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(Efigênia Coutinho)
Do céu glacial respinga orvalho
Que ao luar, em gotas de amores,
Nas pétalas fazem seu agasalho
Dando vida e umidade às flores!
O luar passeia beijando o mundo,
Acariciado na sinfonia do vento
Derrama sua prata em solo fecundo,
E ao coração embala sonho luarento!
Mais existem seres pela madrugada
Que perambulantes e desalmados,
Perturbam sonhos em torpe cilada
Deixando os devaneios sepultados!
E eu abraço esta dor da saudade,
Que se quebra em relembranças
Das sombras do que foi a realidade,
Já perdida no ar das toscas mudanças!
Deixo meu rosto aqui no teu altar,
Coberto do amor que você não mereceu.
E nos meus olhos você vai poder olhar
Só não saberá dizer qual de nós morreu!
Com o coração assim desencantado,
Adormeço na saudade de outras alvoradas,
Com o sentimento ferido e enganado
Revivo para sentir emoções renovadas !
BALANÇO DA VIDA
(Vivaldo Bernardes de Almeida)
Os anos se sucedem implacáveis
e trazem, cada um, marco fatal
das pedras da estrada, inevitáveis,
na vida de quem chega ao final.
Final que se aproxima a ferro e fogo,
mostrando a cada um o que já fez
do amor com que nasceu pra este jogo,
pesando o bem e o mal com sensatez.
E a tela da razão nos mostrará
escrito já por nós o que faltou,
no prato que a balança indicará.
E a alma alcançará novos destinos,
cuidando de pagar o que restou
da vida que levou em desatinos.
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