O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA
(Cassiano
Nunes)
Alta noite,
leio Marianne Moore.
Passos no
lajedo.
Olho através
da grade.
De fora,
os dois
gorjeiam cumprimentos
com a
cordialidade aflita
do vício
carecido.
Tão
acessíveis suas carnes claras,
tão
disponível
o frescor da
juventude!
Partem
desajeitados
com a recusa
amável.
De novo, a
solidão.
Há luz
demais!
Procuro agora
versos
pássaros.
Busco, também
carente,
remota,
salvadora canção.
O VERBO NO INFINITO
Ser criado, gerar-se, transformar
O amor em carne e a carne em amor; nascer
Respirar, e chorar, e adormecer
E se nutrir para poder chorar
Para poder nutrir-se; e despertar
Um dia à luz e ver, ao mundo e ouvir
E começar a amar e então sorrir
E então sorrir para poder chorar.
E crescer, e saber, e ser, e haver
E perder, e sofrer, e ter horror
De ser e amar, e se sentir maldito
E esquecer de tudo ao vir um novo amor
E viver esse amor até morrer
E ir conjugar o verbo no infinito...
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