nos ensina a acordar para a vida, fazendo-nos entender o porquê de sonharmos tanto acordado. Em suma, amante é todo aquele que AMA verdadeiramente, sabendo o que de fato está fazendo e tendo a consciência de que o seu amor está fazendo muito bem ao próximo... Amante é quem nos mostra como e porque devemos nos amar.
Olhando por esse ângulo e analisando a explicação filosófica dada pela autora num dos comentários sobre o seu texto - “a personagem vai falando do amante como Sentido de vida, como renovação de motivos para o Amor à vida, à existência do gostar de si e do outro...enfim, do prazer de viver” -, acredito sim: É PRECISO QUE SE TENHA UM(A) AMANTE, pois assim aprenderemos a AMAR e, principalmente, a dar mais valor às mínimas coisas que advêm do AMOR para o próprio bem do amor.
MEUS VERSOS LÍRICOS

BORBOLETA MENSAGEIRA
(Joésio Menezes)

Vai, linda borboleta, avia.
Vai...Diz a ela que estou sofrendo,
Que minha vida está vazia
E que aos poucos estou morrendo.

Diga-lhe que não posso mais
Suportar essa imensa dor
Devido a falta que ela faz,
E pela falta do seu amor.

Vai, borboleta, vai correndo,
Conte-lhe o que está acontecendo...
Quem sabe ela volta para mim?

Diga-lhe que ando angustiado,
Que preciso dela ao meu lado,
Por isso estou sofrendo assim


E ASSIM DEUS TE FEZ...
(Joésio Menezes)

Foi Deus quem assim te fez:
Mulher viril, guerreira, carinhosa,
Destemida, sensível, dengosa,
Cheia de brio, beleza e sensatez...

Alegre qual um jardim florido,
Perfumada qual uma singela rosa,
Das flores, a mais pura e formosa,
Dos seres, o mais belo e querido.

Foi Deus quem assim te criou:
Livre qual um pássaro que voou
Buscando sua liberdade de vez...

Forte qual o sentimento de amor,
Sensível qual a pétala de uma flor,
Frágil qual um vaso chinês.
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA

AMO-TE, MAS...
(Henrique Pedro)

Amo-te
Mais do que devo
E nada te devo
Nem a ti
Nem a ninguém,
Mas…
Ainda assim
Te digo
Que não gosto de ti!

Gostava sim
Que fosses diferente
Ou me fosses indiferente.
Gostava de te amar
E de ti gostar
Como és
E como tu queres,
Mas…
Não gosto de ti!

Dir-me-ás
Que não há mas
Nem meio mas,
Que é puro engano.
Ou te amo
E gosto de ti
Assim
Como és
Ou não te amo
E que só assim
Também te gosto,
Isto é,
Só assim tu gostas de mim.

Pois é,
Será!

Mas é esse o meu desgosto:
Saber que te amo,
Que não gosto de ti
E que assim
Não te gosto.
Por quê?
Sei lá!...

Ainda assim
Espero!

Amo-te.
Não gosto de ti,
Mas…
Ainda assim
Te quero!


BEIJO ETERNO
(Castro Alves)

Quero um beijo sem fim,
Que dure a vida inteira e aplaque o meu desejo!
Ferve-me o sangue.
Acalma-o com teu beijo,
Beija-me assim!
O ouvido fecha ao rumor
Do mundo, e beija-me, querida!
Vive só para mim, só para a minha vida,
Só para o meu amor!

Fora, repouse em paz
Dormindo em calmo sono a calma natureza,
Ou se debata, das tormentas presa,
Beija inda mais!
E, enquanto o brando calor
Sinto em meu peito de teu seio,
Nossas bocas febris se unam com o mesmo anseio,
Com o mesmo ardente amor!...

Diz tua boca: "Vem!"
Inda mais! diz a minha, a soluçar... Exclama
Todo o meu corpo que o teu corpo chama:
"Morde também!"
Ai! morde! que doce é a dor
Que me entra as carnes, e as tortura!
Beija mais! morde mais!
que eu morra de ventura,
Morto por teu amor!
CRÔNICA DA SEMANA

É PRECISO QUE SE TENHA UM AMANTE
(Jacinta Dantas)

