O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA E UNIVERSAL
A CIGANINHA
(Miguel de Cervantes)
Quando Preciosa a pandeireta toca,
e fere o doce som os ares vãos,
pérolas são que espalha com suas mãos,
flores são que arremessa de sua boca.
A alma fica suspensa, a mente louca
aos atos sobre-humanos sem ação,
que por limpos, honestos e por sãos
sua fama lá no céu mais alto toca.
Pendentes do menor de seus cabelos
mil almas leva, e ajoelhado tem
Amor, que uma e outra flecha aos pés lhe deita:
cega e ilumina com seus raios belos,
seu trono Amor por eles se mantém,
e mais grandezas de seu ser suspeita.
A UM POETA
(Olavo Bilac)
Longe do estéril turbilhão da rua,
Beneditino escreve! No aconchego
Do claustro, na paciência e no sossego,
Trabalha e teima, e lima , e sofre, e sua!
Mas que na forma se disfarce o emprego
Do esforço: e trama viva se construa
De tal modo, que a imagem fique nua
Rica mas sóbria, como um templo grego
Não se mostre na fábrica o suplicio
Do mestre. E natural, o efeito agrade
Sem lembrar os andaimes do edifício:
Porque a Beleza, gêmea da Verdade
Arte pura, inimiga do artifício,
É a força e a graça na simplicidade.
terça-feira, 27 de outubro de 2009
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário