
(Aíla Sampaio)
Há muito pra esquecer:
paredes retintas
cicatrizadas nas retinas,
a confusão de vozes na varanda
o entra e sai de gente compadecida.
Tantas coisas pra não lembrar
e que insistem em viver
nos destroços da minha memória!
Fosse fácil não ter medo
eu voltaria no tempo
pra pegar a menina que eu fui
e colocá-lo no colo.
Para sempre órfã, ela sabia...
e escondeu-se em si mesma
como se se bastasse...
ninguém a protegeu daquela dor
silenciosa e seca;
ninguém viu sua solidão
fazer-se eterna naquele dia.
A ESPERANÇA
(Augusto dos Anjos)
A Esperança não murcha, ela não cansa,
Também como ela não sucumbe a Crença.
Vão-se sonhos nas asas da Descrença,
Voltam sonhos nas asas da Esperança.
Muita gente infeliz assim não pensa;
No entanto o mundo é uma ilusão completa,
E não é a Esperança por sentença
Este laço que ao mundo nos manieta?
Mocidade, portanto, ergue o teu grito,
Sirva-te a crença de fanal bendito,
Salve-te a glória no futuro - avança!
E eu, que vivo atrelado ao desalento,
Também espero o fim do meu tormento,
Na voz da morte a me bradar: descansa
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