UM DEDO DE PROSA
INCLUSÃO E FALTA DE LUCIDEZ: UMA ANTÍTESE EDUCACIONAL
Em tempos de crise financeira mundial, parece que os homens estão perdendo a juizo e agindo de forma irracional. Muitos são os casos noticiados na televisão de pessoas que agem como se lhes faltasse o tino, o equilíbrio emocional, a lucidez... Muitas são as pessoas que deixam de agir motivadas pela razão e, precipitadamente, agem dominados pela emoção.
Parece, inclusive, que até nossos governantes foram afetados pela falta de lucidez, principalmente aqueles cuja responsabilidade é cuidar da educação. Em Brasília, os responsáveis pela educação (estou referindo-me aos "chefes") pregam dia e noite a Inclusão nas escolas públicas, porém essas mesmas pessoas são os maiores responsáveis pela incoerência que hoje está ocorrendo na educação. São eles os primeiros a excluírem os alunos Portadores de Necessidades Educacionais Especiais, uma vez que a esses estudantes não são oferecidas as mínimas condições de inclusão. Professores, escolas, servidores, alunos e familiares não são suficientemente preparados para receberem alunos especiais. E quando acontece de uma escola estar preparada (e adequada) para esses alunos, as autoridades acham um meio de excluí-los.
De que forma?
Negando-lhes o que lhes é de direito: o acesso à educação.
Melhor ilustrando o que acabo de afirmar, a escola em que trabalho é Inclusiva. Nela atendemos alunos com deficiência visual, auditiva e intelectual, além daqueles ditos "normais". É sabido que os alunos Portadores de Necessidades Educacionais Especiais, em sua maioria, estão fora da faixa etária correspondente às respectivas séries. Isso é absolutamente normal, menos para a Secretaria de Educação, que determinou às escolas a não receberem alunos, quaisquer que fossem eles, acima da idade mínima permitida para determinada série. E seguindo essa determinação absurda, o estabelecimento de ensino em que trabalho recusou a matrícula de dois alunos surdos, pois ambos têm 15 anos e não poderão estudar com as crianças da 5ª série. Falaram que eles deverão ser transferidos para a noite. Muito incoerente, pois as escolas noturnas somente atendem o supletivo (EJA) e para ser matriculado na Educação de Jovens e Adultos, o aluno precisa ter a idade mínima de 16 anos.
Então, como fica a situação daqueles alunos surdos rejeitados por terem 15 anos?
Simplesmente terão que ficar sem estudar até que tenha idade para estudar á noite. Enqunto isso não acontece, eles poderão ocupar o tempo ocioso comentendo pequenos delitos, pois além de serem deficientes eles também são menores, e os estatutos do Deficiente e da Criança e do Adolescente lhes guardarão o direito de não serem punidos.
Eu, não auge da minha sanidade mental, às vezes me pego pensando se realmente estou lúcido ou se eles (os "chefes da Educação) é que estão agindo corretamente, de acordo com a sua lucidez insana e incoerente.
terça-feira, 3 de fevereiro de 2009
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