quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

UM DEDO DE PROSA


ENFIM, O NATAL!...
(com direito a panetones e tudo mais)

Ufa!... Finalmente chegamos a mais um FIM DE ANO!...
Não do jeito que queríamos: relembrando somente o que de bom nos aconteceu. Mesmo assim chegamos todos até aqui, vivos, sãos e salvos, principalmente da fúria da natureza que não economizou em catástrofes, e com toda razão, pois os homens há muito tempo vêm dando-lhe motivos para isso.
Mas, infelizmente, fomos obrigados a presenciar, também, o que de mais feio o homem pôde fazer no decorrer do ano: violência; corrupção; escândalos políticos, religiosos e sociais; falta de caráter; inescrupulosidade, mentiras; desrespeito à natureza, à vida, ao próximo e a si mesmo...
Porém, cá estamos nós mais uma vez, festejando o NATAL e preparando-nos para a entrada do NOVO ANO que se aproxima.
E cheios de esperanças, invocamos o nome de Deus para que Ele interceda por nós; para que Ele possa abrir os corações que há muito estão fechados para o amor, para a solidariedade e para o espírito fraterno.
Que Ele possa entrar no coração dos homens e lá faça Sua obra. Amém!...

Um FELIZ NATAL a todos e um 2010 REPLETO de realizações.
MEUS VERSOS LÍRICOS


CORDEL AO ESPÍRITO NATALINO
(Joésio Menezes)

“Eu pensei que todo mundo
Fosse filho de Papai Noel”
E que todos, quando morrêssemos,
Iríamos morar no Céu,
Mas como anda a humanidade
Sem o espírito de fraternidade
Será difícil esse laurel.

Será difícil, também,
Conseguirmos a Salvação,
Pois o homem, ambicioso,
Não tem Cristo no coração...
Não tem espírito de gente
Nem amor o suficiente
Para doar a um irmão.

Não tem ele discernimento
Do que é certo ou errado,
Tampouco conhece a história
Do Jesus crucificado
Que deu sua própria vida
Por essa gente desmerecida
Desse Seu nobre legado.

Imolado numa cruz
Ele morreu para nos salvar
Da ira do próprio homem
Que não se cansa de pensar
Que é um ser onisciente,
Soberano, onipotente
E incapaz de errar...

Mas inda resta a esperança
De que a humanidade
Possa abrir seu coração
E, com sobriedade,
Conheça a história de Jesus
Que, morto numa cruz,
Nos amou de verdade.

E essa tal esperança
Nos chega com o Natal,
Tempo de fraternidade,
Festa sem outra igual,
Pois nesse dia o Salvador,
Filho do Criador,
Nasceu livre de todo o mal,

Inclusive do pecado
Que consome o ser humano
Que o faz pensar somente
No poder sobre-humano
De dominar o mundo,
Sentimento oriundo
De um coração tirano.

Mas o espírito natalino
Renova as emoções,
Traz de volta o amor
Aos nossos corações;
Nos enche de alegria,
Nos alimenta a fantasia
De sermos os guardiões

Daquele amor infinito
Que Jesus de Nazaré
Demonstrou pelo homem
Tão necessitado de fé
E muito carente de amor,
Mas cheio de rancor
Tenho certeza que é.

Tenho certeza, ainda,
Que o homem sem Jesus
Não consegue enxergar
Sem o clarão da luz
Que ilumina o caminho
Dos que pensam estar sozinhos
Carregando sua cruz.
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA


UM CORDEL PARA O NATAL
(Érica Montenegro)

A festa já está nas ruas
Tem gente se preparando
Poucos lembram, é verdade
Quem está aniversariando
É Jesus, o Mestre, o Guia
Que no Natal vem chegando

Comprar roupa e Peru
Panetone e presente
Será mesmo que o Cristo
É lembrado ultimamente?
Cada loja a se arrumar
Só pensando no cliente

Basta só olhar à frente
Não sei bem o que dizer
Pois já penso que o Natal
Algo bem maior vem ser
Muitos já enfeitam as casas
Poucos sabem o porquê

Hoje me ponho a pensar
Em nosso mestre, Jesus
Na pobreza da lapinha
A sua morte lá na cruz
E após os dois mil anos
Ainda brilha sua luz

Tudo bem que no Natal
O importante é cultivar
A cultura natalina
É também presentear
E só mesmo nessa época
Uns se lembram de ajudar

Desejamos pra você
Um Natal de muita paz
Alegria e saúde
Pra poder correr atrás
De tudo que necessita
E que já não se tem mais

Que um lindo Ano Novo
Faça logo sua chegada
Trazendo-lhe muita força
Para a nova caminhada
E que o amor seja o ponto
De partida e de chegada.
CRÔNICA DA SEMANA


CRÔNICA DE NATAL
(Emilio Carlos Alves)

Quando chega o Natal todos se esmeram em dar presentes para os parentes, amigos, colegas de serviço, etc. Os mais abastados preparam a ceia com os produtos típicos da época que, devido à tradição são importados e, portanto, vendidos a preços proibitivos para a população em geral.
Não interessa! Até mesmo nos lares mais humildes, a presença do Natal é sentida e comemorada de forma especial, principalmente pelas crianças, que vêem na data uma oportunidade, talvez a única, de receber um brinquedo - usado que seja – mas que para elas representaria a realização de um sonho.
Ah! Voltar no tempo, voltar à infância. Dormir, ansioso para acordar no dia seguinte diante de um presente que nos foi deixado pelo Papai Noel. Se não foi possível, a frustração do momento, dará lugar à esperança do futuro (no ano que vem, o presente virá, pois este ano Papai Noel não deve ter tido tempo...).
Mas, e o Natal? O que é o Natal?
Alguns darão um enfoque capitalista, pragmático, no qual o Natal é um período do ano em que as pessoas gastam e consomem mais, adquirindo presentes e produtos alusivos à data. Há os chamados “festeiros” ou “arroz de festa” e, para eles, é mais um motivo para comemoração.
Há também os consumistas inveterados, chamados “compulsivos”, que aproveitam “as festas” para dar vazão a sua volúpia de compras, “atacando” o comércio “a prazo” e endividando-se para o resto do ano.
Segundo os dicionaristas, NATAL é um adjetivo que diz respeito ao dia do nascimento. É também um substantivo, dia em que se comemora o nascimento de CRISTO. É, sobretudo neste conceito que estamos interessados.
É que poucos comemoram, na verdade, o nascimento do Cristo, o nascimento de um Deus, ocorrido no meio do nada, num estábulo, perante a assistência de alguns animais.No entanto, um Rei, um Senhor, um Soberano, que veio ao mundo para anunciar o Reino dos Céus, inaugurando uma “Nova Era de Esperança para os homens de boa vontade”.
Faço votos que neste Natal tenhamos uma “festa de aniversário”; celebrando, cada um nós, dentro de nossas possibilidades, a Fraternidade, o Aniversário de Jesus, que é o verdadeiro e único motivo para a comemoração.
Finalmente, dentro do chamado “espírito de natal”, façamos uma festa solidária, convidando parentes, amigos e etc.
Ah! Uma recomendação importante se faz pertinente: Não esqueçamos de convidar o Aniversariante.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

UM DEDO DE PROSA


PRATO DO DIA: PIZZA A MODA DA CASA

Como já era previsto, nada de NOVO (ou diferente) na política brasileira, inclusive no que se refere ao seu desfecho final.
Com as denúncias feitas pela operação CAIXA DE PANDORA, da Polícia Federal, muitos foram os nomes envolvidos no esquema de corrupção no GDF; grande foi a repercussão no cenário nacional; maior ainda foi o número de “desculpas esfarrapadas” por parte do envolvidos, cujo “chefe da quadrilha” é o governador do DF, o “Comigo Ninguém Pode”, que, atolado até o pescoço no “mar de lama” que se tornou Brasília, convocou seus comparsas para um “almoço de negócios ilícitos”.
E qual teria sido o cardápio?
Estava mais do que óbvio!... De entrada foram servidas algumas fatias de panetone. A seguir veio o prato principal: a já tradicional PIZZA. E como nossos parlamentares são pessoas caridosas, a sobremesa foi servida aos eleitores que neles confiaram seu voto: uma BANANA coletiva.
Depois do almoço, seguiram todos para o “antro da corrupção” intitulado Câmara Legislativa e lá votaram pelo recesso parlamentar, antes, porém, aprovaram o orçamento de 2010, no qual foram incluídas todas as empresas citadas pela operação CAIXA DE PANDORA no esquema do MENSALÃO do DF.
Prevaleceu a "falta de vergonha" dos nossos políticos e mais uma vez a vontade popular foi ignorada.
MEUS VERSOS LÍRICOS


MÃOS
(Joésio Menezes)

As mãos que espancam
São as mesmas que acariciam,
As mesmas que abnegam,
As mesmas que reverenciam.
São as mesmas que matam
E também as que prendem,
São as mesmas que atacam,
As mesmas que defendem...

As mãos que recebem
São as mesmas que doam,
As mesmas que semeiam
E também abençoam...
As mãos que pedem
E oferecem um favor,
São as mesmas que lêem
E falam a linguagem do amor.


TEU FEITIÇO
(Joésio Menezes)

Descobri em ti o mais bondoso
E, ao mesmo tempo,
O mais perverso dos feitiços...

Bondoso porque me encanta,
Me extasia,
Me deslumbra...

Bondoso porque me enche de anseios,
De desejos, de gracejos,
De ilusões, de emoções,
De sonhos, de fantasias...

Perverso porque
Quanto mais tento desvencilhar-me,
Mais preso a ele me sinto.

Perverso porque
Quanto mais tento te esquecer,
Mais apegado estou a ti.

Perverso porque
Quanto mais tento sorrir,
Mais encho os olhos de lágrimas.

Perverso porque quanto mais sinto
Que não sei viver sem ti,
Mais te distancias de mim.

Perverso porque seu efeito é irreversível,
O que torna minha vida passível
Desse feitiço gostoso, porém ruim.
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA



QUESTÃO DE PONTUAÇÃO
(João Cabral de Melo Neto)


Todo mundo aceita que ao homem
cabe pontuar a própria vida:
que viva em ponto de exclamação
(dizem: tem alma dionisíaca);


viva em ponto de interrogação
(foi filosofia, ora é poesia);
viva equilibrando-se entre vírgulas
e sem pontuação (na política):

o homem só não aceita do homem
que use a só pontuação fatal:
que use, na frase que ele vive
o inevitável ponto final.


