quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

UM DEDO DE PROSA

ANO NOVO, VIDA NOVA... SERÁ?

Passada a ressaca do Natal, eis que se aproxima o réveillon... E mais uma vez renovam-se as esperanças de um novo tempo. Tempo de paz, de amor e de fartura. Tempo de tolerância às diferenças religiosas, sociais, raciais e culturais. Tempo de fraternidade, de fé, de doação, de agradecimentos... Em suma, tempo de consonância harmoniosa entre os povos e de reaproximação do homem ao seu Criador.
Entanto, percebe-se que, a cada virada de ano, mais cética, mais violenta e mais desarmoniosa torna-se a humanidade. E a ganância, certamente, é a principal responsável por essa falta de Amor fraterno, pois o vil metal é colocado em primeiro lugar na lista das prioridades para o ano que se inicia. Muitos, inclusive, o colocam antes da saúde ao fazerem seus pedidos a Deus quando da chegada do Ano Novo.
É!... entra ano, sai ano, e os homens continuam os mesmos: adeptos do egocentrismo e adoradores do deus Cifrão, o que faz com que a raça humana - nociva a ela própria – se aproxime cada vez mais da sua auto-extinção.
Mas como “a esperança é a última que morre” - e a minha é persistente -, desejo a todos um 2012 de muita PAZ, SAÚDE, PROSPERIDADE e inúmeras REALIZAÇÕES.
MEUS VERSOS LÍRICOS

QUIMERAS
(Joésio Menezes)

Até mesmo de olhos fechados
Vejo-te ante mim diariamente
E sinto-me no paraíso, rodeado
De arcanjos divinos, sorridentes...

És, também, dona dos inusitados
Sonhos que tenho constantemente.
E mesmo estando eu acordado,
Tenho contigo sonhos envolventes.

E assim a vida eu vou levando:
De sonhos em sonhos, alimentando
Minha’alma cansada de tantas eras.

E a cada despertar de um novo dia,
Vejo em tudo brotar poesia
Gerada do pólen das minhas quimeras.


JESUS, O ÚNICO CAMINHO
(Joésio Menezes)

- aos corações aflitos

Se estás precisando de cura,
De um pai, um amigo, uma luz,
Não precisas ir longe com a procura,
Tudo isso encontrarás em Jesus.

Somente Ele será capaz
De tudo oferecer-te e nada cobrar.
Ele perdoa, salva e leva a paz
A quem muito pede e pouco sabe dar...

Não te aflijas, ó meu bom amigo!
Quando estiveres em perigo,
Ele nunca te deixará sozinho.

E quando ao Pai precisares ir,
A Jesus, com devoção, deves pedir,
Pois Ele é o único caminho.
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA

ESPELHO MEU
(Vivaldo Bernardes)

Conheço-te e sei da tua fidelidade.
Artísticos detalhes ornam o teu cristal.
Refletes o meu rosto e as minúcias da idade
mostrando que a vida escoa o seu final.

Mudaste-me até a cor dos meus cabelos,
cumprindo, fielmente, o teu papel no tempo.
Tampouco esqueceste as gelhas, em teu zelo,
negando que a vida é simples passatempo.

Porém, “quem vê cara não vê o coração”,
ferido de saudade ou morto de paixão,
pulsando no compasso da desilusão.

Por isso, Espelho meu, não ouses refletir
os ais dum coração sujeito a explodir,
pois os estilhaços bem podem te partir.


PEITO VAZIO
(Graciele da Silva Rodrigues)

Há tempos este vazio peito
não sabe o que é amor,
pois quero lhe entregar meu coração
mas você não...

Quero tanto você que nem sei...
Meus doces lábios ferem o seu nome
como abelhas,
mas você me desdenha,
me confunde, me ilude...

Seu corpo é paixão sobre o meu...
Seus lábios, seu toque, seu rosto....

