O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA
HOJE
ACORDEI MEIO DIA
{Cassiane
Schmidt}
Respirei
dois goles de saudade
Fechei
as cortinas
Quero
mudar de cidade...
Sou
avessa à rotina
Não
gosto dessa coisa de estar sozinha
Solidão
não é plural de gente
Se
fosse assim as multidões seriam contentes
Quero
um prato de flores
Um
vaso de terra
Respirar
novos amores
Construir
uma casa na primavera
Uma
cachoeira e uma lanterna.
Ver
a noite desfilando vaga-lumes
O
barulho da água feito fechadura
Abrindo
portas dessa escura caverna.
Abrir
as cortinas
Olhar
o calendário sem tristeza
Ver
lá fora o que não via
Ser
um poema esquecido em cima da mesa...
A FOLHA SOLTA
(Ana Luísa Vasconcellos)
Atacada de liberdade,
Perseguiu-me desesperada,
Rolando suplicante pelo chão.
Dei de banda, pois,
Não queria ouvir o seu lamento.
Porém, quando bateu à porta a noite,
A notícia: a folha estava morta.
E foi de golpe de vento.
Seu cadáver na minha porta,
Com a culpa indesculpável a seu lado
Indagando-me:
Por que não acudi a tempo?
Sem razão, e já com a infeliz sobre a
mão,
Disse-lhe baixinho, envergonhada:
Não entendi que clamava pela árvore mãe,
Tomei-lhe por vegetal a lastimar a
independência.
Hoje, na tarde de ventania – eu não
sabia –
Fui seguida por uma folha livre
Que morria...
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