terça-feira, 9 de dezembro de 2008

RESENHA LITERÁRIA


A PEDRA DO REINO, de Ariano Suassuna
(por Pedro Nastri)

A Pedra do Reino, entre outras coisas, representa a força do imaginário do nordeste.
Trata-se de um livro vertiginoso, uma espécie de visão alquímica e fabulesca do Brasil e do homem: ora cômico, ora trágico, e, portanto, mais atual do que nunca. Não há regionalismo, há o sertão de Ariano, que tem profundas relações com a Península Ibérica, com a Espanha de Cervantes, de Garcia Lorca, com o Mediterrâneo, com o mundo árabe. O Sertão de Ariano Suassuna é um universo, um estado de alma que não depende necessariamente de uma geografia.
Destaco, também, o caráter universal da obra de Suassuna. Ele busca decifrar a própria condição humana, por isso mergulha nos subterrâneos do Nordeste, a fim de reencontrar ali o Homem, aquele que se põe as mesmas questões existenciais. Para ele, a universalidade é dada pela quantidade de sonho presente na obra. Quanto mais coletivas e humanas são as histórias maior seu alcance; por isso ela é alcançada com naturalidade por todo artista que atinge a alma humana. Quaderna, João Grilo, Chicó , entre outros personagens de Ariano, carregam consigo os dramas humanos, por isso diferentes públicos no mundo inteiro se identificam com eles e suas peripécias.

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