Enfim, este vazio peito
não sabe o que é amor,
apenas sente amor...!
CRÔNICA DA SEMANA

ANO NOVO!?
(Airton Gondim Feitosa)

O entardecer se torna mais belo, sonoro e envolvido com o vento soprando rumo ao litoral, o canto de despedida das aves marinhas, o marulhar das ondas e as espumas que se tornam mais alvas, à proporção que o crepúsculo desce sobre a terra e cai sobre nos, amantes obstinados na arte de amar, querendo um amor que nunca tivemos, e assim, se vai mais um dia e morre mais uma esperança de uma lembrança que gostaríamos de ter...
Mais um ano termina, cumprimos mais uma etapa, percorrendo a estrada da vida, vivenciando outras existências, assistindo aos vivos e socorrendo aos mortos na derradeira hora da passagem pelo túnel do grande nevoeiro que leva-nos ao paraíso, oxalá.
O grande mistério, o estranho hábito de viver sobre pressão, de que somos maus, pecadores, e abominadores das leis divinas, faz com que essa passagem curtíssima nessa dimensão seja coroada de medos, de um Deus mau e vingativo que nos pune a cada momento, quando na realidade Vossa Divindade é simplesmente maravilhoso, complacente e, que mesmo tendo nos deixado três leis básicas: evolução, livre arbítrio e causa e efeito, ainda nos premia com varias oportunidades, para que atinjamos o ideal e assim, possamos atingir as dimensões da excelência de toda a espiritualidade.
O amor é o único caminho para a verdade, não existem atalhos, não se escreve a vivencia com entrelinhas ou com acentuações cósmicas do retalho extraído de um manuscrito do mar morto descoberto por Dan Brow que modificaria a religiosidade planetária e abriria outros horizontes palpitantes de credulidade, e medo. Não seriam as profecias Astecas que fariam com que fossemos diferente do que somos, talvez, ficássemos ainda piores porque haveríamos acordado de um grande engodo que durara milhares de anos. Assim os cientistas decepcionados resolvessem construir uma nave que comportasse toda a inteligência terrena e as levasse a uma viagem com destino indefinido e improvável fim. Mais quantas divagações e paranóias ainda teremos até saber o que já deveríamos nascer sabendo, ou melhor amando e que o amor acompanhasse todas as nossas etapas e que jamais pudéssemos conhecer sentimentos tão mesquinhos, como a ganância, a inveja, o ódio e, quem sabe, assim, talvez a violência nem existisse e pudéssemos todos nós, amar uns aos outros.
Mais agora o sol se foi por completo, eu olho ao meu redor e vejo tanta coisa que já existia desde a minha infância, lembro de um sonho da adolescência, de uma amor de mulher, de passear de mãos dadas, de beijar aqueles beijos ardentes e de sentir o teu calor mesmo quando já em meu quarto recolhido me encontrava. Passaram-se tantos anos e não viestes, e porque? Será que não me amastes o suficiente para enfrentar o mundo ao meu lado, ou caístes nos impedimentos de outros sentimentos, aqueles que eu não os senti? Mais te lembra mulher que eu ainda espero por ti, na passagem do ano, no limiar de outro amanhecer, que venhas, vestida de branco e com a grinalda das noivas prometidas...

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

UM DEDO DE PROSA

E O NATAL CHEGOU...

E o Natal chegou!...
Chegou trazendo consigo velhas e repetidas esperanças de um mundo melhor, mais harmonioso e com menos desigualdade social. Um mundo sem miséria e sem violência, em que seus habitantes possam viver como irmãos.
Chegou renovando nossos votos de PAZ, SAÚDE e PROSPERIDADE aos nossos parentes, amigos e “agregados”. Chegou enchendo nossos corações de alegria, pois é no Natal que celebramos o nascimento do menino Jesus. Chegou fazendo-nos crer que a humanidade ainda tem salvação; que o Amor ainda existe (e resiste); que devemos ter fé; que Deus jamais se esqueceu de nós e que Ele sempre estará conosco.
Sim!... o Natal mais uma vez chegou, mas não sem nos fazer lembrar de que nem tudo é alegria, pois muitos são os que nada têm para comer; muitos são os que gostariam de ter ao menos um prato de arroz com feijão para servirem aos filhos na noite de Natal. Também, muitos são os que se encontram num leito de hospital esperando a hora da morte; incontáveis são as pessoas que sequer têm um chapéu para servir-lhes de moradia. E contrastando-se a isso, nessa época do ano, os grandes shoppings da cidade parecem formigueiros humanos preparando-se para a incessante batalha do consumismo exagerado, em que o Comércio é o principal vencedor.


