quinta-feira, 28 de abril de 2011

O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA E UNIVERSAL

ALMA MINHA GENTIL, QUE TE PARTISTE
(Luís Vaz de Camões)

Alma minha gentil, que te partiste
Tão cedo desta vida descontente,
Repousa lá no Céu eternamente,
E viva eu cá na terra sempre triste.

Se lá no assento Etéreo, onde subiste,
Memória desta vida se consente,
Não te esqueças daquele amor ardente,
Que já nos olhos meus tão puro viste.

E se vires que pode merecer-te
Algũa cousa a dor que me ficou
Da mágoa, sem remédio, de perder-te,

Roga a Deus, que teus anos encurtou,
Que tão cedo de cá me leve a ver-te,
Quão cedo de meus olhos te levou.


O SONETO
(Vivaldo Bernardes de Almeida)

São apenas quatorze os versos do soneto,
sacrário misterioso do mágico poeta
quando supera o músico e o seu minueto
e, do alto do soneto, vê a sua joia completa

garimpada no imo extremo do seu Cord,
relicário das mais profundas emoções,
condimento dosado em doridas poções
que nos fazem ouvir um mavioso acorde.

Do diminuto espaço, entornam grandes dores,
derrama-se a saudade, explode a paixão...
e dos olhos do poeta pingam os amores

perdidos nas entranhas do seu coração,
embora ainda exalem os mesmos odores
e o morno calor dum mui antigo vulcão.

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