quarta-feira, 10 de junho de 2009

MEUS VERSOS LÍRICOS



SAUDOSA MOCIDADE
(Joésio Menezes))


Às vezes sinto uma insana vontade
De correr os quatro cantos do mundo
Em busca da minha mocidade
Adormecida em seu sono profundo,


Pois dela tenho forte saudade,
Não a esqueço sequer um segundo,
Apesar da dura realidade:
Estou velho, fraco, moribundo...

Às vezes sinto-me invadido
Pelo desejo saudoso e atrevido
De tê-la novamente comigo.

Mas logo esse desejo dá lugar
À certeza de que o tempo vai me dar
O prazer de ser meu fiel inimigo.


*O VELHO E O NOVO
(Joésio Menezes)

Ambos dividem o mesmo espaço...
O novo, com mais ou menos cinco anos,
Sozinho não sabe fazer planos
Ou andar sem qualquer desembaraço.

O velho, representante digno do cansaço,
Envolto em seus maltrapilhos panos
Descansa o corpo em trajes desumanos;
O novo firma-se em suas “pernas de aço”.

O velho, insensível e egoísta que é,
Dorme; e ao seu lado permanece em pé
O novo, que cochila mas não cai...

O velho, também de coração maltrapilho,
Não se lembra que um dia já foi filho
Nem o que é ser protegido pelo pai.


*Soneto escrito dentro do ônibus, às três horas da manhã, quando eu viajava para Salvador (em julho/99) e presenciei, na rodoviária de uma cidadezinha baiana, a cena descrita nos versos acima.

Um comentário:

  1. Sobre O Velho e o Novo:

    A miséria extrema congela qualquer bom sentimento, professor. É a mãe da resignação e da insensibilidade, reduzindo o indivíduo a apenas um instinto: sobreviver.
    Um abraço!

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