Que o verdadeiro espírito natalino faça morada no coração de todos nós!!!


Lindo Natal
MEUS VERSOS LÍRICOS

NOBRE VISITANTE
(Joésio Menezes)

Naquela manhã de sol radiante,
Na lida eu estava concentrado
Quando, de repente, fui contemplado
Co’a presença dum nobre visitante.

Ele chegou silenciosamente
E, como se estivesse procurando
Suas flores, ficou sobrevoando
A sala em qu’eu estava presente.

Aproximou-se de mim e, parado
No ar, mostrou-se decepcionado
Por não encontrar sequer uma flor...

E não encontrando suas amantes,
Acabrunhado e num voo rasante,
Foi-se embora o nobre beija-flor.


ENTRE DORES E RISOS
(Joésio Menezes)

- ao amigo Vivaldo Bernardes -

Teu sofrimento, meu velho amigo,
Nada mais é que a manifestação
Do Amor em busca de um abrigo
Que te traga menos sofreguidão.

Mas, tal sofrimento é um castigo
Às coronárias do teu coração,
Que sempre foi solidário contigo
Nas dores causadas pela paixão.

Entanto, teu Amor é muito forte
E há de tanger pra longe a morte,
Que nos espera sem constrangimento.

E, juntos, daremos muitas risadas
Das dores que te foram provocadas
Pela paixão e outros sentimentos.
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA

UM BEIJO
(Olavo Bilac)

Foste o beijo melhor da minha vida,
ou talvez o pior...Glória e tormento,
contigo à luz subi do firmamento,
contigo fui pela infernal descida!

Morreste, e o meu desejo não te olvida:
queimas-me o sangue, enches-me o pensamento,
e do teu gosto amargo me alimento,
e rolo-te na boca malferida.

Beijo extremo, meu prêmio e meu castigo,
batismo e extrema-unção, naquele instante
por que, feliz, eu não morri contigo?

Sinto-me o ardor, e o crepitar te escuto,
beijo divino! e anseio delirante,
na perpétua saudade de um minuto...


ANJOS DO CÉU
(Álvares de Azevedo)

As ondas são anjos que dormem no mar,
Que tremem, palpitam, banhados de luz...
São anjos que dormem, a rir e sonhar
E em leito d'escuma revolvem-se nus!
E quando de noite vem pálida a lua
Seus raios incertos tremer, pratear,
E a trança luzente da nuvem flutua,
As ondas são anjos que dormem no mar!
Que dormem, que sonham- e o vento dos céus
Vem tépido à noite nos seios beijar!
São meigos anjinhos, são filhos de Deus,
Que ao fresco se embalam do seio do mar!
E quando nas águas os ventos suspiram,
São puros fervores de ventos e mar:
São beijos que queimam... e as noites deliram,
E os pobres anjinhos estão a chorar!
Ai! quando tu sentes dos mares na flor
Os ventos e vagas gemer, palpitar,
Por que não consentes, num beijo de amor
Que eu diga-te os sonhos dos anjos do mar?
CRÔNICA DA SEMANA

O NATAL DE CADA UM...
(Taís Luso de Carvalho)

