segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA



A BAILARINA
(Cecília Meireles)

Esta menina
tão pequenina
quer ser bailarina.

Não conhece nem dó nem ré,
mas sabe ficar na ponta do pé.

Não conhece nem mi nem fá,
Mas inclina o corpo para cá e para lá.

Não conhece nem lá nem si,
mas fecha os olhos e sorri.

Roda, roda, roda, com os bracinhos no ar
e não fica tonta nem sai do lugar.

Põe no cabelo uma estrela e um véu
e diz que caiu do céu.

Esta menina
tão pequenina
quer ser bailarina.

Mas depois esquece todas as danças,
e também quer dormir
como as outras crianças.


AMOR DUVIDOSO
(Aline Menezes)

Se com os teus encantos ainda me ganhas
mesmo que eu não deva os contemplar,
como posso eu ainda te amar
se dizes a mim que não mais me amas?

Se queres que eu volte, não me venhas com manhas.
E se nunca teves, não irás me ganhar.
Não posso eu os meus sonhos aniquilar.
Por que, se te amo, ainda me enganas:

E é amor, só de um completo?
Como defini-lo se não o interpreto?
Não quero ouvir desse amor nenhuma canção!...

Sei que não posso te querer incompleto,
tampouco fingir que esse amor é concreto,
pois ainda maltratas meu coração.

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