quarta-feira, 3 de novembro de 2010

CRÔNICA DA SEMANA

AS VACAS DE OURO
(Taís Luso de Carvalho)

Acho que o nosso futuro já está traçado: não adianta esbravejar. O negócio é relaxar e gozar como mandou nossa ‘Ministra do Botox’. Até isso temos de ouvir.
Dias atrás, escutei uma amiga - esperançosa, a coitada! - perguntar se não daria pra termos uma visão menos pessimista, de ver revertido alguns valores da sociedade e ver mais seriedade por parte das instituições governamentais. Ai, que ingenuidade...
Não, querida, isto é u-to-pi-a; tira teu cavalinho da chuva. No Brasil, onde a miséria é crescente, onde a saúde, a segurança, a educação são menosprezadas, o que esperar para os próximos anos? O que esperar de um país cuja mentalidade dos nossos políticos é de se esbaldarem com o dinheiro público através dos carrões, das várias mansões, de aviões luxuosos, e do ‘resto’ da graninha nos paraísos fiscais? É muito; isso agride. Vejo uns ‘homenzinhos’, já caindo aos pedaços, roubando como loucos, como se tivessem uma vida inteira para torrarem o nosso dinheiro. Já não estão lá com toda essa ‘Brastemp’ de vigor...
O SUS? – ah, bobagem! O Presidente não disse que o tal SUS está perto da perfeição? A miséria não existe; é invenção nossa. E trabalhar pra pobre não dá resultado. É como fazer saneamento básico, não aparece. O negócio é encher a cidade de viadutos gigantes e pomposos! Nem que seja nos cafundó; e fazer rolar dinheiro para todos os cantos e pra todos os bolsos. Só espero que não queiram reproduzir, aqui, as pirâmides do Egito. Mas qualquer dia aparece um louco com uma idéia mirabolante pra faturar. Eles faturam e nós relaxamos.
Os pobres estão sendo empurrados para mais longe, subindo o morro, pra lá das moitas. Mas estão descendo com maior violência, igual a bumerangue.
Olha, gente: não adianta falar mais; esse nosso apelo nos ouvidos da ‘turma’ é música. ‘Música para Ouvir e Sonhar’, uma antiga coleção.
Precisamos de tudo, mas vivemos num país que não nos dá nada. Ficamos correndo dos marginais, colocando grades nas portas, evitando sair à noite e não dormimos enquanto nossos filhos não chegam. Estamos enfartando.
Concluindo: tudo é uma disparidade. Ninguém se candidata a fazer o povo brasileiro mais feliz; ninguém aparece para pôr ordem na casa.
E, contudo, ainda precisamos conviver com aquele 'Paraíso Anárquico', com aquela 'Praça da Alegria' que fica lá no centro do país, onde virou moda comprar e vender vacas por milhões. Logo vacas... São de ouro? Isso mata a gente de gargalhar.
E ainda temos de seguir o conselho: ‘relaxem!

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