Apostamos que nossos melhores Natais aconteceram na infância, como se nela tivesse ficado, também, o melhor de nossas vidas. Mas Natal é emoção: e o que conta são nossas carências, nossas buscas, nossas frustrações ou nossos sonhos. Querendo ou não, o 25 de Dezembro é o receptáculo para todas as emoções reprimidas. Os sentimentos afloram como se estivessem na primavera... Tempo e lugar não importam diante da verdade de cada um.
Muitos gostam do Natal, outros preferem as festanças do Ano-Novo. Não importa o motivo. Importante é se queremos comemorar ou ficarmos quietos e pensativos, apenas. E isso também é saudável; dar liberdade aos nossos sentimentos e às nossas manifestações. Cada um faz o seu Natal. E isso é respeito.
Repensando a minha infância, percebi que coloquei nela mais o concreto do que o teórico; mais os presentes do que os sentimentos. Muita coisa foi fora de medida, mas esse rebuliço é normal. Depois cresci e o equívoco se desfez.
Lembro-me, ainda, que na véspera do Natal passado recolhi várias roupas fora de uso, coloquei-as numa sacola e saí. Andei com o sacolão por vários quarteirões. Encontrei uma florista arrumando sua humilde banca, com um nenê no colo e um menino excepcional deitado sobre um capacho sujo. Perguntei-lhe se queria as roupas e, com um acanhado sorriso, respondeu-me que sim. Coloquei a sacola pertinho da criança doente, sobre o capacho sujo. O menino me olhou e sorriu como se estivesse vendo uma fada-madrinha. Passei minha mão sobre sua cabecinha, comovida com aquele sorriso ingênuo e sem mágoa da vida. E retomei meu caminho. Mas minha retina já havia fotografado a imagem daquela criança, e num dia de Natal.
Antes de atravessar a rua senti um leve toque em meu ombro. Era a florista; num gesto tímido e agradecido, ofereceu-me uma singela rosa branca desejando-me um Feliz Natal e com muitas bênçãos de Deus. Minha garganta ardeu: no esforço de sufocar uma lágrima engoli uma amarga saliva. Se isso tivesse acontecido num dia comum, penso que minha reação teria sido diferente. E talvez a dela também. Mas era Natal! Por si só esta data é mágica e nos conduz aos mais nobres gestos e sentimentos.
Saí pensando na atitude da florista e o quanto seu gesto me sensibilizou. E voltei pra casa com os olhos marejados.
Diante disso não tenho o porquê pensar nos Natais de minha infância. Quando adultos, a troca afetiva é o prato principal; os presentes passam a ser apenas o molho...
À noite, coloquei a minha rosa branca num lugar de destaque: marcou presença e enfeitou a minha noite de Natal.
E este ano... Por onde andará a minha florista?

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

UM DEDO DE PROSA

VI ENCONTRO ARTÍSTICO-CULTURAL DA APL
Era noite do dia 09 de dezembro, sexta-feira. Ansiosos, aguardávamos os convidados para começar a festa. Os ponteiros marcavam vinte horas, e nenhum convidado ainda havia chegado para o evento, marcado para as dezenove e trinta.
Finalmente, com quarenta minutos de atraso, chega o primeiro convidado. Poucos minutos depois, mais um e mais outro, e outro mais. O mestre de cerimônia dá início ao VI ENCONTRO ARTÍSTICO-CULTURAL da Academia Planaltinense Letras. Eram vinte horas e trinta minutos... Na plateia, apenas meia dúzia de convidados. Também pudera!... Naquela noite aconteciam, simultaneamente, três festas de grande porte.
E com tanta “coisa boa” na cidade, quem se interessaria por um Sarau de Poesias seguido de uma NOITE DE AUTÓGRAFOS?... Aquelas duas dezenas de pessoas que se fizeram presentes ao nosso evento e lá permaneceram até o último verso declamado.
Na ocasião, o poeta Vivaldo Bernardes e eu lançávamos nossos mais recentes trabalhos poéticos: Coisas da Vida e Viagem pelo Brasil-canção, respectivamente. Com relação ao público, disse o octogenário poeta: “o que torna o evento agradável e bem sucedido não é a quantidade de pessoas presentes, mas a qualidade do seu público”.
Sábias palavras!... pois as poucas pessoas presentes ao nosso evento fizeram aquela festa inesquecível para todos nós, os organizadores, tendo em vista o entusiasmo e a cara de satisfação de todos os convidados.
Deixo aqui registrado o nosso MUITO OBRIGADO a todos que lá estiveram!...
MEUS VERSOS LÍRICOS

