quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA

AMO-TE, MAS...
(Henrique Pedro)

Amo-te
Mais do que devo
E nada te devo
Nem a ti
Nem a ninguém,
Mas…
Ainda assim
Te digo
Que não gosto de ti!

Gostava sim
Que fosses diferente
Ou me fosses indiferente.
Gostava de te amar
E de ti gostar
Como és
E como tu queres,
Mas…
Não gosto de ti!

Dir-me-ás
Que não há mas
Nem meio mas,
Que é puro engano.
Ou te amo
E gosto de ti
Assim
Como és
Ou não te amo
E que só assim
Também te gosto,
Isto é,
Só assim tu gostas de mim.

Pois é,
Será!

Mas é esse o meu desgosto:
Saber que te amo,
Que não gosto de ti
E que assim
Não te gosto.
Por quê?
Sei lá!...

Ainda assim
Espero!

Amo-te.
Não gosto de ti,
Mas…
Ainda assim
Te quero!


BEIJO ETERNO
(Castro Alves)

Quero um beijo sem fim,
Que dure a vida inteira e aplaque o meu desejo!
Ferve-me o sangue.
Acalma-o com teu beijo,
Beija-me assim!
O ouvido fecha ao rumor
Do mundo, e beija-me, querida!
Vive só para mim, só para a minha vida,
Só para o meu amor!

Fora, repouse em paz
Dormindo em calmo sono a calma natureza,
Ou se debata, das tormentas presa,
Beija inda mais!
E, enquanto o brando calor
Sinto em meu peito de teu seio,
Nossas bocas febris se unam com o mesmo anseio,
Com o mesmo ardente amor!...

Diz tua boca: "Vem!"
Inda mais! diz a minha, a soluçar... Exclama
Todo o meu corpo que o teu corpo chama:
"Morde também!"
Ai! morde! que doce é a dor
Que me entra as carnes, e as tortura!
Beija mais! morde mais!
que eu morra de ventura,
Morto por teu amor!

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