CANÇÃO DO AMOR IMPREVISTO
(Mario Quintana)

Eu sou um homem fechado.
O mundo me tornou egoísta e mau.
E a minha poesia é um vício triste,
Desesperado e solitário
Que eu faço tudo por abafar.

Mas tu apareceste com a tua boca fresca de madrugada,
Com o teu passo leve,
Com esses teus cabelos...

E o homem taciturno ficou imóvel, sem compreender
nada, numa alegria atônita...

A súbita, a dolorosa alegria de um espantalho inútil
Aonde viessem pousar os passarinhos.
CRÔNICA DA SEMANA


AINDA QUE OS SONHOS PASSEM DO PONTO...
(Pedro Brasil Jr.)

Dentre os doze meses do ano, setembro é um dos que mais aprecio, porque ele demarca a chegada da Primavera, por sinal, uma das estações mais belas. É a época em que a vida se renova feita borboleta que sai do casulo e, além disso, as árvores ganham nova roupagem verdejante e, muitas delas, apetrechos multicores nas mais variadas formas florais.
A cada ano sempre fico atento para esta época maravilhosa e, justo agora, quando setembro adentrou pelo calendário, me pego atarefadíssimo em minhas atividades profissionais, e nestes últimos quinze dias, sinceramente, não tive como chegar até aqui para registrar as curiosidades, as piadas, as mensagens, os lançamentos de livros, as peças de teatro e tantas outras coisas com as quais a gente interage a cada mês que se esvai.Dentro do que for possível, prometo não dar um espaço tão grande, no entanto, saibam, a todos que interessar que meu dia começou às nove da manhã desta segunda-feira, dia 14 e já estou a uma da manhã deste dia 15, aqui, em frente ao computador traçando estas linhas num esforço que me divide entre o teclado e a cama, que me espera logo ali.
Bem; os sonhos podem esperar um cadinho mais e ainda que porventura “passem do ponto”, tenho absoluta certeza de que vão continuar bem doces, como deve ser um bom sonho, bem recheado de maravilhas que encantem a alma por onde ela achar que deve ir dar sua voltinha de praxe. Já aqui, diante dessa maravilha tecnológica que é o computador, um esforço a mais sempre valerá a pena, até porque, logo mais um novo dia vai raiar e lá vamos nós, para nossas jornadas de trabalho sem que se possa permitir o descuido de não admirar de verdade a fantástica dádiva de estar vivo e poder usufruir das maravilhas que o mundo oferece.
Sei que todos temos nossos problemas, mas eles; devem fazer fila e a gente vai resolvendo um de cada vez afinal, o dia tem 24 longas horas e ainda que a gente fique sem tempo para muitas coisas, não se pode deixar passar a chance de dedicar alguns minutos para abraçar quem se ama ou então, dar uma ligadinha só para desejar aquele fantástico “bom dia!”.
Setembro está ai e daqui a pouco, é Primavera no ar uma vez mais e que esta estação contagiante possa preencher a alma e o coração de cada um de vocês com a sua inimitável magia de nos mostrar o quanto a vida é bela, o quanto viver faz bem à própria existência.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

UM DEDO DE PROSA


2009: O ANO DA MINHA REDENÇÃO

Fazendo uma análise da minha vida de “escritor”, 2009 foi o ano.
Em agosto próximo passado (mês do aniversário de Planaltina) recebi uma belíssima homenagem no desfile da cidade. Em setembro fui agraciado com a primeira colocação no “Concurso Literário 200 anos de Louis Braille”.
E as boas novas não pararam por aí não!...
Em julho inscrevi três textos no “Concurso Literário Internacional Cidade de Conselheiro Lafayete”, em Minas Gerais, promovido pela Academia de Ciências e Letras daquela cidade (ACLCF). E eis que agora me chega a boa notícia: dois dos três textos inscritos ficaram em 3º lugar, nas categorias CONTOS e POESIA.
Para muitos, o terceiro lugar talvez não tenha importância alguma, porém para mim significa muito, principalmente em se tratando de um concurso internacional, pois é a prova de que estou no caminho certo; de que meus textos, apesar de não agradarem a “gregos e troianos”, estão sendo reconhecidos, e não somente por parentes e amigos, mas também pelo público fora do meu convívio diário.
Tudo isso que me reservou o ano de 2009 é um estímulo a mais para eu continuar escrevendo e, se possível, publicando meus textos, ainda que sejam eles rejeitados por alguns “exigentes” leitores, os quais quase me levaram a desistir do ofício. Mas como os MENEZES tobienses são persistentes (para não dizer TEIMOSOS), não desisti e aqui estou eu “sorrindo para as paredes” com o bom êxito dos meus escritos.
MEUS VERSOS LÍRICOS


E POR FALAR EM FLORES...
(Joésio Menezes)

“Prá não dizer que não falei das flores”,
Hoje meus versos serão para ti:
És um encanto, cheia de pudores,
Dos jardins a mais bela que já vi.

És dotada de invejáveis primores,
Perfeita assim eu jamais conheci...
Teu sorriso e teu olhar sedutores
Excitam o pequeno colibri.

Inebriam o modesto poeta
Teu jeito, tua maneira discreta,
Teu perfume, teu corpo imaculado.

“Prá não dizer que não falei das flores”,
Deixo a ti os meus versos reveladores
Que me revelam um poeta apaixonado.


CORPO, ALMA E MENTE
(Joésio Menezes)

Eis que assim tão de repente,
Corpo, alma e mente,
Tudo em mim se agita...
Sempre que estou ao teu lado
Meu corpo fica excitado
E, sem medo, de êxtase levita.

Minh’alma, por mais que tente,
Não consegue fugir facilmente
Do teu cheiro, que a deixa inebriada.
Por isso vagueia pelo mundo
Feito um espirito moribundo,
Parecendo um’alma penada.

Minha mente – ó pobre mente! –
Não pensa noutra coisa, somente
No conjunto que sempre a excita:
Teu olhar fulminante e sedutor,
Teu corpo a espera de amor
E o teu cheiro refrescante de cecita.
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA


ORAÇÃO DA PROPINA
(Jomar Álace Santana)

Valei-me Nossa Senhora
Do Reino da Pedra Fina,
Tanta meia recheada
Com o níquel da fedentina!
No pisotear da grana,
Reza em coro a ratazana
A Oração da Propina.

São Leonardo Imprudente,
Orai até não ter jeito,
Entupa a roupa de notas,
Os pés esquerdo e direito,
E, se não couber na meia,
Peça a Santa Eurides Feia
Pra socar no meio dos peitos.

São Benedito Domingos,
Vá chamar Santo Odilon,
Que São Brunelli já foi
Se fartar do que é bom,
Diga a Santa Eurides Brito
Que movimente o cambito
E me empreste o califon.

Me proteja, São Durval,
De tudo quanto é torpeza,
Filme o pântano distrital
(Peixe grande e miudeza),
Tore o podre na raiz:
Desde os tempos de Roriz
Que é grande a safadeza.

Santo Benício Tavares,
Que não pode nem andar
Mas tem duas mãos muito ágeis
Para o dinheiro pegar,
Num barco agarrou sem dó
Uma índia caiapó,
Deus me livre de ir lá!

Orai, santos distritais,
rogai pelos penitentes:
São Roriz e São Arruda,
São PO e São Valente,
Tenham piedade do povo.
Viva São Pedro do Ovo,
Que bota o ovo na gente!

Que o Santo Rogério Ulisses,
Lá de São Sebastião,
Fale com São Maciel
Pra me emprestar R$ 1 milhão
Que veio de Santa Cristina,
Uma santa muita fina,
Protetora de ladrão.

E se eu fosse São Arruda
Não largaria a questão:
Não foi ele quem inventou
Esse tal de mensalão.
Faz tempo que as empresas
Vivem nessa safadeza,
Mantendo a corrupção.

Mensalão já teve em Minas
E no plano federal,
No Rio Grande do Sul
E até no Pantanal.
Mais rasteiro que o chão,
Só faltava o mensalão
Do Governo Distrital.

Santo Omézio, São Lamoglia
E Santo Roberto Giffoni,
Que os anjos toquem trombetas
Em mais de mil microfones
E mandem neste Natal
Pra cada lar distrital
Uma festa de panetones!
CRÔNICA DA SEMANA


MULHERES
(Luís Fernando Veríssimo)

Certo dia parei para observar as mulheres e só pude concluir uma coisa: elas não são humanas. São espiãs. Espiãs de Deus, disfarçadas entre nós.
Pare para refletir sobre o sexto-sentido.
Alguém duvida de que ele exista?
E como explicar que ela saiba exatamente qual mulher, entre as presentes, em uma reunião, seja aquela que dá em cima de você?
E quando ela antecipa que alguém tem algo contra você, que alguém está ficando doente ou que você quer terminar o relacionamento?
E quando ela diz que vai fazer frio e manda você levar um casaco? Rio de Janeiro, 40 graus, você vai pegar um avião pra São Paulo. Só meia-hora de vôo. Ela fala pra você levar um casaco, porque "vai fazer frio". Você não leva. O que acontece?
O avião fica preso no tráfego, em terra, por quase duas horas, depois que você já entrou, antes de decolar. O ar condicionado chega a pingar gelo de tanto frio que faz lá dentro!
"Leve um sapato extra na mala, querido.
Vai que você pisa numa poça..."
Se você não levar o "sapato extra", meu amigo, leve dinheiro extra para comprar outro. Pois o seu estará, sem dúvida, molhado...
O sexto-sentido não faz sentido!
É a comunicação direta com Deus!
Assim é muito fácil...
As mulheres são mães!
E preparam, literalmente, gente dentro de si.
Será que Deus confiaria tamanha responsabilidade a um reles mortal?
E não satisfeitas em ensinar a vida elas insistem em ensinar a vivê-la, de forma íntegra, oferecendo amor incondicional e disponibilidade integral.
Fala-se em "praga de mãe", "amor de mãe", "coração de mãe"...
Tudo isso é meio mágico...
Talvez Ele tenha instalado o dispositivo "coração de mãe" nos "anjos da guarda" de Seus filhos (que, aliás, foram criados à Sua imagem e semelhança).
As mulheres choram. Ou vazam? Ou extravazam?
Homens também choram, mas é um choro diferente. As lágrimas das mulheres têm um não sei quê que não quer chorar, um não sei quê de fragilidade, um não sei quê de amor, um não sei quê de tempero divino, que tem um efeito devastador sobre os homens...
É choro feminino. É choro de mulher...
Já viram como as mulheres conversam com os olhos?
Elas conseguem pedir uma à outra para mudar de assunto com apenas um olhar.
Elas fazem um comentário sarcástico com outro olhar.
E apontam uma terceira pessoa com outro olhar.
Quantos tipos de olhar existem?
Elas conhecem todos...
Parece que freqüentam escolas diferentes das que freqüentam os homens!
E é com um desses milhões de olhares que elas enfeitiçam os homens.
EN-FEI-TI-ÇAM !
E tem mais! No tocante às profissões, por que se concentram nas áreas de Humanas?
Para estudar os homens, é claro!
Embora algumas disfarcem e estudem Exatas...
Nem mesmo Freud se arriscou a adentrar nessa seara. Ele, que estudou, como poucos, o comportamento humano, disse que a mulher era "um continente obscuro".
Quer evidência maior do que essa?
Qualquer um que ama se aproxima de Deus.
E com as mulheres também é assim.
O amor as leva para perto dEle, já que Ele é o próprio amor. Por isso dizem "estar nas nuvens", quando apaixonadas.
É sabido que as mulheres confundem sexo e amor.
E isso seria uma falha, se não obrigasse os homens a uma atitude mais sensível e respeitosa com a própria vida.
Pena que eles nunca verão as mulheres-anjos que têm ao lado.
Com todo esse amor de mãe, esposa e amiga, elas ainda são mulheres a maior parte do tempo.
Mas elas são anjos depois do sexo-amor.
É nessa hora que elas se sentem o próprio amor encarnado e voltam a ser anjos.
E levitam.
Algumas até voam.
Mas os homens não sabem disso.
E nem poderiam.
Porque são tomados por um encantamento
que os faz dormir nessa hora."

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

UM DEDO DE PROSA

A CAIXA DE PANDORA E OS PANETONES DE ARRUDA

Na mitologia grega, a caixa de Pandora é ainda um mistério que poucos gostariam de desvendar tendo em vista que, segundo a lenda, todas as maldades da humanidade lá estariam guardadas, esperando o momento oportuno de serem distribuídas entre os homens que durante a vida toda clamam por elas.
Recentemente, foi noticiada pela imprensa brasileira que a Polícia Federal, ousadamente, abriu-a em Brasília, e para a “surpresa” de todos nós, foram encontradas no seu interior algumas mazelas deixadas pelos vitalícios “poderosos” da previsível política verde-amarela da América do Sul. Mazelas estas já conhecidas e vivenciadas por nós, “inocentes eleitores” brasileiros, “noutros carnavais” fora de época; mazelas copiadas e maculadas pela má índole dos que lá se perpetuaram e dos recém-chegados a ela (a política verde-amarela). E a “bola da vez” é o alto escalão do GDF que, comandado pelo ilustre governador “Comigo Ninguém Pode”, resolveu distribuir dinheiro aos que fazem parte do “esquema de distribuição de panetones” aos mais necessitados.
Pobres homens!... Tão bem-intencionados, mas tão mal-interpretados!...
É época de Natal, gente!... Período de nos solidarizarmos com os nossos irmãos mais desafortunados!... E foi justamente o que eles, o Governador e seus solidários comparsas, fizeram: pegaram parte da verba que deveria ser utilizada na Saúde, na Segurança e na Educação (coisas sem muita importância para o povão!) e foram, cada um, fazer encomendas à sua distribuidora preferida de panetones. Não porque eles sejam adeptos da “política do panetone e circo”, mas porque são homens de bom coração!... Homens preocupados com o bem-estar da sua gente, literalmente falando!
O fato de alguns transportarem altos valores nas meias ou nas cuecas é justificável: eles pensaram na hipótese de algum cidadão ficar sem receber o panetone caso fossem assaltados, uma vez que a viol~encia anda correndo solta Brasil afora!... Daí a ideia das meias e das cuecas...

Espero que ao menos eles tenham se lembrado de as lavarem!...
Voltando à caixa de Pandora, até agora não entendi a analogia, pois lá não se guardava panetones, mas sim maldades!...
MEUS VERSOS LÍRICOS



VERSOS ALADOS
(Joésio Menezes)


Aos meus versos dou asas
para que, livremente, possam voar
em busca do encantamento
que provocam os olhos teus...


Aos meus poemas, a liberdade
de encontrar-se com o teu sorriso
que, livre de qualquer pudor,
revela em ti a pureza
de um anjo ilibado.

A mim, reservo tão somente o dever
de admirar-te constantemente
sem maiores pretensões –
mesmo contrariando meu coração –
e o direito de elevar-te
a deusa imaculada da beleza,
rainha suprema da perfeição,
musa eterna dos meus versos
que voam livremente
em busca do encantamento
que provocam os olhos teus...


ENCANTADO
(Joésio Menezes)

Se um dia eu pudesse tocar-te,
isso eu não faria,
pois a fusão do simples desejo
de estar próximo a ti
com o deleite de sentir tua pele,
de aspirar teu perfume,
poderia desfazer os encantos
da minha fantasia.
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA














(Casimiro de Abreu)

Eu me lembro! eu me lembro! - Era pequeno
E brincava na praia; o mar bramia
E erguendo o dorso altivo, sacudia
A branca escuma para o céu sereno

E eu disse a minha mãe nesse momento:
"Que dura orquestra! Que furor insano!
"Que pode haver maior que o oceano,
"Ou que seja mais forte do que o vento?!"

Minha mãe a sorrir olhou p'r'os céus
E respondeu: - Um Ser que nós não vemos
"É maior do que o mar que nós tememos,
"Mais forte que o tufão! Meu filho, é - Deus


ENTRE FLORES E SORRISOS
(desconheço o autor)

De ti, meu grande amigo,
Eu nunca esquecerei.
De amiga tu me chamas,
De amor te chamarei.

A ti, meu grande amigo,
Dou uma rosa com ardor.
Espero que essa rosa
Seja o fruto do nosso amor.

Estarei à tua espera
Entre flores e sorrisos;
Em tempos de primavera
Acharei o paraíso...
CRÔNICA DA SEMANA


A VOZ DO SILÊNCIO
(Raquel Torres)

Perceber as grandes virtudes que a vida nos reserva é privilégio de poucos. É um verdadeiro dom que muitos almejam.
Quando pisamos o chão batido da estrada, temos pela frente um dia de trabalho árduo e uma vida de lutas sem trégua, que dificilmente nos permitirão sentir o aroma das flores encantadas... É dessa forma que a humanidade compõe a sua vida e refaz a sua história.
A cada novo amanhecer, os pássaros começam a cantar, novas vidas nascem, outras adormecem para a eternidade. Quando anoitece, estrelas começam a brilhar, clareando as noites frias e serenas que cobrem de sonhos o homem de trabalho árduo.
Saber decifrar o significado dessas maravilhas que constróem o mundo e que dispersam a humanidade para outras terras mais distantes, é conhecer verdadeiramente a Voz do Silêncio. A voz que renuncia a todas as dores da vida, que faz nascer a paz e determina, principalmente, o encantamento de todas as coisas belas desse imenso paraíso.
Certamente, temos que ter a capacidade de construir o nosso próprio mundo, ver todas as cores que refletem nos canteiros, sentir a paz que o sol transmite quando se põe, resplandecendo no céu a intensa aurora... Assim, serão reflorescidas as flores das virtudes o sol da felicidade em nossos corações.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

UM DEDO DE PROSA

SOBRE A VIOLÊNCIA NAS ESCOLAS

Quanto mais o tempo passa, mais a educação se deteriora.
Anos atrás, íamos à escola em busca do aprender, do saber mais, do tornar-se cidadão consciente e capacitado para a vida, para o mercado de trabalho...
Hoje, as escolas não mais são o lugar indicado para se aprender algo de bom, para se formar cidadãos... Infelizmente, é nas escolas que estão se formando os delinquentes, verdadeiros aspirantes a marginais.
É comum presenciarmos casos de violência no interior das escolas e/ou nos seus arredores. Muitos são os alunos que vão às escolas com o propósito de “botarem terror”, demarcarem terreno, se auto-afirmarem como “donos do pedaço”. E o pior de tudo é que eles conseguem. Muitos deles, inclusive, chegam a cobrar uma espécie de pedágio: quem pagar, semanalmente, uma certa quantia em dinheiro a eles, estará protegido, ou seja, não será surrado, espancado, humilhado...
E a violência nas escolas não se restringe a isso não!...
Inúmeros são os casos de vandalismo no interior das instituições de ensino, casos estes em que alguns alunos depredam a escola por completo, quebrando tudo que veem pela frente, inclusive a cara de quem tentar impedi-los de praticarem a quebradeira. Inúmeros também são os casos de espancamento de professores por alunos; e o mais agravante é que parte desses agressores tem o aval dos pais que, em vez de repreender os filhos, acha que o professor merecia muito mais, como num recente caso ocorrido em Formosa-GO em que um aluno agrediu o professor, este por sua vez denunciou o caso à polícia. O agressor e a vítima foram levados à delegacia. O pai do aluno agressor foi imediatamente convocado. Chegando à delegacia, o pai do aluno partiu para cima do professor e o agrediu também.
Não adianta em nada ficarmos aqui procurando um culpado pelo caos na educação ou pelos constantes atos de violência, principalmente nos interiores das escolas. A solução seria procurarmos descobrir onde está o erro e tentarmos consertá-lo.
Mas como?...
MEUS VERSOS LÍRICOS

OS ENCANTOS DA SEREIA
(Joésio Menezes)

Disseste a mim certa vez,
Na mais perfeita lucidez,
Que tinhas um corpo de sereia.
Dividido em partes iguais,
Ambas encantadoras, sensuais:
Metade mulher, metade “baleia”.