Surpreendo-me ao ouvir sua afirmativa: _ É preciso que se tenha um amante. Como assimilar a idéia – ter um amante/fazer-se amante – no estágio de vida em que se busca segurança e intimidade nos braços de ação da amizade? Então, por que não dizer: é preciso que se faça amigo. Já vivi tantos amores, grandes amores (se é que se pode medir o tamanho do amor) e com os amores sofri e me alegrei. Vou falando, e falar não é fácil, e confundo-me – são amores – ou o amor é um na ação de amar a muitos? Dizem que sou muito sensível. É, dizem, talvez por isso eu não entenda a sua proposta. Um amante?
Desde criança venho escutando que sensibilidade parece não ser uma das qualidades exigidas em mundos competitivos. No cenário, pressuponho, permanecem os fortes, mas sentir... ah! Sinto sentindo como se os sentidos em mim tivessem um quê a mais de cheiro, de gosto, de cor, de toque, de barulho. Um quê a mais me colocando em alerta constante. E no alerta, a voz, repetidas vezes, a voz: sonhar é preciso. E sinto, mais uma vez: sonhar pode ser o caminho, prá mim e prá você. Mesmo distantes um do outro, o sonho nos aproxima, então, é preciso sonhar...sonhar, reinventando motivos e atualizando os sonhos para continuar fazendo o caminho. Sonhando, constato: “ a gente apreende e aprende a Ser”.
Mas, do que eu falava mesmo? Misturo-me aos sentimentos e me perco na fala. Ah! Lembrei-me: É preciso que se tenha um amante.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

UM DEDO DE PROSA

E O MEU SALÁRIO, Ó!...

Mal começou o ano e já somos obrigados a engolir o descaramento dos parlamentares que, nem assumiram direito, já tiveram os seus salários aumentados em mais de 60%, elevando-os para um pouco mais R$ 20.000,00 (vinte mil reais). E não bastasse isso, eles ainda têm direito a um 14º salário, equivalente ao salário que receberão mensalmente (benefício que trabalhador nenhum tem direito). E tem mais!... eles ainda receberão no final do ano um 15º salário, também no mesmo valor dos salários.
Mas o que mais revolta é saber que um parlamentar brasileiro custa ao país R$ 10.200.000,00 (dez milhões e duzentos mil) por ano... São os parlamentares mais caros do mundo. O minuto trabalhado aqui custa ao contribuinte R$11.545. Segundo informações, na Itália são gastos com parlamentares R$3,9 milhões; na França, pouco mais de R$2,8 milhões; na Espanha, cada parlamentar custa por ano R$850 mil e na vizinha Argentina, R$1,3 milhões.
Não é à toa que circula na internet a campanha TROQUE UM PARLAMENTAR POR 344 PROFESSORES, pois de acordo com um estudo que fizeram, um parlamentar custa ao país, por baixo, 344 docentes com curso superior.
Está explicado o porquê de muitos candidatos travarem um verdadeiro gládio por uma vaga no Senado e/ou nas Câmaras dos Deputados, Estaduais e Legislativa (essa última, do DF): quem não gostaria de receber 20 mil reais por mês (e mais algumas outras vantagens) para comparecer ao local do trabalho apenas três vezes por semana?
MEUS VERSOS LÍRICOS

EPITÁFIO A UM AMOR MORIBUNDO
(Joésio Menezes)

No meu peito uma lápide fria
Com os dizeres “Aqui jaz um amor”
Deixou triste a minha poesia,
Fez de mim um poeta sofredor,

Trouxe-me de vez a melancolia
E com ela o triste dissabor
De sentir o que já não mais sentia:
O aperto sufocante da dor.

Uma dor de grande intensidade
Que judia sem qualquer piedade
O meu velho coração-vagabundo

Que diante do epitáfio chora
Os mágicos momentos de outrora
Ao lado daquele amor moribundo.


EM SE TRATANDO DE POESIA...
(Joésio Menezes)

São muitos os ícones da poesia
E meus ídolos da palavra burilada.
Posso ainda afirmar, sem heresia,
Que são eles deuses da língua falada.

São eles, também, Mestres na arte
De cantar a vida, encantar o Universo,
De fazer das palavras um baluarte
Utilizando apenas sublimes versos.

De estilos e escolas bem diferentes,
Percebe-se que eles são excelentes
Autores de versos fenomenais.

Refiro-me a Neruda, a Vivaldo,
Cecília, Quintana, José Geraldo,
Gonçalves Dias e outros mais.
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA

TRISTE CORDEL DO SOLDADO QUE VOLTAVA DA GUERRA
(Orlando Paiva)

Um texto emocionante
Agora será versado,
Em Literatura de Cordel
O mesmo será narrado.
Vai contar a estória
De um jovem soldado.

Quando tinha 18 anos
Foi convocado pra lutar
Na Guerra do Vietnã
Não podia recusar,
Nos Estados Unidos foi
Obrigado a se alistar.

Depois do fim da guerra
Para Nova York voltou,
Só que uma decisão
Antes de chegar em casa tomou:
Parou em um orelhão
E para os pais ligou.

Seu pai ficou contente
Quando o ouviu falando,
Estava muito feliz
Por o filho estar voltando.
O rapaz no telefone
Foi logo exclamando:

- Estou voltando pra casa
Mas tenho algo a falar.
Conheci na guerra um amigo
Ele não tem onde ficar,
Por isso quero pedir
Para conosco ele morar.