O PASSARINHO
(Joésio Menezes)

Canta triste o passarinho,
Aprisionado na gaiola,
Com saudade do seu ninho
Lá no alto da graviola.

E o seu triste cantar
É um apelo à liberdade,
É vontade de voar
Pelos bosques da cidade,

É desejo de sair
Da gaiola e sentir
Nas suas asas o vento...

Voa livre o passarinho
- Que não mais está sozinho -
Sob o olhar do firmamento.


VERSOS PERDIDOS
(Joésio Menezes)

Versos perdidos são os que não fiz a ti,
Pois neles estava todo meu sentimento,
Por isso, tenho certeza: eu os perdi
E não mais adianta esse meu lamento.

Versos perdidos não se recuperam mais
Tampouco deles se tem notícias quaisquer,
Mas são versos... e deles me esqueço jamais,
Principalmente quando feitos à mulher.

Versos perdidos... esses jamais os terei,
Pois onde e como encontrá-los, eu não sei,
Mas serão eles os meus versos preferidos!

E toda vez que me faltar inspiração
Ou a saudade invadir meu coração,
Me lembrarei daqueles meus versos perdidos.
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA

UM DIA, SOMENTE
(Andrea Joy)

Traga a minha vida de volta.
Me abrace e nunca me solte!
Me aceite como sou.
Preciso de você, desse amor.
Eu tento, juro! Não quero invadir sua vida,
Mas sua vida me interessa,
Você é o meu objetivo maior.
Eu não quero morrer sem ter
O toque de suas mãos em meu corpo,
Sem seus beijos, sem ter você
Nem que seja por um dia somente!...


VOCÊ NO CORAÇÃO
(Patrícia Ximenes)

Eu preciso dizer que te amo
Um amor daqueles cheio de sonhos.
Eu preciso dizer que te preciso
Uma necessidade bem dolorida.
Eu preciso dizer que te quero
Um querer mais que bem querer.
Eu preciso dizer que talvez eu desista
Uma renúncia pra te ver feliz.
Eu preciso dizer-te que te amarei sempre
Mesmo quando o teu beijo for mera lembrança.
CRÔNICA DA SEMANA

O PAVÃO
(Rubem Braga)

Eu considerei a glória de um pavão ostentando o esplendor de suas cores; é um luxo imperial. Mas andei lendo livros, e descobri que aquelas cores todas não existem na pena do pavão. Não há pigmentos. O que há são minúsculas bolhas d'água em que a luz se fragmenta, como em um prisma. O pavão é um arco-íris de plumas.
Eu considerei que este é o luxo do grande artista, atingir o máximo de matizes com o mínimo de elementos. De água e luz ele faz seu esplendor; seu grande mistério é a simplicidade.
Considerei, por fim, que assim é o amor, oh! minha amada; de tudo que ele suscita e esplende e estremece e delira em mim existem apenas meus olhos recebendo a luz de teu olhar. Ele me cobre de glórias e me faz magnífico.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

UM DEDO DE PROSA

SEXO FRÁGIL???

