quarta-feira, 19 de junho de 2013

O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA

DONA DA SAUDADE
(Efigênia Coutinho)

Do céu glacial respinga orvalho
Que ao luar, em gotas de amores,
Nas pétalas fazem seu agasalho
Dando vida e umidade às flores!

O luar passeia beijando o mundo,
Acariciado na sinfonia do vento
Derrama sua prata em solo fecundo,
E ao coração embala sonho luarento!

Mais existem seres pela madrugada
Que perambulantes e desalmados,
Perturbam sonhos em torpe cilada
Deixando os devaneios sepultados!

E eu abraço esta dor da saudade,
Que se quebra em relembranças
Das sombras do que foi a realidade,
Já perdida no ar das toscas mudanças!

Deixo meu rosto aqui no teu altar,
Coberto do amor que você não mereceu.
E nos meus olhos você vai poder olhar
Só não saberá dizer qual de nós morreu!

Com o coração assim desencantado,
Adormeço na saudade de outras alvoradas,
Com o sentimento ferido e enganado
Revivo para sentir emoções renovadas!


AMOR UTÓPICO
(Vivaldo Bernardes, 26/02/2007)

Não tenho por perdido o tempo em que te amei.
Mil juras eu te fiz, mas tu não me escutaste.
Pediste-me a Terra e o Céu todo te dei.
Sonhei o Universo e fugir tu o deixaste.

Parece-me inverdade o verbo no passado,
pois amo-te agora e mais do que amei,
com o meu coração ferido e abrasado
e de ter outro amor coragem não terei.

Entanto, eu te perdôo e dou por terminado
Por impossível ser o nosso amor utópico
Que fez meu coração um coração ciclópico.

Despeço-me de ti com o papel molhado,
Beijando-te com mil daqueles beijos meus.

Que sejas feliz e aceites meu adeus.

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