terça-feira, 4 de novembro de 2008

O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA E UNIVERSAL


SILÊNCIO!...
(Florbela Espanca)

No fadário que é meu, neste penar,
Noite alta, noite escura, noite morta,
Sou o vento que geme e quer entrar,
Sou o vento que vai bater-te à porta...

Vivo longe de ti, mas que me importa?
Se eu já não vivo em mim! Ando a vaguear
Em roda à tua casa, a procurar
Beber-te a voz, apaixonada, absorta!

Estou junto de ti, e não me vês...
Quantas vezes no livro que tu lês
Meu olhar se pousou e se perdeu!

Trago-te como um filho nos meus braços!
E na tua casa... Escuta!... Uns leves passos...
Silêncio, meu Amor!... Abre! Sou eu!...


A CANÇÃO DA VIDA
(Mário Quintana)

A vida é louca
a vida é uma sarabanda
é um corrupio...
A vida múltipla dá-se as mãos
como um bando
de raparigas em flor
e está cantando
em torno a ti:
Como eu sou bela, amor!
Entra em mim,
como em uma tela de Renoir
enquanto é primavera,
enquanto o mundo
não poluir
o azul do ar!
Não vás ficar,
não vás ficar aí
como um salso chorando
na beira do rio...
(Como a vida é bela! como a vida é louca!)

Nenhum comentário:

Postar um comentário