quinta-feira, 2 de agosto de 2012

O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA

TRANQUILO, TRANQUILO...
(Vitalves, www.vitalves.com)

Eu sou o que eu sei,
mas nem sempre eu sei o que eu sei, 
às vezes o que eu sei é muito pouco,  
com isso me acho insuficiente, 
com tudo me sinto fraco, 
com nada me sinto forte, 
eu sou o silêncio de um grito forte, 
eu sou as lágrimas de um sorriso nos olhos,
eu sou um rei, eu sou um réu, 
eu tenho Dólares, eu tenho damas, 
fui a última inspiração de um poeta suicida, 
eu tenho vida e tento conviver, 
eu tenho um barril de mágoas 
e um pequeno cofre cheio de perdão, 
mas aqui não vejo ninguém nessa multidão, 
mas estou tranquilo, tranquilo... 
Eu sou tranquilo, tranquilo... 


PEDRA DO TROPEÇO II
(Expedito Gonçalves Dias)

Um ribeiro manso corre em serenos sobressaltos,
sem estardalhaço, se torna em baixo pequeno açude,
e do  alto desce feito intensa e imponente cachoeira.
Mês a mês, ano após ano, a vida inteira exigente,
mas não entendemos, infelizmente seu feroz apelo.

Na correria atroz do dia a dia deixamos de lado
o que é mais importante, estátuas de gelo, seguimos
por caminhos tortuosos e desconcertantes iludidos,
desde a expulsão inequívoca e atroz do paraíso
atrás  das facilidades pensamos obter sabedoria.

Assim, nossos sonhos silenciosos pelo tempo,
seguem perdidos, dissonantes e sem esperança,
sem a receita que permita sua concretização,
até que nos colocam contra a parede, de repente;
desta feita com vigor, reclamando a sua inclusão.

E nos cobram com juros altos o dízimo esquecido.
A criança perdida no tempo surge à nossa frente
em busca dos nossos planos guardados na gaveta.
Apela para o coração, usa todas as artimanhas,
Ganha força, faz birra, impõe de novo sua presença.

Desfaz-se a ilusão que nos impedia de enxergar
a verdade, a ver a idade, o passar do tempo...
Nossos sonhos nos mostram que estão vivos
como altos pinheiros, em verde e oiro se agitam,
aves que gritam, em bebedeiras de azul do céu.

Este painel que nos espreita e parece nos deter
é o medo nos assalta que sobrevém de longas eras.
Pobre de nós, pensamos que ele nos vela e protege
mas na verdade nos atropela e intimida os passos
e nos leva aos atalhos da vida, evitando a via estreita.

O sonho é tela, cor, pincel, contraponto, sinfonia,
taça de mel que desce macio, inspiração do artista,
fanal que exige uma alma, porto a ser iluminado.
o sol se desvanece se não percebemos sua sombra
se o tiramos de nossa lista, de nossa receita trivial.

Se nos quedamos diante do medo, o mal se agiganta,
atrofia-se a garganta e a palavra mágica se cala,
fecha-se o céu, estanca-se a magia de amor e verdade.
A noite exige de novo seu reinado de dor e falsidade;
fazendo-se açoite, cobre-nos com seu véu em pleno dia...

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