sexta-feira, 13 de maio de 2011

CRÔNICA DA SEMANA

SEXTA-FEIRA 13
(Ângela M. Rodrigues O. P. Gurgel)

Como ser humano racional que sou não tenho superstições. A razão nega todas elas. Então por que acreditar em crendices, simpatias e outras coisas do gênero? Não faz sentido. Mesmo assim preferi não escrever esta crônica ontem, afinal era sexta-feira 13. Também não passo embaixo de escada, não por superstição, mas precaução. Gato preto? Prefiro evitá-los. Os de outras cores são mais bonitinhos. Nada relacionado à crendice de que eles são agourentos.
A lista de minhas manias é interminável. Mas não sou supersticiosa. Só entro e saio em um ambiente pela mesma porta (aprendi, quando menina, que ao entrarmos nossa alma fica vigiando o ambiente para impedir a entrada de mal fluidos, é preciso pegá-la na volta), já pensou deixar a coitada lá abandonada? Nem pensar! Como vêem não é nada ligado a superstições, mas uma regra de segurança.
ncrível como, mesmo sabendo que estas coisas não fazem sentido a gente termina fazendo tudo que nossa razão nega. Supersticiosa ou não conservo minha listinha de manias, já me livrei de umas, outras não consegui, ainda. Sou uma pessoa que acredita em Deus, isso por si só já deveria me garantir que estou segura e protegida, mas e as crendices? Racionalmente nem Deus se explicaria, mas minha fé o aceita e não precisa de explicações para acreditar que Ele é o Senhor e a razão maior de tudo. Isto me basta.
Mas algumas coisas eu realmente não acredito. Tarô, quiromancia, coisas do gênero. Outro dia encontrei uma cigana na cidade. Pediu para ler minha mão. Recusei, mesmo assim ela segurou minha mão e começou a fazer suas profecias (na realidade uma mistura de passado, presente e futuro), ao final me pediu dinheiro para “desmanchar” o trabalho que tinham feito contra mim. Minha filha escutava tudo muito admirada. Neguei o dinheiro e ela foi embora dizendo que queria salvar minha felicidade e eu, por ser uma pessoa apegada ao dinheiro, não acreditava em suas verdades.
Claro que dentre as coisas que ela disse havia algumas “coincidências”. Quem nesse mundo não tem uma “amiga” que a inveja? Um problema no trabalho? Uma pessoa na família que poderá sofrer um sério problema de saúde? Em um minuto minha filha identificou tudo. Eu, bem mais cética, mostrei a ela que o discurso é o mesmo para milhões de pessoas, em algum momento alguma coisa vai coincidir e se você for suscetível se deixa enganar. Eu não, não neste caso. Coloco minha figa na bolsa e sigo em frente.
Já fiz um mapa-astral, por influência de meu esposo, que acredita em tudo isso e um pouco mais, mas ou esqueceram a data que nasci ou trocaram quase tudo na hora de escrever. Salvo algumas coincidências, nada funcionou. Já fui a encontros espíritas. Gosto do ritual, das danças, das orações, mas não acredito em muitas coisas que eles acreditam. Respeito. Acho bonito. Como já falei em outras crônicas, sou louca por rituais. Todos me encantam, fascinam.
E, sem nenhuma superstição, sigo em frente sem subir escadas ou batentes, com o pé esquerdo e com um pé de comigo-ninguém-pode plantado bem na entrada de minha casa. Prevenção nunca fez mal a ninguém.

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