Costumam chamar a mulher de “sexo frágil”...
Sexo frágil que nada!... Quem inventou isso certamente não conhece a força física e emocional que tem a mulher. Às vezes, ela é “bem mais macho” que certos homens, sem, no entanto, perder a sua delicadeza, o seu jeito feminino de ser mulher.
Ela morre de medo de uma simples barata, mas, se for preciso, enfrenta uma alcateia faminta para proteger a sua cria; ela se derrete em lágrimas diante de uma cena triste de novela, porém, resiste bravamente à dor do parto; ela não tem forças para trocar o pneu do seu carro, entretanto, sobram-lhe forças para se colocar de pé após as rasteiras que leva da vida, principalmente após as decepções de um casamento mal sucedido.
Sexo frágil somos nós, os homens, pois com um simples resfriado nos entregamos à “mofinice” e nos deixamos cair de cama; sexo frágil somos nós que, após 8 horas diária de trabalho, não temos disposição de lavar um copo sequer em nossas casas, enquanto elas têm disposição para trabalhar fora, administrar a casa, cuidar dos filhos, suportar a estupidez dos seus maridos e, às vezes, ainda sobra-lhes energia para um passeio com a família nos finais de semana.
E mesmo assim chamam a mulher de sexo frágil!...
MEUS VERSOS LÍRICOS

O VENTO
(Joésio Menezes)

O vento que sopra meu rosto
E, às vezes, levanta a saia
Da musa Cláudia Raia
É mais forte no mês de agosto.

O vento que sopra aqui
Também sopra acolá
Trazendo o cheiro que há
Na florada do pequi.

O vento levanta a poeira
E nos traz a canseira
Da nossa labuta diária.

O vento forte assobia
Trazendo alegria
À minha vida solitária.


DESEJO-TE
(Joésio Menezes)

Sim!... desejo-te noite e dia!
E meus desejos vão além
Da amizade, que nos mantém
Cautelosos em demasia.

São desejos nada normais
A quem sempre foi comedido
Com relação à sua libido,
Aos seus impulsos sexuais.

São desejos tão descarados
Que sempre vêm acompanhados
De uma dose de pudor!...

Desejo-te diariamente
De maneira tão contundente
Que não temo ser pecador.
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA

OLHARES PERSPICAZES
(Vivaldo Bernardes)

Teus olhares espertos, perspicazes
vir só podem dos olhos de onde vêm.
Se demoram mais tempo, são capazes
de cegar-me da luz qu'eles contêm.

São esquivos, às vezes alternados:
Entre um, entre outro, um sorriso,
quando mostras os dentes fileirados
como jóias ou pedras de granizo.

São esquivos, já disse noutra estrofe.
São ligeiros.Completo: são furtivos.
Eles deixam humanos mortos-vivos.

Nesta Terra, não há quem deles mofe.
Nem no céu eu verei outros iguais!
Nunca vi nesta vida olhares tais!


A VIDA É UMA FESTA
(Iracema Zanetti)

Para mim, a vida é uma festa!
Não sei - e não me interessa entender -
De que forma eu surgi no mundo!
Apenas bem-digo ao Criador
Em soprar-me o milagre da vida...!

Agradeço, também aos meus pais,
Por sentir registrado...
Em minha alma que sou feliz
E muito amada!

De outro modo, eu não seria este ser
Que traz tanto amor no coração
Para partilhá-lo, com quem quer que seja,
E necessite de um ombro amigo
Em suas tristezas...!

Sou tranqüila, sensível,
Mas se preciso, vou à luta!
Sei brigar e defender meus direitos,
Se deles eu estiver convicta!
Não desejo, nunca desejei mal ao próximo!

Nem mesmo em momentos raros,
De divergência, apesar da minha alma
Sentir-se triste e abalada, o perdão
E o esquecimento, surgia e surge...
Se for o caso!

Minhas mágoas são passageiras
Como chuvas de verão,
Porque faço da vida uma festa...!

