terça-feira, 18 de novembro de 2008

O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA E UNIVERSAL


NEGRITUDE
(Agenor Martinho Correa)

Negritude não é favela, não é cachaça...
Não é filosofia e nem religião,
É a forma viva da expressão
Da cultura e da força de uma raça.
A negritude está no samba,
Está nos rituais da umbanda,
Na genialidade do rei Pelé...
Está no embalo da "music axé"
Que da Bahia ganhou o Brasil...
Está no tropicalismo do Gilberto Gil,
Na criatividade, no talento,
Na mística voz do Milton Nascimento
Cantando as alegrias e as dores,
Está na "timbalada",
No sincronismo dos tambores,
No ideal da negra massa anônima
Que trabalha com tanto afã...
Está no lirismo do Djavan,
No sutil "toque de bola",
Na poesia do Paulinho da Viola
Mexendo com o coração de quem ama...
Está na luta de Luis Gama,
Na força do seu ideal abolicionista,
No requebrado da passista
À frente da bateria da Mangueira,
Está na ginga da capoeira,
Nas expressões corporais da dança,
Nos arranjos graciosos da trança
Enfeitando o cabelo carapinha...
Está na música do Pixinguinha,
No cavaco do Nelson Cavaquinho,
Na alegria do samba do Martinho
Cantando o folclore e a tradição...
Em Zumbi lutando contra a escravidão,
No sorriso negro, aberto e sincero,
No jeito alegre do Grande Otelo,
Na sua interpretação cheia de graça...
Negritude não é favela, não é cachaça...
Não é filosofia e nem religião,
É a forma viva da expressão
Da cultura e da força de uma raça.


SIDERAÇÕES
(Cruz e Sousa)

Para as Estrelas de cristais gelados
As ânsias e os desejos vão subindo,
Galgando azuis e siderais noivados
De nuvens brancas a amplidão vestindo...

Num cortejo de cânticos alados
Os arcanjos, as cítaras ferindo,
Passam, das vestes nos troféus prateados,
As asas de ouro finamente abrindo...

Dos etéreos turíbulos de neve
Claro incenso aromal, límpido e leve,
Ondas nevoentas de Visões levanta...

E as ânsias e os desejos infinitos
Vão com os arcanjos formulando ritos
Da Eternidade que nos Astros canta...

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