terça-feira, 27 de outubro de 2009

CRÔNICA DA SEMANA

NEM TUDO SÃO FLORES
(Tais Luso de Carvalho)

Quando levo meu cachorro pra passear, meus olhos vão descobrindo alguns terraços cheios de flores, janelas com cortinas de crochê e bebedouros para os bem-te-vis. Um encanto! E cada dia que faço este passeio parece que esses terraços são mais e mais festivos, e que existem pessoas muito felizes naqueles lares. O sol, as flores, os bem-te-vis... Quando volto pra casa penso em transbordar minha sacada de flores, deixá-la como se fosse um jardim...
O que estarão fazendo os habitantes daquelas casas e apartamentos? É difícil imaginar que por detrás daqueles jardins encantados possa existir alguém triste, solitário e com uma montanha de problemas.
Mas são momentos de ilusão, uma vez que me afasta da violência da cidade e me permite pensar que a vida se apresenta sempre maravilhosa; deve ser o poder das flores...
Percebo que só tive esta ilusão porque supervalorizei o que estava longe, o desconhecido: as casas dos vizinhos da minha rua.
Mas aquela imagem me levou a pensar em outra coisa: será que as pessoas não se tornam ídolos porque estão longe e inacessíveis? Fico curiosa com a biografia de grandes nomes e tenho interesse pelos aspectos ocultos de grandes homens, de cientistas e pensadores que fizeram a história da humanidade. Os ídolos nunca são nossos iguais: precisam ficar no patamar da nossa imaginação, protegidos da curiosidade humana, envoltos num mistério que fascina.
Por isso, quero conservar os terraços de meus vizinhos à distância: poderei olhar as flores, os bem-te-vis e pensar, por momentos, que a vida será sempre maravilhosa. Depois volto à realidade, sem problemas. Afinal, nem tudo são flores!...

Um comentário:

  1. Olá, Joesio:
    Para minha surpresa, lendo seu blog cheguei a uma crônica minha. Muito obrigada, por divulgar meu texto.

    Estou de sua seguidora, também, e seu link estará no Porto das Crônicas, na janela dos blogs amigos. Agradeço também seu comentário, sempre bem-vindo. Estarei sempre por aqui.

    Um abraço
    Tais luso

    ResponderExcluir