Tua pejorativa insinuação
Tem fundamentos, tem razão,
Se comparada às forças peculiares,
Pois a mulher, mesmo a mais insana,
É o esteio da raça humana,
Enquanto a baleia domina os mares.

Mas aos meus olhos, eu te garanto,
A parte mulher tem muito encanto
E infinita generosidade...
Da outra parte, nada a declarar,
Já que tenho a destacar
Tuas virtudes, tua dignidade.


AS FOLHAS DO TEU CADERNO
(Joésio Menezes)

As folhas do teu caderno
Revelam-me o grande inferno
Em que vive o teu coração;
Revelam-me teus sentimentos,
Tuas angústias, teus sofrimentos
E os segredos da tua paixão.

Nas folhas do teu caderno
Está registrado o amor eterno
Que sentes pelo poeta;
Está registrada a sofreguidão
Que dilacera teu coração,
Deixando-te assim, inquieta.

As pobres folhas do teu caderno
Também vivem o inferno
De partilhar as dores que sentes...
Que seja dita a verdade:
Elas sentem a responsabilidade
De serem tuas confidentes.
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA


SENHOR, TENDE PIEDADE DE NÓS
(Autor desconhecido)


Pelo Marcos Valério e o Banco Rural
Pela casa de praia do Sérgio Cabral
Pelo dia em que Lula usará o plural
Senhor, tende piedade de nós!


Pelo nosso Delúbio e Valdomiro Diniz
Pelo "nunca antes nesse país"
Pelo povo brasileiro que acabou pedindo bis
Senhor, tende piedade de nós!

Pela Cicarelli na praia namorando sem vergonha
Pela Dilma Rousseff sempre tão risonha
Pelo Gabeira que jurou que não fuma mais maconha
Senhor, tende piedade de nós!

Pelo casal Garotinho e sua cria
Pelos pijamas de seda do "nosso guia"
Pela desculpa de que "o presidente não sabia"
Senhor, tende piedade de nós!

Pela jogada milionária do Lulinha com a Telemar
Pelo espírito pacato e conciliador do Itamar
Pelo dia em que finalmente Dona Marisa vai falar
Senhor, tende piedade de nós!

Pela "queima do arquivo" Celso Daniel
Pela compra do dossiê no quarto de hotel
Pelos "hermanos compañeros" Evo, Chaves e Fidel
Senhor, tende piedade de nós!

Pelas opiniões do prefeito César Maia
Pela turma de Ribeirão que caía na gandaia
Pela primeira dama catando conchinha na praia
Senhor, tende piedade de nós!

Pelo escândalo na compra de ambulâncias da Planam
Pelos aplausos "roubados" do Kofi Annan
Pelo lindo amor do "sapo barbudo" por sua "rã"
Senhor, tende piedade de nós!

Pela greve de fome que engordou o Garotinho
Pela Denise Frossard de colar e terninho
Pelas aulas de subtração do professor Luizinho
Senhor, tende piedade de nós!

Pela volta triunfal do "caçador de marajás"
Pelo Duda Mendonça e os paraísos fiscais
Pelo Galvão Bueno que ninguém agüenta mais
Senhor, tende piedade de nós!

Pela eterna farra dos nossos banqueiros
Pela quebra do sigilo do pobre caseiro
Pelo Jader Barbalho que virou "conselheiro"
Senhor, tende piedade de nós!

Pela máfia dos "vampiros" e "sanguessugas"
Pelas malas de dinheiro do Suassuna
Pelo Lula na praia com sua sunga
Senhor, tende piedade de nós!

Pelos "meninos aloprados" envolvidos na lambança
Pelo plenário do Congresso que virou pista de dança
Pelo compadre Okamotto que empresta sem cobrança
Senhor, tende piedade de nós!

Pela família Maluf e suas contas secretas
Pelo dólar na cueca e pela máfia da Loteca
Pela mãe do presidente que nasceu analfabeta
Senhor, tende piedade de nós!

Pela eterna desculpa da "herança maldita"
Pelo "chefe" abusar da birita
Pelo novo penteado da companheira Benedita
Senhor, tende piedade de nós!

Pela refinaria brasileira que hoje é boliviana
Pelo "compañero" Evo Morales que nos deu uma banana
Pela mulher do presidente que virou italiana
Senhor, tende piedade de nós!

Pelo MST e pela volta da Sudene
Pelo filho do prefeito e pelo neto do ACM
Pelo político brasileiro que coloca a mão na "m"
Senhor, tende piedade de nós!

Pelo Ali Babá e sua quadrilha
Pelo Gushiken e sua cartilha
Pelo Zé Sarney e sua filha
Senhor, tende piedade de nós!

Pelas balas perdidas na Linha Amarela
Pela conta bancária do bispo Crivella
Pela cafetina de Brasília e sua clientela
Senhor, tende piedade de nós!

Pelo crescimento do PIB igual do Haití
Pelo Doutor Enéas e pela senhorita Suely
Pela décima plástica da Marta Suplicy
Senhor, tende piedade de nós!

Para que possamos ter muita paciência
Para que o povo perca a inocência
E proteste contra essa indecência
Senhor, dai-nos a paz!
CRÔNICA DA SEMANA


O NINHO DAS PALAVRAS
(Joana Belarmino)

A boca se abre em círculos e as sílabas, envoltas em pequenas bolhas de ar, batem à porta do mundo. A pá lavrando a terra, fina língua primeiro de pedra, até que o homem descobrisse o ferro, desentramasse suas fibras e lhe domasse a dureza.
A pá lavrando a terra, a palavra, lavrando o espírito. Vã tarefa essa de esmiuçar o mundo, à cata do primeiro gesto, da primeira sílaba entreabrindo a boca e batendo na brisa, caminho natural da respiração; a pairar na quilha dos dentes; a encapsular algo do pensado numa rolha de sílabas, esvoaçante rosário de fonemas a encenarem o nunca mais parar de falar dos homens.
Quanto se terá dito por entre as copas das árvores, nos palácios de pedra, às portas das cidades em tempos de peste?
Quanto se terá dito numa pré-filosofia do mundo, olhos postos no céu, plenos de espanto?
Palavras, compósito de saliva, sílabas e ar, trejeito de boca a dizer o tempo, a chuva, o fruto amarelecente, o sexo rijo; A pá lavrando a terra que se fez barro, argila onde surpreendentemente pousaram sílabas, ao modo de letras, palavras novas a dizer um mundo escrito a se enclausurar nos mosteiros, nos navios, nas garrafas soltas ao mar, poemas asfixiados, bramindo inutilmente contra o rugido das ondas. Ondas sucessivas de bocas entreabrindo o discurso da guerra, o discurso da festa entrecortado de riso, a solidão a lamber as palavras do romance, Sopro no Corpo, tecido de palavras redesenhando um mundo vivido, o silêncio a dizer as palavras de dentro e de fora no ninho comum do pensado. Nuvens de palavras na latitude da tela, à espera de um clique que as visualize, que as oculte, que as transporte, zumbido frenético dos autofalantes, conectando ouvidos e olhos na fala do mundo.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

UM DEDO DE PROSA


Ano que vem é ano de eleição...
E “apagado” todo aquele “auê” acerca do vestido rosa-choque, o qual rendeu à sua dona o status de Estrela, surge um novo assunto que ainda dará “muito pano pra manga” aos nossos políticos: o APAGÃO.
Os “bons moços” já estão reaproximando-se dos seus eventuais eleitores. Alguns, inclusive, mostrando-se revoltados com a postura governista e solidários com o povo. Como costumam dizer os líderes sindicais e piqueteiros grevistas, “é puro engodo”.
Hoje, cá estão eles estendendo-nos as mãos e solidarizando-se conosco. Amanhã, se esconderão atrás das costumeiras máscaras e sequer se lembrarão do nome do povoado que os elegeu. Nem ao menos conseguirão se lembrar do “para quê foram eleitos”!
O assunto da moda entre os opositores do governo é o tal apagão que deixou mais da metade dos estados brasileiros às escuras. Como eles ainda não têm uma “plataforma de trabalho” para o próximo pleito, buscam no Blackout (eita nome bonito da gota serena!) uma forma de reconquistar a confiança do povão, pensando eles que essa postura oportunista de cobrar do governo explicações acerca do breu que se tornara o país os deixará “bem na fita”.
Durante os últimos 04 anos nada fizeram em prol da população, em favor dos menos favorecidos, em benefício dos que os elegeram; prova disso é o caos em que se encontram a Saúde, a Segrurança e a Educação do nosso país. Então, por que somente agora eles lembraram que o povo existe!
Ano que vem é ano de eleição e de Copa do Mundo, e por trás dos bastidores da política nossos parlamentares (governistas e opositores), cujo apagão moral já dura várias décadas, assinarão projetos e decretos que beneficiarão a eles próprios.
Espero que não ocorra um apagão na mente dos brasileiros verdadeiramente responsáveis pelo crescimento do Brasil: nós, os eleitores.
MEUS VERSOS LÍRICOS


ÚLTIMOS VERSOS
(Joésio Menezes)

Serão estes os últimos versos meus
Oferecidos aos lindos olhos teus?
Não sei!... Isso não posso afirmar,
Pois toda vez que os fito, me encanto
E quando encantado fico, me espanto
Com o doce feitiço do teu olhar.


E toda vez que penso em me dizer
Que não mais sinto vontade de escrever
Versos quaisquer aos olhos teus,
Uma força estranha se apossa de mim
E me diz que não posso pensar assim,
Pois são os teus olhos obras de Deus.

Mas posso afirmar, com certeza,
Que o doce feitiço e a beleza
Que têm esses lindos olhos teus
Muito me ajudaram a perceber
Que antes dos que ainda irei fazer,
Serão estes os últimos versos meus.


FAGULHAS DA PAIXÃO
(Joésio Menezes)

Pelos quatro cantos do mundo
Corri em busca do nada,
E nessa minha caminhada
Encontrei o amor profundo

Que fez de mim um moribundo
De alma vadia e penada.
E foi nessa longa jornada
Que recebi o fecundo

Dom da palavra escrita
Que, numa pequena pepita
Chamada de “meu coração”,

Acendeu a intensa chama
De um fogaréu que inflama
As fagulhas da minha paixão
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA


SERENATA
(Cecília Meireles)

Permita que eu feche os meus olhos,
pois é muito longe e tão tarde!
Pensei que era apenas demora,
e cantando pus-me a esperar-te.

