quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

CRÔNICA DA SEMANA

É PRECISO QUE SE TENHA UM AMANTE
(Jacinta Dantas)

Surpreendo-me ao ouvir sua afirmativa: _ É preciso que se tenha um amante. Como assimilar a idéia – ter um amante/fazer-se amante – no estágio de vida em que se busca segurança e intimidade nos braços de ação da amizade? Então, por que não dizer: é preciso que se faça amigo. Já vivi tantos amores, grandes amores (se é que se pode medir o tamanho do amor) e com os amores sofri e me alegrei. Vou falando, e falar não é fácil, e confundo-me – são amores – ou o amor é um na ação de amar a muitos? Dizem que sou muito sensível. É, dizem, talvez por isso eu não entenda a sua proposta. Um amante?
Desde criança venho escutando que sensibilidade parece não ser uma das qualidades exigidas em mundos competitivos. No cenário, pressuponho, permanecem os fortes, mas sentir... ah! Sinto sentindo como se os sentidos em mim tivessem um quê a mais de cheiro, de gosto, de cor, de toque, de barulho. Um quê a mais me colocando em alerta constante. E no alerta, a voz, repetidas vezes, a voz: sonhar é preciso. E sinto, mais uma vez: sonhar pode ser o caminho, prá mim e prá você. Mesmo distantes um do outro, o sonho nos aproxima, então, é preciso sonhar...sonhar, reinventando motivos e atualizando os sonhos para continuar fazendo o caminho. Sonhando, constato: “ a gente apreende e aprende a Ser”.
Mas, do que eu falava mesmo? Misturo-me aos sentimentos e me perco na fala. Ah! Lembrei-me: É preciso que se tenha um amante.

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