CRÔNICA DA SEMANA
A NATUREZA E A MÃO DO HOMEM
(Juarez do Brasil)
Arrumei
as malas e parti com minha esposa, filhos e uma amiga para o Centro Oeste do
Brasil. Estávamos ansiosos para ver as belezas daquela região que víamos apenas
na televisão ou em revistas. Quando chegamos a Goiás já começamos a vislumbrar
uma paisagem diferente daquela que estávamos acostumados, e à medida que nossa
viagem prosseguia podíamos contemplar as belezas naturais, mas muitas delas já alteradas
pelo homem.
Quando
chegamos ao pantanal fomos agraciados com uma enorme variedade de pássaros e
cada um com seu canto próprio nos encantava a todos. Animais silvestres
apareciam de vez em quando em nosso caminho e inúmeros jacarés descansavam ás margens
de pequenos lagos á beira da transpantaneira. Percebíamos que mesmo naquele
paraíso ecológico a mão do homem fazia estragos. Víamos queimadas e
desmatamentos. Eu particularmente questionava cada atitude do homem, até mesmo
a nossa naquele instante. O que eu fiz pelo meio ambiente? Como eu preservava?
Será que eu não estava também contribuindo para sua destruição, afinal estava
fazendo o percurso de carro. Então naquele instante percebi que é mais fácil
criticar do que preservar o meio ambiente. Pensamos às vezes que só as
queimadas e o corte desordenado de árvores destroem a natureza, pensamos que só
os lixos jogados nos rios poluem.
Esta
viagem me fez acordar e ver o outro lado da moeda. A preservação começa onde
estou porque somos um todo e não parte isolada. Percebi também que é muito
difícil formar uma consciência ecológica, principalmente nas pessoas mais
velhas. Lembrei-me de meu pai, que muitas vezes agrediu a natureza achando que
contribuía para a sobrevivência dela. Quando eu dizia que aquilo estava errado,
por exemplo, as queimadas, ele insistia em dizer que o capim nascia muito mais
viçoso e forte, e mais rápido. Quando falava dos agrotóxicos, relutava em
aceitar os meus escassos conhecimentos aprendidos na escola. Tentava usar os
métodos naturais só para me agradar, mas logo desistia, pois os outros produtos
agiam mais rápido.
Percebi
que minha filha de cinco anos tem maior respeito à natureza do que eu, pois vez
ou outra na viagem, sem perceber, acabava jogando papéis de bala ou outros objetos
na estrada. Ela docemente me corrigia dizendo que eu agia como os homens
malvados, os quais destroem o meio ambiente, sempre que via alguma destruição,
como árvores caídas ou animais mortos à beira do caminho ela dizia que eram os
homens maus que tinham feito aquilo.
Conclui
que muito ensinamos, mas pouco praticamos do que ministramos. De qualquer forma
vale a pena, pois com certeza as nossas palavras positivas e em defesa da vida
produzirão frutos, como produziu em minha filha.
Fonte: www.autores.com.br
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