Permite que agora emudeça:
que me conforme em ser sozinha.
Há uma doce luz no silencio,
e a dor é de origem divina.

Permite que eu volte o meu rosto
para um céu maior que este mundo,
e aprenda a ser dócil no sonho
como as estrelas no seu rumo.


A ROSA E O MAR
(Flávio, www.laurapoesias.com)

Linda doçura de gosto refinado
embelezas minha estrada, o meu caminho
com teus leves "insites" amalgamados
de amor, de ternura e de carinho.

Tuas palavras acariciam o meu ego,
teus versos me revelam o lado lindo,
tua sutileza me envolve e me desprego
das amarras da vida e do destino.

Pena não poder todo dia estar contigo
trocando nossos versos e desatinos,
mas saiba que tens aqui um ser amado
Para fazer valer teus sonhos lindos...

Finalmente, penso em você à luz da lua
deitada naquele barco que vem vindo,
naquela praia que sempre foi tua
esperas... o meu amor que vem surgindo!
CRÔNICA DA SEMANA


REMÉDIOS: MINHA NEUROSE
(Tais Luso De Carvalho)

Sou daquelas criaturas com tolerância zero para tomar remédios, é uma tortura. Detesto. A cor e o tamanho do remédio é algo que abala o meu psiquismo; se for cápsulas tipo míssil, aquelas com formato de bomba, de cor alaranjada, azul forte ou vermelho carmim, é um problema. Só ao olhar tenho náuseas. A força que tenho de fazer é inacreditável. Tenho de pensar em algo meio celestial, tomar o comprimido pensando que estou comendo morangos com nata, empurrados com um tipo de líquido que me engane, e depois assumir uma psicose qualquer. Já assumi, mas de nada adiantou. Continuo a mesma azarada.
Dia desses fui à farmácia de manipulação e encomendei uns comprimidinhos de cálcio. No dia seguinte fui buscar. Para minha surpresa, a cápsula era um canhão! Pedi para falar com a farmacêutica e perguntei se não haveria nada menor... Veio com uma explicação que não me interessou; na minha modesta opinião aquilo era comprimido pra cavalo. Paguei, mas não tomei. Dei pra minha diarista que, por sinal achou a glória poder tomar cálcio. Até que fiquei feliz com minha boa ação. Passei por outra farmácia e comprei uns comprimidos que se dissolvem tipo bala. Ótimo; fiquei fã.
Outro problema torturante são as bulas: ah...essas bulas! Não tomo nada sem ler a bula. Os médicos odeiam quem lê bula... Sei, no entanto, que para se eximirem de qualquer problema em relação às reações, efeitos colaterais e óbitos, os laboratórios colocam tudo o que é possível e impossível de acontecer, e naquelas letrinhas minúsculas onde não se lê nada com desenvoltura. E os termos, aqueles hieróglifos indecifráveis? Ora, desde quando um leigo vai entender aquilo? Então, para que bula? Por que colocam tantas reações e os médicos mandam ir adiante? Particularmente tenho vontade de dar meia-volta... Até hoje é um mistério. Mas acho que a melhor explicação já dei acima.
Sou de opinião que não podemos ficar à margem e entregues totalmente na mão de profissionais da saúde sem tentarmos entender o que tomamos, seus efeitos, a interação com outros medicamentos; o mínimo. Dizem, os médicos, que temos de nos ajudar... Mas também temos de entender! Não sou favorável em buscar na Internet e nos Compêndios Médicos uma luz para nossos problemas, mas temos o direito de saber o que está acontecendo.
Há uns anos atrás, eu estava um tanto estressada - pela doença de meu pai - e apareceu em meu rosto uma mancha pequena que coçava. Fui ao dermatologista e me foi indicado um remédio novo no mercado, próprio para aquela dermatite. E tive um choque anafilático. É, aquela coisa meiga que nos deixa roxa, com tremores, febre, dores em todas as articulações, etc e tal. E que o atendimento tem de ser rápido.
Quando fiquei melhor, peguei a bula do remédio: ali dizia que um dos efeitos daquele remédio seria choque anafilático... Foi a primeira vez que não li uma bula. Penso que se tivesse lido, talvez tivesse falado com meu médico sobre essa possibilidade e ele teria dado um remédio tradicional, como me falou depois. Geralmente os médicos dizem que ‘se lermos as bulas não tomamos os remédios...’ E então, fazer o quê?
Sou contra em tomarmos decisões; mas em ler a bula, em apresentar para o médico nossas dúvidas é um direito nosso e uma obrigação de qualquer médico em esclarecer; se não devemos ler bulas, que tirem das caixas. Médico tem Compêndio, não precisa de bula.
Mas parece que está a caminho algo novo quanto às bulas... Tô na espera: quero ler sem ter medo de ser feliz.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

UM DEDO DE PROSA


UM MURO, UM VESTIDO, UMA SOCIEDADE HIPÓCRITA...

Enquanto os olhos do mundo estão voltados para as comemorações do vigésimo aniversário da queda do Muro de Berlim, símbolo da guerra fria até os anos 80, aqui no Brasil o assunto do momento é o vestido rosa-choque da menina Geisy Arruda, símbolo da muralha preconceituosa erguida por uma emergente sociedade hipócrita.
Alunos de uma universidade particular, em São Paulo, alegando que a jovem Geisy estaria denegrindo a imagem da Instituição em que estudam, fizeram um manifesto hostil e violento contra a jovem que trajava um vestido curto, deixando à mostra suas grossas coxas. A universidade, por sua vez, disse que iria abrir sindicância para apurar os fatos e punir os responsáveis. Saldo das averiguações: apenas a jovem do ”vestido curto” foi punida. A Instituição, buscando “prestar contas à sociedade”, decidiu por expulsá-la com a justificativa de que ela infringiu o regimento interno quando resolveu frequentar “as dependências da unidade em trajes inadequados, indicando uma postura incompatível com o ambiente da universidade”, trajes estes que deixavam à mostra “suas partes íntimas”, segundo palavras do assessor jurídico da universidade. Decisão preconceituosa e meramente matemática, uma vez que, do ponto de vista financeiro, expulsar um único aluno é bem mais lucrativo que expulsar 10 ou 20.
Dada a repercussão do caso, inclusive no exterior, o Ministério da Educação, a OAB e a UNE se manifestaram e pediram explicações acerca da decisão precipitada da instituição de ensino, e diante disso a Universidade voltou atrás e revogou a expulsão da jovem, contrariando a vontade dos falsos moralistas que de tudo fizeram a fim de conseguirem ver além das coxas de menina.
Eu, até agora, não consegui compreender o motivo de tanto alarde (principalmente da imprensa), pois é tão comum vermos mulheres com trajes bem menores desfilando por aí, inclusive nas igrejas! E o que mais me espanta é a hipocrisia desses que se dizem guardiões da imagem da Universidade, pois certamente muitos deles frequentam (ou já frequentaram) o sambódromo paulistano (ou lugares afins) em época de carnaval sem se preocuparem se a imagem do seu país (ou a sua própria) está sendo denegrida quando as rainhas das baterias e os destaques dos carros alegóricos desfilam totalmente nuas, com apenas um tapa-sexo.
Mas, toda essa polêmica causada pelo vestido rosa-choque da garota contribuiu apenas para uma coisa: por ser jovem e bonita, brevemente ela será assediada por revistas masculinas cuja intenção é tão somente vender sua imagem desnuda àqueles mesmos rapazes que a hostilizaram; e caberá a ela, somente a ela, aceitar ou não as possíveis propostas.
E ninguém tem nada a ver com isso!...
MEUS VERSOS LÍRICOS


DO CÉU AO INFERNO
(Joésio Menezes)

Já vivi no céu,
Mas o amargo do fel
Na ponta da língua
Tirou-me a paz
E de forma voraz
Deixou-me à míngua.

Largou-me ao léu
Sem os lábios de mel
Daquele anjo-mau
De pele morena,
Boca pequena,
Olhar sensual...

Hoje sinto-me no inferno,
No castigo eterno
De não mais ter a alegria
De escrever para ela,
Minha doce Cinderela,
Uma simples poesia.


BLENDA
(Joésio Menezes)

Os deuses tornam-se mitos;
Os mitos, às vezes, lenda;
Mas a deusa que me apareceu
Naquela noite estupenda
Não é mito,
Não é lenda;
É a essência da beleza
Em forma de mulher,
É o encanto da natureza
Do jeito que a vida quer:
Cheio de desejos sem reprimendas...
Aquela deusa
É mais que mito,
É bem mais que lenda.
É Blenda!...
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA


SONETO DO AMIGO
(Vinícius de Moraes)

Enfim, depois de tanto erro passado
Tantas retaliações, tanto perigo
Eis que ressurge noutro o velho amigo
Nunca perdido, sempre reencontrado.

É bom sentá-lo novamente ao lado
Com olhos que contêm o olhar antigo
Sempre comigo um pouco atribulado
E como sempre singular comigo.

Um bicho igual a mim, simples e humano
Sabendo se mover e comover
E a disfarçar com o meu próprio engano.

O amigo: um ser que a vida não explica
Que só se vai ao ver outro nascer
E o espelho de minha alma multiplica...