A vida que foi criada para ser vivida
Intensamente e com muita alegria!
Quem somos nós perante Deus
Para testá-lo e querermos saber
De seus desígnios...
Se foi Ele, como o Criador do Mundo
Que nos soprou o dom da vida?
CRÔNICA DA SEMANA

ALFAÇADA
(Jô Soares)

No princípio eram as trevas. Aí Deus criou o couvert. Depois do couvert vieram as entradas, depois das entradas, o pernil. Depois do pernil veio a farofa, a maionese e o feijão tropeiro, além da cerveja, é claro, bem gelada, que não podia faltar. Deus achou tudo aquilo muito bom mas achava que faltava um doce. Aí apareceu o quindim, depois do quindim veio o café. O café e um licor. E a conta.
A gordura é a desgraça do mundo moderno.
Vendo que estava engordando, tomei uma coca cola e uma decisão drástica: vou comer menos. E para mostrar que não estava brincando entrei imediatamente num Mc Donald's e pedi um Big Mac sem cebola. Começou aí o meu regime. Sim, pois o primeiro passo para quem decide começar uma dieta é, antes de mais nada, escolher entre os milhares de métodos de regimes à disposição. Logo eu que gosto de tudo... que como tudo... Como até aquele queijo do Mc Donald's que é feito do mesmo material da caixinha em que vem o sanduíche. Mas vamos às dietas.
Tem a dieta do Amir Klink; onze meses na Antártida. Esta dieta tem um problema: além de emagrecer, causa espinha no rosto, e faz cabelos aparecerem nas mãos. Segundo alguns até pode levar à cegueira.
O gordo vive eternamente revoltado com a natureza. Porque só a cerveja dá barriga? Porque alface não dá barriga? Porque agrião não dá celulite? Está tudo errado no mundo, menos o pastel do Álvaro's.
O primeiro sentimento de quem começa uma dieta é o de revolta. A vida passa a ser igual comida de hospital - não tem graça nenhuma. Dá vontade de acabar com tudo, a começar pelo que tem na geladeira, continuando a fúria devastadora de Gengis Khan até a loja de doces que colocaram na esquina só pra te sacanear.
O emagreando (ou regimando), é um indivíduo macambúzio, triste e cabisbaixo. Para ele nada faz sentido, só uma empadinha. A balança, depois da roleta do ônibus, é a sua maior inimiga.
No geral, todas as dietas seguem o mesmo princípio: nada que é gostoso pode! E o pior são os médicos de dieta querendo convencer você das delícias do chuchu, do sabor da cenoura, que um tomate no lanche substitui um Big Bob e que o chá de camomila relaxa mais que um chopp.
Só quem ganha com os regimes são os médicos de dieta, que devem gastar todo o dinheiro em banquetes monumentais, em porres homéricos nos congressos que eles organizam só pra contar piada e zombar dos pacientes que eles deixaram suspirando na frente de uma folha de alface.
Mas como você não consegue emagrecer, o jeito é ir para um Spa. Alguns indivíduos têm de ser trancados em jaulas para agüentar a rotina do Spa. Num Spa um irmão esfaqueia o outro por causa de uma bomba de chocolate, o marido estrangula a esposa por um cream-cracker.
Fugitivos destes campos de alimentação, quando conseguem escapar dos cães farejadores de comida, andam quilômetros para buscar refúgio na padaria mais próxima.
Quando voltam para casa, vários quilos mais magros, cheios de rugas e cicatrizes, trazem a marca de quem escapou vivo do inferno e mais tarde, nas noites frias de inverno, contam para seus netinhos como pagaram uma fortuna por um cheese-burguer sem catchup!
Comida pra ser boa tem que fazer mal, dar dor de barriga: mocotó, feijoada, leitão à pururuca, rabada, xinxim de galinha, vatapá, caruru, bobó, barreado, virado à paulista, baconzitos, cheesitos, doritos, pizza, batata frita de latinha, cheeseeggtudoburguer com molho e sem alface, bacalhau à zé do pipo, salame, salchichão e, é claro, o porco como um todo!!!!! Isso sim é que é comida de verdade!
Ninguém no sábado depois do almoço bate na barriga satisfeito e vai puxar um ronco depois de comer uma salada. Ninguém convida um amigo: "vai sábado lá em casa que vai ter alfaçada". É mais fácil perder um amigo se você fizer um convite desses do que os 30 quilos que estão sobrando!