terça-feira, 13 de julho de 2010

O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA


LÍNGUA PORTUGUESA
(Olavo Bilac)

Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela...

Amote assim, desconhecida e obscura,
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela
E o arrolo da saudade e da ternura!

Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,

Em que da voz materna ouvi: "meu filho!"
E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem brilho!


EDUCAÇÃO – UM DESTINO MAGISTRAL?
(Xiko Mendes)

Patriota anônima, sonhadora aventureira,
Ela seguia pela cidade ensinando a vida:
Era a pequena notável menina carvoeira!
Fazia do carvão o giz na escola esquecida.

Artesão da palavra! Sobrevivente do sertão!
Com fé abnegada e a sua rotina franciscana,
Suas lições, como sangue jorrando no coração,
Inundavam vasos comunicantes da grei humana.

Cada letra ensinada era um mundo que se abria
E, mostrando ao analfabeto porque ele não sabia,
Revolucionou a sociedade com seu carvão vegetal.

Essa mineradora de sonhos com aura de pioneira,
Que educou seu povo de quem foi líder verdadeira,
Morreu sem troféu semeando a consciência social.

Nenhum comentário:

Postar um comentário