quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

CRÔNICA DA SEMANA



CONSEQUÊNCIAS DO PERISPÍRITO
(Washington Pires)

Estou num estado letárgico de realidade introspectiva. Cheguei num ponto onde meu fluxo jorra diante de mim como alagamento. Tudo o que eu passei com você virou uma lembrança cheia de vontades e domínios. Criou-se um sentimento que tem insistido em me levar até você. Tenho dificuldades de aceitar muitos de seus defeitos, os que causaram raiva, por isso te crio e recrio na mente, mas a vida continua a mesma. Quisera eu poder transformar o que me impede de vincular-me, de poder manter minha presença sem precisar pressionar. Admito estar fraco em assistir o desfazimento, o ceifar de “tantos tantos”. Relutar parece ceder à cova que mesmo criei.
Bate um imenso desejo de sedimentar nossos elos e percolar as distâncias, que de tão soltas pouco se tocam. Como é difícil ver as correspondências ficarem pelo caminho, jogadas ao sabor e a sorte delas mesmas. As dificuldades nos levaram a um percurso de transição dolorosa, as alegrias vêm pontuais e de intensidade violenta. Palpita coração, balançam as entranhas quando forma sua imagem.
Tentar entender o outro é tarefa que poderia ser dada ao criminoso mais hediondo, grande é o enigma de perceber o coração. Um ditado diz ser inatingível, eu já caí, me debrucei e nadei em várias de suas veias. Seria muito ambicioso querer saber tudo, creio que o essencial conhecer é aquele bastante para sem dizer nenhuma palavra exercer um comando oculto e subliminar, mesmo que de corpos distantes, você sente a água do outro.
Existe a magia de fascinar meu ego e o dom de amaciar minha carne. Este já seria motivo suficiente para eu nunca mais esquecer, você extrai o melhor de mim quando sem cerimônia fica como numa terapia diz sua alma, pestaneja sua dor e fagulha a felicidade, muitos nem no barato de alguma substância conseguiriam fazer isso.
O amor vai sempre renascer em várias formas, e quando ouvir a música pode ser sem os óculos mesmo.

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