A SERENATA
(Adélia Prado)

Uma noite de lua pálida e gerânios
ele viria com boca e mãos incríveis
tocar flauta no jardim.
Estou no começo do meu desespero
e só vejo dois caminhos:
ou viro doida ou santa.
Eu que rejeito e exprobo
o que não for natal como sangue e veias
descubro que estou chorando todo dia,
os cabelos entristecidos,
a pele assaltada de indecisão.
Quando ele vier, porque é certo que vem,
de que modo vou chegar ao balcão sem juventude?
A lua, os gerânios e ele serão os mesmos
- só a mulher entre as coisas envelhece.
De que modo vou abrir a janela, se não for doida?
Como a fecharei, se não for santa?
CRÔNICA DA SEMANA


DOIDA OU SANTA?
(Martha Medeiros)

“Estou no começo do meu desespero e só vejo dois caminhos: ou viro doida ou santa”.
São versos de Adélia Prado, retirados do poema A Serenata. Narra a inquietude de uma mulher que imagina que mais cedo ou mais tarde um homem virá arrebatá-la, logo ela que está envelhecendo e está tomada pela indecisão - não sabe como receber um novo amor não dispondo mais de juventude. E encerra: “De que modo vou abrir a janela, se não for doida? Como a fecharei, se não for santa?”
Adélia é uma poeta danada de boa. E perspicaz. Como pode uma mulher buscar uma definição exata para si mesma, estando em plena meia-idade, depois de já ter trilhado uma longa estrada onde encontrou alegrias e desilusões, e tendo ainda mais estrada pela frente? Se ela tiver coragem de passar por mais alegrias e desilusões - e a gente sabe como as desilusões devastam - terá que ser meio doida. Se preferir se abster de emoções fortes e apaziguar seu coração, então a santidade é a opção. Eu nem preciso dizer o que penso sobre isso, preciso?
Mas vamos lá. Pra começo de conversa, não acredito que haja uma única mulher no mundo que seja santa... Os marmanjos devem estar de cabelo em pé: como assim, e a minha mãe??? Nem ela, caríssimos, nem ela.
Existe mulher cansada, que é outra coisa. Ela deu tanto azar em suas relações que desanimou. Ela ficou tão sem dinheiro de uns tempos pra cá que deixou de ter vaidade. Ela perdeu tanto a fé em dias melhores que passou a se contentar com dias medíocres. Guardou sua loucura em alguma gaveta e nem lembra mais.
Santa mesmo, só Nossa Senhora, mas cá entre nós, não é uma doideira o modo como ela engravidou? (não se escandalize, não me mande e-mails, estou brin-can-do).
Toda mulher é doida. Impossível não ser. A gente nasce com um dispositivo interno que nos informa desde cedo que, sem amor, a vida não vale a pena ser vivida, e dá-lhe usar nosso poder de sedução para encontrar 'the big one', aquele que será inteligente, másculo, se importará com nossos sentimentos e não nos deixará na mão jamais. Uma tarefa que dá para ocupar uma vida, não é mesmo? Mas, além disso,temos que ser independentes, bonitas, ter filhos e fingir de vez em quando que somos santas, ajuizadas, responsáveis, e que nunca, mas nunca, pensaremos em jogar tudo pro alto e embarcar num navio-pirata comandado pelo Johnny Depp, ou então virar uma cafetina, sei lá, diga aí uma fantasia secreta, sua imaginação deve ser melhor que a minha.
Eu só conheço mulher louca. Pense em qualquer uma que você conhece e me diga se ela não tem ao menos três dessas qualificações: exagerada,dramática, verborrágica, maníaca, fantasiosa, apaixonada, delirante.Pois então. Também é louca. E fascina a todos.
Todas as mulheres estão dispostas a abrir a janela, não importa a idade que tenham. Nossa insanidade tem nome: chama-se Vontade de Viver até a Última Gota. Só as cansadas é que se recusam a levantar da cadeira para ver quem está chamando lá fora. E santa, fica combinado, não existe. Uma mulher que só reze, que tenha desistido dos prazeres da inquietude, que não deseja mais nada? Você vai concordar comigo: só sendo louca de pedra.'

terça-feira, 3 de novembro de 2009

UM DEDO DE PROSA


SARAU POÉTICO MUSICAL EM PLANALTINA

É comum ouvirmos os jovens planaltinenses reclamarem que falta cultura em Planaltina. O problema é que ainda não descobrimos a que tipo de Cultura eles se referem.
Quase todos os finais de semana a cidade promove eventos culturais com bandas de música; duplas sertanejas; grupos de pagode, de dança e teatrais e saraus de música e poesia. Inclusive, recentemente tivemos dois eventos muito interessantes: a I Mostra Itinerante do FICA (Festiva Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental de Planaltina) e o Cultura na Praça, com Exposições e apresentações do Grupo Kokumã e de Catireiros da cidade. Porém, poucos prestigiaram os eventos.
O que realmente está faltando em Planaltina é plateia para assistirem às diversas atividades culturais que a cidade oferece.
E por falar em atividade cultural, vem aí o I Sarau Poético-Musical de Planaltina, com a participação de vários artistas da cidade e do Gama, a realizar-se a partir das 17 horas do dia 07/11 (sábado), na Praça do Museu.
Compareçam!... Prestigiem!... Participem!...
MEUS VERSOS LÍRICOS

UMA FADA, UMA ARAPUCA E EU
(Joésio Menezes)

As “borboletas” veem “através da vidraça”
Uma “fada” que chega “escondendo o jogo”.
Não o “jogo da vida”, mas o da pirraça
Que lhe impõe “o guardador do fogo”.

“Moça rebelde” cujas “lembranças de amor”
Fazem-na esquecer sua “timidez” insana,
A “fada” disse “não mais” se contrapor
Ao “amigo apaixonado” que tanto ufana,

Pois o seu “passado” nos revelou
Que para ela “o sonho não acabou”
Tampouco o “fogo do amor” feneceu.

E “ao vivo e em cores” hoje ela vem
Armar uma “arapuca” pra pegar alguém;
E, certamente, “esse alguém sou eu”.


SUBMISSÃO
(Joésio Menezes)

Eu me rendo à tua beleza,
Aos teus encantos eu me entrego,
Por teus fetiches mantém-se acesa
A chama do fogo que carrego.

Me submeto aos teus desmandos,
À tua paixão sou aspirante,
Por tua libido o fogo brando
Do meu corpo ficará abrasante.

E se necessário for
Entregar-me ao despudor
E aos efeitos do teu feitiço,

Juro-te que isto eu farei,
Mesmo sabendo que estarei
Eternamente a ti submisso.
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA



VOCÊ E AS OUTRAS FLORES
(Vivaldo Bernardes)


Dentre as flores que cultivo no coração
dedico especial cuidado a uma delas,
a única que me desperta comoção,
enchendo de ciúme as lindas umbelas.


Nem mesmo as mais belas e orgulhosas Rosas
comparam-se a uma chamada “Você”,
distinta das demais, até das mais formosas
exuberantes em requintado buquê.

Porém, por mais belas sejam as outras flores,
por mais perfumosas e por mais coloridas,
jamais se igualam a “Você” e aos seus odores.

Perfume adocicado e feminifloro
que me transforma em uma alma-perdida,
como Adão a vagar meu edem plurifloro.


O BURRO
(Patativa do Assaré)

Vai ele a trote, pelo chão da serra,
Com a vista espantada e penetrante,
E ninguém nota em seu marchar volante,
A estupidez que este animal encerra.

Muitas vezes, manhoso, ele se emperra,
Sem dar uma passada para diante,
Outras vezes, pinota, revoltante,
E sacode o seu dono sobre a terra.

Mas contudo! Este bruto sem noção,
Que é capaz de fazer uma traição,
A quem quer que lhe venha na defesa,

É mais manso e tem mais inteligência
Do que o sábio que trata de ciência
E não crê no Senhor da Natureza.
CRÔNICA DA SEMANA


INFINITO PARTICULAR
(Eduardo Loureiro Jr.)

Acontece comigo pouco antes do orgasmo: o desejo de infinitude. Vontade de que aquilo nunca acabe, ou que recomece imediatamente. Mas quando o prazer escorre — líquido — o desejável infinito já se acabou.
Acontece também durante a escrita ou a leitura. Quando me aproximo do final, retardo o ritmo na esperança de que a criação ou a contemplação não tenha fim. Mas sempre tem.
Acontece ainda quando, vendo o sorriso no rosto da mulher amada, meu coração acredita que será assim pra sempre. Mas meu coração, fraco por natureza, logo esquece.
E tudo depois se repete: o prazer, a criação, o amor. Mas, antes que se repita, aparece a vontade de solidão, o fastio das letras e o desassossego do coração.
Eu brinco de lua com o infinito: ora cheio, dominante, ora novo, invisível. As fases, as frases, as fibroses. E de tanto brincar, no fim do que se chama tarde, às vezes me dá um cansaço: vontade de banho e de sopa de feijão, de futebol na TV e de sono.
Em quase tudo que quero, há o que não quero. Feito promoção: compre o que você precisa e leve o que você não precisa, grátis. "Grátis". E eu levo tudo ou levo nada, quase nunca levo só o que quero. Vida é assim o presente com penduricalho, o doce que amarga no final?
Mas não sou eu que rejeita o mel infinito e gosta de alternar entre o doce e o salgado? Não sou eu que admira o drible adversário? Sim, sou eu. Essas coisas todas do mundo — comida, comércio, futebol — falam mesmo é da gente. Com a lua lá em cima, cheia de si feito mulher bonita, como é que posso olhar pro céu e achar que estou sozinho nesse planeta? É nóis na fita!
Bom mesmo é o abraço que acalma e excita. A bola parando na rede enquanto a torcida grita. O livro que vira filme, o filme que vira vida.
O infinito é não dar pelo fim — por esperança, ignorância ou distração. O infinito à moda da casa de cada um. Infinito particular feito impressão de dedo, feito interpretação de juiz em lance duvidoso, feito DNA. Nada se pede, nada se tira, tudo se transborda.
Feito Sol que se põe, feito Lua que mingua, feito sêmen que vinga, feito palavra que rima, feito coração que expia... tudo que finda não finda: começa aqui mesmo em outro lugar.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

UM DEDO DE PROSA
MEUS PRIMEIROS FRUTOS

Onze anos após a publicação dos meus primeiros versos, os frutos do meu trabalho começaram a surgir.
Em agosto próximo passado, o livreto Planaltina em 150 Versos me rendeu uma singela (porém inesquecível) homenagem, que me foi feita pela Escola Classe 04 de Planaltina no desfile cívico, estudantil e militar, por ocasião do aniversário da cidade. E para fechar o ano de 2009 com chave de ouro, na última sexta-feira (dia 23/10) recebi a premiação referente à primeira colocação no Concurso Literário 200 anos de Louis Braille, realizado em São Paulo pela Sociedade Bíblica do Brasil. Espero que seja esse o primeiro prêmio de uma série de muitos que poderão vir.
É tudo a que aspira um escritor principiante: ver o seu trabalho reconhecido, não somente pelos amigos e familiares, mas também por todos aqueles que apreciam a literatura. E graças ao bom Deus estou alcançado esse objetivo, ainda que timidamente.
Já faz alguns anos venho divulgando, a conta-gotas, o meu trabalho por meio deste blog e do site Recanto das Letras. Hoje, porém, resolvi expô-los na íntegra. Quem quiser conhecê-los melhor, é só clicar em um dos títulos listados em “Obras Publicadas” (à direita) que o livro será aberto em arquivo PDF.
MEUS VERSOS LÍRICOS


*CORDEL A LOUIS BRAILLE
(Joésio Menezes)

Em mil oitocentos e nove,
No dia quatro de janeiro
Nascia Louis Braille,
Menino corajoso e guerreiro,
Filho de Simon Braille,
Um conceituado seleiro.


