terça-feira, 16 de dezembro de 2008

O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA E UNIVERSAL


VIAGENS ÀS FRONTEIRAS DO UNIVERSO
(Xiko Mendes)

Se algum dia sonhei com
O impossível, acreditem,
Foi porque quis
Beijar as estrelas,
Seduzir as flores,
Assustar o vento,
Passar as mãos
Na superfície dos céus...
E ainda não desisti,
Porque tenho apenas um sonho:
O de abraçar o Infinito!!!

Antes que tudo nos pareça
Se aproximar do fim;
Que as estrelas sejam sugadas
Por buracos negros;
Que as flores murchem...
Antes que Acabe a primavera,
Que o vento leve
O último desejo de mim,
Que os céus desabem
Sobre o teto da minha existência,
Meu percurso em torno do Infinito
Ainda será menor que a distância
Entre as reações de um pessimista
E a Minha Esperança!!!


SINTO VERGONHA DE MIM
(Rui Barbosa)

Sinto vergonha de mim
por ter sido educador de parte desse povo,
por ter batalhado sempre pela justiça,
por compactuar com a honestidade,
por primar pela verdade
e por ver este povo já chamado varonil
enveredar pelo caminho da desonra.

Sinto vergonha de mim
por ter feito parte de uma era
que lutou pela democracia,
pela liberdade de ser
e ter que entregar aos meus filhos,
simples e abominavelmente,
a derrota das virtudes pelos vícios,
a ausência da sensatez
no julgamento da verdade,
a negligência com a família,
célula-mater da sociedade,
a demasiada preocupação
com o “eu feliz a qualquer custo”,
buscando a tal “felicidade”
em caminhos eivados de desrespeito
para com o seu próximo.

Tenho vergonha de mim
pela passividade em ouvir,
sem despejar meu verbo,
a tantas desculpas ditadas
pelo orgulho e vaidade,
a tanta falta de humildade
para reconhecer um erro cometido,
a tantos “floreios”
para justificar atos criminosos,
a tanta relutância em esquecer
a antiga posição de sempre “contestar”,
voltar atrás e mudar o futuro.

Tenho vergonha de mim,
pois faço parte de um povo
que não reconheço,
enveredando por caminhos
que não quero percorrer…

Tenho vergonha da minha impotência,
da minha falta de garra,
das minhas desilusões
e do meu cansaço.
Não tenho para onde ir,
pois amo este meu chão,
vibro ao ouvir meu Hino
e jamais usei a minha Bandeira
para enxugar o meu suor
ou enrolar meu corpo na pecaminosa
manifestação de nacionalidade.

Ao lado da vergonha de mim,
tenho tanta pena de ti,
povo brasileiro!

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