quarta-feira, 3 de novembro de 2010

MEUS VERSOS LÍRICOS

ASCENÇÃO E QUEDA DE UM CORONEL GOIANO
(Joésio Menezes)


Certa vez um coronel
Lá das terras de Goiás
Fez morada em Brasília
E não saiu nunca mais.
Ele era bem mais astuto
Que o próprio Satanás.


Aqui chegou de mansinho,
(Como quem nada queria!)
E logo lhe concederam
Liberdade em demasia.
Como se estivesse em casa
O coronel se sentia.

Foi aí que lhe surgiu
A ideia infernal
De política fazer
Na Capital Federal.
Desde então nossa Brasília
Vive num inferno astral.

Na política entrou
Para se aproveitar
Dos menos favorecidos
Que sonhavam encontrar
Alguém de “bom coração"
Capaz de lhes ajudar.

Os pobres só não sabiam
Que aquele coronel
Veio lá das “profundezas”,
Lá da “casa do chapéu”,
Para fazer de Brasília
A sede do seu cartel.

Prometendo vida fácil
Seu exército formou;
Com cargos de confiança
Autoridades comprou
E com o poder nas mãos,
A Justiça subornou.

Aos pobres ele doou
Lotes que não eram seus,
Com isso foi conquistando
O status de semideus.
Para eles era “um anjo”,
Um “enviado de Deus”.

Pai dos “desfavorecidos”
Por alguns era chamado,
Mas pelos esclarecidos
Sempre foi repudiado,
Pois o falso “semideus”
Era o cão disfarçado.

Foi co’a política que ele
Fez tudo o que sempre quis:
Aumentou seu patrimônio
Na Capital do país
E empesteou a cidade
Co’a dinastia RAPORIZ.

Nas falcatruas políticas
Ele manda e desmanda.
É ele o manda-chuva
Da quadrilha que comanda
Os atos de corrupção
Junto à justiça nefanda.

Mas sua grande ambição
De o mundo conquistar
Ele viu por água abaixo
Rapidamente escoar
Quando da bezerra d’ouro
Começaram a falar.

Temendo a cassação,
Renunciou ao mandato
De Senador da República
E sumiu, de imediato,
Antes que os jornalistas
Dessem destaque ao fato.

Afastou-se da política,
Mas, provisoriamente...
Tão logo deram início
Às inscrições referentes
Ao governo do DF,
Fez-se ele concorrente.

O coronel inscreveu-se,
Mas a sua candidatura
Foi levada a julgamento
Por causa da linha dura
Que impôs a Ficha Limpa,
Lei da probidade pura.

Porém, a astuta raposa
Renunciou novamente.
Não mais era candidato,
Mas disse ser inocente.
Inda disse confiar
No perdão da sua gente.

E como não se bastassem
Os atos horripilantes
Do tal coronel goiano,
Tem outro mais intrigante:
Ele expôs sua esposa
A um papel humilhante.

No seu lugar colocou-a
Confiando no seu nome,
Provando mais uma vez
Que tem ele grande fome
De estar sempre no poder
Cuja falta lhe consome.

E a pobre miserável
À “luta” foi enviada
Pra, em nome do amor,
Nas urnas ser humilhada.
Sem experiência alguma,
A mulher foi massacrada.

O coronel também viu
O Supremo Tribunal
Torná-lo inelegível
Por um período igual
A dois longos mandatos
Do Senado Federal.

E foi assim que se deu
A queda do infeliz
Que trouxe de Luziânia
A maldição Raporiz...
Brasília hoje respira
Sem medo de ser feliz.

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