Nascido em Coupvray,
Cidade próxima a Paris,
Louis tinha tudo na vida
Para ser um garoto feliz,
Mas um acidente doméstico
Podou seus sonhos infantis.

Brincando na oficina do pai,
Aos três anos de idade,
Um instrumento pontiagudo,
Numa triste fatalidade,
Vazou seu olho esquerdo,
Reduzindo-lhe a visibilidade.

Dois anos mais tarde,
Uma grave infecção
Afetou-lhe o outro olho
E tirou-lhe o resto da visão.
Agora, totalmente cego,
Louis viveria na escuridão.

Porém sua vivacidade
Ajudou-lhe a desenvolver
Sua natureza investigadora
Que o ajudaria a bem viver
Num mundo cheio de luzes
Que ele jamais poderia rever.

A sua cegueira total
Não o impediu, porém,
De frequentar a escola
Nem de se tornar alguém
Capaz de mudar a visão
Do mundo e a sua também.

Aos dez anos de idade,
Por ser um aluno brilhante,
Ganhou uma bolsa de estudos
Que o levaria adiante
Na caminhada da vida,
Da qual inda era infante.

Conheceu o método de Barbier
Ainda na pré-adolescência,
Um método que o ajudaria,
Se usado com inteligência,
Nas dificuldades encontradas
No decorrer da sua vivência.

No entanto, suas limitações
Obrigaram-no a pesquisar
O método de Barbier
Com o intuito de encontrar
Uma saída para os problemas
Que o impediam de estudar.

Depois de alguns estudos,
No auge dos quinze anos,
Louis criou seu método:
O Braille, que mudaria os planos
De vida dos não videntes
Isolados dos outros humanos.

Aos dezessete anos,
Na função de professor,
Louis ensinava aos cegos,
Com dedicação e amor,
Usando o método Braille,
Do qual foi criador.

Alguns anos mais tarde,
Seu sistema genial
Também foi usado
Na notação musical
E na tradução de textos
Para o deficiente visual.

Aos vinte e seis anos,
Com a saúde já deficiente,
Contraiu uma tuberculose,
Mas teve vida suficiente
Para ver seu método Braille
Reconhecido publicamente.

Demitiu-se do magistério
Em mil oitocentos e cinquenta
Em virtude da saúde frágil
E da vida turbulenta,
Dedicando-se somente ao piano,
Quando já passava dos quarenta.

Em mil oitocentos e cinquenta e dois,
O menino que perdera a visão
Na oficina do próprio pai
Sentiu parar seu coração,
Mas faleceu com a certeza
De que sua luta não foi em vão.

*Texto vencedor do Concurso Literário 200 anos de Louis Braille, realizado pela Sociedade Bíblica do Brasil, em São Paulo.
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA E UNIVERSAL


A CIGANINHA
(Miguel de Cervantes)

Quando Preciosa a pandeireta toca,
e fere o doce som os ares vãos,
pérolas são que espalha com suas mãos,
flores são que arremessa de sua boca.

A alma fica suspensa, a mente louca
aos atos sobre-humanos sem ação,
que por limpos, honestos e por sãos
sua fama lá no céu mais alto toca.

Pendentes do menor de seus cabelos
mil almas leva, e ajoelhado tem
Amor, que uma e outra flecha aos pés lhe deita:

cega e ilumina com seus raios belos,
seu trono Amor por eles se mantém,
e mais grandezas de seu ser suspeita.


A UM POETA
(Olavo Bilac)

Longe do estéril turbilhão da rua,
Beneditino escreve! No aconchego
Do claustro, na paciência e no sossego,
Trabalha e teima, e lima , e sofre, e sua!

Mas que na forma se disfarce o emprego
Do esforço: e trama viva se construa
De tal modo, que a imagem fique nua
Rica mas sóbria, como um templo grego

Não se mostre na fábrica o suplicio
Do mestre. E natural, o efeito agrade
Sem lembrar os andaimes do edifício:

Porque a Beleza, gêmea da Verdade
Arte pura, inimiga do artifício,
É a força e a graça na simplicidade.
CRÔNICA DA SEMANA

NEM TUDO SÃO FLORES
(Tais Luso de Carvalho)

Quando levo meu cachorro pra passear, meus olhos vão descobrindo alguns terraços cheios de flores, janelas com cortinas de crochê e bebedouros para os bem-te-vis. Um encanto! E cada dia que faço este passeio parece que esses terraços são mais e mais festivos, e que existem pessoas muito felizes naqueles lares. O sol, as flores, os bem-te-vis... Quando volto pra casa penso em transbordar minha sacada de flores, deixá-la como se fosse um jardim...
O que estarão fazendo os habitantes daquelas casas e apartamentos? É difícil imaginar que por detrás daqueles jardins encantados possa existir alguém triste, solitário e com uma montanha de problemas.
Mas são momentos de ilusão, uma vez que me afasta da violência da cidade e me permite pensar que a vida se apresenta sempre maravilhosa; deve ser o poder das flores...
Percebo que só tive esta ilusão porque supervalorizei o que estava longe, o desconhecido: as casas dos vizinhos da minha rua.
Mas aquela imagem me levou a pensar em outra coisa: será que as pessoas não se tornam ídolos porque estão longe e inacessíveis? Fico curiosa com a biografia de grandes nomes e tenho interesse pelos aspectos ocultos de grandes homens, de cientistas e pensadores que fizeram a história da humanidade. Os ídolos nunca são nossos iguais: precisam ficar no patamar da nossa imaginação, protegidos da curiosidade humana, envoltos num mistério que fascina.
Por isso, quero conservar os terraços de meus vizinhos à distância: poderei olhar as flores, os bem-te-vis e pensar, por momentos, que a vida será sempre maravilhosa. Depois volto à realidade, sem problemas. Afinal, nem tudo são flores!...

terça-feira, 20 de outubro de 2009

UM DEDO DE PROSA


RIO 2016: O QUE NOS AGUARDA?

Poucos dias após a confirmação do nome do Rio de Janeiro como sede das Olimpíadas de 2016, o mundo fica estarrecido com imagens típicas de “filmes de guerra”: um helicóptero da Polícia Militar é abatido em pleno voo por traficantes. Segundo os noticiários, tudo começou quando um grupo de traficantes resolveu invadir o Morro dos Macacos, na Zona Norte do Rio, a fim de tomar os pontos de venda de drogas. Daí deu-se início a mais uma “guerra do tráfico”, cujo saldo negativo foi de 17 mortos, dentre os quais 02 PMs (tripulantes do helicóptero) e 03 jovens trabalhadores que voltavam de uma festa e foram abordados pelos bandidos.
Será esse o cenário encontrado pelos turistas que aqui chegarem em 2016 para assistirem às Olimpíadas? Serão essas as nossas boas-vindas às delegações estrangeiras?
Desde o início fui contra a candidatura do Brasil às Olimpíadas, pois acredito que se não temos condições de oferecer segurança a nós mesmos, mais difícil ainda será garantir a integridade física dos que aqui chegarem para competirem ou para assistirem às competições. Espero que não seja necessário um “acordo de trégua” com os traficantes durante as competições, o que seria vergonhoso para nós!...
Muito dinheiro será investido em obras superfaturadas (e muito mais será desviado, pois, infelizmente, essa prática já se tornou “cultura” em nosso país) até as Olimpíadas de 2016, cujas instalações devem ser suntuosas, pois “não devemos dar margem” às críticas dos gringos. Em consequência disso, o país voltará a ficar nas mãos do FMI.
Acredito que “fazer das tripas coração” para sediar um evento tão caro e tão aquém das nossas condições financeiras e sociais seria dar um passo atrás no que diz respeito à nossa qualidade de vida. Se toda essa verba, que será destinada às obras pró-olimpíadas, fosse aplicada em melhorias na saúde, na educação e na segurança dos brasileiros, teríamos melhores condições de lançar ao mundo atletas e, principalmente, cidadãos capazes de conquistas gloriosas que vão muito mais além do esporte olímpico.
Oxalá eu esteja enganado!...
MEUS VERSOS LÍRICOS


CASUALMENTE
(Joésio Menezes)

Só mais um decote teria sido
Não fosse a pessoa que o vestia...
Meu olhar não o teria percebido
A olhos nus, em plena luz do dia,

Não fosse o jeito descontraído
Da bela moça que o exibia
Sem saber que ali um enxerido
Aprendiz de poeta entraria.

E ao adentrar-me, que coisa bela!
À mostra estavam os seios dela.
Parte deles - que se diga a verdade! -,

Mas o bastante para instigar
O fogo ardente a me queimar
O corpo inteiro, sem piedade...


ÚLTIMOS VERSOS
(Joésio Menezes)

Serão estes os últimos versos meus
Oferecidos aos lindos olhos teus?
Não sei!... Isso não posso afirmar,
Pois toda vez que os fito, me encanto
E quando encantado fico, me espanto
Com o doce feitiço do teu olhar.

E toda vez que penso em me dizer
Que não mais sinto vontade de escrever
Versos quaisquer aos olhos teus,
Uma força estranha se apossa de mim
E me diz que não posso pensar assim,
Pois são os teus olhos obras de Deus.