O pai muito feliz
Concordou com prazer.
Disse que seria uma alegria
Esse rapaz conhecer,
Se era amigo de seu filho
Também seu iria ser.

Mas o filho disse ainda
Do outro lado do orelhão:
- Meu amigo está sofrendo
É triste sua situação
Ele perdeu um braço
E uma perna numa explosão.

Ao ouvir a narração
O pai ficou espantado,
Uma pessoa deficiente
Seria um fardo pesado
Por isso disse assim
Ao filho do outro lado:

- É triste a situação
Mas não podemos ajudar,
Só nos resta, filho,
Arranjar outro lugar
Para que esse soldado
Possa se hospedar.

Do outro lado da linha
O filho disse zangado:
- Não posso o abandonar
Ele está necessitado.
Sem perna e sem braço
Está debilitado!

- Você não tem noção!
Disse o pai nesse momento:
- Cuidar de um deficiente
Será grande tormento.
Já temos nossas vidas
Não nos cabe mais sofrimento!

- Volte para sua casa
Vamos viver nossa vida.
Deixe que esse rapaz
Encontre outra saída,
Ele morando aqui
Será uma grande ferida.

- Deixe que ele encontre
Outra forma de viver.
Não podemos ajudá-lo,
Isso posso lhe dizer,
Ele em nossa casa
Só nos fará sofrer.

Ao ouvir as palavras do pai
O filho triste ficou.
Uma lágrima do seu olho
Pelo rosto rolou.
Sem dizer mais nada
O telefone desligou.

Nunca pensou que o pai
Desta forma agiria.
Sentiu uma dor no peito
Uma grande agonia,
Naquele instante o rapaz
Encheu-se de melancolia.

Alguns dias depois
Deste fato acontecido,
Os pais receberam a noticia
De que ele havia morrido,
De cima de um prédio
O mesmo tinha caído.

Com aquela noticia
O pai ficou desesperado.
O policial disse ainda
Pra família do soldado
Que por algum motivo
Ele tinha se suicidado.

Os pais entraram em choque
Não dava pra acreditar.
Porque o filho se suicidou
Não conseguiam imaginar.
A dor era enorme
Não paravam de chorar.

Foram ao necrotério
Naquele mesmo momento.
Reconhecer o corpo do filho
Foi grande o sofrimento,
Estava estirado, morto
Pálido, sem movimento.

Ao verem ele deitado
Sentiram grande agonia,
Pois o casal descobriu
Algo que desconhecia,
Apenas um braço e uma perna
O filho deles possuía.

O mundo naquele instante
Sobre o pai desabou.
Tudo foi culpa sua
Ele então imaginou.
E o pedido do filho
Naquele momento lembrou.
CRÔNICA DA SEMANA

ESSE TEXTO É MEU!
(Clara Braga)

Que bom que somos cronistas preocupados em escrever bons textos e sempre assinamos com nossos próprios nomes. Aqui não se tem a intenção de escrever um texto e assinar no nome de outra pessoa só para ser lido. Que graça tem escrever o que se pensa com suas próprias palavras e assinar como outra pessoa só para que seu texto circule e muita gente leia?
O último que está rolando agora é um sobre o BBB, que o Luis Fernando Veríssimo já declarou não ser dele. Eu sou a pior pessoa para dizer quando um texto parece ou não ser de alguma pessoa, acredito sempre na assinatura. Santa inocência! Mas esse último é estranho, não se parece em momento algum com Veríssimo. Mas a verdade é essa, depois que a internet, e principalmente os blogs, viraram febre, é difícil ter controle sobre os "direitos autorais" dos textos de qualquer pessoa.
Não acho que no final das contas não se deve escrever para falar mal do BBB, vamos lá, vamos falar mal, vamos reconhecer que se aquelas pessoas que estão lá dentro são os heróis brasileiros eu prefiro voltar para a Austrália, que se esse é o tipo de programa que dá ibope, as pessoas deveriam arrumar coisas melhores para fazer da vida delas, mas vamos assumir que somos nós que não gostamos. Ou então escreva assumindo que gosta, qual o problema?
Eu bem que gostaria de ser Adriana Falcão por um dia, ou quem sabe uma Martha Medeiros, ou quem sabe uma Clarice Lispector (mas ai já teria que ser mensagem psicografada e ninguém ia acreditar em mim). Mas, no final das contas, o texto ainda seria meu e as pessoas iriam gostar apenas porque não gostar de uma Clarice Lispector não significa que o texto é ruim, significa que você não entendeu, então todo mundo gosta.
Eu prefiro ser Clara Braga mesmo, me permito escrever textos bons do meu jeito e também escrever textos ruins quando não estou inspirada, e as pessoas se permitem gostar ou não gostar.