
NEM TUDO SÃO FLORES
(Tais Luso de Carvalho)
Quando levo meu cachorro pra passear, meus olhos vão descobrindo alguns terraços cheios de flores, janelas com cortinas de crochê e bebedouros para os bem-te-vis. Um encanto! E cada dia que faço este passeio parece que esses terraços são mais e mais festivos, e que existem pessoas muito felizes naqueles lares. O sol, as flores, os bem-te-vis... Quando volto pra casa penso em transbordar minha sacada de flores, deixá-la como se fosse um jardim...
O que estarão fazendo os habitantes daquelas casas e apartamentos? É difícil imaginar que por detrás daqueles jardins encantados possa existir alguém triste, solitário e com uma montanha de problemas.
Mas são momentos de ilusão, uma vez que me afasta da violência da cidade e me permite pensar que a vida se apresenta sempre maravilhosa; deve ser o poder das flores...
Percebo que só tive esta ilusão porque supervalorizei o que estava longe, o desconhecido: as casas dos vizinhos da minha rua.
Mas aquela imagem me levou a pensar em outra coisa: será que as pessoas não se tornam ídolos porque estão longe e inacessíveis? Fico curiosa com a biografia de grandes nomes e tenho interesse pelos aspectos ocultos de grandes homens, de cientistas e pensadores que fizeram a história da humanidade. Os ídolos nunca são nossos iguais: precisam ficar no patamar da nossa imaginação, protegidos da curiosidade humana, envoltos num mistério que fascina.
Por isso, quero conservar os terraços de meus vizinhos à distância: poderei olhar as flores, os bem-te-vis e pensar, por momentos, que a vida será sempre maravilhosa. Depois volto à realidade, sem problemas. Afinal, nem tudo são flores!...
Olá, Joesio:
ResponderExcluirPara minha surpresa, lendo seu blog cheguei a uma crônica minha. Muito obrigada, por divulgar meu texto.
Estou de sua seguidora, também, e seu link estará no Porto das Crônicas, na janela dos blogs amigos. Agradeço também seu comentário, sempre bem-vindo. Estarei sempre por aqui.
Um abraço
Tais luso