Mas posso afirmar, com certeza,
Que o doce feitiço e a beleza
Que têm esses lindos olhos teus
Muito me ajudaram a perceber
Que antes dos que ainda irei fazer,
Serão estes os últimos versos meus.
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA


PRIMAVERA
(Graciela da Cunha)

Olhos ávidos de setembro.
Surge a primavera, estação
das cores e sabores,
dos pássaros a cantarem,
das borboletas a voarem,
dos beija-flores a beijarem,
flores a desabrocharem.

Ela (primavera) chega
espalhando magia no ar,
deixando mais belo os jardins.
Viva a primavera! Minha alma sorri!
As esperanças renasceram tingindo o caminho.

As rosas trazem delicado perfume:
amarelas chega com a esperança,
vermelhas da cor da paixão,
brancas mostrando a pureza
que cantam e bailam no vento.

Na primavera as flores florescem,
sorriem e cativam o amor,
brota mais uma poesia
que baila e canta ao vento.


INSENSATO AMOR
(Aila Sampaio)

Insensato amor
que não escuta o barulho dos ventos
nem se rende às tempestades
dos silêncios da madrugada.
É de sonho seu tropel,
a contar estrelas
para matar o tempo e seguir estrada;
são de ternura os remos de sua ilusão
a deter a correnteza do rio que o arrasta.
Maltratado amor, posto à deriva
sob os serenos e as quedas d´água
não lê os avisos de perigo
nem se furta aos despenhadeiros;
lança-se aos abismos, desce cascatas,
mas não se deixa vencer
nem mesmo pelas noitadas
quando quer voltar,
mas lembra que não tem casa.
Insensato amor que navega
sozinho sem remos
e voa sem ter asas...
CRÔNICA DA SEMANA


DESPERTEI COM SEDE DE VIVER!
(Djanira Luz)

Dormir com sede dá nisso. Estava tão frio que não quis levantar da cama para beber água. Sonhei que estava numa ilha desértica. Não uma ilha qualquer, era diferente. À minha frente aquelas imagens magníficas e esdrúxulas, surrealistas a “la Salvador Dali”.
Acordei com a boca mais seca ainda, e para meu espanto, me vi na paisagem do meu sonho. Sentada. Sozinha. Uma mesa, quatro cadeiras e um vazio em mim que preenchia a ilha de interrogações. Vivo ou sonho tudo isso? O deserto diante dos olhos será a ausência de criatividade, de esperanças, de opções... O que me falta? Um medo nunca experimentado tomou conta do corpo, da mente e, mesmo sob o Sol, me arrepiei toda. Sentia medo e tive dúvidas diante daquela imagem que visualizava.
O medo fez descer dos olhos uma lágrima que me salgou os lábios. Então, senti que onde mais importava não havia se feito deserto: o meu coração! E, olhei novamente a paisagem com outro olhar e pude ver mais do que as areias que tentavam cobrir meus pensamentos bonitos e coloridos. Enxerguei aquela linda árvore imponente, soberba, sobrevivente a toda seca. Avistei ainda o mar que me dizia sem falar... “Se há amor, por mais caminhos áridos que se depare, haverá sempre de avistar uma vereda”.
Para todos meus receios obtive respostas. Só uma não ousei descobrir: se sonhei ou vivo tudo isso. Não importa! Não desejo saber. De posse das demais explicações já não interessa conhecer.
Certifiquei-me naquele instante de que sonhar, dormindo ou acordada, me ajuda a viver...

terça-feira, 13 de outubro de 2009

UM DEDO DE PROSA


INOCÊNCIA DE CRIANÇA

Às vésperas do DIA DAS CRIANÇAS, muitas delas perderam suas casas por causa de um incêndio numa favela, em São Paulo. Mas mesmo assim, lá estavam elas sorridentes e saltitantes durante as comemorações do seu dia.
Certas estão elas em esquecerem as desgraças por que passam dia-a-dia. Errados somos nós, os adultos, que nos deixamos abater pelos obstáculos do destino e pelas intempéries da vida; nos entregamos aos percalços provocados pela mesmice do nosso cotidiano; nos irritamos com a alta dos preços e dos impostos, com a falta de escrúpulos dos nossos políticos e com o descaso das autoridades acerca da saúde, segurança e educação do nosso país; nos incomodamos com a falta de higiene dos nossos circundantes; nos estressamos com o caos do trânsito...
É por causa, principalmente, desses fatores que as crianças chegam à idade adulta com mais qualidade de vida que nós, que dificilmente chegaremos à velhice se assim continuarmos “levando a vida”.
Ah!... como seria bom se pudéssemos ignorar todas as mazelas da humanidade e encarar nossos problemas com menos seriedade, com menos estresse, com mais humor, com a inocência das crianças, porém com sabedoria.
MEUS VERSOS LÍRICOS



A FLOR E A BORBOLETA AZUL
(Joésio Menezes)


Era verão quando a flor nasceu.
Em fevereiro, para ser exato...
Os anos passaram, a flor cresceu
E hoje nos encanta com seu recato.


Um presente do bondoso Deus
Aos simples mortais, isso é fato,
E principalmente aos olhos meus,
Que o eternizaram como num retrato...

E se não bastasse tanta beleza,
A arte imitou nossa Mãe Natureza
E enfeitou inda mais a linda flor:

Em sua espádua, uma delicada
Borboleta azul fora tatuada,
Causando ciúmes ao beija-flor.


MEU SONETO DE FIDELIDADE
(Joésio Menezes)

Aos meus versos serei mais atento
Antes que deles eu perca o encanto
E sobre essa perda verter meu pranto
De tristeza e descontentamento.

“Quero vivê-los em cada momento”
De inspiração que me chega, e enquanto
Eu estiver entoando meu canto,
Que eles não suplantem meu sofrimento.

Mas se assim eu for recompensado
Por tudo que a eles eu tenho dado,
Certamente me sentirei no céu,

Pois se desejo a felicidade,
Não posso exigir fidelidade
A quem jamais pude ser fiel.
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA


O MEU SOL
(Vivaldo Bernardes)

O meu Sol se apagou e nada mais eu tenho
senão a escuridão e as desilusões
que infestam o meu viver de modo tão ferrenho,
matando o que restou das minhas pretensões..

Chorei a tua falta até secarem os olhos;
cantei tua partida em tristes versos meus.
Mas tu não escutaste os lamentos e entolhos
e não te importam meus gestos de adeus.

Agora que partiste e tudo já passou,
meu drama continua, pois não se acabou
a dor que ainda choro inconsolavelmente.

Tu eras o meu Sol e eu me aquecia em ti.
São tempos já passados e eu nunca esqueci
os beijos que me davas, enlouquecidamente.


SENTIMENTOS D'ANTES GENUÍNOS
(Taciana Valença)

Suscitou sob obscura forma
um ímpeto de atroz insanidade
tornando tormento
delicada afetividade

que por mais que pura
vascila, oscila e sucumbe
ao precipício da frivolidade
fazendo vencer o falso
sobre o genuíno
restando o descaso
no abandono do ninho

Ah!
Quão raros são os escrúpulos!
Vivendo em nimbos
onde a leviandade os desbancam

Fechando os olhos
aos seus apelos
rindo-se pois
por tantos zelos!
CRÔNICA DA SEMANA


SOU APENAS UMA CRIANÇA
(Marcial Salaverry)

Não quero ser apenas uma projeção para o futuro. Quero que me consideres um presente para o presente de tua vida. Preciso de teu amparo, de tua mão forte. Preciso que mantenhas a luz acesa, para que eu possa enxergar meu caminho. Peço que não me desampares, que não deixes que eu enverede por caminhos errados. Não tenho experiência de vida, portanto preciso de uma orientação segura, para caminhar no rumo certo.
Para que eu possa ajudar o mundo a viver em Paz, preciso saber o que é Paz. Como achá-la e mantê-la. Não me ensine o caminho da guerra. Não me ensine a lutar, a guerrear. Não me presenteies com armas. Ensine-me a brincar, e não a guerrear, a lutar. Ensina-me a ser cordial. Ensina-me a generosidade, a ser sincero, a ser correto em minhas atitudes.
Principalmente, ensina-me a praticar o bem. Peço-te não me ensinar a fazer conchavos e mutretas, mas apenas a ser correto. Ensina-me a ser uma criatura do bem. Não quero ser corrupto, nem desonesto. Estou iniciando minha vida, e preciso de bons exemplos.
Não espero que me dês somente o alimento, ou bens materiais. Espero que me dês luz e entendimento, que me ensines como é a vida.
Não quero que apenas me cubra de carinhos. Peço que me eduques com amor, e com castigos, se os merecer. Não quero ser apenas uma criança mimada, quero ser uma criança educada, e que saiba respeitar meus semelhantes.
Além de brinquedos, peço que me mostres com bons exemplos como praticar o bem, como ajudar a outrem. Peço que converses comigo, que me fales de seus problemas, que me expliques tudo o que preciso saber. A vida não é apenas brincadeiras e festas. Tem seu lado prático, tem seu lado difícil, que preciso conhecer também.
Espero que não me consideres apenas com um objeto para ser tratado com cuidado e desvelo, pois sou uma pessoa que está chegando para viver a vida. Esta mesma vida que vivestes.
Espero merecer teu carinho e não apenas recebê-lo sem merecimento ou devotamento. Espero que me estendas a mão com amizade e amor, e não apenas por obrigação de pai.
Espero que me ensines a ser bom e justo, a perdoar e ser perdoado. Estou chegando agora, e nada sei da vida. Dependo de ti para bem vivê-la. Para marcar meu caminho com boas atitudes. Portanto, peço que corrija minhas falhas, enquanto ainda posso aprender. Não espere que o pior aconteça para depois tentar consertar.
Ensina-me os piores vícios, para que eu saiba evitá-los. Se não souber de seus malefícios, se não souber como e o que são, não estarei preparado para resistir às tentações.
Ensina-me a arte do bem viver agora, para que eu não chore amanhã, e nem te faça chorar, depois que coisas irremediáveis acontecerem.
Não espere que eu fique para sempre junto de ti. Sou a flecha que atirastes para o mundo. Se me colocares no rumo certo, atingirei um bom alvo.
Enfim, estou aqui, e tudo espero de ti. E que me ajudes a fazer deste dia UM LINDO DIA.